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ENSINANDO O PACIENTE A IDENTIFICAR PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS

Conforme descrito no Capítulo 5, você pode começar a ensinar ao paciente a habilidade de identificação dos pensamentos automáticos mesmo durante a primeira sessão. Aqui, eu demonstrei o modelo cognitivo, usando os próprios exemplos de Sally.

TERAPEUTA: Sally, quando observar seu humor se alterando ou ficando pior na próxima semana, você poderia parar e perguntar a si mesma: “O que está passando pela minha cabeça neste momento?”.

PACIENTE: Sim.

TERAPEUTA: Talvez você possa anotar alguns desses pensamentos em um pedaço de papel? PACIENTE: Certo.

Em sessões posteriores, você também pode explicitamente ensinar outras técnicas ao paciente se a pergunta básica (“O que está passando pela minha cabeça neste momento?”) não for efetiva. TERAPEUTA: Às vezes, poderá acontecer de você não conseguir se dar conta do que estava

pensando. Então, naquela hora, ou mais tarde, você poderá experimentar o que acabamos de fazer aqui na sessão. Repasse a cena na sua imaginação da forma mais vívida que puder, como se ela estivesse acontecendo de novo, e concentre-se em como está se sentindo. Então, faça a pergunta: “O que está passando pela minha cabeça?”. Você acha que conseguiria fazer isso? Ou devemos praticar de novo?

PACIENTE: Eu vou experimentar.

Mais uma vez, se fazer as perguntas básicas e tentar a técnica do imaginário não for suficiente, você poderá explicitamente ensinar o paciente a levantar hipóteses sobre seus pensamentos. Esse método é menos aconselhável porque é mais provável que o paciente vá relatar uma interpretação posterior em vez dos seus reais pensamentos no momento.

TERAPEUTA: Se você ainda tiver problemas para identificar o que está passando pela sua cabeça, aqui estão algumas outras perguntas [veja a Figura 9.3] que você pode se fazer.

PACIENTE: Ok.

TERAPEUTA: Primeira pergunta: Se eu tivesse que imaginar, sobre o que eu acharia que estava pensando? Ou, eu poderia estar pensando sobre ________ ou _______? Ou eu estava imaginando alguma coisa ou me lembrando de alguma coisa? Ou, por fim, o que essa situação significa para mim? Ou você poderia identificar qual seria o pensamento oposto para acionar a sua memória.

PACIENTE: Ok.

TERAPEUTA: Que tal experimentar essas perguntas nesta semana se você tiver problemas para identificar seus pensamentos automáticos, e se usar o imaginário para reviver a situação não ajudar?

PACIENTE: Tudo bem.

TÉCNICAS PARA EVOCAR PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS Pergunta básica:

2. 3. 1. 4. 1. 2. 3. 4. 5.

Para identificar pensamentos automáticos:

Faça esta pergunta quando você notar uma alteração no (ou intensificação do) afeto do paciente durante uma sessão.

Faça o paciente descrever uma situação problemática ou um momento durante o qual ele vivenciou uma alteração no afeto e faça a pergunta acima.

Se necessário, faça o paciente usar imagens mentais para descrever em detalhes a situação ou o momento específico (como se estivesse acontecendo agora) e depois faça a pergunta acima.

Se necessário ou indicado, faça o paciente dramatizar uma interação específica com você e depois faça a pergunta acima. Outras perguntas para evocar pensamentos automáticos:

Em que você acha que estava pensando?

Você acha que poderia ter pensado sobre ______ ou ______? (O terapeuta apresenta duas possibilidades plausíveis.) Você estava imaginando alguma coisa que poderia acontecer ou lembrando de alguma coisa que aconteceu?

O que essa situação significou para você? (Ou sobre você.)

Você estava pensando ______? (O terapeuta apresenta um pensamento oposto à resposta esperada.)

FIGURA 9.3. Resumo de Técnicas para Identificar Pensamentos Automáticos. Extraída de J. S. Beck (2011). Copyright 2011, Judith S. Beck. Reimpressa com permissão.

Para resumir, pessoas com transtornos psicológicos cometem erros previsíveis em seu pensamento. Você ensina o paciente a identificar seu pensamento disfuncional e depois a avaliá- lo e modificá-lo. O processo começa pelo reconhecimento de pensamentos automáticos específicos em situações específicas. A identificação dos pensamentos automáticos é uma habilidade que surge fácil e naturalmente para alguns pacientes e é mais difícil para outros. Você precisa ouvir atentamente para assegurar que o paciente relate pensamentos verdadeiros, e você poderá ter que variar seu questionamento se o paciente não identificar prontamente seus pensamentos. O próximo capítulo esclarece, entre outros aspectos, a diferença entre pensamentos automáticos e emoções.

A

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IDENTIFICANDO EMOÇÕES

s emoções são de importância fundamental na terapia cognitivo-comportamental. Além disso, os principais objetivos do tratamento são o alívio dos sintomas (especialmente redução do nível de sofrimento do paciente) e a remissão do transtorno.

Emoções negativas intensas são dolorosas e podem ser disfuncionais se interferirem na capacidade do paciente para pensar, resolver problemas, atuar com eficiência ou obter satisfação. Pacientes com um transtorno psiquiátrico frequentemente vivenciam uma intensidade de emoções que pode parecer excessiva ou inadequada à situação. Sally, por exemplo, sentiu uma culpa enorme e depois tristeza quando teve que cancelar um simples evento social com sua colega de quarto. Ela também ficou extremamente ansiosa diante da ideia de ir procurar um professor para pedir ajuda. No entanto, a intensidade e a qualidade das emoções da paciente fazem sentido quando você reconhece a força dos pensamentos automáticos e das crenças (em geral muito dolorosos) que foram ativados.

É importante tomar conhecimento e ter empatia com a forma como o paciente se sente e evitar duvidar ou se contrapor às emoções dele. Avalie os pensamentos e as crenças que estão subjacentes ao sofrimento do paciente para reduzir sua disforia; não avalie suas emoções.

No entanto, você não vai discutir todas as situações em que o paciente se sente disfórico – você vai usar a sua conceituação do paciente para decidir quais problemas são mais importantes. Em geral, os problemas mais importantes são aqueles associados a altos níveis de sofrimento. Os problemas com os quais o paciente parece estar tendo um nível “normal” de sofrimento costumam ser menos importantes. O objetivo da terapia cognitivo-comportamental não é se livrar de todo o sofrimento; emoções negativas fazem parte da riqueza da vida, tanto quanto as emoções positivas, e servem a uma função importante, da mesma forma que a dor física geralmente nos alerta para problemas potenciais que poderão precisar ser abordados.

Além disso, você vai procurar aumentar as emoções positivas do paciente por meio da discussão (em geral relativamente breve) dos seus interesses, eventos positivos que ocorreram durante a semana e lembranças positivas. Frequentemente, você vai sugerir prescrições de exercícios de casa que objetivem o aumento no número de atividades que o paciente provavelmente conseguirá dominar e nas quais obterá prazer (veja o Capítulo 6).

Este capítulo explica como:

Diferenciar pensamentos automáticos de emoções. Distinguir as emoções.

Nomear as emoções.

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