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II. DEMOCRACIA REPRESENTATIVA

2. REPRESENTAÇÃO POLÍTICA

3.2 Direito de Sufrágio Eleições

A escolha dos representantes vem a ser feita por meio do direito de sufrágio na figura ativa (referente ao eleitor) e na figura passiva (ao eleito/candidato). Para tanto, existem diferentes espécies de escrutínio, bem como técnicas empregadas na obtenção dos resultados finais.

Em que pese às palavras sufrágio, voto e escrutínio sejam utilizadas como sinônimos, uma vez que se inserem no processo de participação do povo nas decisões políticas, estas apresentam definição distinta. O sufrágio representa o direito, sendo que seu exercício é feito por meio do voto, e o modo de exercício é denominado escrutínio.

O sufrágio se organiza por meio da existência de um corpo eleitoral, candidatos, técnicas de escrutínio e a realização das garantias do sufrágio. Passemos a analisar cada tópico organizacional para melhor compreendermos o tema.

O direito de sufrágio é um direito político, apresentando-se como o mais relevante ao ser humano e à sociedade, uma vez que propicia a participação ativa e passiva nas decisões políticas do Estado.

A expressão “direitos políticos” pode ser entendida em dois sentidos; o primeiro compreende todos os direitos decorrentes do “status” que possuem os indivíduos em face do Estado; o segundo abrange apenas os direitos que se traduzem na participação do governo, como eleger e ser eleito.

Consideram-se direitos políticos assegurados pela Constituição, o direito de sufrágio, alistabilidade (direito de votar em eleição), elegibilidade e organização e participação de partidos políticos. Em face do Estado ou o indivíduo é nacional ou

99 BOBBIO, Norberto. Quais as alternativas para a democracia representativa. In: BOBBIO, Norberto – et. al. - O Marxismo e o Estado. Rio de Janeiro. Graal. 1979. p. 34.

estrangeiro. Nacional é aquele indivíduo que é natural do Estado. Ao passo que o estrangeiro, se define por exclusão, ou seja, é o indivíduo ao qual o direito do estado não atribui a qualidade de nacional. Cidadão se difere de nacional. Ser cidadão é exercer o direito de intervir no processo governamental, seja em um regime democrático ou não.

Nas democracias como a do Brasil, a participação no governo se dá por dois modos: contribuição na escolha dos governantes (cidadania ativa) ou poder ser escolhido para governar (cidadania passiva).

Pasquino aponta “...la cittadinanza política consiste nella possibilità di

participare alla vita política e di esercitarvi influenza”100.

No sufrágio em sua forma ativa, o eleitor (representado) assume posição de especial importância no que tange à participação no campo do governo. O direito de voto, ou melhor, o exercício do direito de sufrágio por meio do voto, se apresenta como figura central da noção de representação, implicando no reconhecimento da vontade geral e da igualdade do voto.

Tal argumentação nos leva à doutrina americana do “one man, one vote”, que conduz ao sufrágio universal.

Monica Herman Salem Caggiano ensina que “Forçoso convir, porém, que

conquanto o princípio da democracia representativa implique na integração do povo no processo político, reclamando a participação dos mais diferentes segmentos da comunidade que reconhece como pluralista, a história das sociedades políticas tem descortinado um amplo elenco de restrições ao efetivo exercício do direito de voto, limites de cunho econômico e social, mas que, em grande parte, decorrem de conveniências particulares do grupo governamental no poder, e que a pressão popular encarregou-se de reduzir ao correr dos tempos”101.

100 PASQUINO, Gianfranco. La Nuova Política. Laterza. 1992. p.91. 101

Quando se fala em democracia representativa, o assunto das eleições ganha relevância fundamental, pois é o modo pelo qual o povo participa na formação da vontade do governo.

No entanto, cabe a observação de que a mera existência de um processo eleitoral, ou melhor, da realização de eleições não pressupõe necessariamente um regime democrático.

É possível que existam eleições em Estados não-democráticos. Porém, nestes casos, as eleições têm uma finalidade diversa daquela observada nas democracias, bem como suas características principais.

