• Nenhum resultado encontrado

1.6 Imagem geral

2.1.2 Dimensão de um framework

Não é completamente claro qual é a dimensão possível de um framework linguístico. Um dos exemplos iniciais que Carnap elenca é o framework das coisas, composto pelo conjunto de regras, e que possui como valores das variáveis as entidades e eventos espaço-temporais observáveis. Um framework, contudo, não é, ou não é inicialmente, a totalidade de uma linguagem. Carnap fala sobre “aceitar a linguagem das coisas com o seu framework para coisas”, então, claramente, a linguagem das coisas é capaz de englobar o framework das coisas. Também na seção “What Does Acceptance of a Kind of Entities Mean?”, Carnap menciona que a mera presença de constantes de um certo tipo, assumidas como nomes para as entidades

observar se há ou não um objeto com as características esperadas de “cama” ali. Um procedimento similar ocorre com os números. A pergunta sobre se existem números primos menores que 7, por exemplo, apresenta um caso em que nenhum teste empírico é capaz de prover uma solução. Contudo, é suficiente analisar a definição de número primo — um número natural divisível apenas por 1 e por ele mesmo — e buscar os divisores dos antecessores de 7, verificando que o 5, p.ex., é divisível por 1 e por ele mesmo, e alcançarmos a resposta desejada.Com outras perguntas a situação não é a mesma: o que se sugere dos contextos de discussão filosófica em perguntas como “existem números?” é que elas não dizem respeito a existência “trivial” derivada de afirmações como “cinco é um número”, mas que elas parecem reivindicar uma resposta sobre a existência de números de um ponto de vista global. Ou seja, casos em que a resposta é “claro que existem, se 5 é um número, números existem”, e recebem uma réplica como “falo sobre números em geral e não sobre se eles existem após aceitar framework para números”. A réplica sugere a pretensão de que a pergunta esteja direcionada a existência do sistema total dos números.

em questão, não pode ser considerada como um passo essencial para o reconhecimento da aceitação dessas entidades, dado que esses nomes já podem estar na linguagem antes de um framework específico ser introduzido.52Se é possível que existam palavras antes da introdução de um framework particular, a linguagem engloba os frameworks.53

É razoável assumir, portanto, que um framework é apenas parte de uma linguagem e é cons- tituído pela sequência finita de regras e expressões que são incluídas com o objetivo de introduzir novas entidades. E, visto que é possível que existam expressões bem formadas antes da introdução de algum framework, é também possível assumir a presença de outros frameworks, criados para a introdução de outras entidades, dentro de uma mesma linguagem.

Esse ponto é relevante porque em algumas passagens Carnap menciona que as teses sobre a realidade das entidades como um todo não podem ser formuladas em uma linguagem teórica. A aceitação de uma linguagem, diz, é equivalente à aceitação das suas regras de formação e elas implicam também a asserção de outras sentenças, mas que a tese da realidade do mundo das coisas não pode estar incluída nesse mesmo sistema porque ela não pode ser formulada dentro dessa linguagem:

A aceitação da linguagem das coisas leva, pela base das observações feitas, também à aceita- ção, crença e asserção de certas proposições. Mas a tese da realidade do mundo das coisas não pode estar entre essas proposições, porque não pode ser formulada na linguagem das coisas, ou, parece, em qualquer linguagem teórica (ESO [1950], p. 208)

O que, afinal, Carnap quer dizer quando fala que a tese da realidade do mundo das coisas não pode estar entre as afirmações aceitas quando se aceita a linguagem das coisas e suas regras, porque ela não pode ser formulada nessa linguagem ou, parece, em qualquer outra linguagem teórica (ESO [1950], p. 208)? Isso poderia indicar que o caráter externo é derivado da impossibilidade de formulação da sentença na linguagem. Mas, se as assunções sobre a dimensão de um framework são corretas, é o caso que a sentença que expressa a tese pode perfeitamente ser encontrada entre as afirmações da linguagem. Ou seja, resta ainda uma possibilidade não explicitamente tematizada: dado que um framework pode ser composto por apenas uma parte do sistema linguístico total, pode ser o caso que perguntas sobre existência estejam em outra parte, fora do framework específico aceito para essas novas entidades, mas ainda dentro de uma linguagem que contenha tal framework. Para o framework dos números, por exemplo, isso fica patente quando a pergunta “Existem números?” pode ser tanto uma pergunta interna, como externa. Não parece haver limitação alguma sobre a presença de certas expressões que formulem tais perguntas de forma pré-sistemática, ou seja, no conjunto de expressões da linguagem ainda não sistematizada. Se essa é uma possibilidade, a recusa das perguntas externas deve ser sobre a forma como a pergunta é feita, sua interpretação, e não sobre a possibilidade da presença.

