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A identidade de um sistema é definida em uma representação não-equivalente espe- cífica, que é composta por parâmetros constitutivos (causa formal) e por parâmetros que regu- lam suas relações com o ambiente (causa material). Em um alto grau de generalidade, a iden- tidade de um determinado sistema é dada por sua forma e por sua qualidade. A forma do siste- ma é definida por seus parâmetros constitutivos e o especifica, e as qualidades representadas categorizam os fluxos que entram e saem do sistema.

Como dito na seção 1.1, a identidade de um sistema pode ser distinguida em identida- de formal e semântica. A identidade semântica representa o sistema como ele é, o sistema na- tural, em sua diversidade qualitativa. Apenas após um processo de abstração, no qual são eli - minadas da representação os aspectos irrelevantes para o objetivo da análise, se constitui a identidade formal do sistema. Ainda assim, como visto na seção 1.2, a construção de uma identidade formal para o sistema se dá por meio de uma equação de estado que inclui variá- veis que, para serem quantitativas, precisam ter algum tipo de medida. Esta medida representa uma qualidade do sistema que esteja implicada no objetivo de análise. Ou seja, a identidade

formal do sistema se dá em termos de forma, mas, como todo sistema complexo está inserido em uma holarquia, é necessário incluir uma qualidade que permita considerar suas ligações com o ambiente, que tem sua própria forma e que, por sua vez, abarca a forma de seu compo- nente.

A escolha de qual qualidade será representada e quais serão deixadas de fora da repre- sentação é o que dá a ela seu caráter não-equivalente. Porém, quando se escolhe qual qualida- de será representada, isso não significa que a forma se mantenha igual entre diferentes repre - sentações não-equivalentes do mesmo sistema. Para entender essa questão, precisamos ver como os diferentes modos de causalidade são produto de processos ocorrendo em diferentes tempos intrínsecos. Como dito na seção 1.5, a causa material do metabolismo de um sistema é produto do metabolismo do nível superior da holarquia que, por sua vez, é produto de uma causalidade complexa que compreende os quatro modos de causalidade, e que ocorre em seu próprio tempo intrínseco, sendo um desses quatro modos a causa formal do nível superior que inclui a forma do sistema no nível focal como componente. Assim, a ligação entre o nível fo- cal e o resto da holarquia se dá por meio relações causais que apresentam impredicatividade, sendo codeterminadas. Dito de outra forma, a existência de um hólon fora da holarquia é uma impossibilidade, uma vez que sua própria identidade depende da identidade dos outros hólons, e vice-versa.

O tempo intrínseco de um sistema não é, como visto na seção 1.3, o tempo universal, “do relógio”. Pelo contrário, cada sistema define seu próprio tempo a partir de sua composi - ção. Porém, é necessário ter em mente que os processos do sistema natural, que têm uma exis - tência concreta, se referem aos componentes de sua identidade semântica, e não à sua identi- dade formal. A identidade formal é uma representação estabelecida em termos de um conjun - to finito e fechado de elementos e relações, que têm forma e qualidades específicas, para que seja possível medir com o objetivo de prever o comportamento do sistema frente a um deter - minado objetivo de análise.

Para que seja possível medir o comportamento de um sistema em relação a uma de suas qualidades no tempo, é necessário espacializar o tempo. Este processo é o que Bergson (2010) denomina mecanismo cinematográfico do pensamento. Este mecanismo é baseado na ideia de que, para representar o movimento, o fazemos por meio do estabelecimento de uma reta que descreva a trajetória do corpo em movimento, e em seguida dividimos essa linha em infinitas posições intermediárias. Cada uma dessas posições infinitesimais é tratada como par-

