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Na parte seguinte da sessão, você irá examinar rapidamente os problemas atuais do paciente e pedirá que o deixe atualizado:

TERAPEUTA: Sally, eu gostaria de discutir o que descobri na sessão de avaliação na semana passada. Tudo bem para você se eu falar um pouco sobre o seu diagnóstico?

A maioria dos pacientes quer saber o seu diagnóstico geral e constatar que você não acha que eles são estranhos ou anormais. Geralmente, é preferível evitar o rótulo do diagnóstico de um transtorno da personalidade. Em vez disso, é melhor dizer algo mais geral e sem jargões, como: “Parece que você tem estado deprimida durante o último ano e teve alguns problemas com relacionamentos e no trabalho”. Também é recomendável dar ao paciente alguma informação inicial sobre a sua situação para que ele possa começar a atribuir alguns dos seus problemas ao seu transtorno, em vez de ao seu caráter (“Tem alguma coisa errada comigo. Eu sou defeituosa.”). A transcrição a seguir ilustra como educar o paciente que está deprimido.

TERAPEUTA: A avaliação mostra que você tem uma depressão moderada. Eu quero que você saiba que essa é uma doença real. Não é o mesmo que as pessoas costumam dizer “Eu estou tão deprimida” quando estão se sentindo tristes. Você tem uma verdadeira depressão.

PACIENTE: (Suspira)

TERAPEUTA: Eu sei disso porque você tem os sintomas que estão neste manual diagnóstico (mostrando a Sally o DSM). Para cada transtorno de saúde mental, este manual lista os sintomas, assim como um manual diagnóstico de neurologia listaria os sintomas de uma enxaqueca.

PACIENTE: Ah, eu não sabia disso.

TERAPEUTA: [dando esperanças] Felizmente, a terapia cognitivo-comportamental é muito eficaz para ajudar as pessoas a superar a depressão.

PACIENTE: Eu tinha medo de que você achasse que eu sou louca.

TERAPEUTA: De forma alguma. [normalizando] Você tem um transtorno bastante comum, e parece que tem muito dos mesmos problemas que a maioria dos nossos pacientes aqui. Mas isso é típico de como pensam as pessoas com depressão. Como você se sente agora que descobriu que eu não acho que seja louca?

PACIENTE: (Suspira) Aliviada.

TERAPEUTA: Isso é boa parte do que iremos fazer durante o tratamento. Identificar seus pensamentos depressivos e ajudá-la a ver as coisas de uma forma mais realista.

PACIENTE: Ok.

TERAPEUTA: [prevendo que Sally poderia se culpar por pensar de forma irrealista] Não é culpa sua ter esse tipo de pensamento. Esse é um dos sintomas principais. Para todos os que têm depressão, é como se estivessem vendo a si mesmos e ao seu mundo e o futuro [a tríade cognitiva da depressão] através de óculos cobertos com tinta preta. (Faço um gesto, como se estivesse pintando um par de óculos imaginários no meu rosto.) Esses óculos escuros fazem tudo parecer sombrio e desanimador. Parte do que vamos fazer na terapia é raspar a tinta preta (fazendo gestos) de modo que você possa ver as coisas de uma forma mais realista... Está claro? [Usar uma analogia costuma ajudar o paciente a ver a sua situação de um modo diferente.] PACIENTE: Sim, entendo.

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TERAPEUTA: Ok, vamos examinar alguns outros sintomas de depressão que você tem. Vejo pela avaliação que a depressão está interferindo no seu sono e na sua energia. Parece que também está afetando a sua motivação para fazer as coisas. [normalizando] A maioria das pessoas deprimidas começa a se criticar por não ser a mesma de antes. [pedindo exemplos de incidentes específicos] Você se lembra de algum incidente recente em que você se criticou? PACIENTE: (Suspira) Sim. Ultimamente eu tenho saído da cama muito tarde e não faço as

minhas tarefas, e penso que sou preguiçosa e não sou boa.

