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7. OBSERVAÇÕES FINAIS

7.1. Discussão

Ao determinarem-se os antecedentes à resistência a sistemas empresariais, acredita-se ter respondido à pergunta de pesquisa e alcançado o objetivo do estudo. No entanto, faz-se mister apresentar os meios pelos quais os objetivos intermediários foram cumpridos, levando à obtenção dos frutos deste trabalho (ver seção 2.3 – Objetivos Intermediários).

• Conceituar o comportamento de resistência, identificar fatores que influenciam o comportamento de resistência e definir o objeto do comportamento de resistência.

Por meio da utilização de revisão de literatura, pode-se alcançar os três primeiros objetivos intermediários. A busca de material em revistas científicas especializadas no tema gestão de sistemas de informação permitiu definir o comportamento de resistência, com o intuito de explicitar os aspectos de resistência relevantes para os estudiosos na área. Conhecendo os aspectos supracitados, puderam ser identificados fatores que se enquadrassem no estudo em tela.

Assim, diante da diversidade de sistemas de informação cuja licença de utilização encontra-se disponível, foi de suma importância se definir qual o objeto de resistência, partindo da premissa que softwares podem causar percepções díspares sobre resistência a sistemas de informação.

• Elaborar meta-modelo contendo os fatores que influenciam o comportamento de resistência.

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Após a conceituação do comportamento de resistência, identificação dos fatores antecedentes à resistência a sistemas de informação e definição do sistema em estudo, estabeleceu-se um meta-modelo onde foram apresentadas as relações causais entre a percepção de resistência e os fatores identificados no contexto relevante para a pesquisa.

• Desenvolver instrumento de coleta de dados.

Buscando tornar factível a realização de testes estatísticos que possibilitassem a investigação de relações de causa e efeito delineadas no meta-modelo elaborado, criou-se um questionário como instrumento de coleta de dado.

• Aperfeiçoar o meta-modelo por meio de testes estatísticos.

Utilizando os dados obtidos por meio da aplicação dos questionários e das técnicas de análise fatorial exploratória, análise fatorial confirmatória e modelagem de equações estruturais, foi possível testar o meta-modelo elaborado com base em trabalhos teóricos mencionados anteriormente.

Partindo-se do modelo apresentado por Markus (1983) e adicionando os conceitos desenvolvidos por Hirschheim e Newman (1988), Joshi (1991), Martinko, Henry e Zmud (1996), Lapointe e Rivard (2005), Joia (2007), e Gaete (2010), foram identificados e conceituados três fatores como antecedentes à resistência a sistemas de informação: Pessoas, Sistemas e Interação.

Dentre os três fatores apresentados no meta-modelo, apenas o fator Sistemas guardou consonância com o fator originalmente descrito. Percebeu-se que sistemas ERP flexíveis, tecnicamente bem projetados, cuja utilização seja de fácil compreensão e que atendam às necessidades dos profissionais, auxiliam a reduzir a resistência relacionada a sistemas ERP. Dessa forma, pode-se aceitar a hipótese H2 (o fator Sistemas está positivamente relacionado à

resistência a sistemas ERP), confirmando-se assim abordagens propostas por Markus (1983), Lapointe e Rivard (2005), Joia (2007).

Em meio aos indicadores utilizados para mensurar o fator Sistemas, encontra-se o indicador sistemas1, em que os respondentes da pesquisa indicaram sua escala de concordância com a seguinte afirmação: o sistema foi tecnicamente bem projetado. Tal fato indica que a baixa qualidade técnica é potencialmente um antecessor à resistência a sistemas ERP, conforme mostrado por Hirschheim e Newman (1988).

Em adição, o resultado obtido reforça a teoria de Gaete (2010) concernente à ação do fator Sistemas como antecedente à resistência a sistemas ERP.

Quanto ao fator Pessoas, os dados obtidos não permitiram a confirmação da proposição do meta-modelo inicial. Após utilização da técnica de análise fatorial exploratória, percebeu-se a possibilidade de existência de dois fatores subjacentes49 ao fator Pessoas. No entanto, apenas o fator Inclinação Pessoal pode ser confirmado por meio da utilização da técnica de análise fatorial confirmatória.

A identificação do fator Inclinação Pessoal reduziu o fator Pessoas a um contexto mais específico, sugerindo que pessoas com inclinação interna de resistência à mudança poderão dificultar a implantação de um novo sistema ERP.

Essa descoberta reforça a proposição apresentada por Hirschheim e Newman (1988), que mencionam o conservadorismo nato como um antecedente à resistência a sistemas de informação.

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No entanto, o modelo final não suportou o indicador pessoas1: A experiência anterior dos usuários, com este ou outros sistemas semelhantes, ajudou no processo de implantação. Nesse sentido, não se confirmou a abordagem de Martinko, Henry e Zmud (1996) onde experiências anteriores influenciavam a resistência a sistemas de informação.

Em suma, as abordagens apresentadas por Markus (1983), Joia (2007), Martinko, Henry e Zmud (1996), Lapointe e Rivard (2005), e Hirschheim e Newman (1988) foram suportadas não, entretanto, em sua plenitude.

Desse modo, H1 – o fator Pessoas apresenta um efeito positivo sobre a resistência a sistemas

ERP – não pode ser suportada. Em contrapartida, a formulação da hipótese H4, a partir de H1

-o fator Inclinação Pessoal está positivamente relacionado à resistência a sistemas ERP – foi suportada.

Por fim, não confirmou-se o fator Interação a partir dos dados e procedimentos estatísticos utilizados no estudo em tela, refutando-se a hipótese H3 – o fator Interação está positivamente

relacionado à resistência a sistemas ERP – apesar dos resultados de Joshi (1991) e Gaete (2010) considerarem o fator Poder e Política como antecessor à resistência a sistemas de informação.

Diante dos resultados obtidos, percebe-se a importância das características técnicas do sistema e das características idiossincráticas dos usuários, segundo a percepção dos gestores de TI, em relação à resistência a sistemas ERP.

Apesar de atribuir importância diferenciada aos fatores antecedentes à resistência a sistemas ERP, os resultados da pesquisa corroboram, em parte, com os resultados obtidos por Gaete (2010), ao considerar as características idiossincráticas dos usuários e as características técnicas do sistema como relevantes para compreender a resistência a sistemas ERP.

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