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2.1.1 - Área de Estudo: Pico do Jabre, PB.

O Pico do Jabre situa-se entre os municípios de Maturéia e Mãe D‘água (Figura 2.1) entre os paralelos 06°02‘12‘‘ e 08°19‘18‘‘ de latitude sul e entre os meridianos de 34°45‘12‘‘ e 38°45‘45‘‘ de longitude Oeste, e é o ponto de cota mais elevada da Paraíba (1.197m) e do Nordeste Setentrional (SUDEMA 1994). Ao norte do Pico está a depressão sertaneja, a leste o Cariri paraibano e ao sul o Pajeú pernambucano. O sistema de serras próximo ao Pico é divisor de águas, onde os riachos a leste correm para a bacia hidrográfica do Taperoá (Paraíba), ao sul para o Pajeú – São Francisco e ao norte para a bacia hidrográfica do Coremas – Açu. O Pico do Jabre está na serra residual de Teixeira, uma projeção individualizada e reduzida nas cotas mais elevadas da Borborema (Moreira 1989), com

acentuado desnível em sua encosta norte. Seu formato é alongado, com direção WSW- ENE, com cerca de 100 km de extensão e 10 km de largura (SUDEMA 1994).

O clima na área sofre modificações em função da altitude e disposição perpendicular aos ventos dominantes. A serra de Teixeira tem clima AW‘ (quente e semi-úmido, com chuvas de verão até outono (Lima & Heckendorff 1985). A estação seca pode durar de 5-7 meses, de maio a dezembro, com precipitações mínimas de agosto a outubro (menos e 1% do total). As maiores precipitações se registram entre janeiro e maio, com quase 70% do total. Os índices pluviométricos são baixos, entre 800-1.000mm, mas superiores ao da Caatinga

circundante. A temperatura média é superior a 20°C e a umidade relativa média do ar de

65% (SUDEMA 1994).

Figura 2.1: Localização do Pico do Jabre na região Nordeste e no estado da Paraíba e posicionamento das parcelas para o levantamento dos estratos arbóreo e da regeneração

A área já sofreu fortes impactos do passado em decorrência de incêndios, desmatamentos para o cultivo agrícola e extração seletiva de madeira. Abasteceu madeireira que funcionava na base do pico durante cerca de 40 anos. O primeiro relato de incêndio foi registrado em 1971, sendo que outros dois ocorreram em 1991 e 2003, em decorrência do preparo de áreas para o cultivo agrícola. Em 1991 destruiu cerca de 10 hectares da vegetação nativa (Xavier 1992). A interferência antrópica no que diz respeito à exploração agrícola local intensificou-se nos anos 40 (Cavalcante 1989 apud Xavier 1992) com a introdução da cultura de sisal (Agave sisalana Perr), que teve fácil adaptação às condições edafoclimáticas no local, embora atualmente esteja em decadência na região. Nos tempos atuais, ainda que em pequena escala, se encontra extração seletiva de madeira na área. No cume do pico há 17 torres de comunicação, utilizadas por diversas empresas de telecomunicação (telefonia móvel, internet, televisão, rádios AM e FM), causando impactos localizados na área (Ramalho et al. 2009).

2.2.2 - Dados climáticos

Para compreensão dos padrões de sazonalidade na área, os dados de precipitação no quinquênio 2000-2005 foram tomados da AESA (Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba) do Governo do Estado da Paraíba, para o município de Maturéia. Dados complementares de precipitação no mesmo período foram fornecidos pela EMATER (PB) para o município de Teixeira (16 km de Maturéia), tomados diariamente na zona rural do município, no intervalo dos últimos 20 anos.

A Figura 2.2 apresenta os dados de precipitação no município de Teixeira nos últimos 20 anos obtidos na EMATER (PB), e a figura 2.3 aqueles fornecidos pela AESA (PB) para aos últimos 9 anos. Observa-se a grande variação interanual nos volumes de precipitação no período abrangido assim como os anos em que foram coletados os dados deste estudo.

