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2.2 APRENDIZAGEM: CONCEPÇÕES A PARTIR DE DIFERENTES PERSPECTIVAS

2.2.1 Discutindo as Teorias Ubíquas e a Teoria da Carga Cognitiva

Complementando a visões já abordadas na seção anterior sobre as teorias baseadas na cognição e na aprendizagem, serão relacionadas, respectivamente, a Teoria Ubíqua e a Teoria da Carga Cognitiva.

A Teoria da Aprendizagem Ubíqua tem origem inicial a partir dos estudos de Weiser (1991), The computer fot the 21st-century. No qual ele introduz a ideia de computação ubíqua que constitui um modelo de interação entre o homem e o computador, no qual uma capacidade computacional é acessada através de dispositivos de Tecnologia da Informação (TI), integrados no meio ambiente por meio de interfaces que permitem a interação das pessoas com os recursos computacionais em qualquer hora e em qualquer lugar. Os dispositivos integrados nesse ambiente abrangem, microprocessadores, sensores, displays, entre outros (SOUZA; MALARD, 2010).

Esse modelo de interação observa a presença do computador dentro das relações educacionais de forma natural, é como se ele estivesse embutido nas ações realizadas entre alunos e professores, de forma que eles nem percebessem que esteja utilizando.

A visão de naturalidade proposta pela Teoria Ubíqua envolve a compreensão de que a introdução tecnológica faz parte do processo educacional e da realidade vivenciada pelos indivíduos em seus diversos ambientes de atuação. Sua presença nesse sentido é vista a partir de um processo contínuo de apropriação, sendo ela o elemento estabelecido para fortalecer a interação que deve existir no durante o ensino-aprendizagem (BARBOSA, 2007).

Na Figura 3 é apresentada uma situação corriqueira em sala de aula, na qual o aluno utilizando-se da possibilidade de apropriação de imagens do celular acaba incorporando-o ao ato de aprendizagem, na medida em que este pode servir para armazenar informações da aula. Tal fato serve para explicar, a forma com a qual essa teoria observa a inserção da tecnologia no processo de ensino-aprendizagem. Dentro desse contexto, os recursos utilizados pelos professores (softwares, imagens de vídeos, etc.) são suas ferramentas de apoio à aprendizagem e devem contribuir efetivamente para o estabelecimento da interação entre o aluno e o conhecimento a ser assimilado por ele.

Figura 3. Tecnologias no Processo de Ensino-Aprendizagem

Fonte: disponível em: < www.lgoo.g/gorbi>. Acesso em: 09 jun.215

Outro aspecto tratado pela teoria Ubíqua envolve a compreensão de que esse conhecimento adquirido e compartilhado não é estático e sim dinâmico, não pára no tempo e pode portanto fazer parte de uma nova visão de aprendizagem, aquela que pode ser estabelecida em qualquer hora e lugar a partir do uso, por exemplo, de tecnologia móveis (BARBOSA, 2007).

A perspectiva da Teoria Ubíqua em que se apoia o presente estudo, envolve o entendimento do uso da tecnologia na aprendizagem como um processo natural. Nessa visão, acredita-se que os recursos tecnológicos são vistos como algo associado ao ambiente de aprendizagem de forma cada vez mais intensa e com potencial capaz de favorecer a apreensão de conteúdos ou práticas do aluno.

Por sua vez, as teorias de aprendizagem cognitivas, citadas anteriormente, contribuem para a percepção da aprendizagem com algo a ser construído pelo aluno, na medida em que ao participar ativamente desse processo este é capaz de estabelecer interações significativas com o meio ou objetos de aprendizagem, destacando-se as ferramentas tecnológicas.

Pretende-se neste estudo, com base nas contribuições trazidas das terias de aprendizagem cognitivistas (Piaget, Bruner e Ausubel) e da Teoria Ubíqua, testar a seguinte hipótese: Existe uma relação positiva entre o uso de recursos de tecnologia de informação e comunicação e o nível percebido de aprendizagem.

Uma teoria que está relacionada à ideia de que é preciso haver alinhamento entre a tecnologia utilizada e a aprendizagem é a Teoria da Carga Cognitiva que tem John Sweller

(2003), como seu fundador. Tem esta a definição de que a Carga Cognitiva é representada por um conjunto universal de princípios que resultam em um ambiente de aprendizagem eficiente e que consequentemente promove um aumento na capacidade do processo de cognição humana. Princípios estes, que têm como objetivo, tornar a interação humana com a tecnologia mais integrada ao processo cognitivo. Ela se baseia em dezenas de estudos e pesquisas experimentais, que comprovam que os usos de seus princípios resultam em ambientes de aprendizagem eficientes e, assim, conduzem a uma aprendizagem competente e melhor. Um ambiente de aprendizagem apropriado, de acordo com princípios da Teoria da Carga Cognitiva, minimiza recursos mentais desnecessários, e em troca disso, coloca-os para trabalhar de modo a maximizarem a aprendizagem. Essa teoria aplica-se a todos os tipos de conteúdos, todos os tipos de mídias, e à todos os estudantes, visto que, ela tem como fim saber como elabora-se as ferramentas de ensino – texto, imagens e áudio – e aplicá-las à todo o conteúdo de ensino

Segundo Sweller (2003), a aprendizagem se dá de maneira eficaz quando o volume de informações oferecidas ao aluno for compatível com a capacidade de compreensão humana. Assim a Teoria da Carga Cognitiva, apoia-se na impossibilidade natural do ser humano em processar muitas informações na memória a cada momento.

