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DISTRIBUIÇÃO DAS VARIÁVEIS RELATIVAS À CARGA DE TRABALHO

6 VARIÁVEIS DEMOGRÁFICAS, OCUPACIONAIS E CARGA DE TRABALHO

6.3 DISTRIBUIÇÃO DAS VARIÁVEIS RELATIVAS À CARGA DE TRABALHO

acerca da carga de trabalho em seus aspectos físicos, cognitivos e psíquicos, experimentada por esses em seu cotidiano docente, conforme se segue. Nessa seção reaparece o termo atividade (no singular) conforme sua apropriação pela ergonomia e ergologia.

6.3.1 A carga física

A primeira pergunta buscava obter dados sobre a estrutura e a organização do trabalho, relacionando aspectos à carga física do trabalho, como turno e horário de trabalho, e condições ambientais da sala de aula (calor, iluminação, espaço e ruído). A Tabela 12 evidencia os resultados obtidos. Nas opções apresentadas na questão sobre as condições físicas do trabalho, os respondentes poderiam marcar quantas alternativas considerassem necessárias.

TABELA 12: Aspectos da estrutura e organização do trabalho que podem interferir na sua atividade

Variáveis Número de

respostas

Percentual de respostas

Salas com muitos alunos 39 83,0

Condições ambientais das salas de aula (calor, espaço, iluminação, ruído) 28 59,6 Tempo de preparo das aulas, atividades e provas 26 55,3 Deslocamento casa-trabalho 26 55,3 Tempo de correção de atividades avaliativas 25 53,2 Deslocamento entre os Campi 12 44,7 Turno/horário de trabalho 21 25,5 Tempo de duração das aulas 3 10,6

Salas grandes 5 6,4

Outros 3 6,4

Fonte: Dados da pesquisa

A distribuição das respostas apontou que, para 83% dos respondentes, o que mais tem impacto na carga física do trabalho são as salas com muitos alunos. Para 59,6% dos respondentes, as condições ambientais das salas de aula, considerando calor, espaço e iluminação e ruído também podem interferir na atividade do professor. Com o mesmo percentual de 55,3%, as alternativas “Tempo de preparo das aulas, atividades e provas” e “Deslocamento casa-trabalho” foram escolhidas por 26 respondentes. Em percentual menor (6,4%), os docentes evidenciaram o problema do deslocamento entre os campi. O “Tempo de correção das atividades avaliativas” foi apontado por 25 professores (53,2%). O horário de

trabalho e turno acumulou 25,5%, sendo assinalado por 21 respondentes. Os demais resultados se distribuíram em percentuais menores.

6.3.2 A carga cognitiva

A segunda pergunta desse bloco buscava obter dados em relação à ocorrência da carga cognitiva na atividade docente. As alternativas listadas apontavam para a dimensão dos conhecimentos necessários ou investidos para a realização da atividade englobando aspectos relacionados às peculiaridades da atividade docente, como investimento na preparação de aulas, exigências de atualização e titulação, aprendizado constante e produção de material escrito.

Na Tabela 13 são apresentadas as opções apontadas sobre as condições cognitivas do trabalho, sendo que os respondentes poderiam marcar quantas alternativas considerassem necessárias.

TABELA 13: Aspectos referentes ao perfil do professor que podem interferir na sua atividade

Variáveis Número de

respostas

Percentual de respostas

Produção de material escrito (apostilas, roteiros, provas, slides) 31 66,0 Necessidade de autoaprendizado permanente 29 61,7 Busca constante de novos materiais de aula 30 63,8 Pesquisa prévia para as aulas 25 53,2 Preparação de diferentes atividades 24 51,1 Prontidão para responder dúvidas dos alunos 23 48,9 Conhecimento e utilização de diferentes didáticas de ensino 23 48,9 Exigência de qualificação e/ou titulação 19 40,4

Outros 4 8,5

Fonte: Dados da pesquisa.

A “Produção de material escrito, como apostilas, roteiros, provas e slides”, foi a alternativa mais apontada pelos professores, com 66% das respostas, seguida da opção “Busca constante de novos materiais de aula”, com 63,8%.

