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FORTALECIMENTO DAS ASSOCIAÇÕES COMUNITÁRIAS NO CAMPO EM MUCAMBO - CE

MATERIAL E MÉTODOS

MER GEFO RMAT 1 188 externo tornou-se espaço de moradia e de comercio, e a parte interna encontra-se estrangulado, não há suporte nem para novos galpões.

Hoje se debate a proposta de construir uma nova CEASA para suprir as demandas e a construção também de um Porto Seco. O senhor Chico Amadeu proprietário de Glebas no município, fez a doação de 20 hectares de terra para construção da nova CEASA, terreno que fica a 10 km da atual, já possui até projeto, porém, sofre entraves, um deles remete a natureza do órgão por se tratar de capital misto na qual compreende;

Para que ela seja de caráter misto, é necessário que seu capital seja público e privado. Assim ela possui em sua base a união de capital proveniente de investidores particulares e de capital público, proveniente do Estado. Sem tal união não seria possível ela ser considerada mista, uma vez que haveria apenas um tipo de capital. (MIRANDA, p.2, 2009).

A administradora é a CEASA, contudo o patrimônio é da Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB, anteriormente era Companhia Brasileira de Alimentos - COBAL. Para administrar o órgão, é necessário um contrato, que é renovado a cada dez anos.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa é de caráter exploratória, onde buscamos entender os processos que envolvem o crescimento da CEASA e seus reflexos na cidade, sobretudo na conformação do Bairro CEASA. A parte operacional da pesquisa começou pelo levantamento bibliográfico com leituras de autores que versam sobre as mudanças espaciais a partir de atividades econômicas em determinados territórios.

O levantamento de campo para obtenção de dados sobre o local e averiguação da produção do urbano em torno da CEASA, vem sendo realizado por meio de diário de campo, observações diretas, conversas com produtores, feirantes e moradores do Bairro. Nesta etapa, realizamos captura de imagens para um detalhamento aprofundado sobre a paisagem. Recorremos também as notícias de jornais sobre a implantação das CEASAS o que nos permitirá a construção de uma hemeroteca.

Foi realizada entrevista com o Diretor da CEASA Tianguá, sua narrativa se constitui importante para entender a relação da CEASA com o Bairro e a História de fundação. A interpretação é criteriosa no processo de tratamento das informações obtidas, pois trata-se dos eventuais problemas que impedem o desenvolvimento da CEASA e sua relação com a expansão e dinâmica do bairro.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

No decorrer da pesquisa notamos as mudanças socioespaciais que ocorreram ao longo de três décadas e trazendo para a realidade atual. Nas figuras 2, 3 e 4, é possível perceber que o entorno da CEASA passou por transformações ao decorrer de décadas, desde o crescimento de novas moradias, a comércios e galpões, e posterior, possíveis equipamentos públicos como: escolas, postos de saúde e calçadões. Estes surgidos devido a instalação do equipamento e a ocupação dele.

Os dois galpões ao lado direito da figura 2 é a CEASA, observa-se que ao redor dela encontrava-se apenas a vegetação nativa e encontrava-sem muitas moradias preencontrava-sentes ou bairro em si.

PAGE \* MER GEFO RMAT 1 189 Figura 2: CEASA vista de longe nos anos de 1980.

Fonte: IBGE, 2019

Figura 3: CEASA nos anos de 1980.

Fonte: IBGE, 2019.

Na figura 2, observa-se a entrada principal da CEASA e arredores, sendo composto por vegetação nativa, ao analisar a figura, nota-se produtos como bananas e mandiocas, este sendo produzindo ainda nas feiras atuais.

Nos primeiros anos de instalação, ela chegou a dar prejuízos, no quadro 1, é possível identificar o crescimento na oferta de produtos em momentos distintos.

PAGE \* MER GEFO RMAT 1 190 Quadro 1: Entrada de produtos em toneladas na CEASA no período de 1984 a 1999.

