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Dimensão política-administrativa

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CAPÍTULO 3 – DAS ESCOLAS TÉCNICAS AOS INSTITUTOS FEDERAIS

3.4 Educação profissional e tecnológica no estado de Goiás

3.4.1 Dimensão política-administrativa

No estado de Goiás, foram implantados dois institutos federais de Educação Profissional e Tecnológica (IFETs): o primeiro foi o Instituto Federal de Goiás (IFG), constituído pelo Cefet-GO (antiga Escola Técnica Federal de Goiás, com uma Unidade Descentralizada de Ensino [UNED] na cidade de Jataí e uma unidade em construção na cidade de Inhumas); e o segundo foi o Instituto Federal Goiano (IFGoiano) constituído pelo Cefet-Rio Verde (antiga Escola Agrotécnica de Rio Verde e uma unidade em construção na cidade de Iporá), Cefet-Urutaí (antiga Escola Agrotécnica de Urutaí, com uma UNED em Morrinhos) e a Escola Agrotécnica de Ceres (BRASIL, 2008).

Percebe-se que cada um dos dois IFETs implantados possui características muito específicas: um com a expertise para a formação industrial (IFG) e o outro com mestria histórica de formação para a área agroindustrial (IFGoiano). Outro fato

importante dessa estruturação é que o IFG se constituiu apenas de uma autarquia (Cefet-GO, criado em 1909), e o IFGoiano, de três autarquias (Cefet-Rio Verde, criado em 1967; Cefet-Urutaí, criado em 1953; e Escola Agrotécnica de Ceres, criada em 1994). Todas essas autarquias tinham longa trajetória histórica, políticas internas consolidadas, tradições enraizadas, procedimentos e normas internas próprias, enfim, cada uma possuía autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar. Portanto, para o IFGoiano, nesse primeiro momento, foi mais difícil o período de adaptação e implantação do IFET.

Os dois institutos federais do estado de Goiás, como os demais, também foram contemplados pelo plano de expansão da REPCT, somando atualmente 26 IFETs em funcionamento: o Instituto Federal de Goiás, que possuía duas unidades e hoje possui 14 campi, enquanto o Instituto Federal Goiano, que possuía quatro unidades, hoje conta com oito campi e quatro campi avançados, localizados em diferentes cidades do estado, conforme pode ser observado no Quadro 5 a seguir.

Quadro 5 - IFETs e seus Campi, em unidades – Goiás – 2008 a 2016 Estado de Goiás 2008 2014 2016 Autarquia Unidade/ Campus Campus Campus Avançado Campus

IFG CEFET-GO Goiânia Jataí

Águas Lindas de Goiás Anápolis Aparecida de Goiânia Cidade de Goiás Formosa Goiânia Oeste Inhumas Itumbiara Luziânia Senador Canedo Uruaçu Valparaíso de Goiás 14 02 12 IFGoiano

CEFET-Rio Verde Rio Verde Iporá Posse Trindade Catalão Cristalina Hidrolândia Ipameri Campos Belos CEFET-Urutaí Urutaí Morrinhos EAF-Ceres Ceres 12 04 03 04 01

Fonte: Elaborado pela autora, com base em dados de Brasil (2008); MEC (2014 e 2016); IFG, 2018; IFGOIANO, 2018.

Para permitir a visualização da abrangência do IFG e do IFGoiano no território da Região Centro-Oeste, elaborou-se a Figura 11 seguinte, que traz o número de campus, a população e a área de cada estado e do Distrito Federal.

Figura 11 - IFETs da Região Centro-Oeste, população e dimensão territorial dos Estados e do Distrito Federal – Centro-Oeste - 2011

Fonte: Elaborada pela autora com base em dados do IBGE (2011).

Nota: Estimativas populacionais produzidas pelo IBGE, após o reprocessamento dos valores das áreas territoriais, de acordo com a estrutura político-administrativa vigente em 01/07/2017.

Percebe-se na Figura 11 que o estado de Mato Grosso foi a unidade da federação mais bem assistida com os campi dos institutos federais, se comparado o percentual populacional estimado em 2017 na Região Centro-Oeste: 28,79% de campi implantados e em funcionamento, e 21,06% de percentual populacional. Outra observação em relação ao mesmo estado, refere-se à dimensão territorial, que apresentou o maior percentual em área por quilômetro quadrado (56,23%) do total da região.

O estado de Goiás (42,70%), o Distrito Federal (19,14%) e o Mato Grosso do Sul (17,09%) têm o contingente populacional maior que o percentual de campi instalados e em funcionamento: 39,39%, 16,67%, 15,15%, respectivamente. Esses percentuais permitem inferir que as três unidades da federação possuem espaços, mesorregiões ou microrregiões que ainda estão desassistidas e que permitem ampliar a instalação de campi dos IFETs. Ao observar na Figura 11 especificamente o estado de Goiás, que tem densidade demográfica igual a 17,7 hab./km2

, percebe- se que, ao ser dividido em Regiões de Planejamento, o sudoeste, o oeste, o norte e o nordeste do estado estão mais desassistidos quanto à presença dos IFETs.