Esses percentuais apurados apontam para a dimensão cognitiva da atividade docente, em seus esforços na preparação e atuação em sala de aula. Em ordem decrescente, a alternativa seguinte foi o reconhecimento da “Necessidade de autoaprendizado permanente”, citado por 29 respondentes (61,7%). Em seguida, está a opção “Pesquisa prévia para as aulas” (53,2%), acompanhada da opção “Preparação de diferentes atividades” (51,1%), evidenciando aspectos que reforçam a premissa de que a aula em si começa antes que o professor chegue à sala.

As opções relativas à prontidão em sala de aula e conhecimento de diferentes técnicas de ensino são assinaladas no mesmo percentual (48,9%). A exigência de qualificação respondeu por 40,4% do conjunto das alternativas. Esse resultado parece indicar que, diferentemente das instituições públicas, na iniciativa privada, não há uma forte exigência para a titulação. A IES Alfa tem programas de pós-graduação em nível de mestrado e incentiva a titulação, entretanto isso não é percebido pelos docentes como uma exigência institucional.

6.3.3 A carga psíquica

O último fator pesquisado em relação à carga de trabalho foi o aspecto psíquico, evidenciando as interações presentes no cotidiano do professor. As alternativas apresentadas no questionário abordavam as relações interpessoais do professor, a questão da disciplina em sala de aula, a sua própria exposição frente aos alunos – que é condição inerente à atividade – e a vigilância sobre seu trabalho, entre outros aspectos. A Tabela 14 traz os resultados obtidos. Nas opções apresentadas na questão sobre a carga psíquica do trabalho, os respondentes também poderiam marcar quantas alternativas quisessem.

TABELA 14: Aspectos referentes às interações que podem interferir na sua atividade

Variáveis Número de respostas Percentual de respostas

Relações interpessoais na instituição 19 40,4

Relações com os alunos 30 63,8

Controle/disciplina sobre a sala de aula 18 38,3 Atendimento a demandas individuais dos alunos 24 51,1 Exposição do professor em sala de aula 13 27,7 Percepção de que o trabalho do professor só se realiza mediante sua presença 16 34,0 Vigilância sobre o trabalho do professor 8 17,0 Desinteresse dos alunos em relação às aulas e/ou atividades 40 85,1 Instabilidade no emprego 26 55,3

Fonte: Dados da pesquisa

Na opinião de 40 respondentes, equivalente a 85,1% do total, o desinteresse dos alunos em relação às aulas ou atividades propostas é o fator mais prevalente. Na mesma linha de abordagem, a alternativa “Relações com os alunos” foi apontada por 30 respondentes (63,8%), bem como o “Atendimento a demandas individuais” foi assinalado por 51,1% dos docentes. Essas três alternativas apontam para a dimensão da carga psíquica na relação dos professores com o alunado e apresentaram percentuais significativos. Esse dado corrobora a informação da Tabela 9 em que a relação “Professor-aluno” foi identificada por 44,7% dos

respondentes como uma situação de desgaste emocional. De forma mais genérica, a alternativa que trata das “Relações interpessoais na instituição” foi escolhida por 19 professores, o que representa 40,4% dos respondentes.

Do ponto de vista da relação de trabalho, os professores indicaram uma preocupação com a “Instabilidade no emprego”, alternativa assinalada por 26 professores, representando 55,3% dos pesquisados. Em relação ao “Controle/ disciplina sobre a sala de aula”, 18 professores (38,3%) acreditam que isso também pode interferir na atividade docente. E entre as alternativas relacionadas à carga psíquica, uma opção aponta para uma característica da atividade docente, destacando que, no ensino presencial, a atividade não ocorre sem a presença do professor. Assim, a opção “Percepção de que o trabalho do professor só se realiza mediante sua presença” foi assinalada por 16 professores, o que equivale a 34% dos respondentes. Focando ainda na figura do próprio professor, a exposição em sala de aula foi citada por 13 pesquisados (27,7%). Finalmente, a opção “Vigilância sobre o trabalho do professor” foi assinalada por oito docentes (17%).