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Uma das publicações pioneiras a respeito das desordens temporomandibulares coube a Annandale, que em 1887 relatou procedimentos cirúrgicos para reposicionamento de disco articular em indivíduos com limitação dos movimentos mandibulares, dando início ao estudo da articulação temporomandibulararticular e sua relação com alterações de ordem sistêmica.

Beighton et al., em 1973, se propuseram a investigar a condição óssea e articular de 1081 indivíduos, da população africana pertencentes à comunidade de Tswana, na África do Sul. Para tanto consideraram a mobilidade articular e os sintomas músculo-esqueletais. A mobilidade articular foi mensurada durante o exame clínico com testes usados para avaliar a extensão dos movimentos articulares, e a relação entre a mobilidade articular e os sintomas músculo-esqueletais por meio de quatro questionamentos com atribuição de escores. Os autores observaram que os sintomas músculo-esqueletais estão intimamente relacionados aos escores de hipermobilidade articular e que a lassidão articular generalizada é comum em criança mas diminui com a idade.

Buscando esclarecer o relacionamento entre os desarranjos internos da ATM e a hipermobilidade ligamentar sistêmica, Bates et al. (1984) trabalharam com 50 indivíduos, sendo quinze do sexo masculino e 35 do sexo feminino selecionados randomicamente que responderam a questionário e foram examinados clinicamente. Os voluntários foram selecionados de acordo com seu histórico de sons articulares e travamento mandibular. Estes indivíduos foram classificados como possuidores de mobilidade leve, média e alta, em função da análise das articulações do braço e do punho. Os autores encontraram uma grande incidência de desarranjos internos na ATM de voluntários do sexo feminino, que possuíam uma lassidão ligamentar da articulação do braço e do punho.

Westling et al., em 1990, se propuseram a analisar a ocorrência de alguns fatores como: parafunções orais, ocorrência de trauma externo na cabeça e na articulação mandibular e lassidão articular generalizada, em pacientes com Desordem Craniomandibular (DCM) e avaliar a existência de associação destes fatores com os sinais e sintomas de disfunção. Setenta e quatro indivíduos do sexo feminino, com idade entre treze e 35 anos, média de 25.2 anos, foram examinados quanto à presença de hipermobilidade articular generalizada e classificados de acordo com os escores de Beighton et al., 1973 em: a) dorsiflexão passiva do dedo mínimo além de 90° (um ponto para cada mão=dois pontos); b) aposição passiva do dedo polegar até o antebraço (um ponto para cada polegar=dois pontos); c) hiperextensão dos cotovelos além de 10° (um ponto para cada cotovelo=dois pontos); d) hiperextensão dos joelhos além de 10° (um ponto para cada joelho=dois pontos); e) flexão para a frente do tronco com os joelhos totalmente estendidos, de forma que as palmas das mãos toquem no solo (um ponto). O escore máximo é 9. Os referidos autores consideraram como hipermóveis aqueles pacientes que foram capazes de realizar três ou mais das manobras formadoras do sistema de escore acima descrito. Foi verificado que 41% dos voluntários foram classificados como hipermóveis. Parafunção e trauma externo na região da cabeça foram associados com o aumento dos sinais e sintomas em voluntários portadores de articulações lasseis. Em voluntários com articulação normal, trauma na cabeça e na articulação foi correlacionado às desordens temporomandibulares. De acordo com os autores os resultados indicaram que a hipermobilidade articular generalizada deve ser considerada no diagnóstico e tratamento das DCMs.

Em 1992, Westling & Helkimo se propuseram a investigar num grupo composto de adolescentes, a correlação entre abertura mandibular, sexo, mobilidade articular generalizada e sinais e sintomas de disfunção craniomandibular. Para tanto os autores trabalharam com uma amostra composta de 11 indivíduos do sexo feminino com idade média de 16,7 anos e 11 voluntários do sexo masculino, com idade média de 17,0 anos. Todos passaram por avaliação da mobilidade articular e foram classificados de acordo com os índices de Beighton, tiveram a história clínica registrada e antes do procedimento de exame clínico responderam a questionário. O exame inclui ainda o registro dos ruídos

antropométrica. Os autores concluíram que a abertura mandibular linear é pouco dependente da lassidão geral dos ligamentos e mais dependente da morfologia facial.

