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ESTUDO 2 INFLUÊNCIA DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO NA PRESSÃO

4.4. DISCUSSÃO

O objetivo principal desse estudo foi investigar a influência do sistema musculoesquelético na pressão plantar em mulheres grávidas e mulheres não grávidas. Os dados indicam que o período gestacional apresentou diferença estatística significativa em vários momentos da gravidez quando comparados com mulheres não grávidas.

Diferenças estatísticas significativas encontradas nas variáveis massa corporal (Kg.) índice de massa corporal (Kg/m2) e ganho de massa (Kg.) conforme (quadros 13 e 14 e figura 18) apontaram prevalência para o terceiro trimestre da gravidez. Falola (2009) afirma que o feto cresce mais rapidamente tanto em tamanho quanto em massa no terceiro trimestre da gestação.

Durante o período gestacional ocorrem adaptações fisiológicas derivadas de alterações hormonais e mecânicas tais, como, o aumento de fluído, das mamas, do útero, mudanças nos ligamentos causadas pelo peso adicional sustentado, mudanças no tecido conjuntivo que correspondem ao aumento da massa corporal, índice de massa corporal e ganho de massa durante a gravidez (RIBAS 2007; SAENGER, PRZSIESNY, 2008).

Quanto ao (quadro 15) que trata da pressão plantar estática, mostra diferença estatística significativa nas variáveis de pressão plantar média em ambos os pés, distribuição de carga e divisão de massa no antepé direito e retropé esquerdo respectivamente.

Observa-se ainda (nos quadros 15 e 16) que não foi significativa a alteração da distância do centro de gravidade corporal em ambos os pés. Entretanto, na (figura 19) se pode observar distância acentuada do centro de gravidade corporal dos dois pés do primeiro até o terceiro trimestre da gravidez. Neme (2000) menciona que o aumento progressivo do peso durante a gravidez determina o aumento da base de apoio a partir do afastamento dos pés.

A diferença estatística significativa (quadro 16 e figura 20) encontrada na pressão plantar média e pressão plantar média máxima no pé direito e no pé esquerdo foi maior no terceiro trimestre gestacional. Para Anderson et al. (1998) e Gutierrez et al. (2001), na adoção da postura estática bipodal, a face plantar do pé é a primeira a tocar o solo, sendo esta uma ação importante para informar ao sistema nervoso dados como pressão plantar e propriocepção. A massa corporal aumentada implica em maior pressão no eixo vertebral e maior força de torção nas juntas, a postura das mulheres se torna desajeita e propensas a quedas (POLDEN; MANTLE, 2000).

Os dados mostram que no (quadro 17) a distribuição de carga no pé direito foi maior significativamente no antepé no primeiro trimestre do que no grupo controle. Já o retropé no grupo controle apresentou diferença estatística significativa em relação à observada no grupo experimental no terceiro trimestre de gestação. Corroborando com Gilleard (2002), uma possível explicação para esse dado recai sobre as diferenças individuais diante das adaptações fisiológicas manifestadas durante a gravidez decorrentes do desempenho de atividades laborais e físicas.

No que diz respeito à superfície de contato a partir do (quadro 17) constata-se que não houve diferença estatística significativa em ambos os pés durante o período gestacional e no grupo controle, apesar das divergências alguns autores apontam que o edema e as mudanças ligamentares decorrentes da gravidez geram alterações do comprimento e do volume responsáveis também pelo aumento da área de apoio (ALVAREZ et al., 1988).

Quanto à divisão de massa (quadro 18) mostra que no antepé direito no primeiro e no terceiro trimestres de gestação há diferença estatística significativamente superior à observada no grupo controle, enquanto no grupo controle, a massa no retropé direito foi significativamente superior às verificadas no primeiro e no terceiro trimestres de gestação.

Deve-se atentar que a divisão da massa corporal na face plantar depende da localização da linha de gravidade no dado momento e da forma dos pés caracterizada pelos arcos plantares que podem se apresentar mais elevados ou mais aplainados apontando para um pé cavo e plano respectivamente, os quais foram os mais encontrados nas mulheres grávidas examinadas. As mulheres não grávidas incluídas nesse estudo apresentaram na sua maioria pé plano, assim a má distribuição das forças bem como desvios posturais refletem alterações no arco plantar longitudinal medial (ADAMI, 2005).

Foi observado que a superfície de contato e o tempo de contato nos planos frontal e sagital conforme (quadros 19 e 20) não apresentaram oscilações médio lateral e ântero posterior significativas do ponto de vista estatístico durante a gravidez, e também alterações no tempo de contato em iguais condições.