te do movimento. No entanto, em cada uma dessas posições infinitesimais, o corpo estaria pa - rado, uma vez que este instante foi isolado no tempo. A argumentação de Bergson (1999) se dá no sentido de que não é possível afirmar que o movimento seja a soma de infinitas imobili- dades. A espacialização do tempo como forma de medi-lo não se aplica apenas ao movimento de corpos concretos uma vez que, como vimos anteriormente, o comportamento de um siste- ma definido por uma equação de estado é representado por um espaço de fase, efetivamente espacializando o tempo em todos os casos em que se usa uma equação de estado para descre- ver a dinâmica de um sistema. Ao invés de considerar o movimento como a soma de infinitas posições, considera-se a dinâmica do sistema como uma soma de todos os seus estados instan- tâneos. O processo de mudança de um sistema é percebido como indivisível pelo agente que passa pela mudança, mas só pode ser representado dessa forma espacializada, divisível (BERGSON, 2010). Isso reflete as diferenças entre o modelo relacional em Rosen (1991), que não possui um conjunto de estados, e os modelos tradicionais (analíticos e sintéticos).

A percepção do tempo como uma sucessão de instantes é produto do mesmo processo de abstração que permite transformar uma identidade semântica em identidade formal para fins de previsão do comportamento do sistema. Para entender essa proposição, é necessário definir o que é o presente no qual o sistema age. O presente nunca é instantâneo, uma vez que o próprio processo cognitivo de reconhecer o tempo atual como presente ocorre no tempo, fa- zendo com que o instante considerado já tenha se tornado passado no momento de sua recog- nição. Dito de outra forma, o processo cognitivo por meio do qual se representa um sistema também é uma forma de metabolismo que transforma os inputs do ambiente em algo útil para o organismo, no caso, a informação necessária para a predição do comportamento do ambien- te, com suas características de simultaneidade e sucessão. O presente, portanto, se sobrepõe a uma parte do passado, uma vez que o processo cognitivo se inicia em um instante, mas não se encerra nele. O período de tempo usado para representar o ambiente em seu estado atual se contrai em uma relação de simultaneidade que reflete a composição do cérebro em termos de seus parâmetros constitutivos, da mesma forma que qualquer outro subsistema do organismo, conforme explicado na seção 1.3.

No entanto, é preciso atentar para o fato de que o processo cognitivo de representação do ambiente não é algo desinteressado, uma vez que possui um custo em termos energéticos para o organismo. A representação sempre se dá com base nas possibilidades de ação do orga- nismo, e as linhas (boundaries) que separam os diferentes seres percebidos em indivíduos dis-

tintos do contexto são baseadas na capacidade de ação do organismo. O processo de percep- ção (que, como visto anteriormente, é também um processo de abstração) traz elementos do passado que permitem ao organismo reconhecer o que percebe e usa os inputs sensoriais para construir uma representação que combine as formas do passado, resgatadas pela memória, em conjunto com as qualidades do presente (BERGSON, 1999). Maturana & Varela (1980) argu- mentam, com base em estudos empíricos, que o cérebro usa um conjunto de estados particula- res ocorrendo no presente para construir a representação, mas esta também é uma função da história do organismo, tanto evolucionária quanto nas experiências do organismo individual, o que reflete a argumentação teórica de Bergson.

Assim, a forma de um sistema (identidade formal) é dada por seus parâmetros consti- tutivos, que refletem as relações de simultaneidade que constituem a identidade do sistema, em conjunto com as relações de sucessão. Enquanto as relações de sucessão dentro de um sis- tema governam suas trocas com o ambiente, sendo medidas em termos de tempo abstrato, do relógio e infinitamente divisível, as relações de simultaneidade não podem ser medidas dessa forma, pois sua unidade mínima é o período de tempo (do relógio) necessário para que o parâ - metro constitutivo varie em sua própria constituição (nível inferior da holarquia), não sendo, portanto, divisível11. Entre os componentes da identidade formal da espécie, considerada

como modelo relacional (ROSEN, 1991), há uma velocidade infinita, uma vez que essa iden - tidade formal é uma abstração, existindo em uma virtualidade produzida pelos processos cog- nitivos que ocorrem no cérebro. Essa velocidade infinita entre os componentes é o que permi - te ao ser reconhecer um indivíduo como membro de uma espécie, que irá apresentar diferentes fenótipos em função de suas constituições individuais em termos quantitativos, usando uma qualidade específica como métrica, que produzem valores de estado que representam o siste- ma como instância individual da espécie reconhecida. Isto reflete o conceito de sobrevoo de Deleuze & Guattari (1994), que pressupõe velocidade infinita entre os componentes de um conceito (abstrato) em oposição às velocidades relativas que existem entre os ritmos atuais de diferentes componentes de um sistema concreto, e também reflete a diferença apontada por Rosen (1991) entre o modelo relacional atemporal sem estados e os modelos analíticos e sin- téticos da física contemporânea, estabelecidos com base no tempo abstrato (universal e espa- cializado).

