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5 OS PRINCIPAIS ATORES DE PROTEÇÃO E PROMOÇÃO DOS DIREITOS DOS

5.3 O papel da Ordem dos Advogados do Brasil na efetivação dos direitos

Como é sabido por todos a OAB, Ordem dos Advogados do Brasil, é a instituição que regulamenta e fiscaliza as atividades dos advogados que exercem função constitucionalmente privilegiada, pois são indispensáveis à administração da justiça, e está comprometida com toda a sociedade para efetivação dos direitos da coletividade.

Diante disto, visa este tópico abordar o papel da OAB frente à efetivação dos direitos fundamentais dos longevos. Porém, é necessário fazermos um breve introito, mais precisamente, saber como a OAB pode atuar na defesa dos direitos dos idosos.

258 Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser celebradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor Público, que as referendará, e passarão a ter efeito de título executivo extrajudicial nos termos da lei processual civil.

259 O BPC é um benefício da Política de Assistência Social, que integra a Proteção Social Básica no âmbito do Sistema Único de Assistência Social – SUAS e para acessá-lo não é necessário ter

contribuído com a Previdência Social. É um benefício individual, não vitalício e intransferível,

que assegura a transferência mensal de 1 (um) salário mínimo ao idoso, com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, e à pessoa com deficiência, de qualquer idade, com impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Em ambos os casos, devem comprovar não possuir meios de garantir o próprio sustento, nem tê-lo provido por sua família. A renda mensal familiar per capita deve ser inferior a ¼

(um quarto) do salário mínimo vigente. Disponível em:

<http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficiosassistenciais/bpc>. Acesso em: 13 nov. 12. Não há a necessidade de contribuição à Seguridade Social ( CF, art. 203, V)

Apesar de não ser o foco desta dissertação abordar todos os legitimados a propor as devidas ações coletivas reguladas, em regra, sob à égide dos instrumentos legais abaixo, é importante citar que no Brasil muito se discute à respeito do requisito da pertinência temática dos legitimados enumerados no artigo 82 do Código de Defesa do Consumidor- CDC e art. 5ª da Lei de Ação Civil Pública- LACP para proporem as ações coletivas.

Conforme já visto no tópico anterior, o Ministério Público é um dos legitimados para atuar na defesa dos direitos dos idosos, ou melhor, poderá o

Parquet propor qualquer ação coletiva, tendo em vista a sua vocação para defesa

dos interesses públicos e coletivos lato sensu. Entretanto, todos os outros entes devem defender direitos e interesses conexos com suas respectivas finalidades institucionais.

Desse modo, questiona-se: a Ordem dos Advogados do Brasil poderia atuar na defesa desses direitos, mais precisamente em relação aos direitos dos longevos? Haveria a necessidade de se ter o requisito da pertinência temática para OAB?

Para responder recorremos aos ensinamentos de Leonardo Medeiros Garcia, vejamos: “Primeiramente, vale salientar que a legitimidade da OAB é indiscutível, uma vez que foi considerada como autarquia especial pelo STF. Mesmo que assim não fosse, como associação de “classe” que é, poderia propor ações coletivas”.260

Mas no que tange a pertinência temática, há posicionamentos na jurisprudência versando tanto no sentido de que a OAB somente teria legitimidade para defender direitos coletivos da categoria dos advogados, e outros no sentido de que a entidade de classe teria legitimidade para defender outros interesses261.

260 GARCIA, Leonardo Medeiros. op.cit., p. 114.

261 O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no processo nº 2009.04.00.009299-2, julgou pela legitimidade ativa da Ordem dos Advogados do Brasil para interpor ação civil pública em defesa de interesses difusos. A ementa tem o seguinte trecho: 1. A entidade da advocacia é legítima para o

aforamento desta ação civil pública, nos termos do artigo 44 da Lei nº 8.906/1944, que estabelece entre suas finalidades precípuas a defesa da Constituição e da ordem jurídica do Estado Democrático de Direito, hipóteses em que se amolda a alegação de edição de lei municipal

com vício de inconstitucionalidade por ofender os princípios da impessoalidade e da moralidade administrativa. Ademais, o empreendimento cuja paralisação se requer afetará de modo direto as condições de habitabilidade do prédio da Seccional da OAB, donde também exsurge seu interesse e legitimidade. (TRF4, AG 2009.04.00.009299-2, Terceira Turma, Relator Roger Raupp Rios, D.E. 19/08/2009). Além desta, outra decisão trouxe essa legitimidade da atuação da OAB no pólo ativo da ação civil pública, como por exemplo a do TRF-1ª Região: “A Ordem dos Advogados do Brasil - OAB ostenta legitimidade para ajuizar ação civil pública destinada à defesa de interesses

De outro modo, há também entendimento do Superior Tribunal de Justiça- STJ262 quando analisando uma questão de pertinência temática da OAB,

considerou que a entidade somente teria legitimidade para defender interesses de seus componentes, ou seja, dos próprios advogados, ou interesses da própria instituição.

Por outro lado, trazendo a discussão, estritamente, para a atuação da OAB frente à defesa dos direitos dos longevos, observarmos que o nosso Estatuto do Idoso, lei 10.741/03, em seu artigo 81 parágrafo 3ª, dispõe a possibilidade da atuação da OAB, como legitimado ativo, na defesa dos interesses coletivos lato

sensu da pessoa idosa. Assim vejamos: “para as ações cíveis fundadas em

interesses difusos, coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, consideram- se legitimados, concorrentemente: III – a Ordem dos Advogados do Brasil.

Com isto, percebemos de maneira clara que o próprio sistema legitima a OAB para propor ações coletivas que não estejam ligadas especificamente a interesses da própria entidade ou de seus associados, consoante o dispositivo acima citado. Destarte, ousamos discordar da jurisprudência que trata de modo distinto, pois mesmo após o advento do estatuto do idoso especificando a possibilidade da OAB atuar na defesa dos direitos fundamentais do idoso, ainda há decisões em sentido contrário.

Por fim, não temos dúvida em afirmar que o sistema normativo de nosso país legitima a OAB a propor ações civis públicas relacionadas a direitos difusos, coletivos e individuais homogênios, mais precisamente dos longevos, independente de ser ou não ligado à instituição ou aos seus associados. A OAB é parte legítima na atuação em defesa dos direitos fundamentais dos longevos.

individuais homogêneos de consumidores (art. 5º da Lei 7.347/85 c/c art. 44, I, da Lei 8.906/94 c/c art. 170, V, da Constituição). Precedente.” (TRF-1ª, AC 2004.39.305-3/PA, 5ª Turma, Rel. Des. Federal João Batista Moreira, DJ 14/06/2007. ( Grifei-os)

262 PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO COLETIVA. ILEGITIMIDADE DA SUBSEÇÃO DA OAB. TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA. ART. 54 DA LEI N. 8.906/94.54 DA LEI N. LEI 8.9061. As Subseções da OAB, carecendo de personalidade jurídica própria, não possuem

legitimidade para propositura de ação coletiva. 2. A OAB (Conselho Federal e Seccionais) somente possui legitimidade para propor ação civil pública objetivando garantir direito próprio e de seus associados, e não de todos os munícipes. 3. Recurso especial provido (STJ- Resp.

331403 RJ 2001/0080826-5, Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Data de Julgamento: 07/03/2006, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJ 29/05/2006 p. 207)

5.4 O dever do Estado, da sociedade e da família como agentes ativos de