Nas democracias, as eleições possuem grande importância, pois servem como fonte de legitimidade do poder. É por meio dela que se faz a escolha dos representantes do povo, tanto no poder legislativo quanto para os cargos de chefes do poder executivo, em uma república presidencialista como é o Brasil. Há, portanto, a possibilidade de efetiva e livre escolha, assegurando-se a possibilidade de

alternância de poder.

Sobre o tema, esclarece com precisão Mônica Herman Salem Caggiano que:

“(...) com efeito, em panoramas democráticos

as eleições competitivas comparecem em cenário político decisional como fonte de legitimidade dos governantes, concorrendo para assegurar a constituição de corpos representativos, de sua parte, qualificados pela legitimação do voto popular. Demais disso, atuam como instrumento para, por outro turno, promover o controle governamental e, por outro, expressar a confiança nos candidatos eleitos. E mais que isso, na condição de locus de participação política, as eleições autorizam a mobilização das massas, todo um processo

de conscientização política e canalização dos conflitos mediante procedimentos pacíficos. Contribuem, ainda, para a formação da vontade comum e, diante de sistemas parlamentaristas, correspondem ao processo natural e eficaz de designação do governo, mediante a formação de maiorias governamentais.”102

Observa-se a utilização das eleições também em regimes autoritários e totalitários. No caso dos regimes totalitários, a eleição serviria como instrumento de exercício do poder sob o controle dos órgãos governamentais visando à unidade política e moral do povo. Ao passo que nos regimes autoritários seria utilizada como reafirmação das relações de poder. Tanto em um regime quanto outro, a competitividade é reduzida ou mesmo inexistente, sem que haja a possibilidade de alternância de poder, limitando-se ou excluindo por completo a liberdade de escolha do cidadão. 103

A eleição constitui momento anterior à formação do parlamento. É um órgão composto por representantes que irão tomar as decisões em nome do povo.

Possui dupla acepção: em sentido amplo, definindo-se como um conjunto de normas, preceitos jurídicos, que disciplinam a escolha dos representantes por meio de processo eleitoral, e, em estrito, como o conjunto de normas que disciplinam o direito de sufrágio.

O cenário eleitoral é formado pelos seguintes elementos: corpo eleitoral + candidatura + partidos políticos + sistemas eleitorais + grupos de interesses.

A eleição não é uma experiência recente na história do País. O livre exercício do voto surgiu em terras brasileiras com os primeiros núcleos de povoadores, logo depois da chegada dos colonizadores. Os portugueses tinham por tradição a eleição dos administradores dos povoados sob domínio luso. Os

102

CAGGIANO, Mônica Herman Salem. Op. Cit. p. 74

103 CAGGIANO, Mônica Herman Salem. Direito Parlamentar e Direito Eleitoral. Manole, São Paulo, 2004. p. 75

colonizadores portugueses, mal pisavam na nova terra descoberta e já realizavam votações para eleger os que iriam governar as vilas e cidades que fundavam.

A primeira eleição de que se tem notícia aconteceu em 1532, para eleger o Conselho Municipal da Vila de São Vicente-SP. As pressões populares e o crescimento econômico do país, contudo, passaram a exigir a efetiva participação de representantes brasileiros nas decisões da corte. Assim, em 1821, foram realizadas eleições gerais para escolher os deputados que iriam representar o Brasil nas Cortes de Lisboa.

Essas eleições duraram vários meses, devido a suas inúmeras formalidades, e algumas províncias sequer chegaram a eleger seus deputados.

Até 1828, as eleições para os governos municipais obedeceram às chamadas Ordenações do Reino, que constituíam as determinações legais emanadas do Rei e adotadas em todas as regiões sob o domínio de Portugal. No início, o voto era livre: todo o povo votava. Com o tempo, porém, ele passou a ser direito exclusivo dos que detinham maior poder aquisitivo, entre outras prerrogativas. Inicia-se aqui, as técnicas de restrições do Sufrágio. A idade mínima para votar era 25 anos. Escravos, mulheres, índios e assalariados não podiam escolher representantes nem governantes.

Nesse ponto, há artigo de profunda pesquisa das leis eleitorais apresentada de forma cronológica e de fácil compreensão, escrito por Cláudio Lembo, que remonta a história do Direito Eleitoral Brasileiro de 1532 a 1966104.

O corpo eleitoral é formado por aqueles que escolhem seus representantes e aqueles que são escolhidos para exercerem cargos públicos.