52“There may be new names for particular entities of the kind in question; but some such names may already occur in

the language before the introduction of the new framework. (Thus, for example, the thing language contains certainly words of the type of “blue” and “house” before the framework of properties is introduced; and it may contain words like “ten” in sentences of the form “I have ten fingers” before the framework of numbers is introduced.”) (ESO [1950], p. 213)

53Ao ser incluído ao final de R. Carnap, 1947 (doravante citado como Meaning and Necessity [1947]), Carnap revisa o texto

de ESO para qualificar a diferença entre framework para entidades e framework para o sistema de expressões linguísticas, excluindo a primeira acepção, conforme a primeira nota de rodapé (ESO [1950], p. 205).

A tentação dos filósofos, diz Carnap, de fazer e responder essa pergunta externa parece, por um lado, depender de elas possuírem o mesmo formato de uma questão interna. Mas esse não pode ser o caso: perguntas externas precisariam introduzir uma linguagem de ordem superior; a formulação da pergunta de existência supõe que seja relativa a termos de ordem superior que aquelas da teoria. Então, perguntas internas e externas não têm a mesma forma lógica.

ninguém que pergunta “Existem números?” no sentido interno afirmaria ou mesmo consi- deraria uma resposta negativa seriamente. Isso torna plausível supor que aqueles filósofos que tratam a questão da existência de números como um problema filosófico sério, e ofere- cem longos argumentos para ambos os lados, não têm em mente a questão interna. E, de fato, se perguntássemos a eles: “vocês querem dizer a questão de saber se o framework dos números, caso o aceitássemos, seria vazio ou não?”, eles provavelmente responderiam: “de modo algum; queremos dizer uma questão anterior à aceitação do novo framework” (ESO [1950], p. 209)

Dado que a resposta para a pergunta interna é bastante trivial — ela segue imediatamente de outra sentença analítica do sistema [“cinco é um número”] e apenas representa a afirmação de que o sistema não é vazio —, há uma forte suspeita para inferir que o filósofo dedicado a esse tipo de questão está interessado na interpretação que se pretende “anterior” a qualquer sistema de linguagem e não pela interpretação interna.54Como pretensa pergunta teórica, quando questionado sobre se a resposta afirmativa, por exemplo, da pergunta interna sobre a existência dos números satisfaz o realista, a reação é negativa. Essa insatisfação indica que a sua pretensão não é pela resposta para a pergunta interna, mas aquela externa.

A identificação da “externalidade” parece então ser baseada nas perguntas adicionais feitas ao metafísico a respeito de como está interpretando a pergunta e, consequentemente, o que deve ser considerado como uma resposta aceitável. A caracterização da questão parece então ser determinada pelo reconhecimento de uma interpretação que demonstra a característica da pergunta como uma tese

54Ao vermos o exemplo de Replies [1963], p. 873, na discussão com Beth, fica claro que essa é, de fato, a interpretação de

Carnap; quando este apresenta a situação hipotética de divergência entre dois lógicos sobre o emprego de determinadas frases: “‘In contrast to you, there is no possibility for me to choose between the two languages. On the basis of careful considerations, I have arrived at the following two ontological results:

6. There are classes of objects.

7. There are no classes of classes of objects.

What you regard as semantical rules for 𝐿1contains the phrase ‘classes of classes of objects’, which does not refer to

anything. Therefore, no semantical rules for 𝐿1have actually been stated; thus 𝐿1is not an interpreted language but merely

a calculus’.

