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4.6 Análise de dados

5.3.2 Discussão

Os dados sinalizam que as relações entre os pares é solidificada pela formação de um grupo coeso, comprometido e responsável com o trabalho, uma vez que o coletivo é o ponto forte da escola, pois as relações sociais de trabalho baseiam-se na confiança, na união e na ajuda mútua, demonstrando serem satisfatórias, beneficiando o desejo dos profissionais para o bom desempenho de seu trabalho. Percebe-se que há cooperação entre eles, marcada pela ajuda mútua, e que produzem sem a necessidade de cobranças pela chefia imediata. Destacam a existência de situações de conflito que são amenizadas entre o próprio grupo.

A existência de um coletivo de trabalho só é possível com a cooperação que surge pela liberdade e o desejo coletivo com vistas a buscar um trabalho gratificante. Para Dejours, (2008, p. 19), “cooperar supõe comprometer-se no funcionamento coletivo, na construção, na estabilização, na adaptação, na transmissão e no respeito as regras. São as regras de trabalho.” Tais normas são construídas, adaptadas e transformadas, sendo essa a própria essência da cooperação. Quanto aos processos de coletividade, Dejours (2004c, p. 67) os define “como a vontade das pessoas de trabalharem juntas e de superarem coletivamente as contradições que surgem da própria natureza ou da essência da organização do trabalho”.

No que tange às relações socioprofissionais com os pais, eles se mostram difíceis, pois não se comprometem como deveriam com a vida escolar dos filhos. A falta de maior colaboração da maioria das famílias, as quais acham que a incumbência da educação está apenas a cargo da escola, contribui para que o trabalho do professor se torne desgastante e fonte geradora de sofrimento (Mendes et al., 2008).

A relação com os alunos é estabelecida diariamente em sala de aula de forma tranquila. Os professores demonstram que só extrapolam a situação harmônica dentro de sala de aula quando há indisciplina, atitudes de desrespeito e falta de vontade dos alunos em realizar as tarefas. As dificuldades maiores estão voltadas para a falta de limites, respeito e valores que não estão presentes nas atitudes do aluno.

As relações socioprofissionais de trabalho com a chefia imediata, segundo os itens pontuados, têm sido construídas e consolidadas no respeito mútuo, em que a gestão escolar e o grupo de trabalho têm crescido juntos, ou seja, o grupo é bom, mas a gestão também é adequada. A liberdade de expressão no trabalho é fator determinante para o fortalecimento das relações entre o grupo e a equipe gestora da escola, uma vez que uma gestão democrática se fortalece quando há crescimento mútuo do grupo de trabalho e da gestão da escola para fins e interesses comuns, a aprendizagem e o sucesso escolar do educando. Quando a organização do trabalho permite ao indivíduo liberdade para a transformação do seu fazer, está lhe oferecendo uma atuação de forma positiva na qual tem a possibilidade de transformar concretamente as situações de trabalho, com vistas ao alcance de sua saúde e prazer/satisfação, tanto físico como mental (DEJOURS, 2004).

Conclui-se, por meio dos dados mostrados, que as relações socioprofissionais são satisfatórias entre os pares de trabalho, a chefia imediata e aos estudantes, fortalecidas pelas dinâmicas de cooperação e confiança, descritas por Dejours (2004c).

Em relação aos pais e família, há conflitos marcados pela ausência deles na vida escolar do filho, descrédito e desvalorização da profissão por eles quanto ao adoecimento profissional, quando solicitam ajuda em relação aos filhos e quando denunciam seu trabalho junto a instâncias superiores, sem antes conhecê-lo melhor, pois os professores são os que mais conhecem os estudantes. Os dados obtidos nas relações socioprofissionais no ambiente de trabalho junto aos alunos e pais encontram embasamento impírico na pesquisa realizada por Aguiar e Almeida (2008) com professores da rede pública de ensino, em que os resultados apontaram os seguintes fatores como causadores de sofrimento nessa profissão: as dificuldades de aprendizagem dos alunos e o mal-estar docente pelo envolvimento deles em

relação aos seus alunos; a indisciplina na escola; a educação familiar dos professores; a relação transferencial com os alunos e a atuação profissional, que apresentam influências do imaginário infantil, podendo gerar conflitos no fazer educativo. E ainda em Moraes (2005), que dentre as principais fontes de sofrimento cita as dificuldades encontradas para alcançar o objetivo de educar, passando pelo vínculo afetivo estabelecido com os alunos e os obstáculos estruturais desse vínculo, agressividade por parte dos alunos; dificuldades de atender à demanda da própria família. E ainda tem respaldo na visão de Cifali e Imbert (1998), quando observam que quase tudo nessa profissão é fonte de angústias: os alunos, os pais, o ambiente de trabalho e outros fatores.

