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Em 1985, Gage considerou que o ruído articular poderia ser decorrente de uma flacidez ligamentar. O autor trabalhou com uma amostra de 10 voluntários com ruídos na articulação temporomandibular, avaliando a presença de hidroxiprolina na urina, pois a excreção da hidroxiprolina é indicativa de uma rápida diferenciação celular que propicia a formação mais acelerada de um tipo de colágeno mais elástico que o normal, o

colágeno tipo I. De acordo com o autor, este fato talvez pudesse elucidar parcialmente a grande porcentagem de jovens que relatam ruídos na ATM, pois os jovens apresentam uma alteração no metabolismo do colágeno devido a um aumento na taxa de hormônios no organismo. Desta maneira a estrutura formada permitiria maior mobilidade da cabeça da mandíbula e disco em relação ao osso temporal, produzindo o estalido. O autor concluiu que a detecção precoce do estalido sem dor poderia prevenir a longo prazo, danos no complexo côndilo-disco-osso temporal em adultos jovens. Em indivíduos com aumento induzido de hormônios o metabolismo do colágeno poderia afetar os ligamentos articulares. O uso de exercícios isométricos poderá ser benéfico na redução dos sintomas.

Christensen & Orloff, em 1992, se propuseram a examinar a reprodutibilidade das vibrações da articulação temporomandibular (ATM), registradas por meio de eletrovibratografia (EVG). Para tanto trabalharam com uma amostra de seis indivíduos com idade média de 41± 5 anos, sendo cinco do sexo masculino e um do sexo feminino, destes três eram assintomáticos e com ausência de ruídos na ATM detectáveis clinicamente, e três apresentavam sinais de DTM. A análise EVG foi repetida três vezes para cada indivíduo, com intervalo de três minutos. Os autores verificaram que ATMs consideradas clinicamente normais apresentaram menor intensidade vibratória e um baixo pico de amplitude em relação às demais e consideraram o exame com eletrovibratografia pertinente, pois não observaram variações significativas entre os três exames de cada indivíduo.

Ainda em 1992, Christensen discutiu a utilização do exame de eletrovibratografia na avaliação de patologias da articulação temporomandibular, uma vez que este aparelho capta vibrações. Para o autor, a utilização de microfones para gravação em contato com a pele pode permitir a gravação de sons indesejados que se propagam no ambiente de registro como o movimento do cabelo sobre a pele próximo à articulação. A eletrovibratografia utilizando transdutores (acelerômetros piezoelétricos) que se encontram a 3mm de distância da pele apresenta sensibilidade capaz de registrar alterações de pressão atmosférica muito sutis, que produzem ondas de propagação nem sempre percebidas pelo ouvido humano.

Westling, em 1995, trabalhou com os seguintes objetivos: 1) comparar os diferentes ruídos da ATM com a distância e simetria dos deslocamentos em posição de contato retruído (PCR) e posição de intercuspidação (PIC), e sua relação com sinais e sintomas do sistema mastigatório; 2) analisar a influência do sexo e da mobilidade geral da articulação com as variáveis acima mencionadas. Para tanto, foram selecionados 193 indivíduos sadios, sendo 96 do sexo feminino e 97 do sexo masculino, com idade de dezessete anos. Todos responderam a questionário quanto à dor em outras articulações, dor de cabeça e percepção de parafunções orais. Foi classificado como hipermóvel o voluntário com escore igual ou superior a 5 na escala de Beyghton. Todos foram submetidos a exame do sistema mastigatório. Os ruídos na ATM foram verificados por meio de auscultação e palpação manual nos movimentos de abertura e fechamento da mandíbula, e classificados como: estalido recíproco, não-recíproco ou tardio. As distâncias entre PCR e PIC, foram consideradas quando eram > 1mm, e o deslizamento lateral da mandíbula PCR-PIC quando excedia 0,5mm. A maior freqüência de contatos em PCR foi constatada no sexo feminino, com instabilidade articular geral (67%). Uma fraca correlação foi encontrada entre a PCR-PIC > 1,0mm e o desgaste dos dentes anteriores. Ruídos nas articulações foram clinicamente observados em 33% dos adolescentes e as ATMs com ruído não apresentaram correlação com o lado de contato unilateral na PCR. Os autores concluíram que estes resultados se aplicam a adolescentes sadios e podem não se verificar em adultos quando portadores de processos degenerativos das articulações. Os ruídos recíprocos apresentaram relações mais significativas com sinais e sintomas da DTM do que outros ruídos na articulação. Este estudo não encontrou evidências que indicasse um contato unilateral na PCR como fator etiológico da DTM, mas o consideraram como um fator de previsão para a DTM em adolescentes.