A preocupação existente nessa abordagem é de instruir caminhos que se tornem mais eficientes no estímulo à absorção de conhecimento pelo aluno quando no ambiente existe a intermediação ou influência em algum momento do uso de tecnologias. Nesse contexto a equivalência na disposição de conteúdos e a construção de abordagens que evidenciem uma lógica sequencial são considerados meios eficazes para a aprendizagem.

Um ponto crucial para estabelecer harmonização entre a aprendizagem e o processo de assimilação do conhecimento, advém da necessidade de elaborar conteúdos materiais para o ensino, que juntamente com o recurso tecnológico sejam capazes de contribuir de forma efetiva para a absorção do conhecimento pelo aluno. Nesse tocante, deve-se levar em consideração os três principais tipos de carga cognitiva, que são: carga cognitiva intrínseca (imposta pela complexidade do conteúdo do material de ensino), carga cognitiva natural (relevante), imposta pelas atividades de ensino que beneficiam o objetivo da aprendizagem), carga cognitiva externa (ao conteúdo irrelevante), não interfere na construção e automação de esquemas, e, consequentemente desperdiça recursos mentais limitados que poderiam ser usados para a auxiliar a carga natural (SANTOS; TAROUCO, 2007; SWELLWER. 2003).

Dentro dessa visão, se propõe que a aprendizagem eficiente ou capaz de atingir o seu objetivo, seria aquela em que os recursos utilizados para seu processamento pudessem

contribuir para redução da carga cognitiva externa ao conteúdo irrelevante e fortalecimento da das demais cargas cognitivas.

Do ponto de vista do aluno, a Teoria da Carga Cognitiva pressupõe que há uma expectativa que deve ser atendida no momento da aprendizagem, no qual os conteúdos apresentados devem estar em consonância com o recurso tecnológico utilizado. Isso porque, seus diferentes modos de apreensão irão estar envolvidos nesse processo, e assim, quanto mais simples, lógico e capaz de fornecer compreensão e memorização for esse conteúdo, melhor será a perspectiva de aprendizagem.

Dentro dessa abordagem o que se busca evidenciar é se o aluno percebe mais facilmente a importância do uso de ferramentas tecnológicas para a sua aprendizagem quando consegue identificar que o recurso utilizado facilitou de alguma forma sua compreensão sobre determinado conhecimento, permitindo entender sua lógica, importância ou aplicação.

Essa percepção traduzida pela Teoria da Carga Cognitiva, alia-se também aos referenciais de aprendizagem de Bruner (2001), quando enfatiza a necessidade de uma estrutura e sequência lógica de conteúdos a serem abordados para que ocorra a aprendizagem.

Nesse tocante, percebe-se que a natureza e forma de condução do conteúdo abordado pode exercer influências na percepção de aprendizagem com o uso da TIC. E tal fato vem sendo identificado nos estudos contábeis, principalmente quando se verifica a utilização de conteúdos teóricos e aplicados. Estudos no campo contábil a exemplo dos de Basidious e Lange (2009) e Pires (1987) vêm demonstrando que pesquisas em que se buscou utilizar ferramentas tecnológicas para sintetizar conteúdos práticos demonstraram um elevado grau de eficiência, já que a sintetização de conteúdos, lançamentos e fórmulas permitem ao aluno uma melhor familiaridade com a lógica inserida na aplicação de determinado conhecimento. Por sua vez, percebe-se também que independente do grau de aplicabilidade de um conhecimento, a satisfação com a efetividade de uma determinada ferramenta tecnológica no processo de ensino, demanda uma adequada disposição de seus conteúdos (CAN et al., 2012). Essa perspectiva é abordada no presente estudo, para a qual pressupõe-se à luz da Teoria da Carga Cognitiva, que a natureza da disciplina demanda diferentes direcionadores para apresentação do conteúdo e pode influenciar na percepção da aprendizagem discente quando utiliza-se o recurso tecnológico nessa interação com o conhecimento.

A hipótese de estudo a ser testada a partir dessa perspectiva é a seguinte: a relação entre recursos de TIC e nível percebido de aprendizagem sofre influência positiva da percepção de integração