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4 A DIVERSIDADE DOS POVOS DE CULTURAS TRADICIONAIS E SUAS

4.2. A QUESTÃO DO MULTICULTURALISMO NOS POVOS DE CULTURAS

4.2.2 Direito e necessidade de pertencimento

Ao chegar a este ponto fica claro que toda a problemática que envolve os judeus de origem anussim é uma questão de reconhecimento e principalmente de pertencimento, e as necessidades que estes grupos possuem de ter a liberdade de expressar este pertencimento de forma aberta. Após expor sobre os conceitos possíveis para se entender os povos de culturas tradicionais, iremos analisar os fundamentos legais para a preservação das liberdades de expressão religiosa e cultural, ou seja, as expressões de natureza humana que envolvem uma Tradição. E analisando certos pressupostos legais referentes ao tema, citando trechos da Constituição Federal de 1988 em seu artigo 19 que diz:

É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; (BRASIL. 1988).

Fica clara a laicidade do estado. Além disso, citamos o art. 1º, inciso III, que põe como fundamento da República "a dignidade da pessoa humana". Já o art. 3º, inciso IV, coloca como objetivo da República a promoção do "bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação". Se a cidadania é fundamento da República, a prevalência dos direitos humanos é um dos princípios de nossas relações internacionais. Em concordância com esses dispositivos, a Constituição Federal, como trazemos novamente, explicita

no longo e detalhado art. 5º uma pletora de direitos e deveres individuais e coletivos entre os quais se pode citar os incisos:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; (BRASIL, 1988).

Sendo assim, entendesse que o artigo referido acima deixa clara a ideia de liberdade de que todo o indivíduo pode expressar sua cultura dentro dos aspectos fundamentais desta e principalmente sob os aspectos legais que dão base a nossa República. Fica claro também, que nenhum cidadão em solo brasileiro pode ser discriminado ou sofrer punições devido a sua crença, ideologia, religião; ficando a mesma protegida pela legislação, dando o ideal de liberdade de culto que, desde que não esta não venha a interferir de sobremaneira nas situações pertinentes ao Estado. Seguindo este princípio de defesa de liberdade de expressão religiosa, citamos o acordo Brasil – Santa Sé, aprovado pelo Congresso Nacional Brasileiro e assinado pelo Executivo em novembro de 2008, na qual cria um novo dispositivo com a finalidade de salvaguardar a liberdade religiosa, apesar de questionável pelo caráter de laicidade do Estado:

Art. 11 - A República Federativa do Brasil, em observância ao direito de liberdade religiosa, da diversidade cultural e da pluralidade confessional do País, respeita a importância do ensino religioso em vista da formação integral da pessoa.

§1º. O ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, em conformidade com a Constituição e as outras leis vigentes, sem qualquer forma de discriminação.

Estas legislações tornam-se importantes mecanismos de preservação da identidade e do reconhecimento, pois garantem a liberdade de existência dos mesmos, bem como abrem caminho para a compreensão do outro e sua relação na própria formação da identidade do “eu” e de uma identidade nacional possível.

A identidade tem-se transformado numa categoria central nas discussões politicas e teóricas do nosso tempo. O avanço da imigração, os conflitos religiosos, as demandas étnicas e nacionalistas, a nova gramática do corpo e suas múltiplas manifestações de natureza sexual, de gênero e de cor, têm provocado um intenso movimento de afirmação e reconhecimento daquilo que se é em contraposição àquilo que se diferencia. (SANTOS. LUCAS. 2015. p.139).

A questão da identidade judaica que os anussim pleiteiam é o cerne da problemática, mas é algo fundamental como um direito humano, o direito de pertencer a algo. Este algo faz parte de uma série de demandas étnicas, baseado no princípio da diferença e não da igualdade, pois, sendo estes os descendentes daquelas pessoas que foram convertidas a força sem aceitarem a nova religiosidade e “nacionalidade” imposta, logo não se reconhecem iguais àqueles que os oprimiram, e é natural criarem uma própria identidade.

Para isso, a identidade depende de certa obsessão metafísica, de uma ligação abstrata a algo que, para além das particularidades, garanta a persecução de um projeto compartilhado. É como se somente na unidade dessa representação as particularidades adquirissem sentido. (SANTOS. LUCAS. 2015. p.139).