I would maintain that (6) and (7) are not genuine statements but pseudo-statements. I assume that (6) and (7) are meant absolutely and objectively, i.e., not relative to this or that language, or relative to this or that person; in other words, that they are meant as external statements. However, if they were meant as merely internal statements, and thus (7) was meant in the sense of the sentence (5) [5. For every x and every y, x is not an element of an element of y] of 𝐿2, then they

would be cognitively meaningful sentences. Understood in the latter way, sentence (7), like (5), would merely say that in 𝐷2there are no classes of classes. But this statement is not incompatible with the sentence (4) [4. For some x and some

y,x is an element of an element of y] in 𝐿1because (4) says that in a different universe of discourse, 𝐷1, there are classes of

classes. Thus we see that the difference between 𝑋1and 𝑋2is not a difference in theoretical beliefs, as 𝑋2seems to think

when he makes the pseudo-assertion (7); it is merely a practical difference in preferences and decisions concerning the acceptance of languages. If 𝑋2were to believe that he made an assertion by his utterance of (7), I would challenge him

to specify a method by which he and 𝑋1together could ascertain whether the alleged assertion is or is not true.” (Replies

metafísica e não, como aparentemente afirma Carnap, que a sentença não possa ser formulada dentro de uma linguagem.

Restaria àquele que quer dar sentido a atribuição de um caráter especial de realidade a certas entidades a alternativa de reformular suas afirmações para que elas conjuguem, dentro do sis- tema linguístico, com o restante das perguntas legítimas sobre existência. Mas esse passo, diz Carnap, é problemático:

Eles podem tentar explicar o que querem dizer afirmando que ela é uma questão do status ontológico dos números; a questão se os números têm ou não uma certa característica metafísica chamada realidade (mas um tipo de realidade ideal, diferente da realidade material do mundo das coisas), ou subsistência, ou status de “entidades independentes”. Infelizmente, esses filósofos não providenciaram até agora uma formulação da sua questão em termos da linguagem científica comum. Portanto, nosso julgamento deve ser que eles não conseguiram dar à questão externa, e às suas possíveis respostas, qualquer conteúdo cognitivo. A menos que, e até que, forneçam uma interpretação cognitiva clara, estamos justificados em nossa suspeita de que sua pergunta é uma pseudopergunta, isto é, uma disfarçada na forma de uma questão teórica, enquanto na verdade é não-teórica; no caso presente, é o problema prático de incorporar ou não as novas formas linguísticas que constituem o framework dos números na linguagem. (ESO [1950], p. 209)

Nessa passagem, como podemos observar, Carnap é mais condescendente com a possi- bilidade do restabelecimento da pergunta metafísica, atitude esta que contrasta com a defesa anterior sobre a impossibilidade de incluí-la no sistema. Há, portanto, duas formas vacilantes sobre a recusa das perguntas externas: uma que diz respeito à impossibilidade da formulação da tese, e outra de suspeita sobre a própria possibilidade. Essa vacilação fica explícita na parte final de ESO [1950]; Carnap parte da constatação da falta de evidências compartilhadas para a consideração de que ela é uma pseudoquestão:

Não consigo pensar em nenhuma evidência possível que seria considerada relevante por ambos os filósofos e, portanto, caso realmente encontrada, decidiria a controvérsia, ou ao menos tornaria uma das teses opostas mais provável que a outra.

Portanto, sinto-me compelido a considerar a questão externa como uma pseudoquestão, até que ambas as partes da controvérsia ofereçam uma interpretação comum da questão como questão cognitiva; isso envolveria uma indicação das possíveis evidências consideradas re- levantes por ambos os lados. (ESO [1950], p. 219)

Mas, se o caso fosse de suspeita sobre a possibilidade de inclusão da pergunta metafísica no sistema total do conhecimento, a atitude esperada seria a de suspensão do juízo sobre a solução do debate; se o diagnóstico fosse sobre a impossibilidade, a atitude compatível seria a de recusa do sentido cognitivo das perguntas metafísicas.55

A aparente dificuldade é desfeita quando compreendemos que a afirmação de Carnap não é que a forma sentencial não pode ser encontrada entre as sentenças da linguagem, mas que a pretensa tese implicada com ela é que não pode. Muito embora duas frases podem ter a mesma forma sintática, mas ainda assim ser interpretadas de modo diferente.

