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A DESINDUSTRIALIZAÇÃO DA AV. FRANCISCO SÁ E A REFUNCIONALIZAÇÃO DE ANTIGOS ESPAÇOS INDUSTRIAIS

FORTALECIMENTO DAS ASSOCIAÇÕES COMUNITÁRIAS NO CAMPO EM MUCAMBO - CE

A DESINDUSTRIALIZAÇÃO DA AV. FRANCISCO SÁ E A REFUNCIONALIZAÇÃO DE ANTIGOS ESPAÇOS INDUSTRIAIS

MER GEFO RMAT 1 136 Permanece a participação da família Philomeno na construção do Centro Fashion Fortaleza onde um dos principais investidores foi Francisco Philomeno Neto, dono da construtora Preferencial. O que deixa claro que apesar de não mais produzirem no ramo têxtil, atualmente, a família investe no ramo do comércio de confecção. Além desse ramo, a família ainda investe no setor imobiliário onde na atual Vila São José foram construídas duas torres residenciais. De fato, a família Philomeno Gomes ainda permanece com a pluralidade nos investimentos. Além da família Philomeno, a Prefeitura de Fortaleza e a Construtora Marquise investiram no empreendimento caracterizando-o como uma Parceria Público-Privada.

A DESINDUSTRIALIZAÇÃO DA AV. FRANCISCO SÁ E A REFUNCIONALIZAÇÃO DE ANTIGOS ESPAÇOS INDUSTRIAIS

Através da política de incentivos fiscais e com a construção de pólos e distritos industriais, as indústrias foram se alocando em outras cidades do estado, ocorrendo, consequentemente, o esvaziamento das zonas industriais de Fortaleza, mais precisamente da Av. Francisco Sá. Aliado a esses dois fatores, acrescenta-se a Legislação urbana e ambiental, que dificultava a instalação de fábricas com elevados teores de poluição.

Esse fato pode ser constatado durante trabalhos de campo ao antigo eixo industrial, em que antigos estabelecimentos industriais estão agora, ou abandonados servindo de abrigo para criminosos, consumidores de drogas e pontos de prostituição, ou colocados à venda para darem lugar aos setores de comércio e serviços.

A incipiente desconcentração industrial que ocorre na RMF é responsável, ainda, por suscitar transformações de ordem espacial, fazendo com que seja possível observar a refuncionalização de espaços que outrora foram predominantemente de atividade industrial, mas que atualmente apresentam também comércio, serviços, condomínios residenciais, entre outras atividades. Ressalta-se que a indústria metropolitana é mais ligada à produção de alimentos e bebidas, têxtil e confecções, embora investimentos crescentes venham sendo realizados na indústria pesada, com destaque para o CIPP.

As indústrias na Avenida Francisco Sá, segundo entrevista com morador local, foram aos poucos falindo ou mudando suas instalações para cidades que ofereciam incentivo fiscal. O que antes era um polo industrial foi aos poucos tomando forma de avenida comercial.

Durante a entrevista com senhor Francisco, de 87 anos e que mora próximo à avenida há 43 anos, foram citadas algumas das importantes indústrias que antes estavam instaladas na Avenida Francisco Sá e que depois foram transferidas, sendo elas a Esmaltec (metalurgia), IPLAC (plásticos), Vilejack Jeans (roupas).

Durante a realização do campo, pudemos observar que permanecem na avenida uma série de fixos voltados para alocação (SINE- passou para vaptvupt no Ant. Bezerra, com acesso pela Av. Coronel Carvalho que é continuidade da Av. Francisco Sá) e capacitação de operários (SENAI), além de serviços de assistência médica e educacional (SESI) para operários e seus dependentes.

Além do SENAI e SESI podemos encontrar na av. vários estabelecimentos de saúde, como Hospital Infantil e Hospital Fernandes Távora, como pode ser vista a localização na avenida na imagem a seguir:

PAGE \* MER GEFO RMAT 1 137 Mapa 2 - Espacialização de Fixos da Avenida Francisco Sá e Entorno

É assim que antigos espaços industriais, hoje, passam a serem espaços de especulação imobiliária para ocupação residencial.

Além dos conjuntos habitacionais populares, onde se alocam as famílias de baixa renda ocorre uma requalificação dos bairros ao longo da Avenida e, com a crescente especulação imobiliária, surgem condomínios residenciais, como pode ser visto nas imagens a seguir:

Habitação no Eixo da Avenida Francisco Sá:

Figura 2 – Rua Irapuã, Barra do Ceará, Fortaleza/CE. Figura 3 – Residencial Passaredo,

Barra do Ceará, Fortaleza/CE.

Fonte: Cabral, 2019.

PAGE \* MER GEFO RMAT 1 138 Fonte: Cabral, 2019.

Figura 4 – Habitações Localizadas em Viela nas Proximidades da Avenida Francisco Sá.

Fonte: Cabral, 2019.

Figura 5 – Área Habitacional na Avenida Francisco Sá.

Fonte: Cabral, 2019.

Já após a Av. Pasteur, o comércio e serviços toma conta, com lojas de móveis, supermercados, bancos, escolas.

PAGE \* MER GEFO RMAT 1 139 Figura 6 – Comércios Variados na Avenida Francisco Sá – Soluções para Incêndios,

Comércio de Peças e Serviços Automotivos etc.

Fonte: Cabral, 2019.

Figura 7 – Antiga Loja Rabelo e Galpão da Mesma Empresa.

Fonte: Cabral, 2019.

Figura 8– Shopping Carlito Pamplona.

PAGE \* MER GEFO RMAT 1 140 Educação no Eixo da Avenida Francisco Sá:

Figura 9 – EMTI Aldemir Martins. Figura 10– EMEIF Dois de Dezembro.

Fonte: Cabral, 2019.

Ocorre uma requalificação dos bairros ao longo da Avenida e, com a crescente especulação imobiliária, surgem condomínios residenciais e, também existem os conjuntos habitacionais populares, onde se alocam as famílias de baixa renda.

No terreno da antiga indústria Esmaltec, que atualmente se encontra em Maracanaú, foi instalado o Residencial Padre Hélio Campos, localizado na Avenida Francisco Sá com a Rua Graça Aranha. É o primeiro conjunto habitacional dos quatro que estão em construção para o reassentamento de 1.434 famílias residentes em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e nas seis áreas de risco do litoral oeste de Fortaleza, como parte do Projeto Vila do Mar.

Figuras 11 e 12 – Condomínios do Projeto Vila do Mar, Avenida Francisco Sá.

Fonte: MUNIZ, 2012.

Enquanto são reassentadas famílias em antigos espaços industriais, ocorre a requalificação de bairros aonde residiam (e alguns ainda residem) operários das indústrias que se localizavam nas proximidades da avenida principal. No que concerne à revitalização da costa oeste através do Projeto Vila do Mar que envolve, dentre outros o bairro Pirambu aonde ainda se encontram operários que vieram do interior em busca de trabalho nas indústrias nos anos de 1960, nos fala Bernal,

A requalificação do bairro terá enorme repercussão para o crescimento da região, que se estende até a ponte sobre o rio Ceará, com a desapropriação e a realocação de populações que habitam o Pirambu. Esta revitalização da costa oeste de Fortaleza será um atrativo para o capital imobiliário e turístico, que já conta com a saída de parte de sua

PAGE \* MER GEFO RMAT 1 141 população para áreas mais distantes, desprovidas de infra-estrutura, serviços e equipamentos coletivos, para dar lugar à reabilitação do bairro com vista para o mar, para atrair o turismo. (BERNAL, 2004, p.172).