• Nenhum resultado encontrado

Direito à Cidade e Inserção Urbana: Resultados e análises

5. Inserção Urbana e Direito à Cidade: uma análise a partir da visão dos moradores

5.2. Direito à Cidade e Inserção Urbana: Resultados e análises

Um dos questionamentos feito aos entrevistados foi acerca da sua Condição de Ocupação no domicílio anterior. Do total dos 532 entrevistados, 287 afirmaram que residiam em domicílios alugados e 138 em cedidos. Todavia, chama atenção o fato de que 12,41% possuíam domicílio próprio sendo Natal o município com os maiores percentuais (23,08%). Este percentual é explicado pelo fato de que famílias beneficiárias do PMCMV foram advindas de situação de reassentamento, em razão da ocupação de área de risco.

80

Gráfico 14: Condição de Ocupação na moradia anterior (%)

Fonte: Questionários aplicados junto aos moradores. Acervo Pesquisa DARQ/DPP/UFRN. Elaboração dos autores.

Esses dados revelam que a condição de ocupação que mais contribui para a composição do déficit habitacional é a do componente domicílios alugados, assim como foi observado no item que tratou do déficit habitacional. Revelam, ainda, a dificuldade que o poder público tem de desenvolver programas pautados na locação social de imóveis, de maneira que se possa aproveitar o parque habitacional existente, reduzindo a dependência que se tem em relação à construção de novas unidades habitacionais como forma de enfrentar o déficit.

Outro aspecto importante na discussão da inserção urbana refere-se à existência de equipamentos de uso coletivo (escolas, creches, unidades de saúde) que atendem às necessidades cotidianas da população. No gráfico 15r apresentam-se percentuais em relação a dois aspectos dos equipamentos, o primeiro é a existência considerando um deslocamento a pé de até 30 minutos, e o segundo referente à utilização dos mesmos.

81

Gráfico 15: Existência de Equipamentos de Uso Coletivo segundo os entrevistados (%) Fonte: Questionários aplicados junto aos moradores. Acervo Pesquisa DARQ/DPP/UFRN. Elaboração dos autores.

Os dados do gráfico resultam das respostas dadas pelos moradores entrevistados acerca da existência de equipamentos, e com base nele podemos verificar que no empreendimento Vida Nova (Parnamirim) se encontram os melhores percentuais de existência de equipamentos, uma vez que o mesmo foi construído em uma área consolidada do município de Parnamirim, onde existem equipamentos coletivos diversos e distribuídos pelo território. No geral, os piores percentuais de existência estão nos municípios de Natal e Ceará-Mirim, o que revela uma inserção urbana em um território precário. Já Extremoz, São Gonçalo do Amarante e Macaíba se encontram com percentuais intermediários, embora seja preciso considerar que a oferta existente não atende a nova demanda populacional associada ao PMCMV, nas diversas faixas de renda. No caso do empreendimento América II observa-se, de acordo com os entrevistados, que a maior oferta é de equipamentos na área de educação nos vários níveis, embora os percentuais de uso dos mesmos alcancem a média de 25%.

Com relação às condições de mobilidade dos moradores dos empreendimentos do Programa Minha Casa, Minha Vida onde foram aplicados questionários foi perguntado aos entrevistados acerca do tempo de deslocamento a pé até o ponto de ônibus mais próximo. Do total de 532

82 entrevistados, 89,85% afirmaram que o tempo é inferior a 15 minutos, conforme ilustrado no gráfico 16.

Gráfico 16: Tempo de Deslocamento até o Ponto de Ônibus mais próximo por município/empreendimento e total (%)

Fonte: Questionários aplicados junto aos moradores. Acervo Pesquisa DARQ/DPP/UFRN. Elaboração dos autores.