Este direito implica na liberdade eleitoral, escolha ou reeleição, apresentação de candidaturas, revisão do resultado da eleição e exercício dos cargos públicos.

104 LEMBO, Claudio. Cronologia do Direito Eleitoral Brasileiro. O Voto Nas Américas. Manole. 2008. p.73/106.

O direito de sufrágio é classificado em sufrágio universal e restrito. O primeiro se dá quando o direito de votar é concedido a todas as pessoas, constituindo uma garantia que deve abranger o maior número de segmentos da comunidade social, com um corpo eleitoral amplo. Deve-se, portanto, atribuir uma igualdade no valor do voto. Participação de todos do povo no processo eleitoral.

Portanto, o direito de sufrágio, no tocante à capacidade eleitoral ativa, será exercido por meio do voto.

O voto é um direito público subjetivo do indivíduo e, além disso, possui uma função política e social essencial à soberania popular, objeto que compõe a democracia representativa.

O voto deve ser personalíssimo, obrigatório, livre, sigiloso, direto, periódico e igual. Personalíssimo, pois este só pode ser exercido pelo próprio indivíduo; obrigatório aos maiores de 18 anos, em que são impostos a comparecer nas eleições sob pena de recebimento de multa; livre, podendo manifestar sua preferência a certo candidato ou partido, ou ainda, depositar a cédula eleitoral em branco ou anulá-lo; sigiloso, garantindo o segredo do voto, assegurando a não revelação em quem se votou; direto, elegendo seus representantes por si, sem a intermediação de terceiros; periódico, garantindo a temporariedade dos mandatos e, por conseqüência a alternância do poder; igual, porque o voto seja de qual cidadão for possuem o mesmo valor no processo eleitoral.

O sufrágio será restrito quando o direito de voto é concedido a determinadas pessoas exigindo-se condições especiais. Durante o percurso histórico da democracia, o direito de sufrágio sofreu sérias limitações ao exercício do direito de voto, reduzindo-se o corpo eleitoral. Tais restrições eram aplicadas para determinados grupos étnicos, religiosos, diferenças de sexo, de dinheiro ou posse de bens (censitário), instrução, profissão e de idade.

A democracia representativa, no início de sua jornada, apresentou sérias limitações ao direito de sufrágio por meio do exercício do voto.

tem o direito de influir no sentido de ser bem governado; o meio mais eficaz, ou, se quizerem, uma das condições primordiaes da realização d’essa influencia consiste no voto; o voto, pois, como condição de desempenho do destino cívico, é direito inherente, não é qualidade natural do homem, mas ao caracter político do cidadão. Dimana logo d’essas affirmações que o direito de voto deve ser reconhecido em todos os cidadãos, e isto equivale, da minha parte, a dizer que sou resolutamente partidário do suffragio universal105”.

Para o autor acima citado, a palavra 'universal' é equivocada, posto que não se pode empregá-la para conferir direito ao exercício do voto para todos. Assim disserta “Entra pelos olhos que a expressão - universal – não tem neste caso sentido

material. Há evidentemente alguem incapaz de exercer o direto de voto. Para citar apenas casos elouquentes, baste dizer que os loucos e os menores de edade ninguem se lembraria de mandar ás urnas eleitoraes. A universalidade é do direito, não do seu exercicio.”106

E ainda pontua que “O exercicio do direito de voto soffre evidentemente

limitações. Tira-lhe, porém, essa circumstancia o caracter da universalidade? Não, porque o direito póde existir independente d respectivo exercicio. Assim, para não sahir dos mesmo exemplos, os menores e loucos podem ter o direito de propriedade concretizado em bens de valor rea; não se lhes dá, porém, o exercicio, porque para esse carecem de capacidade. Neste caso trata-se de um direito civil, no outro de um direito politico, mas a analogia é perfeita”107.

A principal limitação ao voto se deu com a instituição do voto censitário que introduziu barreiras à liberdade do voto em razão do elemento econômico do cidadão. Só se autorizava acesso às urnas àqueles que obtivessem determinada renda e que contribuíssem com certa quantia em dinheiro ao Estado.

