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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.6 Abordagem da sepse e do choque séptico

2.6.1 Diagnóstico e tratamento da infecção

A anti bi otic oterap ia ain da é o este io d a terapia em pac i ent es com sepse. Portanto, a s uspe ita de inf ecçã o d e ve f a zer parte da rot ina d e ab ordag em d e pac ientes c om SIR S, o q ue tem impli caçã o no prog nóst ico d o doente.

Cerca de 10% dos pac ientes com seps e nã o rec ebem pron tamente tera pi a antim icrob ia na a de q uada para o p atóg eno resp onsá ve l, aumentan do a mortalidade em 10 a 15% em relaç ão àq u ele s q ue recebem a ntib iot icotera pi a adeq uad a desd e o in íc io (W HEELER; BERNARD, 1999). Diver sos estu dos retrospect i vos d emonstram q ue a admini stração pre coce de antib iót ico s apropr iad os re du z substa nc ia lmente a mortalidade em pac iente s com inf ecções sang ü ín ea s por g ram-neg ati vo s, assert i va q ue po d e ser esten di da para inf ecções por bactéri as g ram-pos it i vas ou ag entes f ún g icos (BOCHUD; GLAUSER; CALANDRA, 2001).

No ent anto, esta be l ecer q ue determ ina do pac ie nte com SIRS tem inf ecção como cau sa, porta n to, sepse, e não ou tra causa para o q uadro, p ode s er extremam ente dif íc i l. E xist em vár ias c ausas nã o-i nf eccios as p ara SIRS: les ão tec id ua l (c ir urg ia, trauma, h e matoma, trombose veno sa, inf arto pulmo nar e mioc ár dic o, rej eiçã o a transp lante, pa ncreat it e, eritroderma), causas meta bó li ca s (crise tire otó xic a, insuf ic iên ci a a drena l ag uda), hemoder i va dos, an estési cos, s índrom e neuro lépt ica ma l ig na, opi áceo s, ben zo di a ze p íni cos, neop las ia s (hi perne f roma, linf oma, sín drome de l is e tumoral) e hemorr ag i a subara cnó id ea (LLEW ELYN; COHEN, 2001).

Há vári as ra zões q ue j ustif icam a import ânc ia do di ag nóstic o microb i ol óg ico de pac ie nte com se pse. Em pr imeir o lu g ar, ele permit e a va li ar a ef icác ia d o esq uema antim icrob i ano e le ito. Em seg undo l ug ar, possi bi l it a le vantamento epi demi ol óg ico da pre va lê nci a b act eria na n a inst itui ç ão. Por f im, o conhe cime nto do a g ente respon sá ve l pode ter imp lic açã o na e le ição de tratamentos adj u vant es (LLEW ELYN; COHEN, 2001).

Entretanto, f req üentemente e xistem g randes d if icul dad es e m se loca li zar o s íti o d e i nf ecção e m paci entes c om s epse. Mu itas ve zes, ele se e ncontra ocu lto, como em ca sos de s i nus ite e in f ecção intra-a bdom i nal. Os e xames microb io lóg ic os c on ve nc ion ai s têm uma séri e de l imitaç ões : dif icu ld ade em se d ist ing uir co lon i zaç ão de inf ecçã o, terap ia ant imicr obi ana pré via, dif icu lda de em ide ntif icar org ani smos n ão usu ai s, dif icu ld a de em a va l iar a rele vânc ia d e resu lt ados d e cu lturas c o m cresciment o po l i microb ian o, e a

interpr etação de c ultura q ue iso lou org anismo hab itua l mente de ba i xa viru lên ci a. Porta nto , muitos org an ismo s iso la dos de s íti o s não estére is podem repres entar col on i zaç ão ou i nf ecção, e a microb io log ia i so lad amente não po de respo nder a essa q uestão. D e outra f orma, espécime obt ido d e s íti o rea lment e i nf ectado p ode tra zer resulta do de c ultur a neg ati vo, ou porq ue ant ib iót icos esteri l i zaram o mat eria l, o u p orq ue téc nic as es pec ia is de ver iam s er empre g adas (semear a amostra ant es d e uma hora, us ar me io de cu ltura e spec ia l para det ectar Ha e mophi lu s spp e im unof luores cênc ia para dete ctar P. j iro veci, p or e xemp lo) ( LLEW ELYN; COHEN, 2001).

Os marcadores tradi ci ona is de inf ecção, c omo n eutr of ili a, nã o têm sens ib il id ade s ig nif i cati va e ntre p ac ien tes ho sp ital i zados para di sting u ir sepse d e outra et io l og ia da SI RS (LLEWELYN; COHEN, 2001).

O diag nóst ico c l íni c o de pne umon ia em pac ient e f ora da U T I consid era a presenç a de f ebre, le ucoc itos e, e scar ro puru le nto e n o vo i nf iltrad o n a radi og raf ia do tórax. Nessa s ituaç ão, ess es critér ios são a lta mente sens íve is e es pec íf i cos. Poré m, em pac ie ntes in tubado s e em vent i laç ão artif ici al, esses parâmetro s n ã o sã o es pec íf icos. A l ém di sso, do is terç o s dos pa ci entes com pneumo ni a nos ocomi al têm pe lo me nos outro s íti o de i nf ecção. Um no vo inf iltra do n o RX de tóra x nã o é d iag n óstico de pneumo n i a em pac ie nte ve nti la do mec an ica mente. Ess a a ltera ção rad io lóg i ca p o de ter inúmera s causas não i nf ecci osas. O estud o mi crobi ol óg ico de as pira do traq uea l exemp lif ica bem a d if icul dad e em se dif erenc iar c ol on i zaç ão de inf ecção em pac iente d e UT I (LLEW ELYN; COHEN, 2001).

O cresciment o ba cte rian o a p artir d e mat eria l pr o ven ie nte d e tecid o prof undo ou de l íq ui do i ntra- ca vitár io c ol hi do as septic amente repr es enta di ag nósti co de inf ecção. Entret anto, a contr ibu iç ão de cu lturas de sw ab d e f erida s é lim itad a (LLEW ELYN; COHEN, 2001).

Por f im, exist em vá rias outra s situ açõe s dif icu ltador as do diag nóst ico d e inf ecção em p aci e ntes com SIR S. Não e xist e padr on i zaç ão p ara a abordag em di ag nós tica de co le cist ite acalc ul osa. No c aso de bu sca diag nóst ica d e sin us ite, há dis crepâ nc ia entre acha dos de im ag em (presença de l íq ui do em se ios paranas ai s vist os p ela ra di og raf ia, tomog raf ia ou ultra- som) e c onf irmaçã o micro bi ol óg ica e m l íq u id o as pir ado após pu nçã o. T ambém não e xist e padron i zação pa ra o diag nóst ico de cand id ía se sistêm ica. Uma ú ni c a co lôn ia de C and id a spp i so lad a d e s ít io estér il, c omo

sang ue ou l íq uor, é sig nif icat i va. Por ém, é dif íc i l dif erenc iar col on i zaç ão ou inf ecção q uan do C a ndi da sp p é i so lad a de s ít ios não e stér eis, como trato respir atóri o ou f erid a cirúrg ic a (LLEW ELYN; COHEN, 2001).