6 VARIÁVEIS DEMOGRÁFICAS, OCUPACIONAIS E CARGA DE TRABALHO
6.2 DISTRIBUIÇÃO DAS VARIÁVEIS OCUPACIONAIS
A Tabela 3 trata do perfil dos respondentes, segundo as variáveis ocupacionais, apontando o tempo de trabalho do professor no ensino superior privado e também como professor na IES. Observa-se que 48,9% dos docentes estão na profissão há menos de cinco anos e 31,9% atuam de seis a 10 anos. Os demais percentuais se diluem nas outras faixas. Quanto ao tempo de trabalho na IES Alfa, os percentuais se distribuem da seguinte forma: 66% dos respondentes estão na instituição há menos de cinco anos, na faixa seguinte – o intervalo de seis a 10 anos – é de 21,3% desses. Considerando que o tempo mais expressivo de crescimento da IES ocorreu nos últimos dez anos, podem ser destacados os seguintes percentuais: os respondentes são professores da IES há menos de 10 anos – 87,3% dos respondentes – e pelo mesmo período ministram aulas no ensino superior privado (80,8%). TABELA 3: Tempo de trabalho como professor
Variáveis Faixa de tempo Número de respostas Percentual de respostas
Tempo de trabalho como professor de ensino superior privado Menos de 5 anos 23 48,9 De 6 a 10 anos 15 31,9 De 11 a 20 anos 6 12,8 Acima de 20 anos 3 6,4 Total 47 100,0
Tempo de trabalho como professor nessa Instituição Menos de 5 anos 31 66,0 De 6 a 10 anos 10 21,3 De 11 a 20 anos 3 6,4 Acima de 20 anos 3 6,4 Total 47 100,0
Fonte: Dados da pesquisa
Ainda no quesito variáveis ocupacionais, o questionário coletou dados relativos ao número de dias e quantidades de disciplinas e de turmas sob a responsabilidade dos docentes pesquisados. Tais dados referentes ao segundo semestre do ano de 2012, são apresentados na Tabela 4.
TABELA 4: Quantidade de dias de semana em docência, quantidade de disciplinas e de turmas no semestre de 2012/2
Variáveis Quantidades Número de respostas Percentual de respostas
Dias da semana em que lecionou no semestre (2012/2) 3 1 2,1 4 9 19,1 5 33 70,2 6 4 8,5 Total 47 100,0 Quantidade de disciplinas ministradas no semestre (2012/2) 1 2 4,3 2 9 19,1 3 13 27,7 4 8 17,0 5 11 23,4 6 ou mais 4 8,5 Total 47 100,0 Quantidade de turmas no semestre (2012/2) 3 2 4,3 4 10 21,3 5 15 31,9 6 ou mais 20 42,6 Total 47 100,0
Fonte: Dados da pesquisa
Como parte das variáveis ocupacionais, buscou-se conhecer em quais campi os docentes atuam. Nessa questão, buscou-se identificar se há deslocamento ou concentração entre os campi, considerando que a IES tem uma distribuição multicampi. A Tabela 5 apresenta os resultados em relação à questão formulada na pesquisa.
TABELA 5: Campus (Campi) indicado como local de atuação no semestre (2012/2) Campus (Campi) Número de respostas Percentual de respostas
Campus 1 13 27,7 Campus 2 6 12,8 Campus 3 5 10,6 Campus 4 4 8,5 Campus 5 4 8,5 Campus 6 3 6,4 Campus 7 2 4,3 Campus 8 1 2,1
Outros / Não informaram 9 19,1
Total 47 100,0
Fonte: Dados da pesquisa.
Dando continuidade às variáveis ocupacionais, formulou-se uma questão elencando aspectos que estão presentes no cotidiano dos professores e buscou-se conhecer em que circunstâncias o trabalho se torna preocupante. Os resultados obtidos estão na Tabela 6.
