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Discussão dos Resultados

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

4.1. O Processo de Ensino Aprendizagem

4.1.7. Perfil de Liderança e Aprendizagem em Grupo: O Poder das

4.1.7.6. Discussão dos Resultados

Neste ponto dedicado à discussão dos resultados, e atendendo ao objetivo central do estudo - explorar a influencia dos perfis de liderança nas dinâmicas e aprendizagens no seio dos grupos/equipas - procurou-se triangular os dados oriundos das diferentes fontes de informação, designadamente dos observadores relativos aos comportamentos grupais, gerais e específicos, à intervenção dos líderes na dinâmica de grupo, em resultado das gravações e transcrições e da progressão da aprendizagem dos alunos, em resultados dos dados das avaliações diagnósticas e sumativas.

No que se refere ao capitão eleito pela sua popularidade junto dos colegas (estatuto de pares), verificou-se um comportamento subtil, pelo que a sua equipa passou muitas vezes despercebida. Na verdade, não procurando destacar-se positiva ou negativamente, esta equipa cumpriu todas as tarefas recorrendo à união entre os seus constituintes e à atribuição de oportunidades de aprendizagem equitativas a todos os elementos. Provido de uma atitude autónoma, este capitão conduziu a sua equipa à aprendizagem através do destaque das componentes críticas pretendidas e da atribuição de liberdade aos seus colegas de equipa para experimentarem as diferentes situações. Não obstante este facto, importa referir que tive de interferir com regularidade junto desta equipa, no sentido de melhor orientar a sua aprendizagem exigindo algumas melhorias, nomeadamente a nível técnico, de forma a complementar a atitude relativamente passiva do seu capitão. De facto, este capitão caracterizou-se pela sua personalidade democrática, não se impondo aos seus pares. Esta atitude, apesar de não contribuir para o desenvolvimento máximo

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das capacidades da equipa, permitiu que a evolução fosse generalizada a todos os elementos, o que se refletiu num aumento na média das avaliações de 0,6 valores.

No que concerne à equipa B, cuja capitã foi eleita pela sua aptidão para liderar grupos, ao contrário da equipa anterior destacou-se bastante em todas as aulas, pelas personalidades extrovertidas dos seus constituintes e, mais acentuadamente, da própria capitã. Esta delegada de turma procurou em todas as aulas ter um papel ativo na aprendizagem dos colegas, e controlar as suas atuações. Efetivamente, é uma aluna que impõe as suas vontades aos que a rodeiam, sendo estas fundamentadas e não irracionais ou aleatórias. É uma líder nata e isso foi evidente na forma como preparou e organizou a sua equipa em todas as situações de aprendizagem e geriu os seus recursos nas provas competitivas, revelando-se ligeiramente autocrática. Sobrepôs muitas vezes a vontade de vencer aos desejos dos seus colegas, mas este facto pareceu ter um efeito positivo, levando-os a desafiarem-se a si próprios e conduzindo a equipa a um aumento de 0,6 valores na sua avaliação final.

Na extensão da unidade didática, o capitão apontado como melhor aluno da turma e melhor aluno a Educação Física (estatuto académico), mostrou-se bastante responsável no cumprimento das suas funções. Neste enquadramento, Webb (1982) afirma que os alunos com um estatuto académico mais elevado participam e intervêm com mais frequência, são mais influentes, dominam as interações e beneficiam de mais oportunidades para liderar, na medida em que o seu conhecimento é aceite e reconhecido pelos pares. De facto, estas premissas foram verificáveis na prestação deste aluno e na influência que exerceu sobre os seus colegas, que sempre respeitaram as suas opiniões e aceitaram que este os conduziria a uma aprendizagem eficaz. Se nas duas primeiras sessões a prestação da equipa foi decrescente, ao encontrarem um equilíbrio nos seus métodos de trabalho e, essencialmente, confiando nas capacidades de todos os seus elementos e evidenciando as virtudes de cada um, esta equipa conseguiu uma progredir nos seus resultados até ao final da unidade didática. A prestação deste líder e dos seus colegas de equipa conduziu à evolução mais significativa nas médias das duas avaliações, com um acréscimo de 0,9 valores.

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Relativamente à equipa D, esta foi a que evidenciou piores resultados a todos os níveis quando comparada com as restantes equipas. Depreende-se portanto que a atitude passiva e ligeiramente egoísta do seu líder de estatuto motor, teve um impacto menos positivo na aprendizagem dos seus colegas de equipa. Aparentemente, a consciência das suas capacidades a nível motor pareceram influenciar o trato com os colegas, desvalorizando as suas tarefas de condução e ensino do grupo. Na verdade, a interpretação dos dois observadores resultou na atribuição dos valores mais baixos em todos os comportamentos (respeito, participação, esforço, autodescoberta e encorajamento), quando comparado com os restantes grupos da turma. Neste seguimento, a presença pouco demarcada do capitão de equipa na delineação do seu papel na equipa pareceu destabilizar o grupo, que em vez de se dedicar a cem por cento à aprendizagem tinha preocupações de gestão de uma equipa “sem líder”. Este facto veio de encontro aos resultados finais desta equipa, que apresentou a progressão menos significativa entre as duas avaliações, com uma diferença nas médias de 0,5 valores.

No que respeita à equipa orientada pela segunda aluna reconhecida como a mais popular (líder de pares 2), a harmonia entre os seus elementos aliada às mesmas intenções ao nível competitivo, resultaram na equipa com melhores e mais constantes resultados ao longo das seis sessões. Nesta equipa, a democracia era vigente, com a capitã a não marcar uma posição acentuada. Comparativamente à equipa anterior onde a posição do líder também não era claramente marcada, nesta equipa a humildade característica da capitã permitia que todos contribuíssem com as suas opiniões e cooperassem na aprendizagem de cada um. Ambicionando a aprendizagem, esta capitã sempre procurou obter informação e melhorar as suas capacidades a nível prático.

Na generalidade a experiência foi bastante positiva e verificaram-se resultados positivos ao nível da aprendizagem dos alunos, não só no que concerne à matéria de ensino, como no desenvolvimento de competências sociais inerentes à aprendizagem em grupo. Não foi evidente que tipologia de líder conduz a uma melhor aprendizagem, parecendo haver uma maior associação à personalidade desses líderes do que ao seu tipo de liderança. Não obstante esta conclusão, neste estudo de caso sobressaiu o líder

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académico pelas características inerentes a esse estatuto, associadas às capacidades motoras e de interação social do aluno em questão.