Em 1996, Khan & Pedlar se propuseram a testar a relação entre os desarranjos internos da ATM e a hipermobilidade articular generalizada em uma população britânica. A existência de correlação entre a severidade da disfunção e a extensão da hipermobilidade articular também foi verificada. Para este estudo foram avaliados 26 voluntários que se apresentaram à clínica de cirurgia do Instituto Dental Leeds no Reino Unido com queixa primária de ruídos ou travamento articular, sendo 19 voluntários do sexo feminino e sete do sexo masculino com idades entre 14-64 anos (idade média de 28 anos – grupo experimental). Outros 26 indivíduos foram selecionados entre funcionários, estudantes e pacientes e foram considerados como parte do grupo controle. As anormalidades da ATM e dos músculos mastigatórios foram avaliadas pelo Índice Craniomandibular (CMI), e a hipermobilidade articular foi mensurada pelo índice de Beighton et al. (1973). De acordo com os resultados apresentados, não houve diferença entre os grupos com relação à idade, sexo e origem racial. Os pacientes pertencentes ao grupo experimental demonstraram maiores escores para mobilidade articular em relação ao grupo controle. Também não houve correlação entre os escores de disfunção ou palpação e escores de hipermobilidade para o grupo experimental. As evidências deste estudo suportam o conceito de que a hipermobilidade articular generalizada está associada com ruídos da ATM, mas não é um fator presente em todos os pacientes e portanto devem existir subgrupos dentre as categorias de desarranjos internos da ATM.

Perrini et al., em 1997, investigaram a prevalência de hipermobilidade articular em pacientes portadores de DTM, comparando-os com voluntários assintomáticos. Com este objetivo, os autores trabalharam com dois grupos: um composto de 38 voluntários assintomáticos, com ausência de tratamento anterior, de ruídos ou dor na ATM, limitação de movimentos mandibulares e presença de abertura mandibular máxima de 40mm; outro composto por 62 voluntários sintomáticos. Todos os participantes deste estudo realizaram exame de ressonância magnética para avaliar o posicionamento do disco articular. Além disso, a lassidão mandibular foi mensurada de acordo com a escala de Beighton e Horan (0 – 9), onde indivíduos com escore igual ou maior que 4 foram classificados como

portadores de lassidão ligamentar. Os autores concluíram que a lassidão ligamentar foi prevalente neste estudo para indivíduos sintomáticos (37%, escore > 4 e 48% quando foi baixado para >3), e que não houve diferença significante entre estes indivíduos quanto ao sexo. Os resultados sugeriram que a lassidão ligamentar não seria o único fator etiológico na DTM, mas que provavelmente causas genéticas relacionadas ao metabolismo do colágeno também poderiam contribuir para o desenvolvimento das DTM(s).

Winocur et al., em 2000, estudaram a lassidão articular generalizada com o objetivo de: 1) estabelecer a prevalência da lassidão articular generalizada (LAG) e articulação temporomandibular hipermóvel (ATMH) em adolescentes do sexo feminino; 2) avaliar a associação entre ATMH e LAG; 3) investigar a contribuição da ATMH e LAG nos sinais e sintomas de DTM; 4) encontrar uma relação entre ATMH e LAG e a prevalência de hábitos orais; 5) examinar o impacto de certas parafunções orais e a prevalência de sinais e sintomas de DTM em indivíduos com lassidão ligamentar. Foram selecionadas 248 voluntárias com idade entre quinze e dezesseis anos pertencentes a uma escola em Israel. Todas responderam a questionário quanto à presença de sintomas e hábitos orais, e foram examinadas clinicamente quanto à abertura mandibular, presença de ruídos articulares, presença de sensibilidade dolorosa articular e muscular à palpação. A avaliação da presença de LAG, foi realizada utilizando o índice de Beighton et al. (1973). Os autores obtiveram uma prevalência de LAG igual a 43% e de ATMH igual a 27,3%, demonstrando uma fraca correlação entre ambas. Estes consideraram que a grande prevalência de LAG encontrada neste estudo poderia ser uma predisposição genética. Os ruídos articulares foram negativamente associados com LAG, e nenhuma outra associação entre LAG e sinais e sintomas de DTM foi encontrada. Entretanto, associação positiva foi observada entre ATMH e hábitos orais.

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