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2. PROBLEMÁTICA

3.3. Sistemas ERP

Na década de 1960, foram desenvolvidos sistemas baseados em conceitos de controle de estoque de produtos em processo e acabados. Conseqüentemente, sistemas informatizados foram criados para atender as necessidades de produção das empresas (GUPTA; KOHLI, 2006). No entanto, por problemas técnicos e práticos, grande parte das empresas não foi capaz de trabalhar com este conceito (SOUZA; ZWICKER, 2006).

Nessa época, os sistemas de informação eram desenvolvidos especificamente para os departamentos das empresas, mostrando-se operacionalmente limitados, com cada departamento definindo suas metas e benefícios esperados pela utilização do sistema (SOUZA; ZWICKER, 2006).

Nos anos de 1970, o foco dos softwares voltou-se para o planejamento e controle de produção das empresas, originando assim os sistemas Material Requirement Planning – MRP. Os

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sistemas MRP tiveram um papel importante na tradução do planejamento geral de produção de produtos acabados e na fase montagem, bem como no planejamento de matérias-primas e processo de compras (GUPTA; KOHLI, 2006).

O sistema emitia pedidos para o controle de produtos em processo e para os estoques de matérias-primas levando a uma otimização do timing de disponibilização de peças (GUPTA; KOHLI, 2006).

Nos anos de 1980, os sistemas MRP passaram a agregar planejamento e gerenciamento de pedidos, finalizando com uma programação na qual se incluíam os componentes a serem manufaturados na própria empresa, assim como aqueles que deveriam ser adquiridos de fornecedores, originando assim os sistemas Manufacturing Resources Planning – MRP II (GUPTA; KOHLI, 2006).

Os sistemas MRP II auxiliam a gerenciar pedidos, planejar produção e administrar estoques (MARKUS; TANIS; VAN FENEMA, 2000), configurando-se como uma extensão do MRP para o chão de fábrica e para a gestão de distribuição (GUPTA; KOHLI, 2006).

A proliferação de sistemas e a complexidade de ligação entre esses sistemas geraram o problema de integração entre os sistemas da empresa, fazendo-se necessário desenvolver uma solução do ponto de vista corporativo, na intenção de padronizar processos e reduzir gastos em TI (BOCK et al., 2009).

Segundo Gupta e Kohli (2006), o mundo mudou drasticamente em decorrência do fenômeno crescente da globalização e da revolução da tecnologia de informação. Devido às pressões geradas pela competição, as organizações necessitavam de meios para reduzir custos, bem como diferenciar produtos e serviços (SOUZA; ZWICKER, 2006).

Nesse contexto, as empresas buscaram melhorar a coordenação das atividades e o tempo de resposta às demandas, reduzir desperdícios (SOUZA; ZWICKER, 2006), diversificar a produção, melhorar a qualidade dos produtos e possuir prazos de entrega confiáveis por meio da coordenação eficaz e eficiente das atividades de produção e distribuição (GUPTA; KOHLI, 2006).

Para atingir tais objetivos, as empresas foram obrigadas a mudar seus processos e práticas de negócio, valendo-se de sistemas de informação (GUPTA; KOHLI, 2006). Surge então, nos anos 1990, o conceito atual de sistemas Enterprise Resource Planning, com o intuito de suportar os processos organizacionais e gerar os benefícios supracitados (GUPTA; KOHLI, 2006).

O termo ERP se refere aos populares sistemas de gestão empresarial que: (a) integram múltiplas facetas dos negócios; (b) usam aplicações cliente/servidor; e (c) permitem o compartilhamento de informações em diversos departamentos e subsidiárias, bem como o delineamento corporativo das empresas para o alcance de objetivos de competitividade (YOUNGBERG; OLSEN; HAUSER, 2009).

O princípio de funcionamento dos sistemas ERP consiste na integração de dados oriundos de diversas áreas da empresa em um banco de dados, por meio da utilização de um aplicativo específico, permitindo melhoria no processamento de dados do negócio e na integração funcional (MOSCAROLA; TRIKI; CHAABOUNI, 2010; SOUZA; ZWICKER, 2006; GUPTA; KOHLI, 2006).

Os sistemas ERP integram os estoques com dados financeiros, vendas e recursos humanos, auxiliando as organizações a precificar seus produtos, produzir relatórios financeiros e gerenciar os recursos materiais, pessoais e financeiros (MARKUS; TANIS; VAN FENEMA, 2000).

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O ERP é uma ferramenta composta por módulos aplicativos aptos a dialogar entre si dentro de uma estrutura de linguagem comum, possuindo base única e evitando duplicidade dos dados inseridos (MOSCAROLA; TRIKI; CHAABOUNI, 2010).

Dessa forma, os sistemas ERP fornecem uma solução para gerentes que enfrentaram dificuldades frente à incompatibilidade de sistemas de informação e políticas operacionais inconsistentes (GUPTA; KOHLI, 2006).

Conceitos anteriores, como MRP e MRP II, foram desenhados para auxiliar os planejadores por meio da ligação lógica de diversas formas de processo de informação em contextos específicos de negócio – como a produção (JACOBS; BENDOLY, 2003). Por sua vez, o conceito de ERP foi conseqüentemente desenhado para integrar sistemas menores e isolados, permitindo a contabilização dos recursos de todos os departamentos e instalações da empresa (JACOBS; BENDOLY, 2003).

