• Nenhum resultado encontrado

4 TUTELA CONSTITUCIONAL e INFRACONSTITUCIONAL DO AMPARO AO

4.2 Estatuto do Idoso e os Direitos Fundamentais da Pessoa

4.2.6 O idoso e o acesso à Justiça

O intento principal desse sub-tópico é o de se chegar à compreensão acerca dos direitos dos idosos e seu processo correlato do acesso à justiça.

Destarte, é necessário, primeiramente, entendermos a premissa do acesso à justiça, que seria o direito de ação.

Com isto, o direito de ação seria o direito ao exercício da atividade jurisdicional ou o poder de exigir esse exercício mediante o exercício da ação provoca-se a jurisdição, que por sua vez se exerce através daquele complexo de atos que é o processo.

mesma o ônus de provar que agiu com desídia, mas tão-somente demonstrar o prejuízo sofrido, cabendo ao banco, para elidir sua responsabilidade civil, comprovar que o fato derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (Lei n. 8.078/90, art. 14, § 3º), prova esta que não foi feita. 4 - Correta a condenação em dano material dos valores descontados dos proventos da Autora,

bem como em dano moral, cuja reparação foi expressamente reconhecida na Constituição Federal

de 1988 (art. 5º, V e X). 5 - A fixação de tal valor deve levar em conta as circunstâncias da causa e a condição sócio-econômica do ofendido e do ofensor, de modo que o valor a ser pago não constitua enriquecimento sem causa da vítima, e sirva também para coibir que as atitudes negligentes e lesivas venham a se repetir. Merece, assim, ser mantido o quantum indenizatório em 50 (cinqüenta) salários- mínimos, porquanto justo e compensatório. 6 - Apelação e Recurso Adesivo conhecidos e improvidos (TRF. 2ª REGIÃO- AC354277 2003.51.01.009532-8, Relator: Desembargador Federal GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA, Data de Julgamento: 28/03/2006, OITAVA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: DJU - Data::04/04/2006). (Grifei-os)

Para Luis Guilherme Marinoni direito de ação é:

Um direito fundamental processual, e não um direito fundamental material, como são os direitos de liberdade, à educação e ao meio ambiente. Portanto, ele pode ser dito o mais fundamental de todos os direitos, já que imprescindível à efetiva concreção de todos eles. O direito de ação aparece exatamente no momento em que o Estado proíbe a tutela privada ou o uso da força privada para a realização e a proteção de direitos.210

Contudo, feito este breve introito, é imperioso dizer que mesmo antes do advento do estatuto do idoso, o CPC, já previa a prioridade na tramitação dos processos, porém, sendo beneficiado somente os idosos como idade igual ou superior a 65 ( sessenta e cinco) anos de idade. Assim, preconizava o artigo 1.211-A do CPC.

Ocorre, que com o advento da lei 10.741/03, o Estatuto do Idoso, acabou gerando uma certa antinomia entre o que determinava o seu art. 71 e o que estabelecia o artigo acima citado do CPC, pois o artigo do estatuto determinava que para a obtenção da prioridade na tramitação dos processo era necessário o jurisdicionado ter idade igual ou superior a 60 ( sessenta) anos de idade. Apesar de o aparente conflito de normas poder ser solucionado pelo princípio temporal ( Lex

posterior derogat priori) ou pelo critério defendido por Alexy, conforme já visto

alhures, o legislador preferiu harmonizar as disposições quando elaborou a lei. 12.008/09 que conferiu nova redação ao art. 1.211-A do CPC, vejamos: “ os procedimentos judiciais em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 ( sessenta) anos, ou portadora de doença grave, terão prioridade na tramitação em todas as instâncias.

Além disso, impende dizer que tal benefício também abrange os processos e procedimentos administrativos da Administração Pública, empresas prestadoras de serviços e instituições financeiras, ao atendimento à Defensoria Pública da União, dos Estados e do Distrito Federal em relação aos serviços de assistência Judiciária, conforme reza o art.71, parágrafo 3º do Estatuto. Oportuno salientar também que a prioridade não cessará com a morte do beneficiário (idoso), estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro ou companheira ou com união estável, consoante prevê o art.71, parágrafo 2º do mesmo dispositivo.

210 MARINONI, Luis Guilherme. Teoria Geral do Processo. São Paulo, Revista dos tribunais,V.1, 2006, p.205.

Tomemos como exemplo a seguinte situação: caso um idoso discuta com um fiscal à respeito de uma multa que queiram lhe aplicar, terá este idoso prioridade no encaminhamento do processo administrativo, bem ainda, com relação a qualquer discussão ou reclamação com à administração? A resposta é sim, ele terá prioridade na tramitação desta autuação realizada pelo fiscal.

No entanto, isto significa que o idoso terá total prioridade acerca de qualquer conflito ou interesse existente no âmbito da Administração Pública, bem como, nas instituições financeiras. Assim, sendo esta uma conquista merecida e justa para os idosos, pois como é sabido por todos, a justiça sofre com a morosidade do poder Judiciário, e fazer com que estas pessoas fiquem esperando por um provimento jurisdicional que demore anos, é fazê-las sofrer em dobro. Isto, devido ao fato de que a demora traz sérios problemas à saúde do idoso, como: ansiedade, angústia, desânimo e etc.

Sobre o tema reputamos interessante citar o comentário de Alencar, vejamos:

A prioridade de tramitação para a pessoa idosa não significa que esta seja mais digna que as demais pessoas, nem que o princípio da dignidade da pessoa humana só se aplique aos idosos. Não. Em verdade, para se entender que a relação entre prioridade de tramitação para as pessoas idosas e o primado do homem atende ao postulado da isonomia, deve-se ter presente a noção do princípio da diferença, consistente em uma distribuição que melhore a situação de todas as pessoas – trazendo benefício ao idoso que o iguale à pessoa que esteja em melhores condições de expectativa de vida-, visando a efetivar a justiça social, especialmente quando confere esperança à pessoa idosa de que seu conflito será solucionado em prazo mais curto, aumentando, assim, a efetividade do princípio da dignidade humana de forma compatível com o princípio da igualdade.211

Na esfera procedimental, ou seja, no âmbito da duração razoável do processo, é oportuno frisar que o legislador constituinte, por intermédio do artigo 5°, LXXVIII da Constituição Federal212, quis valorizar a celeridade em detrimento da estabilidade garantida pela forma processual. Desse modo, impende destacar que com o advento da Emenda Constitucional n° 45 o valor da efetividade adquiriu proporções maiores, ao consagrar como princípio magno e garantia fundamental, ou seja, da duração razoável do processo.

211 ALENCAR, Rosear Antonni Rodrigues Cavalcanti. Comentário ao art.71. In: PINHEIRO, Naíde Maria (Org.). Estatuto do idoso comentado. Campinas, SP: LZN, 2006.

212 Art.5º, inciso LXXVIII, verbis: a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a