0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00

Distrito Federal Goiás Mato-Grosso Mato-Grosso do Sul Campus (Unidade) População (milhões) Área (km²)

Figura 12 - Densidade demográfica, por municípios (hab/km2) – Goiás – 2010

Fonte: IMB (2018).

Nota: As unidades do IFG estão representadas pelas estrelas azuis e as unidades do IFGoiano, pelas verdes.

Na densidade demográfica por município com margem de 10 a 30 hab./km2, encontram-se instalados campi dos IFETs, quais sejam: Jataí, Rio Verde, Campos Belos, Posse e Uruaçu; enquanto com 30 a 60 hab./km2,tem-se apenas o Campus Iporá. Os demais campi dos IFETs encontram-se em regiões de maior contingente populacional do estado, ou seja, priorizou-se o atendimento a áreas das periferias do entorno do Distrito Federal e de Goiânia, e dos grandes centros urbanos do estado, tais como Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis. Tais medidas buscaram articular os cursos com as potencialidades locais e com a geração de emprego.

Outra constatação a ser feita, ao observar-se a Figura 12, é a instalação de apenas um campus do IFET em um município com o contingente populacional entre 1 a 10 hab./km2, o da cidade de Goiás.

Quanto aos arranjos produtivos locais, buscou-se valorizar a expertise local de regiões e municípios mais desenvolvidos, como é o caso de Goiânia e das cidades de Anápolis, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo. Nesse mesmo sentido, optou-se por valorizar regiões prósperas da agroindústria e do agronegócio (Rio Verde, Itumbiara, Catalão e Urutaí), pontos fortes da economia goiana.

Esses dados permitem inferir que as decisões para a implantação dos campi nos municípios citados anteriormente no Quadro 5 referem-se ao critério de distribuição equilibrada das novas unidades, com cobertura do maior número possível de mesorregiões, mas, principalmente, dando-se atenção à dimensão social envolvida. Um exemplo claro dessa afirmação são os municípios no entorno do Distrito Federal (Águas Lindas de Goiás, Valparaíso de Goiás e Luziânia), que apresentam índices de desempenho em educação (IDM – Educação) abaixo da média estadual, ficando entre os 20% piores municípios em educação, conforme mostrado na Figura 13. Além disso, na referida Figura percebe-se também que em 2º nível de desempenho têm-se municípios importantes da região norte do estado de Goiás. O município de Uruaçu e o município de Posse. No primeiro, o Instituto Federal de Goiás colocou em funcionamento um campus em 2008 e, no segundo, o Instituto Federal Goiano iniciou as atividades de um campus em 2013.

Figura 13 - Índice de desempenho dos municípios – IDM Educação – Goiás – 2010

Fonte: IMB (2018).

O IFG e o IFGoiano, ambos com dez anos de existência, já abrangem, no desenvolvimento de suas ações administrativas e pedagógicas, essa dimensão geográfica do território de Goiás. Não se pode perder de vista, todavia, que a dimensão de suas ações acadêmicas transcende os limites dos municípios, pois as cidades no entorno desses campi também são contempladas. Ou seja, territorial, política, social e economicamente, esses IFETs estão presentes em vários municípios do estado, ofertando uma educação profissional e tecnológica singular, descentralizada e interiorizada, seja presencial ou a distância, em todos os níveis de ensino, desde a educação básica à superior. Com isso, pode-se perceber claramente a diferença entre essas instituições e as universidades federais, ou seja, a prioridade dada a seus objetivos, que alcançam grande parte das dimensões territoriais brasileiras.

Na estrutura organizacional dos IFETs constam, como órgãos superiores, o Colégio de Dirigentes e o Conselho Superior, e como órgãos executivos, a Reitoria,

composta por 1 (um) reitor e 5 (cinco) pró-reitores. Na composição do Colégio de Dirigentes, entram também os diretores-gerais dos campi. O Colégio de Dirigentes possui caráter consultivo, e o Conselho Superior, consultivo e deliberativo (BRASIL, 2008).

Nos IFETs do estado de Goiás, as pró-reitorias são assim nomeadas: de Administração, de Desenvolvimento Institucional, de Ensino, de Extensão e de Pesquisa e Pós-Graduação. A única exceção refere-se à Pró-Reitoria de Pós- Graduação do IFGoiano, que acrescenta ao nome a palavra Inovação: Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (IFG, 2018; IFGOIANO, 2018).

Esses dois IFETs, ambos vinculados à Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação, possuem natureza jurídica de autarquia, ou seja, possuem autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar; e elaboraram, em seu âmbito institucional, o estatuto e o regimento que normatizam a natureza, as finalidades, os princípios, as características, os objetivos e a organização administrativa da instituição. Também definiram: a gestão da reitoria e dos campi; o regime acadêmico (ensino, pesquisa e inovação e extensão); a comunidade acadêmica: corpo docente, corpo discente e corpo técnico- administrativo; o regime disciplinar; os diplomas, certificados e títulos; e o patrimônio da instituição.

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