105

BRASIL, J.F de Assis. Democracia Representativa – Do voto e do modo de votar. Rio de Janeiro. MCMXXXI. 4ª Edição. p. 38.

106

Op.Cit. p. 39. 107 Op. Cit. p. 39.

No direito estadunidense o sufrágio censitário consistia na privação do voto àqueles que não demonstrassem meios de subsistência ou a imposição da “poll

taxes”, traduzida como taxa própria. Tal limitação, portanto, decorreu da regra do

“whithout taxation not representation”.

Com isso, constata-se que a fortuna pessoal foi, não só nos Estados Unidos da América, mas em outros países como no Brasil, um fator relevante de limitação no exercício da participação ativa no processo de eleição dos governantes.

Havia também a limitação do sufrágio àqueles cidadãos que não detinham um determinado nível de instrução. Entre nós, o exemplo se deu aos indivíduos analfabetos.

No Brasil, a limitação referente à falta de aptidão intelectual, por conta do analfabetismo dos indivíduos, permaneceu até a Emenda Constitucional 25 de 1985108.

No acima citado, a concessão do alistamento eleitoral aos analfabetos ficou a cargo da legislação infraconstitucional, in verbis:

“Art. 147. São eleitores os brasileiros que, à data da eleição, contém dezoito anos ou mais, alistados na forma da Lei.

§ 3º Não poderão alistar-se eleitores:

a) os que no saibam exprimir-se na língua nacional;

b) os que estiverem privados, temporária ou definitivamente, dos direitos políticos.

§ 4º A Lei disporá sobre a forma pela qual possam os analfabetos alistar-se eleitores e exercer o direito de voto.

Art. 150. São inelegíveis os inalistáveis e os

analfabetos ”109.

A legislação infraconstitucional que regulamenta o alistamento eleitoral e o voto do analfabeto é a de n.º 7.332, de 1 de julho de 1985, que, em seu artigo 18, assim dispõe:

“Art 18 - O alistamento eleitoral passa a ser

feito dispensando-se a formalidade de o próprio alistando datar o respectivo requerimento e, quando este não souber assinar o nome, aporá a impressão digital de seu polegar direito no requerimento e na folha de votação.

Parágrafo único. O mesmo sistema será utilizado no dia da votação para o eleitor que não souber assinar o nome”.

Aqueles que defendiam tal limitação argumentavam que, para haver uma manifestação política, era necessário exigir um mínimo de discernimento intelectual, sob pena de desvirtuar o resultado final do sufrágio, haja vista que analfabetos não detêm condições de fiscalizar o que seus representantes fazem, ensejando uma via de fácil acesso à prática de processos fraudulentos.

Já em 1931, Assis Brasil assim ensinava “Em política, como em tudo, e

especialmente em materia eleitoral, não se pôde argumentar com excepções. Há individuos, sabendo ler e escrever, mais incapazes que alguns privados d'essa habilidade. O legislador, porém, não pôde guiar-se por circumstancias individuaes. Elle estabelece a regra impessoal, e somente attende excepções quando estas se podem definir por caracteres genericos positivos. Se houvesse um caracteristico determinavel para distinguir os aalphabetos incapazes dos expertos, sería justo que a lei abrisse excepção em favor d'estes, do mesmo modo que admitte outras no sentido de excluir alguns letrados. Tal distincção, porém, só havia de ser possível, sujeitando-se cada individuo a um exame muito complexo, e ainda assim faltaria juiz para dar a sentença com todas as garantias de exactidão. Não há remedio, portanto, senão colher a todos os analphabetos na regra geral de que são incapazes de escolher conscientemente bons representantes. E, se algum houver que se sinta

109 EMENDA CONSTITUCONAL N.º 25, DE 15 DE MAIO DE 1985 - Altera dispositivos da Constituição Federal e estabelece outras normas constitucionais de caráter transitório.

prejudicado com a exclusão, o remédio é conhecido: aprenda a ler e a escrever”110. Monica Herman Salem Caggiano, já em 1987 quando da apresentação de sua tese de Doutorado que, posteriormente, se transformou em livro111, dizia que “Forçoso é convir que a instrução transluz relevante ingrediente para a formação de

um eleitorado informado e responsável. No mundo de hoje, porém, a avançada tecnologia que comanda a sofisticada aparelhagem dos meios de comunicação de massa, não mais comporta essa espécie da marginalização, impondo a inclusão do iletrado no corpo eleitoral e assegurando-lhe meios de livremente depositar o seu voto, exteriorizando a sua opção política”.