Como nos elucidam os autores citados, a questão de identidade está ligada a noção de pertencer a um projeto coletivo, compartilhado por todos os que reconhecem como iguais, e assim formam uma unidade cultural, com tradições e laços étnicos que os unem. Neste aspecto, os judeus anussim possuem esta identidade, herdada de seus antepassados ibéricos, e devido a isso acabaram perpetuando situações de identificação com o coletivo étnico, que os aproxima de sobremaneira de seus compatriotas sefaraditas do norte da África, Cáucaso e Oriente. São situações que os ligam de forma interna, ou seja, que dão a unidade da comunidade e que de forma externa os afasta dos que para eles são estranhos. No caso anussim, internamente, em qualquer ponto do Brasil, por mais que tenham se mantido sem ligação alguma, suas comunidades têm aspectos que os ligam e os assemelham, ou seja, a força da

Hazaká70, uma série de costumes herdados de seus antepassados sefaraditas, e por

esta razão, esta mesma força da Hazaká os exclui do circulo externo da sociedade onde se encontram, ou seja, claramente os identifica como não sendo cristãos71.

A criação das condições de igualdade dentro da comunidade são, também, as condições de diferença para fora dela. As amizades entre iguais, nesse sentido, pressupõe uma desconfiança entre os diferentes. (SANTOS. LUCAS. 2015. p.139).

E é essa riqueza de diferença que tanto os afasta dos tipos sociais formadores da sociedade brasileira e que da mesma forma tanto os conecta com o judaísmo e com o povo judeu que cria as condições psicológicas e culturais necessárias para que se fortaleça ainda mais seu ideal identitário, bastando então que se criem os dispositivos de efetivação indispensável para a concretização de seu reconhecimento pela sociedade.

Um dispositivo, ou ferramenta para tal empreitada, seria a reinvenção de instituições culturais que possam promover a imagem dos anussim, resgatando sua história ao recontar a história da própria colonização do Brasil. Estruturas que possam dialogar com os sistemas de ensino, políticos e econômicos, a fim de fomentar, em primeira instância, o conhecimento de si (pelos próprios anussim) e dos outros.

A riqueza da diferença poderá ser capaz de produzir novos encontros e diálogos, de estabelecer novas narrativas e formar novos espaços e racionalidades de reconhecimento recíproco. Contra as velhas e constantes modalidades de injustiça social, devem ser estimulados novos processos políticos, econômicos e sociais que tenham a potência de reinventar as instituições, fortalecendo sua missão democrática e dando sentido à vida do homem em seu cotidiano de experiências possíveis, diferentes e livres de julgamentos negativos de valor. (SANTOS. LUCAS. 2015. p.181).

Estas novas, ou reinventadas, instituições devem agir de forma politica, diplomática e democrática, para que possam, através do diálogo, expor sua realidade frente a complexidade da comunidade judaica nacional, trazendo sua história a tona e relatando os mesmos pontos elencados ao longo deste trabalho que os ligam de forma perene e inegável à história judaica mundial. Promoveriam através da

70 Força da tradição, dos costumes culturais, já explicado anteriormente.

71 Neste sentido, como os colonizadores e os primeiros brasileiros oficiais eram cristãos, e ao longo da história a

sociedade brasileira se constituiu como uma sociedade cristã, os anussim se mostram com elementos nãos cristãos e não se encaixando nesta situação social.

exposição do tema, o conhecimento sobre o mesmo, realizando seminários e eventos onde estes sujeitos poderiam manifestar seu saber cultural, dando voz a sua tradição, realizando palestras nos círculos escolares e acadêmicos, fazendo com que a própria história destas comunidades possam ter o espaço necessário para possa ser levada em consideração.

Levando em conta a multiculturalidade da sociedade, e a pluralidade da cultura judaica ao longo dos séculos de sua existência, os direitos humanos devem agir como mediador entre as partes, visando facilitar a discussão, dando suporte jurídico, histórico, sociológico, para que as possíveis soluções possam nascer e se desenvolver de forma natural. Um exemplo claro é a promulgação da lei 18.147, de

04 de setembro de 2013, no estado de Goiás, que cria o Dia Estadual da Cultura e da Filosofia Judaico-Anussim, como uma forma de “Reconhecer a memória dos

antepassados goianos, em especial, no caso os judeus-anussins”, e desta forma, trata de dar voz e reconhecimento, pelo menos de forma estadual, aos judeus de origem anussim nesta unidade da federação. Pode-se afirmar que esta atitude vem de encontro ao que nos elucida Santos e Lucas (2015):

Ao posicionar os sujeitos como pertencentes a uma mesma identidade, estabelecendo as bases de pertença para com o seu semelhante, a relação de cultura com o Direito tende a ser inevitavelmente uma relação que demanda reconhecimento por sua diferença em relação às outras culturas, na intensão de satisfazer suas necessidades internas [...].(SANTOS. LUCAS. 2015. p.221).

Os sujeitos, pertencentes a identidade judaico-anussim, recebem o reconhecimento de sua origem, o que acaba de certa forma por diferenciá-los dos demais cidadãos locais, fortalecendo sua identidade de acordo com suas necessidades e desejos, e cria um meio para que a própria cultura anussim, antes subterrânea, possa emergir e ganhar divulgação, com a finalidade também de unificar- se a própria identidade judaica nacional. É a multiculturalidade da cultura judaica, reivindicando através de suas diferenças o direito de pertencer aquilo que entende como legítimo, através dos mecanismos oferecidos pelo Estado, ou seja, o aparato legal e jurídico.