5.4 Prazer

“Eu amo o meu trabalho, sinto muito prazer em fazer qualquer coisa relacionada ao

meu trabalho”

Este núcleo traz as vivências de prazer, que surgem do bem que o trabalho produz no corpo, na mente e nas relações sociais. Manifestam-se por meio da gratificação, da realização, do reconhecimento, da liberdade e da valorização no trabalho.

5.4.1 Descrição

Os professores demonstram que se sentem realizados com o trabalho que executam. Esclarecem vão além de suas funções, com a finalidade de colaborar com o bem estar dos estudantes. Afirmam que têm amor pela profissão e que ampliam o fazer pedagógico ao se transformarem em artistas, artesões, enfim são multiprofissionais.

“Eu acho que nós extrapolamos a nossa função porque a gente tem amor àquilo que faz, eu acho que o amor à profissão, ao exercício pedagógico amplo, não é nem restrito, é amplo, a palavra pedagógico, a gente vira artista, a gente vira costureira, a gente se vira de tudo. Todos nós (professores, diretores(...), vamos para o teatrinho ser ator.”

“Vou dar um exemplo, eu tampo buraco em cerca, eu arrumo fechadura de porta, eu limpo telhado. Eu sei fazer isso, eu me sinto bem em ver que a escola está melhor, e vi que um menino especial estava passando quase se rasgando na cerca, já não passa mais porque eu fechei, eu tenho o maior prazer de saber que o menino está protegido”.

Os pesquisados destacam o prazer que sentem em proteger as crianças. Dizem que, por apreciarem o que realizam, fazem qualquer coisa para as crianças. Os professores que atuam nas turmas de alfabetização relatam que ver a criança progredindo e lendo é o maior prazer. Manifestam que adoram ser professoras e adoram alfabetizar. Informam que é muito prazeroso quando estão em alguma atividade e veem o desempenho do aluno, como se fosse uma pedra bruta que ajudaram a lapidar. Afirmam que quando entram em sala, esquecem de todos os problemas e dificuldades, porque gostam do seu ofício.

“Eu amo o meu trabalho, sinto muito prazer em fazer qualquer coisa relacionada ao meu trabalho e realmente eu me doou muito”.

“Eu gosto de turma de alfabetização, ver a criança avançando é o meu maior prazer, quando eu vejo os alunos lendo (...)”

“Eu adoro ser professora, eu gosto muito, eu adoro alfabetizar, (...) Quem gosta de alfabetizar, acho que o maior prazer é ver uma criança lendo (...)”

“Quando entramos em sala de aula, esquecemos de tudo isso porque amamos o que fazemos, você faz um trabalho legal dentro de sala de aula, você corre atrás de um livro, você corre atrás de uma história, você se fantasia, muda de voz”.

Asseguram que não saberiam fazer outra coisa que não fosse ser professor e trabalhar com o ensino. Sentem prazer quando seus alunos de séries anteriores retornam à escola para revê-los, ficam felizes, isso causa alegria pois eles veem uma mensagem naquela alegria, naquela saudade, quer dizer algo, ficou marcado na vida daquele aluno, algo de bom fizeram por ele. Quando encontram pais que dão valor e respeito ao trabalho do professor, isso é muito significativo para eles.

“Então eu amo escola, eu não saberia fazer outra coisa que não fosse trabalhar em escola”.

“A gente fica feliz de encontrar os alunos que tiveram sucesso, porque sabemos que a gente contribuiu, isso causa prazer e satisfação, se formos olhar as condições da época que a gente vivenciou naquele período. Conciliar a família, a casa com o trabalho, tudo isso é dificuldade com salário.”