11Kant (1999) divide o tempo em três relações: simultaneidade, sucessão e permanência. A argumentação aqui desenvolvida busca subsumir a permanência à simultaneidade, eliminando assim o caráter instantâneo da simultaneidade.

Dessa forma, uma representação não-equivalente específica se baseia na escolha de quais qualidades serão representadas, o que irá definir quais aspectos do sistema serão consi- derados simultâneos e quais serão considerados sucessivos. A qualidade atribuída aos parâme- tros constitutivos será tratada de forma simultânea (como o hardware na seção anterior) e a qualidade atribuída aos parâmetros que regulam as trocas com o ambiente serão analisadas de forma sucessiva (software), medindo os diferentes estados do sistema conforme o metabolis- mo ocorre, consumindo fluxos advindos do ambiente e lançando nele subprodutos para serem dissipados neste mesmo ambiente, cujo estado (e, consequentemente, o de seus outros compo- nentes) também se altera, de maneira dinâmica e iterada. Porém, a consideração da identidade como algo composto por forma e qualidade levanta a questão do que constitui a qualidade. Se é simples pensar a forma em termos de extensão que, quando considerada dentro de uma métrica, é quantitativa, a natureza da qualidade é mais elusiva. Para entender isso, precisamos retomar o argumento de Bergson (1999) quanto ao que constituem as sensações que percebe- mos como qualitativas. De acordo com ele, não se deve tratar essas sensações como inextensi- vas, uma vez que são, antes de mais nada, afecções do corpo. Para que possamos perceber uma qualidade, usamos nossos sentidos, que são funções executadas por subsistemas do orga- nismo como produto do metabolismo destes enquanto componentes do organismo, e que pos- suem, portanto, forma e extensão. “Há uma diferença de grau, e não de natureza, entre a afec- ção e a percepção” (BERGSON, op. Cit., p. 54).

Assim, a percepção não é uma obtenção de informação por meios inextensivos, mas ocorre por meio de uma dissipação (causa material) oude uma ação (causa eficiente) entre dois sistemas que encontra um receptor adequado. Este receptor, como subsistema de um or- ganismo, transforma esta troca em inputs sensoriais (como produto de seu metabolismo en- quanto componente) que serão usados por este em seu processo cognitivo de representação. Mas a sensação da qualidade não aparece como uma forma definida, apesar de tanto a dissipa- ção quanto o receptor apresentarem extensão. Bergson (Idem) desenvolve o argumento usan - do a luz e as cores como exemplo. A cor, que é percebida de forma qualitativa pelo ser huma- no, pode ser decomposta em uma onda eletromagnética que possui uma frequência determina- da, e diferentes cores são percebidas em função de diferentes comprimentos de onda. Uma onda é claramente uma forma, e diferentes comprimentos refletem a mensuração dessa forma em sua extensão. No entanto, essa forma se apresenta em uma velocidade tão alta que sua for- ma não pode ser distinguida pelo receptor. A sucessão de ondas que compõem o raio de luz é

contraída em uma sensação qualitativa simultânea (cor). Dessa maneira, um estímulo que pos - sui extensão é percebido como inextensivo pelo ser humano. Deleuze (2000) irá retomar este argumento da contração da extensão em qualidade, denominando esse processo de síntese passiva. Na síntese passiva há uma repetição que não é percebida em seus passos, e por isso parece não ter forma. Em oposição, há o processo de síntese ativa, no qual as qualidades per- cebidas por meio da síntese passiva são recombinadas no processo de percepção, dando forma e extensão à representação. O processo de síntese passiva, no entanto, tem precedência sobre o de síntese ativa, sendo esta última construída sobre as bases dadas pela síntese passiva.

