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Partidos Políticos Origem Evolução Histórica.

II. DEMOCRACIA REPRESENTATIVA

2. REPRESENTAÇÃO POLÍTICA

3.3 Partidos Políticos Origem Evolução Histórica.

Os partidos políticos apresentam presença importante e decisiva na vida política democrática, proporcionando a obtenção de repostas teóricas a seu respeito no que se refere à relação de representação.

O exercício da democracia representativa implica, necessariamente, na existência dos partidos políticos.

Gianfranco Pasquino aponta que “Sarebbe non solo riduttivo ma errato

limitarsi ad analizzare i partiti nei loro variegati rapporti com la società civile e dimenticare che i partiti esercitano um peso significativo sui processi decisionali, occupano um ruolo informale na di rilievo nei sistemi politici contemporanei, stanno alla base del funzionamento delle forme democratiche di governo. Se c’è crisi nei rapporti dei partiti com i loro elettorati, è da aspettarsi Che vi sai uma crísi, o comunque problemi aperti, nei rapporti fra partiti e altre istituzioni statali”127.

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Contudo, o reconhecimento constitucional das agremiações políticas se converte no principal objeto de análise da teoria política no primeiro terço do século XX, principalmente com a participação das massas na vida política, o que se deu, essencialmente, por meio das eleições. Aparecem, nesse passo, como elementos fundamentais para colocar o sujeito representado na relação da representação política. Ainda assim, o objeto da relação (a vontade dos representados) se expressa em linhas gerais, nos programas de governo elaborados e oferecidos pelos partidos políticos e pela atuação dos representantes, observadas as suas inscrições na agremiação política.

É uma pessoa jurídica de direito privado, nos termos do artigo 17, parágrafo 2º, da Constituição Federal de 1988 cominado com o artigo 44, inciso V, do Código Civil e artigo 1º da Lei nº. 9.096/1995, definido como uma união voluntária de cidadãos, com afinidades ideológicas e políticas, organizado nos princípios de hierarquia e disciplina.

José Afonso da Silva define partido político como sendo uma “forma de

agremiação, de um grupo social que se propõe a organizar, coordenar e instrumentar a vontade popular, objetivando assumir o poder, para realizar seu programa de governo”128.

A ideologia é o principal aspecto de um partido político. Esta consiste em um conjunto de idéias e pensamentos que tem por finalidade a produção efetivas de mudanças na sociedade e, por isso, tão importante ao partido.

O pluralismo político foi erigido como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, a teor do artigo 1º, inciso V da Constituição Federal de 1988 e, por conseqüência, o aparecimento do pluripartidarismo, previsto no caput do artigo 17 da Magna Carta.

O pluripartidarismo se caracteriza por ser um sistema político próprio dos regimes democráticos, em que a lei admite a participação nos pleitos eleitorais de vários partidos políticos. Além dele, os princípios constitucionais da livre

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manifestação do pensamento e de expressão intelectual, artística, científica e de comunicação, consagrados no artigo 5º, incisos IV e IX da Lei Maior, justificam a existência dos vários partidos políticos criados no Brasil.

O partido político tem por função essencial a representação da sociedade e assegurar a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais previstos na Magna Carta.

Além das funções acima citadas, Gianfranco Pasquino nos traz outras três funções essenciais ao sistema de partido. Ensina o autor:

“Um sistema di partiti si Fonda e persiste sulla

sua capacita di svolgere ter funzioni essenziali: aggregazione degli interessi, strutturazione di alternative politiche e produzione di decisioni (policy outputs), ricambio del personale político. Ovviamente, se um sistema politicio aggrega gli interessi della grande maggioranza dei gruppi sociali e degli elettori, strutura Le preferenze politiche in modo rispondente a quegli interessi e produce tempestivamente decisioni atte a soddisfare interessi e preferenze, e inoltre garantisce um certo ricambio del personale político, Esso sara in grado di funzionare transformandosi o meglio di transformarsi funzionando, e quindi avrà Il massimo di aderenza ai mutamenti sócio-economici e politici del sistema NE suo complesso. Naturalmente, cio non avvienem Il Che consente agli studiosi de analizzare gli scarti das funzionamento ideale, Le variazioni da sistema a sistema e di individuare Le cause dei diversi fenomeni”129.

E ainda:

“Abitualmente, la verifica sulle modalità e sui

risultati com i quali sono svolte Le ter funzioni essenziali menzionate sopra viene condotta quase esclusivamente guardando Allá capacita dei partiti di mantenere Il contatto com i mutamenti sócio-economici e quase mai guardando anche ai fenomeni prodotti nel tessuto sociale dall’attività stessa sei partiti, cioê all1impatto della política sul sistema di interessi e sulla loro rappresentanza130”.

Como já explanado em tópico anterior, a clássica concepção liberal da representação se ressente porque seus pressupostos vêm se contrapondo à realidade dos partidos.

A pretendida unidade orgânica da nação e sua identificação com os cidadãos, apresenta uma distância da sociedade com os grupos que exercem seus direitos. O parlamento, como reunião dos indivíduos responsáveis e esclarecidos, se converte em câmara de confrontação entre representantes de interesses e de razões que se contrapõem, onde a vontade da nação é exercida pela ação deliberante e pública dos deputados.

A mais profunda análise da nova forma de democracia, a plebiscitária, de deve a Leibholz131, na qual é presidida pelo princípio da identidade que veio a substituir a democracia representativa.