“(...) acho legal quando vejo os alunos que já saíram aqui da escola e vêm visitar os professores. (...) eles chegam naquela alegria, com aquela saudade, quer dizer, ficou marcado na vida daquele aluno algo de bom você fez por ele.

“(...) mas quando encontramos pais que dão valor e respeita o nosso trabalho, isso é muito importante na vida da gente. É o que fica.”

Destacam que o grupo é coeso, que a responsabilidade é compartilhada, que existe ajuda mútua e que têm a contrapartida, pois são valorizados pela direção, que muitas vezes diz que o grupo é muito bom e isso representa fonte de prazer, pois sentem que estão sendo reconhecidos.

“E aqui é dividido e o grupo é responsável e tem a contrapartida, e também é valorizado pela direção, muitas vezes nos colocam que o grupo é muito bom, também é valorizado.”

“Aqui o trabalho é compartilhado, por exemplo, se eu tenho mais facilidade de trabalhar com produção de texto e minha amiga tem dificuldade, eu vou fazer uma demonstração. (...) então existe um trabalho compartilhado, uma ajudando a outra, isso funciona muito bem aqui na escola. Aqui há troca de experiências, então o trabalho flui.

Ressaltam ainda que o prazer está relacionado com a postura pela qual a escola está sendo conduzida, pois acreditam que a gestão da escola é adequada e tem contribuído para um ambiente de corresponsabilidade e crescimento mútuo, de diálogo, participação e transparência. O fortalecimento do grupo de trabalho resulta da liberdade de expressão, da ajuda mútua e do reconhecimento advindos da gestão da escola, fontes geradoras de prazer.

“Eu acho que a direção tem que fazer a parte dela e o grupo a parte dele, porque nem sempre foi assim. Estou aqui desde o início dessa gestão, primeira vez que ela entrou na escola e nós já tivemos problemas seriíssimos, então para o trabalho fluir ela teve que ceder um pouco e nós também tivemos que ceder um pouco. As duas partes têm aprendido, o grupo é bom, mas a gestão também é boa”.

(...) então eu vejo que temos que acrescentar, a direção dá uma sugestão a gente acrescenta. E não tentar derrubar propostas, e eu, via muito isso, dentro desta escola.

“É essa questão que eu quero levantar, da escolha democrática em si, quanto quem assumiu essa gestão quanto quem faz parte do grupo, é um conjunto. (...) é um conjunto de ter gestão democrática, quem assume a gestão e quem faz parte do grupo”.

“Eu vim de outra escola que a realidade era essa, a escolha da direção era democrática com gestão compartilhada, mas a gente via essa questão dos professores. Eram

professores bons, com algum tipo de bagagem, mas o trabalho não fluía, pelo contrário. E eu fico pensando, o que fez o grupo se tornar assim”?

Outro fator mencionado como positivo na gestão da escola é a forma com que ela

lida com problemas que necessitam de intervenção, impedindo-os de crescerem.

“Um lado muito bom que eu vejo em relação à direção é essa intervenção que eles fazem, se o pai traz algum problema para a gente, às vezes um conflito, a direção intermedeia imediatamente. Ela chama o professor e o pai para conversar imediatamente, então ela não deixa o problema crescer. É um ponto positivo”.

“(...) quando queremos pedir, para quem a gente pede? Para a diretora, então se ela fosse uma pessoa autoritária, que a gente tivesse medo, a gente não tinha coragem de pedir para ela”.

5.4.2 Discussão

Quanto ao prazer, está relacionado ao sentimento de realização profissional que ocorre quando veem e acompanham o avanço dos seus alunos, quando eles aprendem a ler e a escrever. Dejours (1994) pontua que as vivências de prazer surgem quando as exigências intelectuais, motoras ou psicossensoriais da tarefa convergem para satisfação das necessidades do trabalhador, de tal modo, que a simples execução da atividade proporcione bem-estar. E também em Freitas (2006), ao notar que o prazer se manifesta na realização profissional e na liberdade de expressão

O prazer no trabalho dos professores investigados surge pelo reconhecimento dos estudantes e da chefia imediata, que atua com uma gestão participativa e conduz os professores a participarem ativamente do contexto da escola. Para Mendes (2007), o reconhecimento é o processo de valorização do esforço e do sofrimento investido para realização do trabalho, que permite à pessoa a construção de sua identidade. O ambiente estudado traz a possibilidade de expressão dos sujeitos, considerando, portanto, um elemento da organização do trabalho que gera a participação na gestão escolar propicia a construção de um coletivo de trabalho que faz a cooperação.

