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2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

3.2.1 Diretrizes para Educação em Contabilidade

A contabilidade, como ciência da informação, possui uma pluralidade de competências técnicas e profissionais possíveis de aprofundamento na formação do futuro profissional (LAWSON et al., 2014; IAESB, 2019). Dessa forma, é necessária também uma adaptação conforme as demandas locais e regionais da atuação do contador. E, por isso, as universidades possuem autonomia para elaborar seus currículos de acordo com suas convicções ideológicas (UNESCO, 1990; CARNEIRO et al., 2017; SILVA; QUILLICI NETO, 2018). O órgão máximo educacional de cada país determina quais assuntos são indispensáveis e o que cada curso de contabilidade deve (no mínimo) ensinar, incluindo questões teóricas e práticas (UNESCO, 1998; BRASIL, 2019; IAESB, 2019). Além disso, há instituições profissionais e conselhos que deliberam também como deve se dar a atuação dessas universidades em relação ao ensino que realizam (como exemplo: Fundação Brasileira de Contabilidade - FBC,

International Federation of Accountants – IFAC). Com isso, torna-se relevante uma análise a

respeito das principais diretrizes universais para o ensino contábil.

No Brasil, por exemplo, a norma que regulamenta os currículos contábeis é a Resolução CNE/CES nº 10/2004, que traz algumas diretrizes a respeito de competências técnicas necessárias ao egresso em Ciências Contábeis. Especificamente em relação à Sistemas de Informações Contábeis, a norma entende que, aos futuros profissionais, é necessário “desenvolver, analisar e implantar sistemas de informação contábil e de controle gerencial, revelando capacidade crítico-analítica para avaliar as implicações organizacionais com a tecnologia da informação.” (Art. 4º, VII). Além disso, a norma entende que o cenário

econômico e financeiro (nacional e internacional) deve ser refletido na organização curricular, bem como a necessidade de interligar tais conteúdos à “Prática em laboratório de informática utilizando softwares atualizados para Contabilidade.” (Art. 5º, III). Dessa forma, nota-se uma grande abertura para personalização de currículos conforme a particularidade do que cada universidade entende ser a necessidade local e desejo de seus egressos (CARNEIRO et al., 2017). Por serem diretrizes amplas, que fixam apenas os mínimos da aprendizagem, há uma variedade de currículos e conteúdos contábeis possíveis no Brasil e no mundo. Portanto, optou- se por aprofundar os conhecimentos na diretriz global da educação contábil, que é idealizada a partir da IFAC.

A IFAC (International Federation of Accountants) é a instituição global do profissional contábil e, dentre os seus objetivos, está o de preparar uma profissão contábil pronta para o futuro (IAESB, 2019; IFAC, 2020). Dessa forma, a IFAC considera-se a “voz da profissão contábil global” e, com isso, preocupa-se também em promover um melhor ensino contábil através do IAESB (International Accounting Education Standards Board) (IFAC, 2020). O IAESB é um órgão independente que estabelece padrões internacionais de educação de alta qualidade (IAESB, 2019). Seu objetivo é contribuir desenvolvendo e estabelecendo diretrizes que aumentem a competência de profissionais contábeis, sendo útil aos membros do IFAC, bem como a todas as partes interessadas na profissão contábil (como universidades, empregadores e profissionais no mundo todo), de forma a fortalecer a profissão contábil (IAESB, 2019).

Os padrões internacionais que o IAESB proporciona são traduzidos em Normas Internacionais de Educação (IES). Essas normas prescrevem resultados de aprendizagem que espera-se do recém graduado em contabilidade e são divididas em: (IES1) Requisitos de Inscrição para programas Profissionais de Educação Contábil; (IES2) Desenvolvimento Profissional Inicial - Competência Técnica; (IES3) Desenvolvimento Profissional Inicial - Habilidades Profissionais; (IES4) Desenvolvimento Profissional Inicial - Valores Profissionais, Ética, e Atitudes; (IES5) Desenvolvimento Profissional Inicial - Experiência Prática; (IES6) Desenvolvimento Profissional Inicial - Avaliação de Profissionais Competência; (IES7) Desenvolvimento Profissional Contínuo; (IES8) Competência Profissional para Parceiros de Engajamento Responsáveis para Auditorias das Demonstrações Financeiras. Juntas, essas normas especificam as áreas de competência e os resultados de aprendizagem que descrevem a competência profissional exigida dos aspirantes a contador até o final do seu desenvolvimento profissional inicial, entendendo-se esse como a formação no ensino superior (IAESB, 2019).