A universalidade dos direitos humanos, numa sociedade multicultural, será sempre questionada pelas diferenças que constituem a humanidade presente em todas as experiências históricas. [...] Entretanto, a particularidade de cada cultura sempre reivindicará, por meio das diferenças, aquilo que também

constitui uma parte do homem representa em uma singularidade. (SANTOS. LUCAS. 2015. p.221).

A singularidade do sujeito anussim, requerendo o direito de voltar a ser reconhecido como tal, e agregando a esta identidade, seu posicionamento no pluralismo cultural judaico, com toda sua bagagem cultural, valores, e contribuições para a sociedade brasileira. Esta é a forma com que os direitos humanos podem se efetivar, neste caso específico, fomentando discussões e fornecendo as condições para que dispositivos, como a lei do estado de Goiás que citamos, para que, mesmo que não sejam a solução esperada, torne-se a solução possível, e a partir desta, dar seguimento a construção do desejável.

A tarefa dos direitos humanos, nesse cenário, é a de estabelecer os exatos limites da igualdade e da diferença entre os indivíduos e entre as culturas, sem, contudo, negar os aspectos comuns que os identificam na qualidade de sujeitos particulares. (SANTOS. LUCAS. 2015. p.221).

Uma tarefa difícil, complexa, mas não impossível de ser alcançada é a dos direitos humanos no que diz respeito as questões de reconhecimento. Partindo do princípio da diferença, a identidade anussim como judeus de origem ibérica, torna-se possível se levarmos em conta as várias realidades envolvidas na questão, seguindo o exemplo de outros Estados, como Portugal e Espanha, que através de medidas legais, estão reconhecendo a história destas pessoas dando-lhes a cidadania nacional, ou como os próprios anussim afirmam: estão recebendo de volta a nacionalidade perdida por seus ancestrais. Suas sinagogas estão sendo reabertas, pois com a nacionalidade, a possibilidade de moradia e trabalho se torna viável, e com isso, a cultura judaico-sefaradi renasce na península ibérica.

Como forma protetiva desta mesma diversidade, outro exemplo interessante é o adotado no Reino Unido, onde através da Lei de Arbitragem (1996), fornece autonomia para que as comunidades judaicas possam realizar casamentos que podem ser validados como casamento civil, bem como a criação de outras instituições, como escolas regulares.

Baseando-se nestes exemplos e em outros, a causa anussim torna-se possível de ser efetivada, através da regulamentação de leis, como a do estado de Goiás, que reconhece a cultura e história anussim, onde outros estados poderiam fazer o mesmo, bem como a União, que já reconhece datas como o dia do imigrante,

o dia do Índio, dia da Consciência Negra. Em complemento, incluir nos currículos a temática da história dos anussim no Brasil colonial, como forma de discutir na sociedade sobre estes indivíduos. De outro lado, a efetivação também deve partir dos mesmos ao reivindicar sua igualdade junto as organizações judaicas nacionais e internacionais, criar seus próprios centros comunitários, escolas e formar suas lideranças espirituais e cerimoniais, bem como fomentar a divulgação de sua história e de suas atividades sociais e culturais.

Seguindo este exemplo, a ideia pode ser adaptada não como a criação de datas em todos os estados da federação, mas sim de inclusão nos currículos escolares desta temática, pois envolve não apenas a religiosidade de uma parcela da população brasileira, mas sim a própria história dos fundadores deste país, de costumes que acabaram sendo incorporados pela população em geral como o habito de não apontar o dedo para uma estrela72, entre outros tantos costumes e tradições

que passam despercebidas no dia a dia.

Entendendo que o reconhecimento deve ser uma via de mão dupla, estes sujeitos devem se tornar os construtores de seus próprios direitos, organizando-se e divulgando sua tradição e cultura, para que da outra extremidade, a sociedade possa lhes reconhecer como diferentes, mas no sentido de validar sua cultura tradicional, respeitando mediante as declarações internacionais e a legislação federal, a sua expressão ideológica e religiosa, para que possam, sem pena de ridicularização e preconceito, erguer suas sinagogas, templos, cemitérios, salões comunitários, e assim voltar a festejar suas datas simbólicas, seus ritos de passagem, entre outras situações pertinentes a cultura e a tradição judaica, e desta forma atingirem a meta desejada e tão arduamente pleiteada.