Para os professores entrevistados, o prazer advém das atitudes de valorização, respeito e reconhecimento de seus pares, da gestão da escola, dos estudantes e de alguns familiares, pois é isso que fica em sua vida profissional. Tais sentimentos a eles dispensados são

motivadores, possibilitam a elevação da autoestima desses profissionais, ampliando desejos e vontade de continuar trabalhando em prol de uma causa ímpar, atuar para o sucesso escolar do aluno.

Em Mendes (1996); Ferreira; Mendes (2001); Tamayo (2001); Mendes; Morrone, (2002), o prazer no trabalho está relacionado à identidade social e pessoal do ser humano em sintonia com a própria vida, em que o trabalho é algo que transcende o ato concreto de fazê- lo, mas que está intimamente ligado à subjetividade humana, por meio de resultados efetivos à própria realização.

Neste sentido, o contexto estudado propicia prazer no trabalho, no qual os professores são sujeitos da ação e capazes de construir estratégias que evitem a dominação diante da organização do trabalho.

5.5 Sofrimento

“É uma angústia, é uma tristeza, você se esforçar, você fazer o máximo para fazer um bom trabalho e não conseguir”

O sofrimento se apresenta por meio de vivências de experiências dolorosas, como angústia, medo e insegurança, procedentes de conflitos e de contradições oriundas do confronto entre desejos e necessidades do trabalhador e as características de determinado contexto de produção (Dejours, 1991;1999). Dessa forma, o sofrimento se instala quando a realidade não oferece possibilidades de gratificação dos desejos do trabalhador.

5.5.1 Descrição

Os professores relatam que o trabalho em sala de aula é cansativo e interfere no emocional. Afirmam que ficam estressados porque os alunos chegam sem limites, são indisciplinados, às vezes desrespeitam o professor, o que causa sentimentos de angústia e frustração.

(...) eu gosto do que eu faço, mas é muito cansativo, extremamente cansativo.

“Eu acho que o trabalho mexe com o seu emocional e o emocional é tudo. Tem hora que fica muito difícil, então você leva esta angústia dentro de você para casa, e você acaba ficando abalada e isso afeta a sua família também, porque você chega em casa angustiada, (...)”

“O que mais me cansa é o aluno indisciplinado, é o aluno desinteressado, porque quando o aluno tem uma causa e tem o diagnóstico, você sabe que ele tem interesse, mas ele tem dificuldade, tem uma causa física que explica isso.”

Os professores falam que se sentem extenuados física e psicologicamente pela falta de apoio da família, ao exercerem funções que deveriam ser da própria família. Acreditam que nessa parte muitas vezes o professor entra em depressão, enfrenta alguns problemas, justamente por estar sobrecarregado, não pela própria função, mas pelas outras responsabilidades que têm de assumir dentro da sala de aula. Percebem que há tantos professores se afastando de sala de aula por problemas de depressão e não têm suporte de um plano de saúde, então o sofrimento continua por essa sobrecarga de trabalho.

“A gente tem muito pouco apoio do trabalho em sala de aula não pela gestão da escola, mas sim da parte familiar. Hoje, porque a gente enquanto professora tem que ser professora, mãe, aluno, psicóloga, médica. Você tem que ser tudo. Isso sobrecarrega o nosso físico, o nosso psicológico, e tudo mais, porque a gente acaba sobrecarregando tudo.”

“Então eu digo que nessa parte muitas vezes eu acredito que o professor entra em depressão, tem alguns problemas, justamente por estar sobrecarregado, não por ser professor, mas pelas outras funções que ele tem que assumir dentro da sala de aula.”

“ (...) são tantos professores se afastando de sala de aula por problemas de depressão e a gente não tem esse suporte, a gente tem que estar buscando for, às vezes o plano de saúde mesmo ele cobre, mas você tem correr atrás onde já tem, a carência de médico é muita.”