A vacilação, creio, é apenas aparente: a suspeita sobre a possibilidade é uma forma retórica (ou performática) de atribuição do ônus ao metafísico. Carnap é, na verdade, confiante na impossibili-

55Por mais que na passagem anterior Carnap adicione o qualificativo enfraquecedor de “sinto-me compelido a conside-

dade da formulação da questão com um sentido cognitivo.56O que o filósofo pode ter em mente, embora não coloque a questão nesse formato, é apenas uma pergunta sobre a decisão prática entre aceitar ou recusar um framework particular. Nesse caso, a aceitação desse ou daquele framework não é forçada pela teoria ou pelas observações, mas apenas por questões práticas.57

A observação de Carnap em Meaning and Necessity [1947] — ao questionar a adequação da atribuição da defesa de uma tese metafísica absolutista, ou uma forma de hipostasiação com respeito a certas entidades — deve basear-se na “análise das afirmações ou pseudoafirmações que ele [o autor] faz com a ajuda daqueles sinais” (Meaning and Necessity [1947], p. 44) corrobora a nossa suspeita de que a restrição não é aquela sobre a forma sentencial. Ou seja, a identificação da interpretação metafísica das perguntas externas é dependente da análise do conjunto holista das afirmações apresentadas por um autor. A interpretação da forma sentencial como asserindo uma tese metafísica que é problemática.

Dado que a decisão sobre a aceitação ou rejeição de formas de linguagens é uma decisão prática, ela não é avaliada como cognitiva em um sentido estrito, mas é governada por decisões pragmá- ticas a respeito dos objetivos e funcionalidades desejadas para tal linguagem. O fato, contudo, dessas decisões não serem cognitivas não as faz irracionais. Bem como outras decisões de caráter deliberativo, elas podem sofrer influências de conhecimentos teóricos anteriores. Apresentar razões para a aceitação ou recusa de um determinado framework linguístico, mesmo que influenciadas pelo conhecimento teó- rico, não pode, segundo Carnap, ser compreendido como representando o mesmo problema filosófico tradicionalmente identificado como a controvérsia realista (cf. ESO [1950], p. 208). É nesse sentido, creio, que deve ser entendida a afirmação sobre a presença da tese realista não poder constar em uma linguagem teórica.

A qualificação do sem-sentido das perguntas externas, carrega uma conotação psicologica- mente forte, mas é preciso ter em conta que aquilo que se está qualificando como não possuindo signi- ficado cognitivo é consideravelmente mais restrito que o uso cotidiano que a expressão “sem-sentido” possui. Significado cognitivo é compreendido com a contribuição informacional, e não a expressão emotiva ou apelativa, imaginativa (pictorial), ou mesmo volicional-motivacional (diretiva). Feigl (1947, p. 7) é providencial na sua descrição sobre esse ponto:

Muitos “problemas” metafísicos e suas “soluções” dependem da presunção errônea sobre a presença de significado factual em expressões que têm apenas apelos emotivos e/ou uma es- trutura gramatical formalmente correta. Muitas questões epistemológicas foram obscureci-

56Como indicação da confiança nessa impossibilidade ele adiciona a frase — que configura a sugestão mais forte —

“…em qualquer outra linguagem teórica” (p. 208), ou seja, uma linguagem constituída por frameworks linguísticos. O destaque necessário aqui é na expressão “teórica”, visto que a análise sobre a dimensão dos frameworks, a existência de outros frameworks em uma mesma linguagem, e as observações sobre a presença de expressões que precedem a introdução de um framework, facultam a presença dessas perguntas sobre a existência em uma forma pré-sistemática, ou seja, ainda não teórica, no sentido de não-sistematicamente incluída na linguagem.

