• Nenhum resultado encontrado

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.7 Noradrenalina no choque séptico

2.7.1 Efeito da noradrenalina no choque séptico

Até p or vo lta de 1 989, d opam ina era o ag ente va sopre ssor a dotad o n o tratamento d o ch o q ue sépt ico. Naq u ela ép oca, hou ve o q ue p ode ser chamado de re nasc i mento da n oradre na li na. C ontud o, seu u so era lim itad o, poi s se acr ed ita va não ter inf luên ci a s obre o vol ume si stó li co e n o dé bit o card íaco, e q ue p od eria pro vo car c onstr içã o da artér ia re na l (S CH RE UD ER

et al., 198 9).

Marti n et a l. (1 99 3) demo nstraram, de f orma p ion eira, o benef íc io de noradre na li na no choq ue s épti co. Seus estu dos co mprovaram q ue noradre na li na me lh ora a PA s istêm ic a, o dé bit o ur inár i o, a of erta e o consumo d e O2 em p aci entes com ch oq ue sépti co ( MART IN e t al., 1993).

A va soco nstri ção e xcess i va com reduç ã o na oxig ena ção tec idu al é um risco potenc ia l no uso de noradre na li na. Para se e vitar esse ef eito in des ej á ve l, a uti li zaçã o rac ion al d e nora drena l ina bas eia-s e nã o ap ena s na re vers ão d a hip otens ão, mas de v e-se b uscar at ing ir otimi zaçã o n o trans porte e co nsumo de O2 ( MART IN et a l ., 1993). O poten ci al ef eito d el etéri o d a noradre na li na é

ins ig nif ica nte em relaç ão ao prej u ízo c ausad o por in adeq u ada press ão de perf usão, q ue é reve rtida com a drog a.

Em 199 6, um estu d o de meta ná li se a val iou oit o estu dos sobre o uso de noradre na li na n o c hoq ue sépt ico. T od os el es mostraram aumento n a P A média. S ete de les c onstataram aume nto na resistê nc ia vas cul ar sistêm ica. Em seis estudo s a f req üência c ard íac a não a ltero u nem dimi nu iu, tend o aumentad o ins ig nif ic antemente nos outr os do is estu dos. O índ ic e car d íaco aumentou ou n ão a lt erou. Nã o ho u ve a lt eração na pre ssão c api lar pu lmonar em nenh um dos e studos. T ambém f oi demo nstrado aum ento do déb ito

urin ário n a mai ori a dos traba lh os. Portanto, f oi co nstatado q ue a noradre na li na me l ho ra as var iá ve is hem odi nâmi cas até va lo res norma is ou supran ormais na ma i oria dos pac iente s s éptic os (RUDIS; BASHA; ZAROW ITZ, 1996).

Ma is rec entemente, um estudo e xper ime ntal a va li ou p aci ent es com choq ue séptic o q ue pers is tiam instá vei s h e modin amic amente com o uso de dobutam ina. Qua n do ass oci ado a noradre na li na, o correu aume nto sig nif icat i vo n o índ i ce card íac o e no índi ce de vol ume si stól ico. H ou ve também melhora marcante na f unçã o ventric ul ar após assoc iaçã o de noradre na li na, ape s ar de aumento s ig nif icat i vo na p ós-c arg a ventr icu lar ( MA RT IN et al., 199 9).

A melh ora no dese mpenho ventri cu lar pel a nora drena l in a, aparenteme nte parado xa l, pod e ser expl ic ada p or pos s íve l ef eito inotró pi co, mesmo q ue moderado, decorre nt e de e st ímu lo dos re ceptores α 1 e β 1 card íacos. Outro moti vo ser ia o f ato de q ue, em pac ie ntes com ba i xa PA , uma redu zida pressão de p erf usão arteria l c oronar ia na po de co ndu zir ao ba i xo f lu xo coronar ia no e à is q uemia mio cárd ica, situa ção re verti da com o ef eito va sopre ssor da nora drena l ina ( MA RT IN et al., 1999).

Constat ou-se, tamb ém, q ue a noradr ena li na, q uand o c omparada com dopam ina em pac i entes c om choq ue sépti co, tem ef ei to ben éf ico na circu laç ão esp lân cn ica. Fic ou demonst rado q ue pac iente s tratados com noradre na li na t i vera m aumento no pH, enq uanto aq ue les tratados com dopam ina ti veram r eduçã o no pH (REINHART; SAKKA; MEIER-HELLMANN, 2000).

Em mode lo e xp erim ental de ch oq ue sé ptico, const atou-se q ue aumento na PA méd ia em 1 0 mmHg pelo uso de n oradren al in a oc as io nou s ig nif icat i vo aumento no déb ito c ard íaco, na e xtr ação de O2 e no f lu xo sa ng u íne o porta l,

estab il i zação d a ac i dose metab ól ic a e te ndênc ia em restaura r o f luxo ren al e da mucosa j ej u na l p ara val ores pró ximo s ao estad o pré-ch o q ue (T REGGIARI

et al., 200 2).

É dif íc il d ist ing uir os ef eitos na ele vaçã o da PA de outro s ef eitos esp ec íf ic os dos va sopre ssores. A nora drena l in a nã o tem ef eito ape nas α, mas tamb ém peq ueno ef eito β-adrenérg i co. Em e studos e xper imenta is, ob ser vo u-s e aumento no f lu xo sang u íneo esp lâ ncn ico q uan do no radrena l ina f oi empreg ada para au mentar a PA médi a de 60 para 90 mmH g em modelo de

choq ue e ndot ó xi co. Esse mesmo ef eito f oi obser vado com i soprotere no l (β- adrenérg i co), mas n ão com f enil ef rina (α-a drenérg i co). Port anto, pod e ser postu lad o q ue o ef eito i ni ci al da n oradren al in a em m elh orar o f lu xo esp lânc ni co ser ia p or essa ação β, e não e xc lu si vamente p elo aument o da PA méd ia (DE BACKER; VINCENT, 2002; T REGGIARI et al., 2 002).

O tratamento com v asopres sores é in di spens á ve l n o man ej o de pac ie ntes com choq ue s épt ico. A nor adren al in a te m sido cons id erad a pel a ma iori a do s autores como o ag e nte de esc ol ha ness as s ituaç ões (BA LK, 200 4). Enq ua nto a of erta de O2 for manti da em n íve l adeq ua do, o t ratamento co m

noradre na li na não te m ef eitos d el etéri os na o xig en ação tec id ual (REINHART; SAKKA; MEIER-HELLMANN, 2000).