Na interpretação do presente trabalho, o processo de síntese passiva ocorre por meio do estabelecimento entre uma simultaneidade dentro de um processo de repetição que na luz se refere aos ciclos da onde eletromagnética, mas que se aplica a qualquer processo que se re- pita com invariância organizacional (ou seja, cuja forma permanece constante), como o meta- bolismo (CÁRDENAS et al., 2009). Portanto, as representações construídas pelo ser humano em seu processo cognitivo, ao usar qualidades e forma, faz as sínteses passivas necessárias para que a representação auxilie a ação, do qual depende a vida do ser humano e sua reprodu- ção, que permite a espécie enfrentar as pressões evolucionárias a que é submetido, conside - rando a forma nas coisas que estão sujeitas à sua ação (BERGSON, 1999) e contraindo o que não pode se submeter à sua ação a sensações qualitativas.

A síntese passiva, portanto, depende dois fatores: o receptor, ou seja, os sentidos por meio dos quais o organismo percebe seu ambiente e as possibilidades de ação do organismo. Os dois fatores se referem a constituição interna do organismo. Como visto anteriormente, a constituição do organismo é dada por sua forma. Os parâmetros constitutivos representam essa forma por meio de relações de simultaneidade, bem como a de seus subsistemas, uma vez que são medidas em uma qualidade específica e não variam ao longo do metabolismo que produzem. A forma do sistema e de seus subsistemas determina o tempo intrínseco no qual o metabolismo destes processa os inputs ambientais, espacializando a duração por meio do uso de um espaço de fase que descreve esse metabolismo como uma sucessão de estados, da mes- ma maneira como o software é processado pelo hardware em Rosen (1991). Portanto, a cons- tituição do subsistema que age como receptor automaticamente torna determinadas percep- ções qualitativas e outras formais. De acordo com Maturana e Varela (1980, p. 21), embora a luz precise chegar aos receptores ópticos, e eles precisam ser ativados (o que depende do me - tabolismo do organismo), o que é visto não é determinado pela quantidade de luz absorvida,

mas pelas relações estabelecida entre estados de atividade dentro da retina (ou seja, sua for- ma) em uma maneira determinada pelas conectividades dos vários tipos de células (ou seja, com identidades diferentes enquanto subsistemas).

No entanto, foi dito anteriormente que há uma escolha de variáveis que entram na re- presentação. Algumas destas qualidades são escolhidas involuntariamente, da mesma forma como inúmeros processos no organismo ocorrem de forma involuntária. Outras, no entanto, podem ser efetivamente escolhidas. As sínteses passivas ocorrem para beneficiar a ação. Qualquer ação, em função das leis da termodinâmica, envolverá a aplicação de energia e um incremento local de entropia. Para que permaneça vivo, o organismo precisa usar sua capaci- dade de ação para encontrar fontes de alimento que permitam a manutenção de seu metabolis- mo. Assim, como a síntese ativa distingue formas com o objetivo de ação, ela fornece ao or- ganismo uma vantagem evolutiva. Mas essa vantagem tem um preço. Ao considerar o ambi- ente em termos formais, há um processamento de informações que é ativo, e não mais uma contração passiva. Voltando ao exemplo da luz, a partir da constituição de instrumentos que pudessem observá-la em sua extensão, ou seja, como onda e não como um raio indiferencia - do. Porém, tanto projetar quanto construir tais instrumentos foram ações que levaram tempo e energia para ser realizadas. Mesmo após essa descoberta, em seu dia a dia poucas pessoas consideram a cor algo além da percepção qualitativa. Apenas pessoas cuja ação dependa desse conhecimento efetivamente o incorpora a suas representações. O que é síntese ativa para esses últimos é síntese passiva para os primeiros. Essas características do processo cognitivo produ- zem as bifurcações de representação.

