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RESUMO

(DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ÁRVORES NA FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL MONTANA DO PICO DO JABRE, PB). As Florestas Estacionais

Semideciduais Montanas no Nordeste têm sido alvo de estudos na última década. Nos municípios de Maturéia e de Mãe D‘água (PB), o Parque Estadual do Pico do Jabre (06° 02‘12‘‘ a 08°19‘18‘‘ S e 34°45‘12‘‘ a 38°45‘45‘‘W), distante 360 km da costa, inclui a maior elevação (1.197 m) regional. O objetivo deste trabalho foi investigar a relação entre fatores ambientais e a distribuição espacial de populações de árvores e se há relação entre a distribuição das espécies com características ambientais locais, partindo-se da hipótese se que a distribuição espacial das espécies arbóreas ao longo do gradiente topográfico configura comunidades floristicamente distintas. Para identificar as principais comunidades de árvores foram aplicadas as técnicas UPGMA e TWINSPAN, complementadas com a avaliação de espécies indicadoras (VI), com significância do Valor de Indicação pelo teste de Monte Carlo. Para tanto foram estabelecidas as variáveis categóricas: parcelas preservadas (PP), parcelas alteradas (PA) e com rochosidade (R). Para ressaltar as diferenças entre os grupos de parcelas preservadas, alteradas e com rochosidade, foram calculados os parâmetros fitossociológicos. Os resultados mostraram a baixa similaridade florística e estrutural entre as parcelas e caracterizaram a elevada diversidade beta na área. A variação altitudinal entre as parcelas foi de 225 m. A classificação da vegetação revelou duas comunidades: (PP) com parcelas preservadas e (PAR) com parcelas alteradas e com rochosidade. Byrsonima nitidifolia, Byrsonima sp. e

Maytenus disticophylla foram consideradas como indicadoras da PP, e Eugenia ligustrina, Erythroxylum mucronatum e Myrciaria floribunda, preferenciais da PP. Todas elas são

típicas de ambientes florestais em estádios mais avançados na sucessão. As análises não sugeriram quaisquer espécies indicadoras da comunidade PAR, mas sim Myracrodruon

urundeuva e Sapium sp. como preferenciais. Estas duas espécies estão, no Nordeste,

frequentemente associadas à Caatinga. As comunidades PP e PAR apresentaram diferenças na densidade de árvores, riqueza de espécies e área basal. Foram detectadas com preferência significativa pelo teste de Monte Carlo cinco espécies PP, duas PA e quatro R. Estes resultados indicaram a existência de grupos com diferenças florísticas e estruturais na comunidade estudada, formados em função de alterações antrópicas e presença de rochosidade. Após a criação da unidade de conservação e aparente redução dos processos de intervenção na área, não houve tempo suficiente para a comunidade mais alterada (PAR) se assemelhar à comunidade mais preservada (PP).

Palavras chave: Espécies Indicadoras, TWINSPAN, UPGMA, Alterações antrópicas, Distribuição espacial.

ABSTRACT

(TREES SPACIAL DISTRIBUTION IN THE PICO DO JABRE MONTANE SEASONAL FOREST, PARAIBA, BRAZIL). The montane seasonal forests in the

Brazilian northeast region are the focus of many studies in the last decade. In the Maturéia and Mãe D‘água municipalities the Pico do Jabre State Park (06°02‘12‘‘ to 08°19‘18‘‘ S and 34°45‘12‘‘ e 38°45‘45‘‘W), placed 360 km from the sea includes the highest regional elevation (1197 m) at Paraiba state. This study aims to investigate tree spatial distribution and its association to environmental factors along a topographical gradient of 225 m altitudinal range. To reach this target UPGMA, TWINSPAN and the indicator species analysis were complementarily applied and resulted in two floristic communities: PP including preserved plots and PAR colonizing disturbed and rocky plots. To highlight PP and PAR floristic differences a separated phytosociological analysis was run. Results showed distinct richness, density, basal area, low similarity and high beta diversity among communities. Byrsonima nitidifolia, Byrsonima sp. and Maytenus disticophylla were found as PP indicator species and Eugenia ligustrina, Erythroxylum mucronatum and Myrciaria