A norma que abrange a temática de sistemas de informações contábeis é a IES02 (Desenvolvimento Profissional Inicial - Competência Técnica). A mesma determina os

resultados de aprendizagem de competência técnica, assim compreendidos como a capacidade de aplicar conhecimento profissional para desempenhar um papel em um padrão definido. A norma prevê 11 áreas de competência, a saber: (a) contabilidade financeira e relatórios; (b) contabilidade gerencial; (c) finanças e gestão financeira; (d) tributação; (e) auditoria e garantia; (f) governança, gerenciamento de riscos e controle interno; (g) leis e regulamentos comerciais; (h) tecnologias da informação e comunicação; (i) ambiente organizacional e de negócios; (j) economia; (k) estratégia e gestão de negócios. Conforme o IAESB, cada uma das referidas áreas possui um nível específico de proficiência, sendo: básico (j), intermediário (a, b, c, d, e, f, g, h, i, k) e avançado (-). Portanto, a temática de sistemas de informações é evidenciada na área (h) tecnologias da informação e comunicação, e é de proficiência intermediária (IAESB, 2019). O Quadro 3.1 especifica os resultados de aprendizagem esperados do profissional contábil em relação à área de competência técnica objeto do presente estudo (sistemas de informações contábeis).

Quadro 3.1 – Resultados de aprendizagem em SIC de acordo com o IAESB

TEC N O LO G IA S D A I N F O R M A Ç Ã O E COM UNI CAÇÃO

CÓDIGO RESULTADO DE APRENDIZAGEM

IES2B1 Explicar o impacto dos desenvolvimentos das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) no ambiente e no modelo de negócios de uma organização. IES2B2 Explicar como as TIC suportam a análise de dados e a tomada de decisão.

IES2B3 Explicar como as TIC dão suporte à identificação, geração de relatórios e gerenciamento de riscos em uma organização. IES2B4 Usar as TIC para analisar dados e informações.

IES2B5 Usar as TIC para aumentar a eficiência e a eficácia da comunicação.

IES2B6 Aplicar as TIC para aprimorar a eficiência e a eficácia dos sistemas de uma organização. IES2B7 Analisar a adequação dos processos e controles de TIC.

IES2B8 Identificar melhorias nos processos e controles de TIC.

Fonte: adaptado de IAESB (2019)

Tais resultados de aprendizagem estão intimamente ligados à tecnologia, mas também: ao ambiente e modelo de negócio organizacional, à análise de dados para tomada de decisões, ao suporte à identificação, geração de relatórios e gerenciamento de riscos, à análise de dados e informações, ao aumento da eficiência e eficácia da comunicação, ao aprimoramento da eficiência e eficácia dos sistemas de uma organização e à adequação e melhora nos processos e controles relacionados à TI. Também, em relação ao nível intermediário de proficiência, o IAESB destaca que a competência profissional vai além do conhecimento de princípios, normas, conceitos, fatos e procedimentos; é a integração e aplicação de: (a) competência técnica, (b) habilidades profissionais, (c) valores, ética e atitudes profissionais. Além disso, pressupõe um trabalho caracterizado por níveis moderados de ambiguidade, complexidade e

incerteza. Dessa forma, o estabelecimento das competências técnicas que os aspirantes a contador profissional precisam desenvolver e demonstrar melhoram a qualidade do trabalho dos contadores profissionais e promovem a credibilidade da profissão contábil (IAESB, 2019).