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IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA PRESSÃO PLANTAR

1.3. JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

1.3.2 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA PRESSÃO PLANTAR

A análise do comportamento da pressão plantar se constitui em uma condição relevante para a avaliação clínica dos indivíduos, porque permite a análise pormenorizada da distribuição da carga externa sobre a planta do pé.

A forma como a pressão plantar encontra-se distribuída poderá indicar condições reais sobre a estrutura e função do tornozelo e do pé (GERBER, 1982; RANU, 1985), assim, estudar o comportamento dos parâmetros da pressão plantar pode constituir um auxiliar importante na prevenção de alterações da pressão.

O comportamento de valores máximos de pressão plantar identificados nas zonas lateral do retro pé, quarto e quinto metatarsos, assim como, na zona de apoio plantar referente ao halux são considerados como fatores de risco de desconforto e dor no pé de forte tendência ascendente (GABRIEL et al., 2007). Neste caso, é relevante a determinação da pressão plantar para se ter ideia da forma e características do excesso de carga mecânica no sistema locomotor do homem bem como sua ação nos movimentos (ÁVILA et al., 2003) podem indicar alterações nas estruturas anatômica e fisiológica do pé, controle da postura e do movimento.

Os padrões da pressão plantar poderão ser usados como importantes ferramentas em áreas diversas tais como saúde, desporto, biomecânica e indústria de calçados, e objetiva promover o equilíbrio na distribuição da pressão plantar durante a posição estática e dinâmica (SACCO, 1997; MAYER, 1997).

A mensuração da pressão plantar se constitui uma peça importante à pesquisa, sobretudo, na prevenção de alterações musculoesqueléticas, deformidades de membro inferior; principalmente do pé, pois permite, também, detectar vários tipos de pés: normal, plano e cavo (ORLIN; MCPOIL, 2000).

A análise da pressão plantar permite detectar os defeitos biomecânicos do pé, em fase estática e dinâmica e poderá trazer significativos resultados seja na prevenção seja na cura, bem como apontar indicações, modificações e acompanhamento do tratamento.

1.3.2.1 PRESSÃO PLANTAR E ESTABILIDADE POSTURAL

O pé é um elemento localizado no segmento distal do corpo, essencial para a estrutura corporal, sobretudo para o sistema postural. A face plantar se apresenta como um sistema captador ou adaptador podal por ser fértil em receptores cutâneos, exteroceptivos e proprioceptivos, podendo haver intervenção de diferentes informações (BRICOT, 2001).

Assim, desequilíbrios posturais podem ser desencadeados por alterações podais ou em situação inversa, o pé pode acomodar-se aos desequilíbrios estruturais ascendentes, portanto, como base final do sistema postural e o meio de união com o solo, o pé tende a se adaptar as modificações do próprio corpo ou as irregularidades do meio externo (BRICOT, 2001).

Identifica-se no corpo humano quando em posição bípede ereta o centro de gravidade, estabelecido dentro da base de sustentação ou de apoio, representa o ponto de aplicação da força de gravidade ou simplesmente uma posição média da distribuição da força peso e também o centro de massa identificado em um único ponto de consideração teórico, alternando em curtos espaços de tempo sua localização durante o movimento (MOCHIZUKE, AMADIO 2003; KARLA, 2003; LEMOS, 2009; COMPAGNER 2011; SERVILAB 2004).

O grau de estabilidade de um corpo depende de quatro fatores: 1) altura do centro de gravidade acima da base de sustentação, quanto mais baixo o centro de gravidade, maior a estabilidade; 2) tamanho da base de sustentação, quanto maior a base, maior a estabilidade; 3) projeção do centro de gravidade dentro da base de sustentação; 4) peso corporal, quanto maior o peso corporal, mais estável (OKUNO, FRATIN, 2003; SMITH, WEISS, LEHMHUHL, 1997). Se ocorrer oscilação da massa, no caso das gestantes, o ganho de massa e o aumento abdominal poderá causar uma perturbação desse centro de gravidade que refletirá no centro de massa e provocará maior oscilação (OKUNO; FRATIN, 2003). O aumento do volume mamário, também, poderá perturbar o centro de massa e, consequentemente, a pressão plantar e a estabilidade postural das gestantes (COX et al., 1999).

Durante a gestação ocorrem alterações hormonais responsáveis pelo aumento do útero, desenvolvimento do feto, aumento das mamas e do volume sanguíneo com o consequente extravasamento do líquido extracelular e retenção hídrica promovendo o aumento de massa corporal que pode afetar o sistema musculoesquelético e a postura (HECKMAN; SASSARD, 1994; IRELAN; OTT, 2000).