floribunda as PP preferential. These species are frequently associated to advanced

sucessional stages within regional forest communities. There were no PAR indicator species. Miracrodruon urundeuva and Sapium sp. stood out as PAR preferential species. These two species are commonly associated to the neighboring Caatinga vegetation. The indicator species analysis showed five as preserved environment preferential, as well as two for disturbed environment and five as rocky environment preferentials. Even after seventeen years of protection as a conservation unit past disturbances are still found as a relevant structuring agent, together with some soil chemical and physical characteristics.

Key Words:

Indicator species, TWINSPAN, UPGMA, disturbances, tree spatial distribution.

3.1. - INTRODUÇÃO

A variabilidade de habitats permite que as espécies possam expressar sua capacidade de explorar os recursos locais e assim tornar possível a coexistência de múltiplas espécies. O resultado são mosaicos de comunidades de plantas, que estimulam o interesse em estudos sobre a influência de fatores bióticos e abióticos na estruturação da vegetação. As associações espécies-hábitats são perceptíveis ao longo de gradientes, no entanto, a separação de tipos de vegetação, que ocorrem na comunidade vegetal, é mais complexa. A detecção de variações florísticas e estruturais ao longo de gradientes topográficos e suas associações com fatores ambientais e edáficos permite entender padrões de distribuição de plantas em florestas, para a definição da diversidade local e de estratégias para conservação, manejo e restauração de áreas degradadas (Martins et al. 2003). A estimativa da quantidade de produtos potencialmente exploráveis também é produto da distribuição espacial das espécies (Tuomisto et al. 2003).

A classificação da vegetação se baseia na distribuição espacial das diferentes espécies na vegetação, que tanto pode ser controlada pela associação espécies-fatores ecológicos ao longo de gradientes (Clark et al.; 1998; Terborgh 1992), como também em resposta a eventos estocásticos (Hubbell 2001). Os métodos de classificação podem ser usados para detectar padrões na distribuição de determinados tipos de vegetação ou de espécies entre e dentro de comunidades, com base nos atributos de composição florística e tamanho das populações (Kent & Coker 1992). Assim, as Florestas Estacionais Semideciduais Montanas situadas no interior do Nordeste têm sido alvo de estudos na última década, com sugestões sobre a relação de algumas espécies e comunidades a alguns tipos de habitat (Xavier 2009; Rodal et al. 2008 a; Andrade et al. 2006; Ferraz et al. 2004; Tavares et al. 2000).

Detectar e entender como se constituem as comunidades de plantas arbóreas nas Florestas Estacionais Semideciduais Montanas e suas associações com o ambiente é informação importante para projetos de recuperação, especialmente nestas áreas sujeitas a intervenções antrópicas ao longo dos séculos.

A Floresta Estacional Semidecidual Montana localizada no Parque Estadual do Pico do Jabre, carece de informação sobre como se distribuem as espécies espacialmente na área. O levantamento florístico de Agra et al. (2004) relata diferenças florísticas em função da altitude, com espécies típicas de Caatinga posicionadas nas cotas de altitude abaixo de 500m, e as espécies típicas de mata restritas às cotas mais altas. Aparentemente há uma flora mista nas cotas intermediárias (Agra et al. 2004).

Partindo da hipótese que a distribuição espacial das espécies arbóreas ao longo do gradiente topográfico configura comunidades florísticamente distintas, o objetivo deste capítulo foi investigar a distribuição de diferentes espécies arbóreas na Floresta Estacional Montana o Pico do Jabre, e investigar se estas se relacionam com características ambientais locais. Buscou-se responder a pergunta 2: Existe padrão na distribuição espacial de espécies que indique a presença de comunidades florísticas? Há espécies com distribuição preferencial por habitats?