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Qualidade do Projeto do PMCMV na RMNatal: Escala da Unidade Habitacional

6. Inserção Urbana e Qualidade Arquitetônica e Urbanística do PMCMV na RMNatal:

6.2. Qualidade do Projeto do PMCMV na RMNatal: Escala da Unidade Habitacional

115 Na escala da unidade habitacional foram examinados qualitativamente o dimensionamento, a flexibilidade e o aproveitamento de recursos passivos, aplicados sobre os padrões de tipologia habitacional identificados.

O primeiro padrão (Jardins de Extremoz I, II, III e IV) refere-se a unidade habitacional térrea, isolada no lote. O segundo padrão, refere-se a “planta H” (Vivendas do Planalto e Residencial América II), com unidades habitacionais no térreo e circulação vertical que atende a dois e a quatro apartamentos, respectivamente. (Figura 40)

Figura 40: Tipologias do PMCMV. Casa térrea isolada no lote e Tipologia Habitacional (Bloco “H” com dois e quatro

Fonte: Acervo Pesquisa DARQ/DPP/UFRN

Quanto ao dimensionamento da unidade habitacional, o padrão praticado pelas construtoras nos empreendimentos analisados apresenta, em média, 37,22 m2 de área útil e 42,31 m2 de área construída, correspondendo a 7,44 m²/pessoa, compatíveis com os padrões fixados pela normativa do PMCMV/2011. Tais referências situam os empreendimentos do PMCMV, quando analisados sob aspectos do dimensionamento, flexibilidade e adaptabilidade, como resultados de projetos de baixa qualidade, uma vez que não contemplam a adequação dos espaços a usos diferenciados, com mobiliário adequado a diversidade do perfil e tamanho das famílias. (Figura 41)

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Figura 41: Registro Fotográfico de apartamento do Residencial Vida Nova - Parnamirim Fonte: Acervo Pesquisa DARQ/DPP/UFRN

Considerando que os empreendimentos verticais analisados (condomínio e híbrido) utilizam-se da alvenaria estrutural como sistema construtivo predominante, princípios como flexibilidade e adaptabilidade tornam-se inviáveis, por não permitirem alterações na configuração dos ambientes internos das unidades, segundo diferentes necessidades dos moradores.

Observa-se, no entanto, que para o padrão loteamento, a relação entre a área do lote e a área efetivamente ocupada pela unidade habitacional, resulta em uma taxa de ocupação de 20,54%. Mesmo ao acrescentar a reserva para uma vaga de estacionamento no interior do lote, o morador ainda disporia de 53,2% de área livre (106,42 m2) para futuras ampliações, considerando a taxa de ocupação máxima de 80% praticada pelos Planos Diretores locais, favorecendo, nesse padrão, o princípio da expansibilidade.

Quanto ao aproveitamento de recursos passivos, no padrão loteamento do Conjunto Jardins de Extremoz, constata-se que, embora as orientações dadas pelo posicionamento dos lotes no terreno permitam a captação dos ventos dominantes no sentido sul-sudeste, o paralelismo no posicionamento das edificações bem como o tipo das aberturas propostas (janela de correr com vidro) e portas maciças, não contribuem para o aproveitamento da ventilação cruzada no interior das unidades como recurso a ser explorado. (Figura 42)

No caso do padrão condominial vertical verificado no Residencial América II, cabe destacar que a disposição dos blocos orientados no sentido

117 leste-oeste, resultou em orientações com incidência de ventos oblíquos, favoráveis ao aproveitamento dos recursos passivos para essa tipologia (para alguns apartamentos), estratégia essa devidamente atestada por estudos que tratam da eficiência energética para essa tipologia em empreendimentos do PMCMV (Morais et all, 2013).

Figura 42: Posicionamento de aberturas - Loteamento Jardim de Extremoz e Condomínio Residencial América II

Fonte: Acervo Pesquisa DARQ/DPP/UFRN

O estudo em questão aponta para estratégias que recomendam o uso de aberturas de quartos vizinhos em fachadas diferentes para promover melhor resultado de fluxo de ar interno do que em quartos com aberturas para mesma fachada. No caso do Residencial América II, para captar os ventos dominantes no sentido sul e sudeste as aberturas foram posicionadas no sentido dos ventos dominantes de forma a buscar o seu aproveitamento. Observa-se ainda que, para promover a ventilação cruzada de forma satisfatória, faz-se necessário trabalhar com reentrâncias no edifício, benéficas na promoção da diferença de pressão nas fachadas e ainda prever portas internas ventiladas com bandeirolas para melhoria da ventilação interna dos apartamentos. No entanto, repetem-se os padrões de aberturas utilizados (janelas de vidro e portas maciças), apresentam baixa permeabilidade aos ventos.

