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Capítulo 3 – Estágio em Farmácia Hospitalar: Hospital de Proximidade de Lamego

4. Distribuição

4.4. Distribuição a doentes em regime de ambulatório

A evolução da tecnologia do medicamento permitiu que um número significativo de doentes possa fazer os seus tratamentos em regime de ambulatório, o que representa várias vantagens desde a redução dos custos e riscos associados ao internamento hospitalar à possibilidade do doente continuar o tratamento no seu ambiente familiar. A dispensa em regime de ambulatório também é muitas vezes utilizada pela hipótese de efetuar uma monitorização farmacoterapêutica adicional, quando se tratam de fármacos com margem terapêutica estreita ou ainda em casos cuja terapêutica apresente elevado valor económico (por exemplo fármacos biológicos ou antirretrovirais) (97,122).

Na farmácia de ambulatório é prestado um atendimento personalizado aos doentes só podendo ser atendido um de cada vez, de modo a respeitar a sua privacidade. Esta distribuição ocorre de forma gratuita, perante medicamentos legislados (anexo 36), bem como medição para patologias crónicas quando prescritas na consulta externa do Hospital (123,124). De acordo com o determinado no Decreto‐Lei n.º 13/2009, de 12 de Janeiro alterado pelo Decreto-Lei n.º 75/2013, de 4 de junho, os doentes submetidos a cirurgia de ambulatório podem também levantar na farmácia do hospital, para um período máximo de 7 dias alguns anti-inflamatórios não esteroides, antieméticos, protetores da mucosa gástrica, inibidores da bomba de protões e analgésicos estupefacientes (125).

Este atendimento pressupõe sempre a existência de uma receita médica em papel, que pode ser uma receita interna do hospital (anexo 37) ou uma receita externa para medicamentos com dispensa obrigatória em hospitais (anexo 38). A receita deve então ser validada pelo farmacêutico verificando a identificação do doente, do médico e da instituição, a data da

prescrição, a assinatura do médico e caso seja uma receita manual verificar se se encontra legível. Quando necessário o suporte legal, ou seja, o despacho ou portaria correspondente como por exemplo no anexo 38 (95,126).

No ato da dispensa é importante que se verifique se é a primeira vez que cada utente vai realizar o regime terapêutico adquirido. Neste caso, deve proceder-se a uma revisão da medicação concomitante, a fim de identificar possíveis interações. Deve ser verificado o perfil do doente no GAFH no caso de uma prescrição interna, no caso de ser uma prescrição externa pode ser avaliado o perfil em suporte de papel se o doente o tiver ou podem ser feitas algumas perguntas pertinentes quando necessário esclarecer alguma suspeita de possíveis interações medicamentosas (124).

Só pode ser dispensada a medicação até à próxima consulta que no caso das receitas internas esta é indicada na receita, não podendo, contudo, serem ultrapassados os 60 dias. Excluindo exceções devidamente autorizadas pelo CA (124).

É sempre registada na receita a quantidade cedida. Por vezes não é possível ceder toda a medicação necessária de uma só vez ficando a receita em suspenso e podendo depois o doente dirigir-se novamente à farmácia para receber o restante ou em determinados casos pode ser enviada pelos bombeiros de acordo com o for combinado com o doente (124).

É de extrema pertinência fazer o ensino ao doente do modo de administração da medicação dispensada, bem como transmitir informação acerca do nome do medicamento, explicar a terapêutica e a sua importância para o controlo da doença e melhoria dos sintomas, via de administração, posologia, possíveis efeitos secundários mais comuns, precauções e interações (124).

Quando se trate de medicamentos de armazenamento no frio é importante garantir que o doente vai fazer o transporte em condições adequadas bem como vai promover o correto armazenamento em casa (124).

A informação oral deve ser sempre complementada por informação escrita, para alguns medicamentos esta informação pode ser escrita nas caixas. Quando são cedidos em menores quantidades são acondicionados em envelopes dos SF que também possuem espaço que pode ser utilizado para escrever algumas informações mais importantes. Para os fármacos que são cedidos com maior frequência como é o caso do ibuprofeno ou paracetamol existem, elaborados pelos SF, folhetos informativos com os esclarecimentos mais importantes que devem ser adicionados aos envelopes com a medicação. Os folhetos são simples, resumindo a informação incluída no folheto informativo do medicamento (105,124).

No final é sempre importante garantir que o doente reconhece toda a medicação fornecida e não tem dúvidas sobre a mesma (105).

Muitas vezes acontece que não é a própria pessoa a levantar a sua medicação sendo neste caso necessário registar a ligação de quem a levanta com a pessoa a quem esta se destina (como, por exemplo, familiar, amigo, vizinho, bombeiros). Esta informação tanto deve ser registada na receita, juntamente com o número do Cartão de Cidadão ou Bilhete de Identidade e assinatura de quem recebe a medicação, como informaticamente. A receita deve ainda ser assinada e datada pela farmacêutica (124,126).

O lote e o prazo de validade de todos os medicamentos cedidos também devem ser registados. Para além destas informações nas receitas externas deve ainda ser colocado pelo farmacêutico o número do processo do doente no hospital, a data de nascimento e a morada (126).

Os medicamentos que se destinam ao tratamento de doentes com artrite reumatoide, espondilite anquilosante, artrite psoriática, artrite idiopática juvenil poliarticular e psoríase em placas para serem comparticipados e por com seguinte dispensados nos SF dos hospitais do SNS, tal como definido na Portaria n.º 48/2016 de 22 de março, necessitam de ser prescritos por um centro prescritor que esteja registado no site da Direção-Geral da Saúde. Sendo que este registo deve constar também na receita (127).

Segundo o artigo n.º 4 da mesma portaria deve ser feito o registo mínimo obrigatório (anexo 39) em todos os atos de dispensa destes fármacos (127).

Todas as receitas têm de ser debitadas de modo a acertar os stocks e a enviar a informação para a contabilidade, sendo emitida uma requisição de ambulatório (RA) (anexo 40) ou uma requisição de não internados (RN) e são enviados para faturar nos casos em que os encargos não são assumidos pelo hospital, como as receitas externas de medicamentos biológicos que estão ao encargo da Administração Regional de Saúde. Sendo depois a AT a efetuar a faturação e envio (124).

Ao longo do meu estágio pude participar inúmeras vezes na dispensa em ambulatório. Numa fase inicial comecei por observar as tarefas desenvolvidas pelas farmacêuticas e posteriormente, colaborei em todas as tarefas como a recolha da medicação, registo de lotes e prazos de validade, dispensa e aconselhamento ao utente e o processamento informático da requisição.