A análise da pressão plantar dinâmica (quadro 21) mostrou que a distribuição da pressão plantar na superfície de contato e duração do passo no pé direito e esquerdo embora não tenham apontado diferença estatística significativa, fez com que a superfície de contato fosse maior à esquerda no grupo controle do que no grupo experimental no terceiro trimestre da gestação, sobre este aspecto a literatura pertinente não é elucidativa sobre o assunto. A duração do passo foi maior à esquerda no grupo experimental no terceiro trimestre gestacional.

As alterações musculoesqueléticas verificadas (quadro 22 e figura 30) apresentaram diferença estatística significativa em todas as variáveis no grupo experimental, dentre as quais a lombalgia evidenciou destaque no cenário literário.

O edema progressivo presente nos segundo e terceiro trimestres da gravidez foi predominante nos membros inferiores, enquanto nos superiores não foi verificada diferença estatística significativa. Segundo Polden e Mantle (2000) e Souza (1999), o edema nos pés e tornozelos ocorrem devido ao aumento de retenção de água no terceiro trimestre da gravidez, diminuindo a extensão da articulação, prejudicando a amplitude dos movimentos. Nos membros superiores, o edema poderá comprimir os nervos em suas terminações e causar fraqueza e alterações sensitivas.

A incidência de varizes encontradas nos membros inferiores se mostrou crescente a cada trimestre da gravidez como também foi observado incidência de varizes entre as mulheres do grupo controle. Corroborando com Dumas et al. (1995), ao afirmar que no início da pesquisa as mulheres já se encontravam grávidas.

As varizes surgem ou se agravam durante o período gestacional, principalmente, no último trimestre inicialmente devido fatores hormonais, com o aumento da taxa de progesterona e depois pela compressão decorrente do aumento do útero que pressiona as veias da região pélvica e na veia cava inferior, rins, volume sanguíneo, líquido extracelular, peso do bebê.

Câimbras nas pernas e nos pés foram verificadas progressivamente no segundo e terceiro trimestres da gravidez, enquanto a presença de câimbras nos pés foram verificadas no grupo controle e gradativamente no grupo experimental no primeiro, segundo e terceiro trimestres da gravidez.

Mulheres grávidas apresentam câimbras musculares principalmente à noite, podendo, também, ocorrer nos pés e até nas coxas. A causa é ainda desconhecida, parecendo ser um desequilíbrio nos níveis de cálcio e fósforo sanguíneo, as câimbras nas pernas são comuns e desconfortáveis. O peso extra provavelmente é o responsável pelas câimbras noturnas e acontecem com mais frequência no segundo e terceiro trimestres gestacional. Outra possibilidade é a pressão do útero sobre os nervos que vão até as pernas. (CÂIMBRAS NA GRAVIDEZ, 2009).

As dores nas costas (quadro 22) foram às queixas mais comuns durante a gravidez evidenciadas, principalmente, na pelve e segmento lombar do eixo vertebral de maneira crescente em todos os trimestres da gravidez com predomínio no terceiro período gestacional (MENS et al., 2002; DAMEN et al., 2001).

Vários estudos foram realizados com intuito de avaliar a lombalgia gestacional. Albert et al. (2000) realizaram um estudo epidemiológico com 2269 gestantes; Kihlstrand et al. (1999) estudaram 129 mulheres durante a décima oitava e trigésima quarta semana de gestação e primeira semana pós-parto e se detiveram na dor lombar prévia e durante a gravidez; Pádua et al. (2002) analisaram 76 mulheres durante o oitavo e o nono mês de gravidez e avaliaram as alterações musculoesqueléticas advindas dos sintomas dolorosos informados sobre o seguimento vertebral.

Em nosso estudo, evidenciou-se que a dor pélvica e a dor lombar estiveram distribuídas em igual proporção durante a gestação. Entretanto, Picada (2005) afirma que a lombalgia durante a gravidez não apresenta diferença significativa da dor lombar em outros eventos, porém um fator diferenciador é a dor nas articulações sacro ilíacas que atinge grande proporção em mulheres grávidas e que tendem a piorar com o avanço da gestação, enquanto a dor lombar resultante de outros eventos melhora com o passar do tempo, dor lombar, dor pélvica ou ambas representam classificação clínica da lombalgia durante o período gestacional (NOREN et al., 2002; OSTGAARD et al., 1991).

De acordo com o Manual de Recomendações Europeu para diagnóstico e tratamento da dor pélvica, elaborado por Vleeming et al (2008), a dor pélvica poderia ser uma forma específica da lombalgia gestacional, que poderia ocorrer separada ou conjuntamente com a dor lombar durante a gravidez como no caso das mulheres avaliadas nesta pesquisa.

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