Uma forma de entender a importância das sínteses passivas e da síntese ativa para a evolução é por meio dos chamados processos cognitivos de tipo 1 e de tipo 2. Processos cog- nitivos de tipo 1 dão origem aos impulsos e intuições, agindo de forma rápida, automática e involuntária, enquanto os de tipo 2 dão origem ao raciocínio cauteloso, alocando atenção para atividades que a necessitem, como fazer cálculos, por exemplo. Os processos do tipo 1 dão origem a impressões e sentimentos, que são as principais fontes das crenças explícitas e esco - lhas deliberadas dos processos de tipo 2. As operações automáticas dos processos de tipo 1 são capazes de gerar padrões complexos de ideias, mas apenas os processos de tipo 2, mais lentos, podem construir séries ordenadas de pensamentos. O cérebro humano, em seu proces- so de representação do ambiente no qual o organismo está inserido, usa os dois tipos de pro- cessos cognitivos. Porém, o grau de atenção que se presta varia de acordo com a atividade que

está sendo realizada e com o que está acontecendo no ambiente. Quando o ambiente fornece

inputs sensoriais tais que o cérebro não julga suficientes para alocar muita atenção, pode-se

falar em conforto cognitivo (cognitive ease). Se o ambiente se mostra ameaçador, ou simples- mente desconhecido, o cérebro aloca uma maior atenção, o que se pode chamar de tensão cog- nitiva (cognitive strain) (KAHNEMAN, 2011).

Aqui, é necessário incluir mais um modo de causalidade na representação, as causas eficientes. A identidade do sistema complexo se divide em seus parâmetros constitutivos e pa- râmetros que regulam as trocas com o meio ambiente, refletindo sua composição em termos de forma e qualidade. Uma determinada identidade permite considerar diferentes organismos como instâncias de uma mesma espécie, sendo a combinação do genoma (forma, considerada simultânea) e das influências ambientais (qualidade, causa material, tratada sucessivamente em etapas discretas ou contínuas pela forma) produz o fenótipo, e com ele um metabolismo que é qualitativamente equivalente (homogêneo) ao de outros membros de sua espécie, mas ocorre em ritmos diferentes em função das diferentes composições dos diferentes organismos em termos de extensão. Esse metabolismo exige a entrada de energia no sistema, o que obriga o organismo a buscá-la no ambiente, uma vez que, ao contrário do conceito abstrato e atempo- ral, o organismo concreto existe no tempo. No processo de buscar sua energia no ambiente, o organismo altera o ambiente. A combinação de causas formais e materiais que constituem o organismo produzem um metabolismo que se converte em causa eficiente para os outros hó- lons da holarquia, considerados individualmente (partes extra partes).

Porém, se as influências ambientais foram consideradas como causa material, porque o produto do metabolismo de um organismo seria causa eficiente? O metabolismo é sempre uma transformação de energia de baixa entropia em energia de alta entropia, envolvendo tanto uma busca por energia quanto a dissipação dessa energia consumida no ambiente. Na busca por energia, o organismo é causa eficiente dos outros hólons da holarquia, e na dissipação da energia, é causa material destes. Isso ocorre porque o organismo possui uma forma definida, percebida como distinta do contexto na representação, enquanto a dissipação é subproduto ho- mogêneo e desorganizado, sendo, portanto, representado como disforme e percebido direta- mente como inextenso. As duas alterações, no entanto, irão influenciar o comportamento dos outros organismos no mesmo sistema. Assim, a utilidade da separação entre os processos cog- nitivos dos tipos 1 e 2 para o organismo frente às pressões evolucionárias se torna mais evi- dente. O cérebro aloca menos atenção às causas materiais em geral, percebendo-as passiva-

mente por meio dos sentidos. Apenas quando algum nível crítico é atingido a atenção é exigi - da. Já as causas eficientes, advindo de outros seres, exigem maior atenção para que se possa saber o que fazer em relação a eles (Fugir? Atacar? De que forma?).

Esse processo, no entanto, não depende apenas do que acontece no instante. O cérebro também leva em consideração a memória na hora de alocar a atenção. Coisas com as quais a pessoa já teve contato são reconhecidas com mais facilidade, não exigindo tanta atenção.