Relatam que a família mostra-se alheia ao trabalho do professor por meio de atitudes que os fazem perceber que não são valorizados em sua profissão, e isso traz também sofrimento. Dizem ter passado por momentos de frustração em seu ambiente de trabalho pela incompreensão de pais diante de uma solicitação de ajuda ao próprio filho. Notam que a família não tem respeito ao profissional do educador.

“Eles acham que nós somos obrigados a educar, mas eles não respeitam a nossa profissão.”

“(...) você chama o pai de determinado aluno e fala para esse pai sobre o comportamento do filho, para conversar com ele, e o responsável vira e diz que você é paga para isso, nós que temos que resolver esse problema. Desse jeito a gente vai acabar adoecendo, uma coisa que nossa colega fala demais sobre a desvalorização do professor, o professor hoje não é valorizado como professor.”

Narram que às vezes adoecem dentro da sala de aula e os pais são incompreensivos, não percebem o mau comportamento das crianças como causa disso. De acordo com os entrevistados, muitos adoecimentos do professor são transtornos psicossomáticas por causa do dia a dia de trabalho. Sentem-se angustiados por se esforçarem tanto para fazer um bom trabalho e muitas vezes não conseguirem.

“Às vezes adoecemos dentro de sala de aula e os pais acham que adoecemos porque queremos, eles não entendem que é consequência do mau comportamento das crianças, como consequência de um problema dentro de sala de aula que você não consegue resolver, não encontra solução.”

“Muitas doenças adquiridas pelo professor são doenças psicossomáticas, porque você vai somatizando no dia a dia e chega determinado ponto que seu psicológico, seu físico não aguentam e você somatizou tudo, e acaba adoecendo, e depois a cura é muito complicada.

“É uma angústia, é uma tristeza, você se esforçar, você fazer o máximo para fazer um bom trabalho e não conseguir. E aquela angústia, aquela tristeza vai provocando o físico e você acaba adoecendo. Muita gente tem úlcera gástrica, depressões por conta disso, problemas de pele, a nossa colega aqui sai até feridas na pele (mãos, cotovelos, pés (...).”

Relatam que na profissão há muitas doenças nas cordas vocais que afetam a fala. Quando o trabalho atinge o emocional, muitos professores recorrem a licenças e afastamentos para cuidar da saúde, sendo que muitos retornam ao trabalho readaptados e/ou aposentados, com perdas salariais. Dizem sentir um desgaste emocional muito grande pela demanda que a profissão exige, e que essa pressão gera sofrimento, por isso precisam de cuidados médicos. Demonstram que se sentem frustrados pela dedicação à profissão, e o retorno não é satisfatório.

“A questão de saúde, eu acho que ultimamente eu tenho sofrido bastante porque eu não estou me cuidando, pela minha voz, já sabe, né? Então eu estou com nódulo na garganta, estou esperando aposentar para me cuidar, porque eu não posso dar atestado também.”

“Eu acho que tem várias doenças causadas pelo trabalho, como por exemplo: a fala e você perder a voz, isso é trabalho.”

“A outra doença é que a gente se dedica e você sente meio que frustrado e às vezes esta frustração pode levar à depressão. Eu nunca tive depressão, espero que eu não tenha, mas às vezes eu me sinto muito frustrada porque eu me doei muito e o retorno do aluno ou mesmo da família é muito pequeno (...)”

Afirmam que ficam tristes pela desvalorização social da profissão. Dizem que são alvos de críticas dos pais, dos alunos, da mídia. Destacam que todos se acham no direito de falar sobre o trabalho do professor, sem conhecê-lo efetivamente. Fazem greves por melhorias salariais, mas compreendem que precisam de respeito dos governantes, se isso ocorresse e fossem valorizados não precisariam promover greves.

“A desvalorização que a gente sofre por conta da comunidade eu não sei até que ponto eles enxergam o professor como uma pessoa qualquer que não é importante, que não precisa ter respeito, que não precisa valorizar. Ficamos muito tristes com relação a isso (...)” “Eu concordo com o que as colegas falaram, e outra coisa em relação à

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