OFERTA DE PRODUTOS HORTIGRAJEIROS

ANO TOTAL ANO TOTAL

1984 15.134,0 1996 15.146,6

1985 14.785,6 1997 26.314,9

1986 17.480,4 1998 45.902,1

1987 26.541,0 1999 41.254,5

Fonte: MEPRO, 2019 elaboração do autor.

Após a segunda metade dos anos de 1990 verifica-se um salto, três vezes maior que os anos anteriores. Este fato ocorre pela mudança de gestão, vinda da CEASA de Maracanaú. O grande fluxo de mercadorias possibilitou uma ocupação da área, contribuindo para a mudança do espaço e conseguinte este local seria denominado de Bairro na seguinte lei:

Art. 1º. Fica denominado de “Bairro Mons. Tibúrcio Gonçalves de Paula” a área denominada de Bairro Ceasa, nesta Cidade. Art. 2º. A demarcação oficial da área territorial do referido bairro será feita quando da elaboração do “plano diretor da cidade” (TIANGUÁ,1996).

No quadro 1, o aumento de produtos no decorrer de anos proporcionou o crescimento do bairro e conseguinte a sua denominação. O crescimento continuo dos produtos se deu por anos, chegando a ultrapassar o volume máximo da CEASA, no quadro 2, traz esse crescimento.

Quadro 2: Entrada de produtos em toneladas na CEASA OFERTA DE PRODUTOS HORTIGRAJEIROS

ANO TOTAL ANO TOTAL

2000 43.109,7 2009 67.789,4 2001 47.413,7 2010 75.197,0 2002 54.496,4 2011 72.610,4 2003 55.453,6 2012 75.128,3 2004 55.866,5 2013 75.128,3 2005 59.835,7 2014 77.544,7 2006 65.782,6 2015 75.458,7 2007 66.426,3 2016 77.241,5 2008 63.350,2 2017 73.175,7

PAGE \* MER GEFO RMAT 1 191 O crescimento após a gestão advinda de Maracanaú, continuo até o ano de 2017, ano final da gestão, entregando a CEASA no seu ápice, embora os galpões construídos fora do espaço não contribui diretamente para a esse valor. Contudo, se estes galpões fossem dentro do espaço da CEASA, teríamos um aumento em grande escala, já que existe apenas dois galpões dentro do espaço da CEASA.

Nos relatos da população do Bairro e do administrador, o bairro já nasceu CEASA, mesmo que oficialmente seja outro nome, tendo em vista que muitos estão lá desde a ocupação. As figuras 4 e 5 mostram como o entorno da CEASA e hoje um espaço de uso misto residencial e comercial.

Figura 4: Bairro da CEASA atualmente.

Fonte: Arquivo pessoal, 2019.

Nessa figura, percebe-se que a entrada vista antes na figura 2, não se alterou ao decorrer dos anos a sua estrutura, que ainda é a mesma, apenas acrescentaram cercas e mais outra guarita dando a CEASA uma saída e entrada ao mesmo tempo.

Figura 5: Entrada da CEASA em dia sem feira.

Fonte: Arquivo pessoal, 2019

A figura 3 mostra ainda a entrada da CEASA, diferente da primeira imagem, agora com cercas de arame farpado, e com ocupações fora de dentro da CEASA, que são os galpões, estes com

PAGE \* MER GEFO RMAT 1 192 um fluxo de cargas superior ao da CEASA. Além de estarem fora dos muros da CEASA, os galpões contribuem para a dinâmica espacial do bairro junto a ela.

Figura 6: Galpões fora da CEASA.

Fonte: Arquivo pessoal, 2019.

Na figura 6, galpões ao redor do espaço da CEASA, um crescimento ajunto ao do bairro, tornando este, local de moradias e comércios. Estes galpões poderiam estar ocupando o espaço da CEASA, mas devido os entraves, acabam ocupando os arredores do equipamento.

