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4 TUTELA CONSTITUCIONAL e INFRACONSTITUCIONAL DO AMPARO AO

4.2 Estatuto do Idoso e os Direitos Fundamentais da Pessoa

4.2.3 Direitos fundamentais do idoso

Neste sub-tópico impende dizer que não iremos tratar dos direitos fundamentais do idoso de maneira esmiuçada, visto a sua complexidade, mas sim fazer um apanhado geral acerca dos principais direitos previsto no estatuto e que estão inseridos no rol dos direitos fundamentais. Lembrando que alguns desses direitos já foram citados nesta dissertação ou serão ainda trabalhados no seu decorrer.

Destarte, no que tange aos direitos fundamentais da pessoa idosa, impende dizer que mesmo antes do Estatuto do Idoso prevê, em seu art. 2º a proteção aos direitos fundamentais198, o idoso já gozava de todos os direitos fundamentais próprios inerentes à pessoa humana, previstos, de forma cristalina, no texto Constitucional. O que o Estatuto Nacional do Idoso quis foi esmiuçá-los, dedicando-lhes um título inteiro, ou seja, um tópico referente aos direitos fundamentais. Assim, estando previsto nos arts. 8º ao 42 do Estatuto, os quais formam a base, o alicerce, a essência do indivíduo, no caso os idosos, com o restante da sociedade e vice-versa.199

O primeiro deles trata da preservação da saúde física e mental do idoso, bem como do seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Assim, conforme dito alhures, fica o poder público ciente de sua obrigação em adotar políticas públicas em prol dos idosos, sob pena de assim não o fazendo estar agindo contrariamente a Lei.200

Por outro lado, no campo desses direitos fundamentais já reconhecidos, vale destacar o direito à saúde, que é considerado o mais importante dos direitos

198 Art.2º: O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.

199 SIQUEIRA, Luiz Eduardo Alves de. op.cit., p. 73. 200 OLIVEIRA, André. Estatuto do idoso. op. cit., p. 142.

fundamentais e é garantido por meio da proteção da saúde, ou seja, é o Estado

que tem a obrigação de garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas, a fim de garantir um envelhecimento saudável e em condições de dignidade, consoante reza o art. 9º da Lei 10.741/03.

Desse modo, é oportuno frisar, que conforme entendimento construído no Supremo Tribunal Federal201, cabe ao Poder Público o fornecimento aos idosos,

gratuitamente, de medicamentos, especialmente os de uso continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos a tratamento, habilitação ou reabilitação, consoante menciona o art. 15, parágrafo 2º do Estatuto. Além de que, fica vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade. Assim, reza o parágrafo 3º do art. 15, do mesmo dispositivo.

Essa previsão específica veio a positivar a universalidade e a plena efetividade do direito à saúde, independentemente da idade, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal:

o direito à saúde- além de qualificar-se como direito fundamental que

assiste a todas as pessoas- representa consequência constitucional indissociável do direito à vida. O Poder Público, qualquer que seja a esfera institucional de sua atuação no plano da organização federativa brasileira, não pode mostrar-se indiferente ao problema da saúde da população, sob pena de incidir, ainda que por omissão, em censurável comportamento inconstitucional. O direito público subjetivo à saúde traduz bem jurídico constitucionalmente tutelado, por cuja integridade deve velar, de maneira responsável, o Poder Público ( federal, estadual e municipal) que incube formular- e implementar- políticas sociais e econômicas que visem a garantir a plena consecução dos objetivos proclamados no art. 196 da Constituição da República”.202 (Grifou-se)

Além desses direitos fundamentais, ficam assegurados aos idosos os direitos como: à educação, cultura, esporte e lazer; direito à profissionalização e ao trabalho; à previdência social; à assistência social; à habitação; ao transporte, bem como, à alimentação, à liberdade, ao respeito e à dignidade, conforme já mencionado alhures.

Diante disto, o autor Luiz Eduardo A. de Siqueira faz uma oportuna reflexão acerca do tema, vejamos:

201 STF- Rextr. nº 241.630-2/RS- Rel. Min. Celso de Mello- Diário da Justiça, Seção 1,3 abr. 2001, p.49.

Os direitos são fundamentais porque, sem eles, nós, seres humanos, não teríamos sequer condições de existir ou de sobreviver. Como ficariam, então, os direitos à vida, à liberdade, ao respeito, à dignidade, aos alimentos, à saúde, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à assistência social, à habitação e ao transporte, tratados expressamente no Estatuto do Idoso, justamente sem uma garantia, um suporte legal que os assegurasse? 203

Na mesma esteira reputamos interessante citar o pensamento de Luiz Alberto David de Araújo, vejamos:

Os Direitos Fundamentais constituem uma categoria jurídica, constitucionalmente erigida e vocacionada à proteção à dignidade humana em todas as dimensões. Destarte, possuem natureza poliédrica, prestando-se ao resguardo do ser humano na sua liberdade ( direitos e garantias individuais), nas suas necessidades ( direitos econômicos, sociais e culturais) e na sua preservação ( direitos à fraternidade e à solidariedade).204

Para tanto, diante de tudo o que já foi dito, impende dizer que não basta o cidadão ficar esperando de mãos atadas pela efetivação desses direitos, muitas vezes é necessário uma movimentação em relação a demandar ações que busquem a sua efetivação e satisfação, bem como reconhecimento de novos direitos.

Por outro lado, foi de suma importância para a sociedade, principalmente, para a terceira idade, a implantação desses direitos no Estatuto, pois possibilita a cada idoso, e, mais do que ele, a cada brasileiro, ao ler o Estatuto, tome consciência dos direitos e deveres para com os longevos. Lembrando, que tais direitos são absolutos, desde que analisados isoladamente, conforme já visto nesta dissertação; invioláveis, intransferíveis, imprescritíveis e irrenunciáveis.205