Na década de 1990, os sistemas de ERP começaram a substituir massivamente os sistemas anteriormente utilizados pela maioria das grandes empresas, o que gerou posteriormente um movimento de implantação deste tipo de sistema em empresas de médio porte (SOUZA; ZWICKER, 2006), ocasionando uma maior difusão da utilização de sistemas ERP.

Outros fatores que contribuíram para a difusão da utilização dos sistemas ERP foram: aprimoramento da tecnologia utilizada pelos sistemas; maior número de soluções disponíveis no mercado; e projetos de implantação bem sucedidos (SOUZA; ZWICKER, 2006). Os sistemas ERP obtiveram bastante sucesso nas empresas e tornaram-se um verdadeiro padrão para os sistemas de informação das mesmas (MOSCAROLA; TRIKI; CHAABOUNI, 2010).

O conceito de ERP – e dos sistemas desenhados para suprir a funcionalidade necessária para tornar esse conceito em realidade – representa um passo significativo na longa história de integração da tecnologia com os processos de negócio (JACOBS; BENDOLY, 2003).

Na concepção inicial desses sistemas, os objetivos eram apenas: eliminação de informações conflitantes; redução de redundância de dados; padronização das interfaces das unidades de negócio; acesso global; e confiabilidade das informações (JACOBS; BENDOLY, 2003). Atualmente, a capacidade desses sistemas em permitir um suporte adicional à tomada de decisão e à análise de pacotes de informação se tornaram outras características críticas (JACOBS; BENDOLY, 2003).

Em larga medida, as definições de ERP focalizam a integração de processos, permitindo a otimização dos mesmos na empresa como um todo, eliminando ligações complexas entre os sistemas informatizados, provendo uma estrutura de TI comum, ligando a cadeia de suprimentos, adaptando as melhores práticas industriais e de gestão da cadeia de suprimentos, rastreando o status das atividades diárias da empresa, alcançando consistência e eficiência por meio da padronização, melhorando o valor de mercado e a performance da empresa por meio dos ganhos em eficiência e eficácia e provendo respostas mais rápidas às necessidades dos clientes (SAATÇIOĞLU, 2009).

Os sistemas ERP são fundamentais para a inteligência corporativa e aperfeiçoam a eficiência da gestão das companhias, suportando a melhoria de processos e permitindo a flexibilização de sistemas (YOUNGBERG; OLSEN; HAUSER, 2009; BOCK et al., 2009).

Conforme mencionado anteriormente, ao longo dos anos têm-se feito esforços para perceber os benefícios dos investimentos em tecnologia da informação. Assim, performance pouco competitiva, custos altos, falta de tempestividade no atendimento de clientes e fornecedores, processos empresariais não efetivos e complexos, falta de habilidade para suportar novas

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estratégias de negócio, globalização das empresas, e processos de negócio inconsistentes são os principais motivos para a implantação dos sistemas empresariais (YANG; SU, 2009).

A implementação de sistemas ERP traz benefícios para a organização como redução do ciclo de produção, melhoria no fluxo de informações, geração rápida de informações financeiras, promoção do comércio eletrônico, e assistência no desenvolvimento de novas estratégias organizacionais (YANG; SU, 2009). No entanto, apesar de todas estas vantagens proporcionadas, implantações bem sucedidas de sistemas ERP dependem da participação de gerentes experientes das diversas áreas funcionais, bem como do delineamento de seus impactos no negócio e nas estratégias do nível operacional (GUPTA; KOHLI, 2006).

Independentemente das vantagens resultantes dos sistemas ERP, não se deve mascarar a complexidade destes sistemas – que são consideradas em certas empresas como a fonte de todos os males (MOSCAROLA; TRIKI; CHAABOUNI, 2010). Ainda em 2004, o grupo Gartner indicou que as empresas que empregam soluções ERP falharam na implantação de projetos, excedendo as estimativas de custo e tempo (YOUNGBERG; OLSEN; HAUSER, 2009).

Assim, sistemas ERP necessitam de recursos organizacionais significativos e sua implementação possui alto risco inerente, devido à grande soma de investimentos necessários. Dessa forma, sistemas ERP representam uma classe diferente de aplicativos de TI se comparados com sistemas simples e tradicionais analisados em pesquisas anteriores (YOUNGBERG; OLSEN; HAUSER, 2009).

Outro possível ocasionador do insucesso no processo de implantação de ERPs refere-se à regionalização do sistema. Na era da globalização, onde os ambientes de trabalho encontram- se geograficamente dispersos, processos de trabalho regionais e características culturais não

observadas na implantação deste sistema possibilitam a existência de problemas relacionados à introdução e à integração dos mesmos (BOCK et al., 2009).

Conseqüentemente, empresas têm estabelecido e operado estratégias ERP diferenciadas em cada região, em termos de manutenção, reparo e estratégias operacionais futuras (BOCK et al., 2009). No entanto, por meio da introdução do sistema ERP em cada ambiente de trabalho no exterior, sem a padronização dos processos e dados da empresa, as supracitadas empresas têm experimentado heterogeneidade de negócio, via ambientes de trabalho, dados não conformes e rápido aumento de despesas de TI (BOCK et al., 2009).

Uma vez que aproximadamente metade das iniciativas de implementação de sistemas ERP falhou e trabalhos acadêmicos na área são escassos, pesquisas que buscam fatores relacionados ao insucesso na implantação destes sistemas são de grande interesse tanto para acadêmicos como praticantes (YOUNGBERG; OLSEN; HAUSER, 2009).

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