Nos dias atuais, passados vinte anos da exposição trazida pela eminente Jurista, além dos meios de comunicação em massa, existentes à época (televisão, rádio, jornal impresso), temos como meio de propagação da informação, em tempo real, a Internet112.

Nesse contexto, a Internet surge como nova plataforma eleitoral, a qual tem conquistado um grande número de adeptos, não só pela facilidade na transmissão de informações e o baixo custo, mas para resumir um espaço de tempo dos candidatos destinado ao rádio e a televisão.

Diante da inexistência de legislação específica para a propaganda eleitoral na Internet, o Tribunal Superior Eleitoral, vem, desde as eleições municipais de 2000, regulamentando a questão com a previsão de que os sítios dos candidatos na rede mundial de computadores tenha o uso do domínio “.can.br”113.

110

BRASIL, J.F de Assis. Democracia Representativa – Do voto e do modo de votar. Rio de Janeiro. MCMXXXI. 4ª Edição. p. 47.

111

CAGGIANO, Monica Herman Salem. Sistemas Eleitorais x Representação Política. Doutrina considerada como essencial ao estudo do Direito Eleitoral.

112 Internet pode ser entendida como um mecanismo de disseminação da informação e divulgação mundial e

um meio para colaboração e interação entre indivíduos e seus computadores, independentemente de suas localizações geográficas.

Em 2002, o Tribunal editou a resolução n.º 20.988114 que concede ao candidato a possibilidade de editar sua “home page” na Internet, devidamente

registrada obedecendo a nomenclatura

http://www.nomedocandidatonumerodocandidatouf.can.br, proibindo-se, em

qualquer período, propaganda por meio de páginas de provedores de serviços de acesso à Internet.

Com relação às propagandas realizadas fora do tempo permitido pela Lei Eleitoral (Lei 9.504/97), o TSE publicou as Instruções 46 e 57115 com intuito de determinar o início e o fim do período em que a propaganda eleitoral pode ser veiculada, bem como prevê aplicação de multa àqueles que infringirem tal dispositivo.

Nas eleições municipais de 2008, o Tribunal Superior Eleitoral deliberou acerca da propaganda político-partidária na Internet, tendo sido editada a Resolução n.º 22.718 , seguidas de alterações, estabelecendo no artigo 18 e parágrafos, as regras gerais da propaganda na rede mundial de computadores, sendo as mais importantes: a página na Internet deverá conter a terminação “can.br”, ou com outras terminações, como mecanismo de propaganda eleitoral até a antevéspera da eleição; o candidato deverá providenciar o cadastro do respectivo domínio no órgão gestor da Internet Brasil, responsável pela distribuição e pelo registro de domínios,

observando a especificação -

http://www.nomedocandidatonumerodocandidato.can.br, em que o nome do candidato e o número deverão corresponder aos que constarão da urna eletrônica; os domínios com a terminação “can.br” serão automaticamente cancelados após a votação em primeiro turno, salvo os pertinentes a candidatos que estejam concorrendo em segundo turno, que serão cancelados após esta votação.

Nesse passo, não há mais como manter a segregação dos iletrados sob o manto de que não tinham condições de expor livremente eu voto e de escolher seus representantes e de fiscalizá-los. Além das duas limitações acima descritas, podemos citar à pertinente à maioridade eleitoral, voto feminino, domicílio e dos

114 Resolução do TSE n.º 20.988, de 21 de fevereiro de 2002 – Anexo. 115

indivíduos considerados indignos.

Com relação à limitação à maioridade eleitoral esta se apresenta de forma diferenciada em todos os ordenamentos jurídicos.

Monica Herman Salem Caggiano pontua que, na França a maioridade eleitoral foi concedida aos indivíduos com 21 anos, legislação alterada em 1974 com a redução para os 18 anos. Nos Estados Unidos da América, a diminuição da idade para os 18 anos ocorreu em 1970 e, na Inglaterra, só em 1918 foi estabelecido o sufrágio universal masculino para o indivíduo maior de 21 anos116.