De todos os empreendimentos estudados, o Condomínio Residencial Vida Nova foi o que apresentou o maior percentual de todos, alcançando 100%. Embora sinalize para aspectos relacionados à distância, os dados apresentados no gráfico a seguir não são suficientes para captar por completo as condições de mobilidade das famílias residentes nos empreendimentos estudados. Sendo assim, outro questionamento foi feito aos entrevistados no sentido de identificar o tempo médio de espero pelo transporte.

Com relação a esse questionamento verifica-se que o tempo médio de espera é de 30 minutos a 1 hora, correspondendo a um percentual de 43,42% do total de entrevistados (532). Com exceção de Parnamirim (Vida Nova), Ceará-Mirim (Residencial Natureza) e Extremoz (Jardins de Extremoz I, II, III e IV), todos os outros empreendimentos tiveram um percentual superior a 43,42%, revelando, portanto, que, apesar da pouca distância no deslocamento, as famílias são afetadas tanto pela pouca oferta de transporte, quanto pela baixa frequência/regularidade do mesmo.

83

Gráfico 17: Tempo de Espera pelo ônibus por município/empreendimento e total (%) Fonte: Questionários aplicados junto aos moradores. Acervo Pesquisa DARQ/DPP/UFRN. Elaboração dos autores.

Essa problemática da mobilidade agrava ainda mais as condições de acesso à cidade, em que pese a necessidade dos deslocamentos para diversas atividades em razão da precária oferta de bens e serviços nos empreendimentos e no entorno dos mesmos. Outro questionamento feito aos moradores diz respeito aos locais de comércio e serviços utilizados pelas famílias. De acordo com o gráfico 18, 40,23% dos entrevistados (532) utilizam tais locais em outro bairro, o que exige das famílias condições adequadas de deslocamento, que como exposto anteriormente são precárias.

84

Gráfico 18: Locais de comércio e serviços utilizados pelas famílias (%)

Fonte: Questionários aplicados junto aos moradores. Acervo Pesquisa DARQ/DPP/UFRN. Elaboração dos autores.

Os maiores percentuais dos que utilizam os locais de comércio e serviços existentes em outros bairros estão nos municípios de Parnamirim (América II), Macaíba e Ceará-Mirim, respectivamente, 20,56%, 19,16% e 16,82% quando se considera todo o universo pesquisado (532). Uma análise desagregada mostra, por exemplo, que no Residencial América II esse percentual é de 60,27% dos entrevistados (73).

Outro questionamento feito refere-se ao comparativo da moradia anterior com a moradia atual considerando variáveis como infraestrutura, acessos a trabalho, equipamentos sociais e serviços.

Gráfico 19: Comparativo moradia anterior com moradia atual (%)

Fonte: Questionários aplicados junto aos moradores. Acervo Pesquisa DARQ/DPP/UFRN. Elaboração dos autores.

De acordo com o gráfico 19, percebe-se que as condições de infraestrutura (fornecimento de água, rede de esgoto e fornecimento de energia elétrica, pavimentação, acesso de pedestres e de veículos) apresentam os maiores percentuais no que se refere à melhoria na visão do morador. Uma análise mais ampliada evidencia que tais melhorias estão diretamente ligadas

85 aos próprios empreendimentos, isto é, fazem parte do conteúdo mínimo exigido pelo regulamento do Programa. A piora nas condições da moradia, na percepção dos moradores, é ampliada quando da análise na oferta de serviços (correios, telefonia, transporte público e presença de policiamento, por exemplo), com os maiores percentuais de avaliação da oferta de serviços, quando comparada a moradia atual com a anterior. Quadro semelhante a este é o do acesso a serviços, trabalho e equipamentos, no qual também se verifica uma piora no comparativo moradia atual com moradia anterior, sendo o aos equipamentos sociais acesso aos locais de comércio, e ao trabalho os que possuem os maiores percentuais, respectivamente, 49,06%, 48,8% e 46,80. Um desdobramento dessa análise pode ser feito a partir da leitura dos dados acerca dos locais que as famílias utilizam para atendimento das suas demandas no que se refere ao comércio e serviços.