TABELA 6: Circunstâncias que tornam o trabalho preocupante
Circunstâncias Número de respostas Percentual de respostas
Diminuição/aumento da carga horária 38 80,8 Mudança de disciplina ou de curso 11 23,4 Nota da Avaliação Institucional 11 23,4 Exigências de cumprimento de prazos 9 19,1 Lançamento dos dados no sistema online 9 19,1 Deslocamento entre os Campi 8 17,0
Outras(*) 10 21,2
Total geral 96 100,0
Fonte: Dados da pesquisa
A alternativa escolhida por 80,8% dos respondentes foi “Diminuição/aumento da carga horária”, a qual é uma realidade presente nas IES privadas, uma vez que a carga horária do professor é flutuante, definida a cada semestre, a partir de variáveis como oferta de cursos, matrículas dos alunos e número de turmas. Duas outras afirmativas tiveram percentuais iguais e também relevantes que são a “mudança de disciplina ou de curso” e a “avaliação institucional”. O primeiro se refere a uma gestão que o docente tem que fazer em relação aos seus deslocamentos e também sua preparação para novas disciplinas. O segundo se volta para a avaliação feita pelos alunos e pelo coordenador sobre o desempenho docente, em que a IES Alfa apura a média de todos os quesitos avaliados no questionário e compara a nota do docente com a média institucional. A recomendação institucional é de que o docente deve sempre buscar se aproximar dessa média e também que essa deve ser crescente, visando a obtenção do melhor desempenho de todos. Além disso, nessa questão é feito o descritivo da opção “Outros”, que foi assinalada por 10 professores (21,2% dos respondentes), apontando as seguintes situações:
Coordenação não apoiar professor; falta de condições para pesquisa e extensão; Falta de conhecimentos básicos dos alunos; formação escolar e cultural; Lidar com os alunos. Lidar com os diferentes níveis de aprendizagem dos alunos e a postura inadequada de muitos deles para com o docente; Não atendimento às inúmeras e semestrais solicitações para evitar grande deslocamento entre casa-trabalho; Perfil do público do Centro Universitário; Trabalhos extra relacionados ao sistema de gestão acadêmica da instituição.
Algumas dessas manifestações de opiniões fazem parte das questões seguintes em que se busca conhecer a carga de trabalho da atividade docente. Quando indagados se realizavam outras tarefas na IES, 27 professores (57,4%) assinalaram ‘não realiza’, conforme apresentado na Tabela 7. Entre os que responderam afirmativamente, os dados mais relevantes dizem respeito a cinco professores (10,6%) que informaram que atuam em Extensão e aos outros três (6,4%) que disseram atuar em Pesquisa. A opção “Outros” foi assinalada por nove
respondentes (19,1%) que declararam realizar atividades de Coordenação. A inclusão desses coordenadores não era prevista, mas poderia acontecer, uma vez que o relatório do sistema de gestão docente fornecido pela IES Alfa não permitia esse filtro, pois não detalhava as atividades dos professores, apenas fornecia o quantitativo de horas de trabalho. As outras opções se diluíram em percentuais irrelevantes.
TABELA 7: Você realiza outras tarefas na instituição?
Tipos de tarefa Número de respostas Percentual de respostas
Não realiza 27 57,4 Extensão 5 10,6 Pesquisa 3 6,4 Colegiado 1 2,1 Pós- graduação 1 2,1 Leciono em EAD 1 2,1 Outros(*) 9 19,1 Total 47 100,0 (*) Descrição: Coordenação. Fonte: Dados da pesquisa
Com relação à questão sobre a “Existência de sobrecarga de trabalho e/ou responsabilidades assumidas na instituição”, os entrevistados se manifestaram a partir de uma escala constando as opções “Concordo plenamente, Concordo parcialmente, Em dúvida, Discordo parcialmente, Discordo plenamente”. As escolhas prevalentes ficaram polarizadas em “Concordo parcialmente” e “Discordo plenamente” conforme apresentado na Tabela 8. TABELA 8: Considerações sobre a existência de sobrecarga de trabalho e/ou
responsabilidades assumidas na instituição
Considerações Número de respostas Percentual de respostas
Concordo parcialmente 16 34,0 Concordo plenamente 4 8,5 Discordo parcialmente 9 19,1 Discordo plenamente 14 29,8 Em dúvida 4 8,5 Total 47 100.0
Fonte: Dados da pesquisa.
Buscou-se identificar se há, na visão dos entrevistados, desgaste emocional nas relações existentes na IES. As respostas se apresentaram concentradas em duas opções: 44,7% dos respondentes identificaram a relação “Professor-aluno” como uma situação de desgaste emocional; e “Não há desgaste” foi apontada por 34% dos professores. A opção “Outros” foi assinalada por 8,4% dos respondentes, os quais completaram informações sobre as relações em que há desgaste emocional. As demais opções obtiveram percentuais inexpressivos.
