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1. A UNIVERSIDADE COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

3.2. DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS E PROJETO

A crise em que vivemos promove mudanças de percepções e valores, por isso a necessidade de um posicionamento da educação para que se possa repensar a sociedade do futuro, no tocante às formas de organização política, sistemas de produção e consumo, conceitos de propriedade, soberania e valorização dos indivíduos e das culturas. Essa realidade requer, também, a busca de novas direções, de novos paradigmas do conhecimento, de um novo modelo social menos dualista, que não separe o ser humano do mundo, da natureza, o masculino do feminino, o corpo do espírito. Tais posições são básicas na promoção da responsabilidade das pessoas consigo próprias, com a sociedade e com a natureza - princípios do movimento da educação para uma nova era (SANTOS, 2003). O autor destaca o papel do ―educador educando‖, como aquele que tem por compromisso garantir o movimento, o fluxo de energia, a riqueza do processo, a manutenção de um diálogo permanente, visando o desencadear de reflexões, estabelecer conexões entre o conhecimento adquirido e os novos conceitos, entre o ocorrido e o pretendido. Este educador vivencia o paradigma emergente, cuja missão é reintegrar o sujeito na construção do conhecimento, resgatar a importância do processo e valorizar a experiência como princípio básico. Tais atitudes exigem flexibilidade, criatividade, dinamismo, mobilidade, participação e autonomia, bem como responsabilidade e compromisso por parte de todos os que estão envolvidos no

processo. Exige, ainda, descentralização, menos padronização e uniformidade e um espaço maior para a diversidade e a mutabilidade.

O novo cenário cibernético, informático e informacional provoca grandes transformações não apenas no que se refere aos aspectos socioeconômicos e culturais, mas também na maneira como pensamos, conhecemos e apreendemos o mundo. Nesse panorama, é preciso diversificar espaços, processos e metodologias educacionais, bem como expandir a instituição até a comunidade, utilizando os recursos tecnológicos disponíveis, situá-los a serviço da educação e não mais nos alijarmos deles.

Os espaços a que nos referimos consideram uma nova proposta de paradigma, ao compreender que sujeito e objeto envolvem interações e interdependências no contexto de uma natureza intrinsecamente dinâmica. Tal movimento provoca na prática pedagógica a visão de rede, significativa e autônoma.

A universidade e sua nova função social, que a partir da Declaração Mundial do Ensino Superior em 1988, vem em processo de consolidação de mudanças, já assume indicadores como mediação e parceria dentro de uma nova proposta de trabalho e de conhecimento. Portanto, a inovação não é neutra, responde a necessidades sociais emergentes e depende de alterações contextuais planejadas, envolvendo as intervenções como ―um todo‖.

No contexto das normatizações as Diretrizes Curriculares para os cursos de graduação, em qualquer área no Brasil, como orientações básicas para a preparação dos futuros profissionais se enquadram no grupamento daquelas que preparam seus profissionais por meio do ensino superior.

Diretrizes Curriculares têm por objetivo servir de referência para as IES na organização de seus programas de formação, permitindo uma flexibilização na construção dos currículos plenos e privilegiando a indicação de áreas de conhecimento a serem consideradas, ao invés de estabelecer disciplinas e cargas horárias definidas (BRASIL, 1996, SESu/MEC).

Sendo um documento oficial as Diretrizes Curriculares Nacionais se anunciam na perspectiva inovadora por meio da flexibilização da formação técnica e científica, do saber- fazer e saber-pensar.

A mudança da prática pedagógica na educação superior, dificilmente, será tocada de forma isolada, sem que esta seja uma parte significativa da proposta conjunta de inovações baseadas em uma leitura da realidade, da filosofia educacional, das concepções de pessoa, sociedade, currículo, planejamento, disciplina, bem como um conjunto de ações, intervenções e interações.

Chama nossa atenção o fato de que o papel do Projeto Pedagógico estaria na possibilidade de mobilizar intencionalidades das mudanças que se pretende realizar na organização curricular e na instituição. Assim entendemos que o Projeto Pedagógico Projeto Pedagógico enquanto ―carta de intenções‖ assume fundamental importância nos processos de avanços curriculares, desde a sua elaboração realizada no coletivo, seus objetivos educacionais, flexibilização, recontextualização das disciplinas, metodologias e normatização entre outros procedimentos de gestão administrativo-pedagógicos até os processos de formação continuada dos professores.

As reflexões sobre os projetos pedagógicos abertos para os novos paradigmas, assim como o compromisso destes com a efetivação do diálogo pedagógico, apenas poderão ser compreendidos com base na realidade social em que estão inseridos e das condições objetivas da sua operacionalidade.

O conceito de autonomia sugerida pelo Projeto Pedagógico, no momento histórico que estamos vivenciando recebe também o enfoque de uma ―autonomia relativa‖, considerando que este projeto tem o papel de viabilizar a intencionalidade das Diretrizes Curriculares Nacionais.

As dinâmicas de contextualização procuram inserir os estabelecimentos de ensino numa rede social mais vasta, que sem lhes retirar a identidade própria, facilite o seu desenvolvimento organizacional. É nessa fase que se alicerça o conceito de autonomia relativa da escola, procurando enfatizar a responsabilidade dos atores em presença nas instituições escolares, sem deixar de apelar a outros níveis de participação institucional (NÓVOA, 1995 Apud FERNANDES, 2010, p. 39).

Na sua pesquisa sobre o Projeto Pedagógico, o autor em estudo igualmente recorre ao conceito de cotidiano para ressaltar que é no dia a dia da instituição e nas posturas de professores e alunos que se revelam os avanços e transformações curriculares.

Qualquer registro de atividade cotidiana da escola apresenta incongruências, saberes e práticas contraditórias, ações aparentemente inconsequentes. Quando integramos conceitualmente o cotidiano no objeto de estudo tentamos recuperar este aspecto heterogêneo, em vez de eliminá-lo através de tipologia distinta e estruturas coerentes. A única forma de se dar conta do heterogêneo, de não perdê-lo sem se deixar, porém, perder nele é o de reconhecê-lo como produto de uma construção histórica (EZPELETA E ROCKWELL, 1986, Apud FERNANDES 2010, p. 45).

Dessa forma, o autor reconhece que o Projeto Pedagógico está profundamente ligado aos documentos constitutivos da Reforma do Estado, decorrentes de uma construção histórica.

3.3. DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS: RECOMENDAÇÕES E