57A exigência de uma resposta teórica para o problema da existência, tal qual aquelas que estão presentes em uma

resposta interna, sugere ao metafísico que há também respostas teóricas para a sua pergunta. É possível que na formulação e desenvolvimento do seu caso (ou da sua posição), o metafísico inclua motivações para demonstrar que sua posição seja preferível em relação à sua oponente. Mas se ao elencar essas motivações teóricas ele pretenda que elas sejam mais que motivações para a deliberação da escolha, mas uma questão teórica, para Carnap, ele está cometendo a confusão de assumir que da eficiência da sua linguagem retirem-se fatos confirmatórios da tese da realidade do mundo externo/ou do mundo das coisas; e não que as razões de sua eficiência são direcionados a aceitação da linguagem (ESO [1950], p. 208).

das ao confundir significados lógico-matemáticos com significados factuais. [...] Nenhuma avaliação das funções da linguagem como tal está implícita. Os apelos emotivos são indis- pensáveis na busca da vida prática, na educação, na propaganda (boa ou ruim), na poesia, na literatura, na edificação religiosa e na exortação moral. Alguns dos mais altos refinamentos de nossa existência civilizada dependem das implicações emocionais da linguagem falada e escrita. (Feigl, 1947, p. 379)

Apesar de que o diagnóstico sobre as perguntas externas seja forte (a do seu não-sentido cognitivo), a indicação de Carnap é parcimoniosa. A “sugestão” de Carnap é mais uma proposta de transformar a pergunta externa mal-formulada, em uma formulação adequada e passível de ser aceita como pergunta legítima.

O restante de ESO [1950] contém, basicamente, a apresentação de exemplos de perguntas internas e externas nos mais diversos sistemas: sistema dos números, das proposições, das propriedades, do sistema de coordenadas espaço-temporal da física; demonstrando que a forma geral é a mesma que aquela aplicada ao sistema de objetos (coisas).58

A questão aqui, portanto, é sobre a escolha terminológica sobre como melhor descrever a discussão. Se “o problema do realismo”, por exemplo, fosse interpretado como uma discussão sobre o grau de eficiência da linguagem realista, Carnap estaria de pleno acordo: “a linguagem das coisas na forma habitual funciona com um alto grau de eficiência para a maioria das finalidades da vida cotidiana.” Para ele, inclusive, “esta é uma questão de fato, baseada no conteúdo de nossas experiências” (ESO [1950], 208, [destaque adicionado]). Há um sentido, portanto, em que Carnap pode ser classificado como um realista — e ele estava completamente satisfeito com esse tipo de atribuição —, dado que ele claramente assume uma preferência pela linguagem realista. Isso, contudo, não equivaleria ao comprometimento com a asserção da tese metafísica do realismo.59

Essa observação é o ponto central da proposta de Carnap em relação aos compromissos metafísicos [em geral e] em ESO [1950]. Ou seja, é preciso marcar a diferença entre a adequação prática de uma linguagem como ferramenta para descrever o domínio de conhecimento pretendido e o compro- misso com as teses metafísicas: as teses metafísicas são adições supérfluas ao conjunto do conhecimento, o caso da disputa realista exemplificaria mais um caso, ou uma versão particular:

58Para o framework das coisas espaço-temporais há o problema particular em reconhecer que há essa escolha deliberada

sobre a aceitação de uma linguagem que governa as perguntas e respostas sobre a existência de coisas. Não parece ter havido um momento específico na vida de uma pessoa onde ela opte por falar sobre objetos, ou seja, que essa seja uma “questão de decisão”. Que a possibilidade de ser uma escolha soe particularmente estranha, pode ser explicado, diz Carnap, pelo fato de que desde muito cedo estamos habituados com o conjunto de expressões sobre objetos externos de tamanho médio, ou seja, a aceitação da linguagem das coisas é admitida muito cedo nas nossas vidas e, consequentemente, não apresenta-se como uma decisão que envolva uma deliberação explícita. O seu caráter de escolha, contudo, pode ser restabelecido, sugere Carnap, quando percebermos que é possível decidir entre continuar usando ou não essa forma de linguagem, ou