TABELA 9: O desgaste emocional ocorre nas seguintes relações
Tipos de relações Número de respostas Percentual de respostas
Professor - Aluno 21 44,7
Não há desgaste 16 34,0
Professor - Coordenação de Curso 2 4,3
Professor - Direção 2 4,3
Professor - Funcionários Administrativos 1 2,1
Professor - Professor 1 2,1
Outros(*) 4 8,4
Total 47 100,0
(*) Descrição: O desgaste depende da postura de cada um, não tem como eu responder pela instituição. Fonte: Dados da pesquisa
A preparação de tarefas didáticas pode impactar substancialmente a alocação do tempo. Considerando essa possibilidade, uma questão buscava conhecer o “percentual diário de tempo utilizado para a preparação das tarefas da docência”. Os professores se manifestaram conforme apresentado na Tabela 10. Os resultados mais relevantes indicaram que 18 professores (38,3%) dedicam 20% do seu dia para essa tarefa, seguidos de 11 docentes (23,4%) que utilizam 60% do seu dia e de outros oito (17%) que investem 40% do seu tempo. TABELA 10: Percentual diário de tempo utilizado para a preparação de tarefas para a
docência
Percentual do tempo utilizado diariamente Número de respostas Percentual de respostas
20% do seu dia 18 38,3
40% do seu dia 8 17,0
60% do seu dia 11 23,4
80% do seu dia 5 10,6
Não tenho ideia 4 10,6
Total 47 100,0
Fonte: Dados da pesquisa
O instrumento de coleta de dados perguntava se os respondentes trabalhavam em outra IES e, em caso positivo, qual a carga horária semanal. Apenas sete professores, representando 14,9% dos respondentes, informaram que lecionam em outra instituição de ensino superior.
Para esses respondentes, foi indagada a carga horária alocada em outra insituição. Os resultados obtidos estão relacionados na Tabela 11. É possível perceber que o número de horas está distribuído em um mínimo de seis e máximo de 16 horas semanais. A concentração é entre 12 e 16 horas, sendo que entre os respondentes, dois professores se encontram em cada uma das cargas horárias.
TABELA 11: Carga horária dos professores que atuam em outra instituição
Carga horária Número de respostas Percentual de respostas
6 horas 1 2,1
10 horas em sala de aula + projeto de extensão 1 2,1
12 horas 2 4,3
16 horas 2 4,3
Variável 1 2,1
Total 7 100,0
Fonte: Dados da pesquisa
Progredindo na análise dos dados obtidos, em relação à realização de outras atuações profissionais simultâneas ao exercício da docência, apurou-se que 68% dos professores não têm outra atuação profissional simultânea à docência e 32% têm. Aqueles que atuam foram questionados se isso contribui para a docência. No Quadro 5 foram inseridos os comentários feitos por eles.
QUADRO 5: Contribuição da atuação simultânea à docência Comentários
Como sou da área do Direito, acredito que minha outra atividade contribui muito para o enriquecimento das aulas.
Consultório de Psicologia Particular.
Eu leciono em instituição privada no ensino médio.
Faço Doutorado na minha área de atuação, então isto contribui e muito para a docência.
Participação em projeto de Extensão no Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT da UFMG. Referindo-me ao cargo administrativo que ocupo na própria IES. Este cargo contribui para a docência sim, uma vez que lido com o campo de estágio clínico dos alunos. Por meio dele, eu tenho que estar inteirada da ética profissional e das técnicas de atendimento também.
Sim contribui. Meu trabalho está diretamente relacionado aos assuntos das aulas que leciono. Levo experiências e casos do dia a dia para a sala de aula. Em alguns dias levo desafios que tive na vida profissional para os alunos
Sim! Trazendo casos práticos para os alunos confrontarem com a teoria. Sim, contribui muito. Professor de Ensino Técnico.
Sim. A auditoria me permite atualização em tempo real, o que contribui muito e agrega valor as aulas tornando o aluno mais reflexivo na compreensão da aplicação prática do tema trabalhado.
Sim. A prática clinica em consultório e em instituições (políticas públicas) são fundamentais para realizar uma interlocução permanente entre academia e realidade da prática (teoria e prática) além de poder produzir interrogações, investigações e aprimorar a aprendizagem significativa.
Sim. Atividades de pesquisa e consultoria
Sim. Trabalho justamente com o mercado no qual os alunos serão inseridos. Isto faz com que possa trazer informações atuais e relevantes para a sala de aula.
Fonte: Dados da pesquisa
Os comentários obtidos dão pistas de que essas atuações simultâneas têm permitido aos professores a apropriação dessa vivência para a docência, permitindo discutir situações práticas em sala de aula.
6.3 DISTRIBUIÇÃO DAS VARIÁVEIS RELATIVAS À CARGA DE TRABALHO