Já para o padrão híbrido, em virtude da excepcionalidade que caracteriza a sua ocupação, a extrema proximidade entre blocos, decorrente da configuração físico-espacial da tipologia “H”, com o comprometimento do pavimento térreo em torno de 200m2, implantados em lotes pré-existentes de 20m de testada, resultou em situações extremamente precárias, com recuos

118 laterais mínimos, comprometendo o aproveitamento da ventilação e iluminação naturais, bem como a qualidade dos espaços de circulação entre blocos, sobretudo daqueles que ocupam os fundos do lote. (Figura 43)

Figura 43: Posicionamento de aberturas e proximidades dos blocos - Condomínio Vivendas do Planalto

Fonte: Acervo Pesquisa DARQ/DPP/UFRN

Do ponto de vista da flexibilidade e da adaptabilidade, o padrão loteamento horizontal do Conjunto Jardins de Extremoz, por se tratar de unidades térreas, unifamiliares e autônomas, naturalmente é o que permite transformações mais significativas (expansão e adaptação) em virtude das condições físicas de implantação da edificação no lote. Para os padrões verticais presentes no Residencial América e no Vivendas do Planalto, constata-se a impossibilidade de expansões e até mesmo adaptações no espaço residencial, em virtude das restrições impostas pela utilização da alvenaria estrutural como sistema construtivo predominante.

6.2.1. Atributos de Qualidade e Parâmetros de Projeto no PMCMV Na RMNatal

Inicialmente buscou-se na literatura sobre o tema referências para a compreensão das relações entre soluções adotadas pelo PMCMV e os níveis de exigências de desempenho espacial e soluções de projeto.

119 A amostra considerou a análise comparativa, através da pesquisa documental e da observação em campo ex post, como estratégia de comparação de um grupo de edificações do PMCMV, para dessa forma, desenvolver uma tipologia de variáveis e sobre elas extrair parâmetros de projeto.

A classificação dos padrões de urbanização do PMCMV possibilitou a delimitação de três tipologias para análise: Loteamento, Condomínio Vertical e Conjunto Híbrido (blocos verticais implantados em lotes). As variáveis foram selecionadas de acordo com o estabelecimento das três escalas de análise: a escala do entorno imediato ao empreendimento, a escala do empreendimento e a escala das unidades habitacionais.

A identificação do porte dos empreendimentos foi realizada segundo a análise comparada das variáveis extraídas das relações entre dimensão da gleba utilizada para implantação do empreendimento, número de unidades, população e densidades construtiva e habitacional. (Quadro 02)

EMPREENDIMENTOS INDICADORES DE PORTE E ESCALA

PMCMV TIPOLOGIAS Gleba (ha) Unidades População Unidades/ha Habitantes/ha

(2009/2011)

Empreendimento 01 31,14 712 2.848 22,90 91,4

Empreendimento 02 5,32 992 3.968 186,4 745,86

Empreendimento 03 7,20 896 3.584 124,44 497,77

Quadro 2: Indicadores de Porte e Escala analisados por Tipologia

No que se refere à escala do empreendimento, a análise documental permitiu a identificação dos atributos relacionados à qualidade funcional dos conjuntos estudados, e deles extrair os parâmetros de projeto correspondentes a cada padrão de urbanização identificado no âmbito do PMCMV.

Nesta escala, os atributos de qualidade estão presentes nas relações dadas pela implantação do conjunto e avaliados segundo a identificação de parâmetros extraídos do parcelamento do solo destinados a sistemas de

120 circulação, sistemas de espaços livres e edificações. A leitura dos parâmetros de projeto foi feita através da análise documental dada pelo estudo de partidos urbanísticos, tipologias habitacionais, plantas baixas, cortes e quadros de áreas.

O coeficiente de aproveitamento e o número de blocos permitiram estabelecer o adensamento construtivo dos conjuntos analisados. A taxa de ocupação, bem como as demais variáveis presentes na implantação, como sistema viário, área de estacionamento e áreas livres, permitiram a análise comparativa dos indicadores de consumo do solo urbano para cada tipologia estudada.

6.3. Avaliando Atributos de Qualidade e Parâmetros de Projeto no PMCMV