Conti et al. em 2000, buscaram comparar a presença de ruídos articulares em uma população de pacientes com DCM com um grupo controle, utilizando a eletrovibratografia. Foram recrutados 24 voluntários com sintomas de DCM para o grupo I experimental, e 19 voluntários com ausência de qualquer relato ou queixa compatível com DCM, para o grupo controle. Todos foram submetidos a exame da musculatura mastigatória e avaliação da ATM por meio de palpação manual, exame da oclusão quanto

movimentos excursivos da mandíbula. A análise clínica dos ruídos foi feita por dois examinadores de maneira “cega”, e também por vibração de superfície,com o sistema de eletrovibratografia (Sonopak). Pela palpação manual, o grupo experimental apresentou 62% dos indivíduos com ruídos articulares e o grupo controle 42%, o que corresponde a 53% do total da amostra. Com os resultados obtidos os autores concluíram que: 1) os ruídos articulares são mais freqüentemente encontrados numa população com sintomas de DCM; 2) o sistema SONOPAK não contribuiu para o diagnóstico, quando comparado ao exame clínico; 3) foi baixa a concordância interexaminadores, sem prévia calibração dos mesmos.

Ainda em 2000, Oliveira et al. se propuseram a analisar o comportamento do som articular, no que concerne a sua intensidade e reprodutibilidade, por meio de avaliações eletrossonográficas, ausculta e escala visual analógica, em pacientes portadores de alterações funcionais do sistema estomatognático, tratados com aparelhos planos. Para tanto foi selecionada uma amostra composta por dez indivíduos parcialmente dentados, com apoio posterior bilateral e faixa etária entre 23 e 64 anos, com média de idade de 38 anos. Todos os voluntários foram submetidos a exame clínico, avaliação anamnésica, exame radiográfico, além de exames físicos previstos em ficha padrão do CETASE (Centro de Estudos e Tratamento das Alterações Funcionais do Sistema Estomatognático) da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP. Todos os voluntários fizeram uso de aparelhos de cobertura oclusal plana, por um período de 240 dias, onde foi observada a remissão da sintomatologia inicial e, o comportamento dos sons articulares sob três aspectos: o relato clínico do indivíduo através de uma escala analógica visual; a ausculta e a eletrossonografia computadorizada. Em função da metodologia proposta e dos resultados obtidos, a autora concluiu que houve uma redução na intensidade e reprodutibilidade dos sons articulares em todos os parâmetros analisados; as avaliações eletrosonográficas computadorizadas permitiram a análise dos ruídos articulares em níveis abaixo dos limites do ouvido humano e que a terapia com os aparelhos de cobertura oclusal plana foi efetiva para a remissão da sintomatologia apresentada inicialmente pelos pacientes.

Elfving et al., 2002, se propuseram a registrar a presença e o tipo de ruído na ATM em 125 voluntários com suspeita de DTM e em 125 indivíduos saudáveis, além de verificar a existência de correlação entre o deslocamento de disco articular e a postura ao dormir. Todos responderam a questionário sobre a percepção de ruídos ou crepitações nas ATMs, e parafunções orais e submetidos a exame clínico. Os ruídos da ATM foram verificados por meio de palpação durante abertura mandibular máxima e classificados em: crepitações, estalido devido ao desvio na forma, estalidos recíprocos, estalidos de eminência ou causados por descoordenação muscular. Para o grupo de voluntários com DTM os autores fizeram perguntas adicionais, referentes a outros sintomas subjetivos possivelmente relacionados com DTM, sendo os mesmos registrados caso ocorressem diariamente ou várias vezes no período de uma semana. Nos indivíduos que apresentavam estalos recíprocos ou travamento, foi avaliada a lassidão geral da articulação de acordo com os escores de Beighton. Escores > 3 indicaram lassidão geral da articulação. Os autores encontraram em ambos os grupos predominância de estalido recíproco, indicativo de deslocamento de disco. Em adição, uma lassidão da articulação foi encontrada em 39% dos pacientes portadores de DTM e em apenas 9% do grupo controle. Diante dos dados obtidos os autores concluíram, que o deslocamento de disco é provavelmente a causa mais comum dos ruídos na ATM e que dormir de bruços pode contribuir para este deslocamento; e ainda consideraram que a lassidão geral da articulação não se constitui num fator causal, mas sim um fator indicativo da necessidade de maiores cuidados em pacientes com deslocamento de disco.

Garcia et al., em 2002, verificaram a(s) posição (ões) ou fase(s) do ciclo de abertura e fechamento em que ocorrem as maiores vibrações articulares e sua intensidade, em um grupo de indivíduos com hipermobilidade condilar, comparando-os a um grupo assintomático. A amostra constou de 10 voluntários assintomáticos (controle) e 23 com hipermobilidade condilar (grupo experimental). Todos se submeteram a exame clínico e radiográfico (panorâmica e transcraniana das ATMs) e avaliação das vibrações das ATMs com eletrovibratografia, durante os movimentos de abertura e fechamento mandibular. Para cada voluntário, a análise foi realizada em quatro ciclos de abertura e fechamento com três repetições. O exame radiográfico demonstrou que o côndilo

grupo experimental. Nos pacientes assintomáticos a energia vibratória foi mais intensa no final da abertura e início do movimento de fechamento mandibular. O pico de freqüência não apresentou diferenças entre as posições para ambos os lados tanto no grupo controle como no grupo experimental, que no entanto apresentou diferenças estatísticas significantes para todos os demais fatores analisados, A comparação entre grupos indicou diferenças apenas no final da abertura mandibular em todos os fatores analisados, à exceção do pico de freqüência. Desta forma foi concluído que: 1) a energia vibratória apresenta diferença estatística significante entre pacientes assintomáticos e com hipermobilidade condilar, na maior parte das fases do movimento mandibular analisado; 2) a energia vibratória do final do movimento de abertura é maior que nas outras fases; 3) as maiores vibrações foram registradas no final da abertura e início do fechamento mandibular; 4) o pico de amplitude foi significativamente maior no final da abertura e início do fechamento em pacientes com hipermobilidade condilar.

