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1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.4. O Contexto da Educação no Brasil

1.4.1. Diretrizes da formação do cidadão brasileiro

A educação brasileira é articulada por meio de dispositivos legais e publicações que orientam as ações dos envolvidos na formação das crianças e dos jovens brasileiros (BRASIL, 2009). Entre os dispositivos legais, pode-se citar:

 Constituição Federal, Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação);  Lei nº 10.172/01 (Plano Nacional de Educação);

 Diretrizes Curriculares Nacionais, Pareceres e Resoluções do Conselho Nacional da Educação (CNE).

Entre as publicações, estão:

 Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs);

 Ensino Fundamental de nove anos: orientações gerais para inclusão das crianças de seis anos de idade;

 Indagações sobre Currículo,

 Propostas Pedagógicas das Secretarias de Educação;

 Projeto Político-Pedagógico das escolas, Diretrizes Curriculares dos sistemas de ensino.

Tais documentos e publicações definem responsáveis, distribuem obrigações e orientam ações dos responsáveis pela educação no Brasil. O ensino fundamental, foco dessa pesquisa, tem nove anos de duração, ou seja, essa etapa da formação da criança inicia aos seis anos de idade e finaliza quando o jovem atinge quatorze anos. Esse período é dividido da seguinte maneira (BRASIL, 2009):

 Anos iniciais: do 1º ao 5º ano com cinco anos de duração; início aos 6 anos e término aos 10 anos de idade.

 Anos finais: 6º ao 9º ano com quatro anos de duração; início aos 11 anos e término aos 14 anos de idade.

Entre as várias informações que os documentos trazem, a participação da comunidade local foi uma das primeiras considerada importante para contextualizar esta pesquisa. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei 9.394/96, orienta as escolas à gestão democrática, delegando às instituições de ensino várias funções, entre elas, a de elaborar a Proposta Político Pedagógica e administrar o pessoal, recursos materiais e financeiros. Essa lei esclarece, também, que as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica devem ser definidas de acordo com as suas peculiaridades locais, bem como contar com a participação dos profissionais da educação na elaboração do Projeto Político- Pedagógico da escola e com a colaboração das comunidades escolares e local em conselhos escolares ou equivalentes.

No que diz respeito à proposta pedagógica das instituições de ensino brasileiras, essa mesma lei (Lei 9.394/96) garante às escolas brasileiras o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, ou seja, fica a critério de cada instituição escolar a definição da linha pedagógica que deve ser delineada no Projeto Político-Pedagógico de cada escola. Esse, no entanto, deve estar em sintonia com:

 O Plano Municipal de Educação (PME) do município da escola;  O Plano Estadual de Educação (PEE) do Estado da instituição escolar;  O Plano Nacional de Educação (PNE).

Para o cidadão, o PNE e os planos de educação do estado e do município, onde se encontra a instituição escolar, devem formar um corpo coerente, integrado e articulado (BRASIL, 2014). Na elaboração do Projeto Político-Pedagógico do Ensino Fundamental e do regimento escolar, o aluno deve ser colocado no centro do planejamento curricular, sendo considerado como sujeito que atribui sentidos à natureza e à sociedade nas práticas sociais

que vivencia, produzindo cultura e construindo sua identidade pessoal e social. Como sujeito de direitos, o aluno deve ser incentivado a tomar parte ativa na discussão e na implementação das normas que regem as formas de relacionamento na escola, fornecendo indicações relevantes a respeito do que deve ser trabalhado no currículo (BRASIL, 2013).

Até poucos anos, o Estado não tinha elaborado um currículo nacional, e o principal argumento era que a grande variedade e diversidade cultural do Brasil poderiam ser reprimidas por um currículo nacional (BRASIL, 2015). Assim, para orientar a organização do currículo escolar das escolas brasileiras, o Ministério da Educação (MEC) elaborou documentos e publicações como, por exemplo, as Diretrizes Curriculares Nacionais (2013) (COSTA et al., 2014; BRASIL, 2013) e os Parâmetros Curriculares Nacionais. Criados em concordância com a Lei 9.394/96, essas publicações orientam os Ensinos Fundamental e Médio no Brasil, pois foram elaboradas para auxiliarem as escolas na construção de seu programa curricular, elaboração de projetos educativos e servir de material de reflexão para a prática pedagógica dos professores (NOGUTI & JUSTULIN, 2015; DARIDO et al., 2001). Os Parâmetros Curriculares Nacionais defendem uma prática educativa adequada às necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais da realidade brasileira; consideram os interesses e as motivações dos alunos e garantem as aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos autônomos, críticos e participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem. As orientações didáticas dos Parâmetros Curriculares Nacionais propõem que (BRASIL, 1997):

 O aluno seja sujeito de seu processo de aprendizagem;

 O professor seja mediador na interação dos alunos com os objetivos de conhecimento;

 O processo de aprendizagem compreenda, também, a interação dos alunos entre si, essencial à socialização.

No entanto, brevemente, a educação brasileira terá um currículo nacional, pois foi elaborado uma Base Nacional Comum Curricular. Esse documento que fixa os conteúdos mínimos que os estudantes devem aprender a cada etapa da educação básica, da educação infantil e do ensino médio está em fase de finalização.

Há pouco tempo, também, o governo federal estabeleceu o Programa Mais Educação, implantando a escola integral para crianças e jovens por meio do Decreto nº 7083 de 2010 que tem como objetivo:

 Formular a política nacional de educação básica em tempo integral;  Promover diálogo entre os conteúdos escolares e os saberes locais;  Favorecer a convivência entre professores, alunos e suas comunidades;  Disseminar as experiências das escolas que desenvolvem atividades de

educação integral;

 Convergir políticas e programas de saúde, cultura, esporte, direitos humanos, educação ambiental, divulgação científica, enfrentamento da violência contra crianças e adolescentes, integração entre escola e comunidade para o desenvolvimento do Projeto Político-Pedagógico de educação integral. Para que o ensino integral não se torne uma justaposição de tempos e espaços disponibilizados em outros equipamentos de uso social - como quadras esportivas e espaços para práticas culturais - é imprescindível que atividades programadas no Projeto Político- Pedagógico da escola de tempo integral sejam de presença obrigatória, e o aluno seja avaliado. Com relação à infraestrutura adequada e pessoal qualificado, é responsabilidade dos órgãos executivos e normativos dos sistemas de ensino da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios adequar as escolas para acolher os alunos devidamente (BRASIL, 2013).

A Inclusão também é uma prática presente na rotina das escolas brasileiras. As Diretrizes Curriculares Nacionais estabelecem que as escolas devam contemplar a melhoria das condições de ingresso e de permanência dos alunos com deficiência e mobilidade reduzida, assegurando as condições de acesso ao currículo por meio da utilização de materiais didáticos, dos espaços, dos mobiliários e equipamentos, dos sistemas de comunicação e informação, dos transportes e outros serviços (BRASIL, 2013). Esse direito adquirido por todas as crianças deficientes, afeta a organização do espaço físico. Dessa forma, as Diretrizes Curriculares Nacionais estabelecem que a concepção da organização do espaço físico da instituição escolar deve ser compatível com as características de seus sujeitos, atendendo as normas de acessibilidade, além da natureza e das finalidades da educação, deliberadas e assumidas pela comunidade educacional (BRASIL, 2013).

Enquanto as leis e documentos estabelecem direcionamentos para a concepção dos edifícios escolares, a responsabilidade pelo projeto e pela construção dos prédios escolares públicos foi delegada aos órgãos federativos e estaduais, tema do próximo capítulo.