Em dias de feiras, cenas como essas são comuns, sem local para estacionar, e sem local para vender seus produtos, pequenos agricultores se veem obrigados a esperarem o fluxo da feira diminuir para adentrarem no espaço, ou vendem seus produtos fora do espaço, tornando a venda perigosa e dificultando o acesso nas vias.

Figura 7: CEASA tempo depois das aberturas dos portões

Fonte: Arquivo pessoal. 2019.

No que diz a respeito as mudanças e impactos, A CEASA contribui e continua contribuindo para as mudanças espaciais e culturais da área em que foi instalada, impacta na receita do

PAGE \* MER GEFO RMAT 1 193 município pelo Imposto Sobre Circulação de Mercadoria e Serviços – ICMS, gera ocupação nos dias de feiras, aumento de consumo no comercio fora do Espaço da CEASA. Além da CEASA, os galpões estão sujeitos ao ICMS, embora os produtos que chegam nos galpões sejam derivados de locais fora do Estado. Sucateada, o governo municipal sem diálogo com governo Estadual para um melhoramento do equipamento, ela se ver a mercê da ascensão dos galpões. Contudo, em seus quarenta e três anos de existência, contribui não apenas a ocupação do atual bairro mas para a arrecadação de imposto que foram para os cofres públicos, no caso o ICMS. Tianguá e toda a Ibiapaba não possuiriam um setor primário forte se não fosse pela CEASA que mesmo com todo o sucateamento e a falta de interesse, continua impactando direta e indiretamente a vida de diversas pessoas.

REFERÊNCIAS

LIMA, Joilson Silva. Criação, importância e funcionamento das centrais de

abastecimento. Agrarian Academy, Goiânia, v.02, n°03, p. 35-44. jul-ago 2015

TIANGUÁ. Decreto-lei n° 179/96, de 26 de novembro de 1996. Paço da Prefeitura Municipal de Tianguá. Disponível em <

https://www.camaratiangua.ce.gov.br/leis.php?id=1038 > Acesso em 18 de dezembro de 2019.

TIANGUÁ. Decreto-lei n° 541/2009, de 29 de abril de 2009. Centro Administrativo de Tianguá. Disponível em < https://www.camaratiangua.ce.gov.br/leis.php?id=1038> Acesso em 18 de dezembro de 2019.

ANDREUCCETTI, C.; FERREIRA, M.D.; GUTIERREZ, A.S.D.; TAVARES, M.

Caracterização da comercialização de tomate de mesa na CEAGESP: perfil dos

atacadistas. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.2, p.324-328, abr-jun 2005. MIRANDA, Maria Bernadete. Sociedade de Economia Mista e Concentrações de

Empresas. Direito Brasil, Rio de Janeiro, v.05, n° 01, p.1-11. 2011

SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO. Legislação CEASA, [s.d]. Disponível em < http://www.ceasa.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=379 > Acesso em 26 de novembro de 2019.

BRASIL. Lei No 5.727, de 4 de Novembro De 1971. Plano Nacional de Desenvolvimento.

Dispõe sobre o Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), para o período de 1972 a 1974. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L5727.htm > Acesso em 30 de novembro de 2019.

SUPERINTENDÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL E COMERCIAL – SUDIC. Histórico da Ceasa. [s.d]. Disponível em: <

http://www.sudic.ba.gov.br/modules/conteudo_CEASA/conteudo.php?conteudo=41 > Acesso em 3 de dezembro de 2019

Companhia Nacional de Abastecimento. Centrais de Abastecimento: Comercialização

Total de Frutas e Hortaliças. v.1 (2018- ). – Brasília : Conab, 2018- v. Anual. Disponível

em: www.conab.gov.br/info-agro/hortigranjeiros-prohort > Acesso em 15 de dezembro de 2019.

PAGE \* MER GEFO RMAT 1 194 POLÍTICAS DE SAÚDE NO SEMIÁRIDO: O PROGRAMA MAIS MÉDICOS COMO

ACESSO A SAÚDE E REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES REGIONAIS, UM