• Nenhum resultado encontrado

De acordo com a regulamentação da instrução de 1924, o ensino con- tava com uma direção e um sistema de inspeção formado pelo presidente do estado, pelo titular da Secretaria Geral do Estado, pelo Diretor da Instrução Pública, pelo Conselho do Ensino, pelos delegados regionais do ensino e, finalmente, pelos encarregados escolares.

Ao presidente do estado competiam as ações de: prover os cargos na instru- ção pública, nomeando e exonerando, na forma da lei; conceder licenças de até 90 dias, remoções, permutas, aposentadoria, jubilação e disponi- bilidade; propor à Assembleia Legislativa quaisquer medidas pertinentes ao ensino; converter, transferir e suprimir escolas; reunir as escolas em grupos, anexá-las a estes ou as separar; designar o substituto do diretor da instrução nas suas faltas ou impedimentos; autorizar a aquisição do material escolar; dirimir as dúvidas surgidas na execução do regulamento do ensino; decidir sobre recursos que lhe fossem impostos; impor penas disciplinares e localizar escolas; além de determinar ou suspender o fun- cionamento de escolas, grupos, colégios ou institutos de ensino públicos ou particulares e decretar a sua reabertura ou restabelecimento.

Ao titular da Secretaria Geral do Estado, por sua vez, competiam as seguintes atribuições: auxiliar a Diretoria da Instrução nas providências a

respeito da organização de quadros estatísticos que facilitassem o recense- amento escolar; impor penas disciplinares; conceder dispensa de exercício de até 15 dias; nomear comissões examinadoras para os concursos e deci- dir sobre recursos que lhe fossem interpostos.

Visualizamos muitas semelhanças entre a regulamentação da instrução do governo Graccho Cardoso, de 1924, e a normatização aprovada na admi- nistração do seu antecessor, Pereira Lobo, em 1921. No tocante às atribui- ções do presidente do estado, apareciam, na regulamentação de 1924, as mesmas apresentadas no regulamento de 1921, com pequenas alterações na escrita e na ordem das competências. O secretário de estado por sua vez contava, segundo a reforma de Graccho, com menos atribuições do que preconizava o regulamento de 1921, visto que alguns de seus deveres passaram a ser de responsabilidade do Diretor Geral da Instrução.

O diretor da instrução pública, “nomeado livremente entre cidadãos brasileiros, que se tenham distinguido em estudos pedagogicos, ou na pratica do magisterio, podendo tambem recahir a nomeação em pessôa diplomada por faculdade superior ou escola normal do paiz” (SERGIPE.

Regulamento [...], 1924, p. 7), possuía entre suas atribuições as de: superin-

tender o ensino público e o particular, em todo o estado, promovendo sua organização e uniformização; cumprir e fazer cumprir todas as determi- nações do governo relativas ao ensino; dirigir os trabalhos administrativos e técnicos da Diretoria da Instrução. Diretamente ou por meio de seus auxiliares, ao diretor da instrução pública competia: fiscalizar o ensino nos colégios, escolas, institutos e cursos públicos e particulares da capital e do interior a partir das delegacias de ensino.

Ao ser consultado pelo governo, o diretor era obrigado a dar parecer sobre questões e assuntos concernentes à instrução; observar e exigir o cumpri- mento do regulamento do ensino; instruir e dar posse aos professores de qualquer categoria, aos delegados regionais, inspetores sanitários escolares, diretores de grupos, bem como aos funcionários da Diretoria; cumprir e publicar as deliberações do Conselho do Ensino, cujas sessões deveria presidir; requisitar ao governo o pagamento do fundo escolar, para a aqui- sição de livros e material pedagógico; abrir inquérito e instaurar processos administrativos, podendo fazê-lo por intermédio dos delegados regionais; organizar os regimentos da Diretoria Geral da Instrução, Escola Normal e grupos escolares bem como submeter à aprovação do presidente do estado

os programas de ensino e horários e presidir os concursos para preenchi- mento de cadeiras na Escola Normal.