Este novo modelo vem a ser uma nova edição da democracia direta em que a vontade geral, expressa nas eleições, se identificava com a vontade da maioria dos partidos políticos. A conclusão não pode ser outra senão a de admitir

130 PAQUINO, Gianfranco. Crisi dei partiti e governabilità. Il Mulino. p.74.

131 LEIBHOLZ, G. Stato dei partid e democrazia rappresentativa, en el volumen La rappresentazione nella

democrazia, Giuffré,1989. Conceptos fundamentales de la política y de teoría de la Constitución, IEP. 1964. Problemas fundamentales de la democracia moderna, IEP. 1971

que a nova democracia de massas converteu os partidos em peças indispensáveis, na medida em que é impossível retornar à democracia representativa. Dela, portanto, derivam conseqüências importantíssimas para a relação de representação e para a instituição parlamentar que, como se sabe, Leibholz descreve com precisão; o problema se apresenta, fundamentalmente, no âmbito interno das organizações partidárias.

Se os partidos políticos são protagonistas insubstituíveis no exercício das funções do Estado e no exercício das funções necessárias para que o Estado realize as suas, então, a organização e o funcionamento interno destas organizações apresentam uma relevância jurídica para o sistema democrático.

É necessário, todavia, para que o Estado de partidos desemboque em um Estado totalitário, conservar um último reduto que permita seguir afirmando a presença do princípio da representação na democracia de massas. A proibição do mandato imperativo se apresenta como garantia da independência do representante e freia o monopólio da formação da vontade do Estado pelas organizações partidárias, garantindo a liberdade do parlamentar e dos seus eleitores, frente ao princípio da igualdade expressado pelos partidos.

Afirma Schumpeter132 que o conceito jurídico de representação carece de sentido na democracia dos partidos. Assim, o autor argumenta e qualifica como infantil se estivesse dentro da esfera de seus interesses. O bem comum tem que significar coisas diferentes, para os distintos grupos e indivíduos. Em lugar de o povo formar primeiramente uma opinião racional das questões políticas e, após, proceder à escolha dos representantes que defenderão suas opiniões no parlamento, o que o povo faz é designar os melhores, os quais decidirão por eles.

O representante eleito vem a ser, assim, uma espécie de “líder” que dirigirá seu governo, bem como os assuntos gerais do Estado. Nesse passo, a democracia se redefine como o sistema em que o povo, e só ele, tem a oportunidade de aceitar ou não os homens que hão de representá-lo e, por

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conseqüência, governá-lo.

Aos partidos, então, é conferida uma importante função, qual seja a de organizar todo o sistema de competência e de produção de líderes.

É necessário que se faça um apontamento: os partidos não têm a mesma função no regime parlamentar e no regime presidencial. No primeiro, a função é representativa; no segundo, a função é eleitoral, sobretudo.

No Brasil, os partidos políticos surgem no período da Regência (1837/1838), e, embora o poder era exercido pelo Monarca, havia dois partidos: o Liberal, que representavam a burguesia, e o Conservador, representante das elites escravocratas e agrárias.

Nem mesmo com a Proclamação da República, em 1889, a figura dos partidos políticos sofreram transformações de importância para o contexto político brasileiro. Somente com a Constituição de 1946 é que se deu maior atenção a agremiação partidária, disciplinando-as e reconhecendo sua importância no cenário político brasileiro.

A Constituição Federal de 1988 dedica um capítulo inteiro aos Partidos Políticos (Capítulo V, do Título II).

Os princípios mais importantes que orientam a organização e funcionamento das agremiações políticas são os que lhe conferem a mais ampla liberdade, atribuindo-lhes autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento, devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade e disciplina partidárias (artigo 17, parágrafo 1º da Constituição Federal).

O sentido a que se empresta à palavra liberdade no que se refere aos partidos políticos, diz respeito a sua estruturação interna e à atuação no âmbito dos direitos e garantias que a Constituição estabelece.

Não obstante seus defeitos, presentes em qualquer instituto que se analise, são os partidos políticos (por meio deles) que impedem a deturpação da opinião pública pelos caprichos da massa, se opõem ao despotismo e exercem

influência direta nas decisões do Estado de forma moderada.

A democracia pressupõe um governo exercido pelos mais capazes, no qual o povo delega poderes a um determinado representante (mais capaz que ele) para decidir por ele. Pergunta-se então: Quem indica ao povo os mais capazes? Que meio o povo possui de conhecer os mais experientes no trato com as coisas públicas?

Até hoje, os países civilizados que vivem em democracia não acharam outro meio senão pela instituição da agremiação política. Por certo, existem escritores que admitem existir países que possam viver sem partidos, no entanto, não sem democracia, não sem sistema representativo.

As modificações pelas quais o partido e o sistema partidário (democracia pelos partidos) têm apresentado, na atualidade, vem demonstrando a grande importância que se apresentam para o sistema político e para a representação.

Nesse sentido, Pasquino nos aponta que “La transformazione dei partiti e

dei sistemi partitici contemporanei è um avvenimento di grande importanza, forse decisivo per il funzionamento dei stemi politici e per il mantenimento di forma di governo democrático-rappresentative. Può essere che la situazione attuale non costituisca ancora uma crisi vera e própria. È probabile che esistano spazi di adattamento e che essi vengono sfruttati com abilità”133.