Para obter o reequilíbrio postural afetado por estas alterações, o centro de gravidade migra na direção da carga adicional imposta ao corpo proporcionalmente ao seu valor (NORKIM, LEVANGIE 2001); assim com o aumento do útero, o centro de gravidade se desloca anteriormente e o centro de massa se dirige em direção ao antepé, mas, para que o centro de massa retorne para dentro da base de sustentação ocorre uma reorganização na biomecânica da postura, podendo ocorrer uma redistribuição na pressão plantar destas gestantes (NYSKA, et al., 1997).

A estabilometria é um recurso metodológico de análise do equilíbrio postural por meio da quantificação das oscilações do corpo, cuja aplicabilidade se reporta às áreas de avaliação clínica, pesquisa, reabilitação, treinamento e desporto (OLIVEIRA, et al., 2000).

1.3.2.2 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO E ALTERAÇÃO DA PRESSÃO PLANTAR EM MULHERES GRÁVIDAS E NÃO GRÁVIDAS

O sistema musculoesquelético bem como a postura durante a gravidez podem ser afetados por alterações devido a mudanças cardiovasculares, pulmonares, ganho de massa e edema (HECKMAN; SASSARD, 1994; IRELAND; OTT, 2000), para promover novamente o equilíbrio postural perturbado por estas alterações poderá ser necessário redistribuir a pressão plantar destas gestantes (NYSKA et al., 1997).

O aumento de massa corporal centrado, principalmente na parte anterior e inferior do tronco, acaba sobrecarregando o eixo vertebral com predomínio na região lombar, compromete a postura, o equilíbrio e o caminhar (RONIGER, 2002; DE CONTI, et al., 2003), o centro de gravidade das mulheres grávidas quando em posição bípede estática se desloca anteriormente (MARNACK et al., 2003), condição que exige reposicionar os pés para alargar a base de sustentação visando minimizar alterações anatômicas bem como limitação dos movimentos corporais (GILLEARD; CROSBIE; SMITH, 2002).

O aumento da base de sustentação condiciona membros inferiores em rotação externa, progressão externa do ângulo do pé, distanciamento entre os tornozelos, obliquidade e rotação pélvica, fatores que podem acarretar mudanças na postura estática e dinâmica favorecendo desvios ao caminhar e prejuízo das atividades da vida diária (RONIGER, 2002; DE CONTI, et al., 2003), características nem sempre adotadas por mulheres grávidas.

A distribuição da pressão plantar é afetada, portanto, por comprometimento musculoesquelético consequente das alterações hormonais e físicas durante o período gestacional.

1.3.2.3 PRESSÃO PLANTAR DURANTE A GRAVIDEZ E NO PÓS-PARTO

A mulher se impõe o máximo compromisso de ordem física e psíquica durante a gravidez, parto e pós-parto (HENSCHER, 2007). Esta última etapa tem como sinônimos período puerperal, puerpério, sobre-parto e se inicia a partir da expulsão do feto e anexos: (placenta, líquido amniótico, cordão umbilical), perdura entre seis e oito semanas havendo normalização do sistema reprodutivo, período em que ocorrem importantes alterações corporais e psíquicas (HENSCHER, 2007; BARACHO, 2007).

Compreende o período puerperal três etapas: primeira etapa puerpério imediato compreendido entre o primeiro e o décimo dia após o parto, segunda etapa puerpério tardio compreendido entre o décimo primeiro e quadragésimo quinto dia e, o puerpério remoto que se estende além do quadragésimo quinto dia.

No puerpério imediato se observam sinais vitais, expansão da mecânica respiratória, movimento diafragmático e expansão do tórax, involução uterina, timpanismo abdominal, bem como edema, varizes e trombos também são observados nos membros inferiores, enquanto que no puerpério tardio estão presentes alterações físicas consequentes da gravidez (MACHADO, 2007).

Tanto no puerpério imediato quanto no puerpério tardio, as alterações uroginecológica, cardiovascular, circulatória e musculoesquelética podem ser minimizadas e tratadas, dores e desconforto melhorados. Uma atenção especial deve ser dispensada à postura, à distribuição da pressão plantar, ao equilíbrio corporal e à diástase abdominal (BARACHO, 2007). O puerpério patológico evolui a partir do estágio de pós-parto imediato com ocorrência de acometimento de eventos clínico-cirúrgicos (CORRÊA, 1994; SPELLACY, 2001; SALONEN et al., 2011; PARKER, 1994; MONHEIT; COUSINS; RESNIK, 1980; MILLIS; KORNBLITH, 1992; JOHNSTON, 1991; JAMES et al. 2005; GERBASI et al., 1990).

Estudos como o de Henscher (2007), verificaram que a função respiratória na puerpéra apresenta-se restrita em função da elevação diafragmática cuja elasticidade diminui durante a gestação. Outra pesquisa como a de Gilleard et al., (2002) constataram que o efeito é pouco significativo na postura no período puerperal.

Observou-se que as alterações na distribuição da pressão plantar durante a gravidez permaneceram no pós-parto tardio.

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