O diretor deveria dedicar-se ainda a outras ações como: a) nomeação, dis- pensa e remoção dos diretores de grupos escolares; b) criação, supressão, conversão, transferência, ou restabelecimento de escolas; c) aposentadoria compulsória dos professores, considerando o tempo de serviço exigido por lei, ou no caso de incapacidade física ou moral, devidamente comprovada; d) remoção de professores, quando o exigir a conveniência do ensino; e) nomeação dos empregados escolares; f) organização do material pedagó- gico e de livros, na conformidade das deliberações do Conselho do Ensino (SERGIPE. Regulamento [...], 1924). Ainda constituía-se dever do diri- gente da Diretoria da Instrução promover conferências pedagógicas sobre temas relativos à educação cívica.

O diretor da instrução, a partir de 1924, assumia parte das atribuições que, de acordo com o regulamento do ensino de Sergipe anterior ao governo Graccho Cardoso, seriam de responsabilidades do Conselho do Ensino. Constituem exemplos dessa transferência de competências: a organização dos regimentos da Diretoria Geral da Instrução, Escola Normal e grupos escolares, bem como dos programas de ensino e horários, submetendo-os à aprovação do presidente do estado.

A ampliação dos deveres do diretor da instrução pública em relação ao regulamento de 1921 ocorria pelo fato de esta autoridade também assumir o encargo de atividades que anteriormente deveriam ser executados pelo secretário-geral do estado. São exemplos de tais encargos: a publicação da estatística da frequência escolar, a determinação dos dias de exames nas escolas e grupos da capital, a presidência de solenidades e reuniões mag- nas, celebradas pela instrução, sempre que a elas estivesse presente, a apre- sentação anual, ao secretário-geral, de relatório dos serviços executados no Departamento da Instrução. A essa autoridade ainda caberia decidir sobre recursos interpostos por autoridades que lhe fossem subordinadas e a apli- cação de multas e imposição de penas disciplinares nos termos do regu- lamento da instrução, entre outras atribuições (SERGIPE. Regulamento [...], 1924).

No que se refere à composição da Diretoria da Instrução, em relação à regulamentação de 1921, observamos que não houve qualquer alteração. Continuava o órgão a ser composto por um secretário, três escriturários – sendo delegada a um deles a função de arquivista – e um porteiro-contínuo.

Notamos uma ausência de profissionais com funções técnico-pedagógicas, o que fazia da Diretoria Geral da Instrução um órgão de registro eminen- temente burocrático, denotando ainda uma possível deficiência na quanti- dade de profissionais habilitados para os serviços de instrução. Além disso, o aumento das atribuições do diretor sem uma correspondente ampliação do quadro de funcionários da Diretoria pode ser considerado um fator complicador para o dirigente da instrução pública.

O Conselho do Ensino era formado pelo diretor da instrução, como pre- sidente; por um professor da Escola Normal; por um diretor de grupo escolar, sempre na função de secretário do Conselho; por um professor público primário; e por um professor particular ou pessoa de reconhecida competência pedagógica. Seus membros, com exceção do diretor da ins- trução, eram nomeados pelo presidente do estado para um mandato de dois anos. O Conselho de Ensino deveria reunir-se de maneira ordinária em janeiro de cada ano e extraordinariamente sempre que o exigissem os interesses do ensino, sendo as suas convocações realizadas por edital no

Diario Official, sob determinação do diretor da instrução. A competên-

cia do colegiado girava em torno da análise e emissão de pareceres sobre métodos ou sistemas pedagógicos. O Conselho analisava também livros didáticos que lhe fossem apresentados, organizando, inclusive, a lista das obras passíveis de utilização no ensino primário, emitindo os respectivos pareceres sobre elas (SERGIPE. Regulamento [...], 1924)34.