72 É uma tradição judaica medieval, que consistia em encontrar a primeira estrela após o por do sol da sexta feira

(para demarcar o inicio do sétimo dia, o Shabat), e a criança que encontrasse ganharia um doce a mais na refeição. Como apenas as crianças judias faziam, e com o avanço das perseguições na Península Ibérica, as mães judias passaram a proibir as crianças de apontar o dedo para as estrelas alegando que nasceria uma grande verruga (berruga para judeus de origem sefaradita) na ponta do dedo.

5 CONCLUSÃO

Durante o desenvolvimento da pesquisa, muitos conceitos foram trazidos e relacionados com a problemática em questão, tendo por finalidade, além de apresentar o tema, propor soluções possíveis, mesmo que não as desejadas, para o desenvolvimento da situação, de forma a garantir preservação de uma identidade cultural. De acordo com toda a análise realizada, alguns pontos devem ser ressaltados para que possa existir o entendimento para uma abertura das discussões sobre o tema. Desta forma, por mais difícil e desconhecido que ainda seja para a sociedade

brasileira, podemos identificar que é um ponto peculiar da história mundial e que seu desdobramento tem muito a ver com a construção do povo brasileiro.

Em primeiro lugar, ressalta-se na pesquisa a existência de uma cultura tradicional conhecida como judaísmo, ou povo judeu, da atualidade que é multicultural, complexo, plural, possuidor de várias línguas e etnias, e assim tenta-se desfazer o estereótipo há muito propagado mundialmente como sendo o sujeito pertencente ao povo judeu loiro de olhos azuis, cabelo cacheado, que usa roupa preta e que, no que diz respeito a sua atuação financeira, se apresenta como sendo avarento e ganancioso, praticante de usura e trapaceiro para com aquele que é considerado como não-judeu.

Em segundo lugar, o trabalho busca ressaltar que assim como todo e qualquer povo, os judeus possuem uma união cultural, mas não no sentido de uma única expressão de cultura, pois como foi apresentado ao longo da pesquisa, um povo é composto de várias culturas, como por exemplo, no Brasil onde existem expressões musicais e culturais diversas como o samba, o frevo, o maracatu, o vanerão, etc. Sendo assim, o conhecimento desta diversidade torna-se um elemento fundamental para se entender a reivindicação de identidade proposta pelos grupos de judeus anussim brasileiros. Em terceiro, a presença judaica na formação do povo brasileiro, assim como as diversas nações indígenas das quais temos o legado tanto na alimentação, como na língua, usos e costumes; as nações africanas, tanto de origem politeísta, animista, panteísta, bem como os africanos islamizados que protagonizaram uma importante revolta no Brasil, a Revolta dos Malês73.

Baseado nestes pontos fundamentais, e levando em consideração as normativas, documentos de regulamentação de direitos humanos, a própria Constituição Federal de 1988 e a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, deve-se entender que é primordial dar voz aos sujeitos denominados judeus anussim, para que estes possam resgatar sua história e desta forma, dar-lhes o direito a serem o que desejam ser, ou seja, terem o direito a afirmação e reconhecimento de sua identidade como judeus, ou melhor, como uma das várias etnias que formam o povo judeu, já que não querem nada mais do que um resgate de sua herança cultural, de sua história e tradição, assim como comunidades quilombolas – por exemplo –

73 Mobilização de africanos escravizados, ocorrida entre 24 e 25 de janeiro de 1835, na cidade de Salvador, com

o intuito de libertar os escravizados africanos. Por mais que tenha sido repelida pelo Império do Brasil, a revolta dos Malês foi um marco importante na história pela luta pela liberdade.

espalhadas pelo Brasil a fora, com a diferença de que estes sujeitos chamados de judeus anussim não desejam uma unificação cultural espacial, com a terra, mas sim o reconhecimento cultural e histórico de sua tradição como afirmação de identidade como judeus que reivindicam ser.

Verificamos os entraves causados pela Biopolítica na mão de grupos que tentam definir quem é e quem não é judeu, e assim, normatizam, ou seja, formatam estas pessoas, para que se adequem aos conceitos ideológicos desta pequena, mas forte massa dominante. Dentro desta perspectiva, após apresentar a problemática, podemos entender que na verdade, o que acontece é uma negação histórica por parte da sociedade brasileira, e inclusive mundial, no que diz respeito a esta parte da história judaica, pois, como muitos pesquisadores confirmam, boa parte dos primeiros colonizadores das américas eram judeus, ou melhor dizendo, cristãos-novos, que na tentativa de se livrarem das amarras da inquisição católica, migraram em levas sucessivas para o novo mundo, criando um verdadeiro sincretismo cultural em muitas pontos, e dando surgimento aos sujeitos regionais, como o gaúcho na região da Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul.

Esta falta de conhecimento, motivada por negligência e negação da memória histórica das pessoas que se identificam como judeus anussim, acaba por motivar descredito e desconfiança contra todos os movimentos surgidos ao longo das ultimas