TERAPEUTA: Se você tivesse pneumonia e tivesse problemas para sair da cama e cumprir com seus compromissos, você se chamaria de preguiçosa ou diria que não é boa?

PACIENTE: Não, acho que não.

TERAPEUTA: Será que durante esta semana ajudaria se você respondesse ao pensamento “Eu sou preguiçosa e não sou boa”?

PACIENTE: Provavelmente.

TERAPEUTA: O que você poderia dizer para se lembrar? [Estimular uma resposta, em vez de simplesmente dar uma pronta, incentiva a participação ativa e dá um certo grau de autonomia.]

PACIENTE: Eu acho que estou deprimida, e é mais difícil fazer as coisas.

TERAPEUTA: Bom. Será realmente muito importante que você se lembre disso nesta semana. Você gostaria que eu escrevesse isso para você? Ou você prefere escrever?

PACIENTE: Você pode escrever.

TERAPEUTA: (pegando um pedaço de papel carbonado [veja a Figura 5.1]) Ok, vou colocar a data no alto deste papel. Agora, como deveríamos chamar isso: seu exercício de casa? Seu plano de ação?

PACIENTE: Exercício de casa, eu acho.

TERAPEUTA: Bom. (Escreve “Exercício de Casa” no alto) O primeiro item é ler alguma coisa sobre o que acabamos de discutir. Vou anotar: “Se eu começar a pensar que sou preguiçosa e não sou boa, devo me lembrar de que tenho uma doença real, chamada depressão, que me dificulta fazer as coisas”. (fazendo uma pausa e prevendo que essa afirmação poderia levar à desesperança) Tudo bem se eu escrever outro lembrete? “Quando o tratamento começar a funcionar, a minha depressão vai melhorar e as coisas vão ficar mais fáceis.”

22 de janeiro Exercício de Casa

Ler esta lista duas vezes por dia; colocar um alarme para me lembrar.

Se eu começar a pensar que sou preguiçosa e não sou boa, devo me lembrar de que tenho uma doença real, chamada depressão, que me dificulta fazer as coisas. Quando o tratamento começar a funcionar, minha depressão vai melhorar e as coisas vão ficar mais fáceis. Ler a lista de objetivos e acrescentar outros, se eu pensar em algum.

Quando eu notar que o meu humor está piorando, devo me perguntar: “O que está passando pela minha cabeça neste momento?” e tomar nota dos pensamentos. Devo me lembrar de que simplesmente pensar em alguma coisa não significa necessariamente que ela seja verdadeira.

Fazer planos com Allison e Joe. Lembrar que se eles disserem não, é provável que quisessem sair comigo, mas estão muito ocupados. Ler o folheto Enfrentando a depressão (opcional).

FIGURA 5.1. Lista de Exercícios de Casa da Primeira Sessão de Sally.

R: Alguns pacientes dizem: “Sim, mas pneumonia é uma doença biológica”. Uma boa resposta a isso inclui os sintomas depressivos específicos que o paciente está experimentando: “A depressão é biológica também; ela é uma doença real com sintomas reais. Já simplesmente sentir-se triste ou desanimado não é uma doença. Mas não é bem isso que você está sentindo. Você vem se sentindo triste, deprimido e desanimado, tem sido autocrítico, quase nada lhe interessa mais, tem-se afastado das atividades, seu sono e energia foram afetados. É assim que eu sei que você tem uma doença real, tudo muito real como a pneumonia”. Muitos pacientes se beneficiam com outra prescrição como exercício de casa, como a leitura de um capítulo específico de um livro de terapia cognitivo-comportamental para leigos sobre depressão (veja www.academyofct.org) ou de um folheto como Enfrentando a depressão (veja

www.beckinstitute.org), que reforçará ideias importantes dessa sessão. Peça ao paciente para fazer anotações mentais ou por escrito sobre as coisas com que concorda, discorda ou sobre as quais tem alguma pergunta.

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