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1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.4. O Contexto da Educação no Brasil

1.4.3. Pluralismo de Concepções Pedagógicas das Escolas Brasileiras

Graças a Lei de Diretrizes e Bases da Educação que permite à escola brasileira elaborar sua Proposta Pedagógica, é possível encontrar entre as instituições educacionais públicas e privadas brasileiras uma grande diversidade de propostas pedagógicas. Por exemplo, de acordo com a Organização Montessori do Brasil (OMB) existem, atualmente, 40 escolas particulares que utilizam o método Montessori para educar e formar seus alunos (http://omb.org.br/ . Acesso em: 20/06/2015). A Federação das Escolas Waldorf do Brasil, por sua vez, tem 60 escolas particulares associadas que aplicam a pedagogia Waldorf no processo de ensino e aprendizagem de seus estudantes (http://www.fewb.org.br/ Acesso em: 19/06/02015). No que diz respeito às escolas públicas também é possível localizar instituições de ensino que inovaram em sua proposta pedagógica e se destacaram no cenário educacional brasileiro pelo resultado positivo no desempenho dos alunos. É o caso da escola Jean Piaget, de Porto Alegre; Escola Municipal André Urani, na cidade do Rio de Janeiro; e a Escola Municipal Amorin Lima, na cidade de São Paulo.

O Munícipio de Porto Alegre, a partir de 1989 iniciou, em sua Rede Escolar Municipal de 1º grau, a implantação de uma proposta pedagógica construtivista com o intuito de melhorar o desempenho de seus alunos na escola. Essa ação do governo municipal trouxe a necessidade de investir, também, na construção de escolas que respondessem às necessidades e demandas de uma proposta pedagógica construtivista (MACADAR, 1992). O projeto do arquiteto Raul Macadar foi um dos exemplares de edifícios escolares projetados para abrigar a proposta de ensino de Porto Alegre - a escola Jean Piaget-, mostrada nas Figuras 7 e 8.

A cidade do Rio de Janeiro, também, buscou implantar melhorias em sua rede escolar municipal, introduzindo um novo conceito de escola: o projeto GENTE. A instituição educacional beneficiada com esse projeto foi a Escola Municipal André Urani, na favela da Rocinha. A proposta pedagógica desse projeto visa proporcionar aos jovens um ensino centrado no aluno, personalizado, com uso de novas tecnologias. O professor - um orientador - deve garantir que o processo de aprendizagem seja adequado a cada aluno, ou seja, personalizado. A intensão é tornar o estudante protagonista do seu processo de ensino e aprendizagem a partir da apropriação de novas tecnologias, com o objetivo de formar cidadãos autônomos, solidários e competentes, capazes de viver em um mundo em constante transformação. Para abrigar essa nova proposta de ensino e aprendizagem o

espaço escolar teve de ser reformulado: foram criados ambientes de aprendizagem amplos e abertos para possibilitar o trabalho coletivo de alunos e professores, bem como a acomodação dos equipamentos de tecnologia utilizados no ensino. Os ambientes de aprendizagem foram planejados para serem atrativos ao aprendizado, com identidade visual e mobiliário próprio, como mostra a Figura 9. (http://gente.rioeduca.net/. Acesso em 29/06/2014).

Figura 7 – Sala de aula da escola Jean Piaget

Fonte: https://www.facebook.com/Macadar-Arquitetura-e-Consultoria-431150837075006/

Figura 8 – Pátio coberto da escola Jean Piaget

Figura 9 – Espaços de aprendizagem da escola André Urani

a) b)

c) d)

Legenda: a) ambiente de aprendizagem para trabalho em pequenos grupos; b) ambiente de aprendizagem para leitura

c) ambiente de aprendizagem para trabalho em grandes grupos; d) Pintura temática nas paredes.

Fonte: http://gente.rioeduca.net/galeria.htm

Outra iniciativa de inovação no processo de ensino e aprendizagem aconteceu na escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima, estabelecida na cidade de São Paulo. Ela é uma instituição escolar pública que diariamente recebe 800 alunos, do 1º ao 9º, nos períodos manhã e tarde. A pedagogia aplicada no processo de ensino e aprendizagem tem como eixo central:

 A valorização da autonomia do aluno;

 A gestão participativa com processos decisórios que incluem estudantes, educadores e funcionários;

 A existência de um conselho escolar que reúne professores e pais para resolver problemas da escola e colaborarem como voluntários.

Ao implantar a nova proposta pedagógica, a comunidade escolar percebeu que seria necessário adequar o espaço físico para abrigar o novo contexto educacional. Assim, as paredes de dois blocos de salas de aula foram derrubadas, dando origem a dois grandes salões; lugar onde os alunos se sentam em grupos com quatro componentes para realizarem as suas atividades pedagógicas (GRAVATÁ et al., 2013). A Figura 10 mostra o salão que abriga os alunos em suas atividades pedagógicas.

Figura 10 – Sala de aula da Escola Municipal Desembargador Amorim Lima

Fonte: http://redeglobo.globo.com/globoeducacao/noticia/2013/09/escolas-apostam-em-arquitetura-diferenciada-para-motivar- alunos.html

Além das iniciativas relatadas, o Ministério da Educação (MEC) mapeou e reconheceu 178 organizações educacionais inovadoras e criativas no Brasil. O objetivo do levantamento foi identificar e conhecer iniciativas para saber em que medida elas podem contribuir para a melhoria da qualidade da educação brasileira. As instituições de ensino que compõem o levantamento são organizações não governamentais, escolas públicas e particulares. A lista das escolas fundamentais e públicas encontra-se no Anexo 1. (http://simec.mec.gov.br/educriativa/mapa_questionario.php. Acesso em: 22/04/2016)

Dessa forma, observa-se que no Brasil diferentes métodos de ensino estão sendo aplicados nas escolas com a intenção de impulsionar a melhoria do ensino, direcionando esforços para oferecer aos aprendizes uma educação de qualidade. Dentro desse contexto, o espaço físico deve ser adaptado para abrigar as novas práticas pedagógicas definidas no Projeto Político-Pedagógico de cada instituição escolar.

Por outro lado, as soluções projetuais para os edifícios escolares brasileiros continuam muito vinculadas à padronização, colocando de lado questões relacionadas ao contexto físico-ambiental e sociocultural, bem como os desejos e os sonhos da comunidade escolar. Consequentemente, o espaço da escola acaba ficando desconectado tanto das questões pedagógicas como das relações entre pessoa e ambiente. É necessário que se reconheça a multidisciplinaridade do edifício escolar e se discuta sobre o papel do ambiente de aprendizagem no processo de construção do conhecimento de crianças e jovens, a fim de aprimorar as práticas da concepção do edifício escolar (AZEVEDO, 2008; KOWALTOWSKI et al., 2012).