Widmalm et al., 2003, consideraram que mensurações repetidas, e padronizadas dos sons da ATM seria de extrema importância na avaliação dos resultados dos tratamentos de DTM. Portanto, testaram a hipótese de que a obstrução do orifício do meato auditivo por um microfone para gravação de sons articulares, aumentaria o nível de pressão sonora do click da ATM e conseqüentemente a amplitude do sinal gravado. Para tanto, os autores utilizaram o método da comparação entre três indivíduos adultos que apresentavam clicks recíprocos acompanhados de sensação dolorosa. Para gravação dos sons usaram microfones condensadores elctret (5mm de diâmetro), que foram introduzidos alguns milímetros na abertura dos canais auditivos e fixados no local com massa de silicone ou segurados por um assistente. Foram obtidos 249 registros e os níveis de pressão sonora foram medidos em dB, através da comparação dos sinais de calibragem e comparações entre os lados durante cada ciclo de abertura e fechamento. O nível de pressão sonora equivalente de um pico a outro (peSPL), foi maior (P<0,001) quando o canal auditivo estava obstruído. Isto significa que o sinal da razão de ruído pode ser melhorado com a obstrução do meato auditivo, uma vez que aumenta significativamente o nível de pressão sonora na ATM e, conseqüentemente a amplitude do sinal gravado, sem entretanto aumentar o nível de ruído eletrônico. Isto é de fundamental importância em

pacientes com suspeita de deslocamento de disco com redução, nos quais a diferença em volume entre clicks de abertura e fechamento em geral é grande.

Ögütcen-Toller, também em 2003, se propôs a realizar uma avaliação comparativa dos sons da ATM nos percursos mandibulares de abertura, fechamento, protrusão-retrusão e lateralidade. Para tanto trabalhou com 64 voluntários, incluindo doze indivíduos controle; na faixa etária entre quinze e 43 anos Os sons da ATM foram gravados através de fonomicrofones posicionados sobre a ATM, em ambos os lados simultaneamente e conectados a um amplificador fonocardiográfico/DC. Os padrões obtidos foram classificados como: silêncio, click ou crepitação. Do total de ATMs avaliadas, 51 apresentaram deslocamento anterior de disco com redução (ADDR) e dezenove apresentaram deslocamento anterior do disco com redução e travamento intermitente. Quatro ATMs apresentaram travamento agudo e onze apresentaram deslocamento anterior crônico de disco sem redução (ADD), incluindo cinco ATMs apresentando artrite osteodegenerativa (AO). As demais dezenove ATMs apresentaram-se normais no grupo de voluntários. Com exceção dos casos de travamento agudo as ATMs normais apresentaram-se silenciosas. Os clicks foram um resultado consistente do deslocamento anterior de disco com redução, ao passo que a crepitação foi encontrada em graus variados de deslocamento anterior crônico de disco sem redução e artrite osteodegenerativa. Os autores concluíram que a análise de ruídos gravados da ATM poderia ser um indicativo para o diagnóstico e estabelecimento da severidade dos desarranjos internos desta. Os clicks poderiam indicar um deslocamento anterior do disco com redução e a crepitação indica uma progressão do deslocamento anterior do disco sem redução a uma condição de artrite osteodegenerativa.

Leader et al., 2003, se propuseram a examinar a relação entre movimentação mandibular e sons da ATM. Para tanto, foram comparados os sons produzidos com a cabeça mandibula no interior e fora da fossa articular. Animação computadorizada 3-D foi utilizada para visualizar e quantificar os mecanismos internos do movimento mandibular, sincronizado com os sons da ATM. Os autores trabalharam com seis voluntários, sendo três do sexo feminino e três do sexo masculino, com idades entre vinte e quarenta e sete anos. Quatro deste foram considerados com DTM e dois apresentavam função mandibular

normal. Estes indivíduos tiveram seus movimentos mandibulares registrados com câmeras CCD e marcadores refletivos, os sons da ATM foram gravados com microfones electret colocados em cada canal auditivo e mantidos em posição com massa de silicone. Para criar os modelos geométricos os autores usaram imagens de ressonância magnética. O momento de ocorrência dos eventos sonoros foi correlacionado com o momento em que foi atingida a distância mínima, côndilo-eminência na abertura e fechamento. A potência das gravações dos sons após a saída do côndilo da fossa articular foi significativamente maior do que quando este se encontrava em seu interior (p<0,001). Os autores consideraram que uma vez que a animação computadorizada tanto pode possibilitar a visualização quanto quantificação dos mecanismos internos da movimentação mandibular, ela é uma ferramenta valiosa e única para a pesquisa da DTM.

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