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5 OS CAMINHOS DA PESQUISA E SEUS SUJEITOS

5.1 PROCESSO DE ANÁLISE

5.1.1 Os sujeitos da etapa quantitativa

Conforme Anexo da Portaria 40 (BRASIL, 2007) (ANEXO B) - “Quadro dos Conceitos de referência para as bases de dados do MEC sobre educação superior”, os docentes são classificados segundo o Quadro 2, que se segue.

QUADRO 2: Definições carga horária docente - MEC

Carga horária Definição

Tempo integral

docente contratado com 40 horas semanais de trabalho na mesma instituição, reservado o tempo de pelo menos 20 horas semanais a estudos, pesquisa, trabalhos de extensão, gestão, planejamento, avaliação e orientação de estudantes.

Tempo parcial

docente contratado atuando com 12 ou mais horas semanais de trabalho na mesma instituição, reservado pelo menos 25% do tempo para estudos, planejamento, avaliação e orientação de estudantes.

Horista

docente contratado pela instituição exclusivamente para ministrar aulas,

independentemente da carga horária contratada, ou que não se enquadre nos outros regimes de trabalho acima definidos.

A IES informou que, no segundo semestre de 2012, contava com 693 professores, sendo 138 em tempo integral, 119 em tempo parcial e 436 horistas. No âmbito interno, a IES Alfa define os docentes conforme Quadro 3, que se segue.

QUADRO 3: Definições carga horária docente - IES Alfa

Carga horária Definição

Tempo Integral

docentes que desenvolvem atividades de gestão acadêmica e também atuam atividades de ensino. Enquadram-se nessa situação os Coordenadores de Curso, Diretores e Assessorias.

Tempo Parcial docentes que desenvolvem atividades de pesquisa e extensão, que não são atividades de gestão e que também atuam em atividades de ensino. Horista Docente que atua em atividades de ensino.

Fonte: Dados fornecidos pela IES Alfa (2012)

De posse de tais informações, se delineiam os sujeitos de pesquisa, quais sejam: docentes de uma IES privada, categoria administrativa Centro Universitário, classificado como horista, com 20 ou mais horas de trabalho semanais. A amostra foi de 144 professores, conforme Quadro 4, distribuídos nos seguintes percentuais:

QUADRO 4: Distribuição percentual docentes e carga horária semanal

Carga horária Número de docentes Percentual

Com 20 horas semanais 61 42%

Entre 21 e 24 horas semanais 43 30% Entre 25 e 28 horas semanais 30 21% Entre 29 e 32 horas semanais 07 5% Acima de 33 horas semanais 03 2%

Total 144 100%

Fonte: Dados fornecidos pela IES Alfa (2012).

Os dados evidenciam que o maior percentual de professores se localiza no intervalo entre 20 a 24 horas semanais perfazendo 72% da amostra.

A pesquisadora enviou e-mails para os 144 docentes solicitando que respondessem ao questionário online. Ao final do período de recebimento das respostas, apurou-se que 47 professores participaram da pesquisa, tendo se constituído num percentual equivalente a 32,6% da amostra.

Os dados obtidos na abordagem quantitativa foram estatisticamente tratados por meio do programa Statistical Package Social Science (SPSS). Foi utilizada a estatística descritiva, utilizando-se medidas de frequência (absoluta e relativa), conforme Soares (1991). Os dados foram organizados em tabelas e quadros apresentados e discutidos no Capítulo 6.

Etapa 4 - Observação Sistemática

É a etapa seguinte à observação livre, caracterizando-se pela intensidade do contato e acompanhamento da atividade.

Numa experiência semelhante, Dias (2007) pesquisou situações conflitantes no setor de atendimento de uma operadora de saúde e buscou conhecer quais eram as estratégias de regulação da atividade do atendente. Naquele momento, interessava compreender como o atendente em uma operadora de saúde, atuante no segmento privado, lidava com as condições dadas institucionalmente, ouvia a necessidade do cliente e atendia às exigências da operadora.

Naquela ocasião, também optou-se por adotar a metodologia da AET para acompanhar in loco as situações de trabalho e buscar compreender a atividade ali engendrada, como o atendente fazia para lidar com as demandas dos usuários e as dificuldades interpostas pela operadora de saúde. Considerando essa experiência anterior, as observações sistemáticas se mostraram pertinentes para abordagem de tarefas com caráter relacional, como o atendimento face a face e o trabalho docente. Não por acaso, as duas pesquisas se situam em áreas importantes para o bem comum: educação e saúde.

Além de descrever a atividade, considera-se o pressuposto ergológico da atividade humana em que se preconiza que, ao fazer a síntese entre o que é prescrito e o que é efetivamente realizado, o sujeito faz escolha, hierarquiza e renormaliza seu meio.

É inócuo perguntar a um trabalhador o que ele faz, pois a definição da tarefa não dá conta de apreender a complexidade da atividade, uma vez que a mesma se dá em condições reais que se modificam a todo o momento, enquanto a tarefa se pretende normativa e em condições determinadas (GUÉRIN et al., 2001). A observação da atividade apreende essa síntese, mostrando não apenas o que estava prescrito para a tarefa, mas o que foi efetivamente realizado.

A ergologia contribui para essa discussão preconizando que a realização da atividade inclui as “normas antecedentes”, se referindo a aspectos presentes anteriores à sua consecução. A abordagem ergológica instiga e propõe que “podemos acompanhar com uma lupa o processo de tratamento e re-tratamento dos saberes e valores, o debate de normas e as ‘re-normalizações’ efetuadas nas normas antecedentes pela atividade humana em ação de trabalho” (CUNHA; LAUDARES, 2009, p. 67).

A metodologia consiste ainda na produção de verbalizações dos tipos simultânea ou consecutiva. A verbalização simultânea é limitada, uma vez que pode “implicar numa interrupção” da atividade de trabalho (GUÉRIN et al., 2001, p. 169). No presente caso, em

que se acompanhou a atividade docente, embora tenha ocorrido, nem sempre foi possível produzir verbalizações dessa forma. A verbalização consecutiva, por seu lado, “pretende manter o desenvolvimento normal da atividade” (GUÉRIN et al., 2001, p. 169), podendo ser feita a partir de algum registro de observações. Esse tipo foi mais utilizado nessa pesquisa, uma vez que buscou-se anotar com a maior riqueza possível as situações que ocorreram em sala de aula. Há, ainda, uma forma específica de verbalização denominada autoconfrontação, que consiste em relançar termos que ficaram pouco claros, vagos ou que consistem em jargões da atividade.

Em termos mais concretos, a AET consiste em procedimentos de observação da atividade, o que pode ser feito por meio de anotações, gravações de conversas ou filmagem de situações, para que depois se possa conversar sobre tais situações com os sujeitos da pesquisa, buscando elucidar o que estava em jogo na situação.