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano P p t (m m )

Figura 2.2: Precipitação pluviométrica registrada no Município de Teixeira, Paraíba, no intervalo de 1988 – 2007. Dados fornecidos pela EMATER - PB.

0 200 400 600 800 1000 1200 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Ano P pt ( m m )

Figura 2.3: Precipitação pluviométrica registrada no município de Teixeira (PB), entre os

anos de 2000 – 2008. Dados fornecidos pela AESA (Agência Executiva de Gestão de

Águas do Estado da Paraíba).

2.2.3 - Amostragem da vegetação

O método de parcelas (Muller-Dombois & Ellenberg 1974) foi empregado para a obtenção dos dados florísticos e estruturais A comunidade arbórea foi amostrada em 36 parcelas de 10 x 50 m, dispostas sistematicamente em 7 alinhamentos paralelos às inclinações da encosta, totalizando 1,8 ha de área amostrada. As parcelas tiveram diferentes faces de exposição, de acordo com o relevo, sendo 6 posicionadas na face Norte, 5 na Sul, 22 na Leste e três no topo da Serra. A declividade nas parcelas variou de 0 a 67°, medidas com clinômetro em duas porções da mesma: do ínicio ao meio e do meio ao fim. O espaçamento entre as alinhamentos e entre parcelas foi de 100 m, e o número de parcelas de cada alinhamento foi determinado pela situação de preservação da área e a condição de

trabalho na declividade. Todas as parcelas foram georeferenciadas (Figura 2.4). Os vértices das parcelas foram demarcados com estacas de madeira e as laterais com barbante, e todos os indivíduos localizados dentro da parcelas e os que tocavam o barbante nas laterais foram amostrados.

Figura 2.4: Distribuição das parcelas para o levantamento fitossociológico do estrato arbóreo na Floresta Estacional Seidecidual Montana do Pico do Jabre, PB..

Foram amostrados todos os indivíduos arbóreos vivos, inclusive palmeiras, com DAP ≥ 4,8 cm, medidos com fita métrica graduada. A altura das árvores foi estimada visualmente, tomando-se por base uma vara de tudo de PVC graduada, com até 12 m de comprimento. Os indivíduos com troncos cespitosos foram amostrados somente quando uma das ramificações apresentava diâmetro mínimo para inclusão. Neste caso, todos os caules foram medidos e a área basal total do indivíduo foi dada pelo somatório das áreas basais de cada caule.

As parcelas foram instaladas e os indivíduos amostrados entre março de 2002 e abril de 2003. As amostras botânicas foram coletadas entre 2003 a 2008 e incorporadas ao herbário do Departamento de Sistemática e Ecologia da Universidade Federal da Paraíba (JPB) e no herbário da Universidade de Brasília (UB). As identificações fora feitas por meio de consultas à literatura e especialistas, além de comparações com coleções de Herbário da UFPB. Os exemplares foram coletados no interior das parcelas em fase reprodutiva e/ou vegetativa. Coletas adicionais foram feitas fora das parcelas durante caminhadas na área,

objetivando levantamento florístico mais completo. As espécies amostradas foram identificadas e as famílias organizadas de acordo com a proposta contida em APG II (APG II 2003). A grafia dos nomes das espécies e dos autores foram confirmadas no site do Missouri Botanical Garden (www.mobot.org). Foram adotados os nomes populares regionais.

2.2.4 - Parâmetros fitossociológicos

Os parâmetros fitossociológicos calculados e interpretados na caracterização estrutural foram os sugeridos por Muller–Dombois & Ellemberg (1997), calculados por planilhas eletrônicas Excel: densidade absoluta e relativa (DA e DRel), dominância absoluta e relativa (DoA e DoRel), frequência absoluta e relativa (FA e FRel) e Índice de Valor de Importância (IVI).

2.2.5 - Abrangência florística e suficiência amostral

A análise da abrangência florística em relação ao esforço amostral foi elaborada pela curva de rarefação (Magurran 1988) e curva espécie x área, calculadas no programa estatístico Past e a suficiência amostral pelo erro padrão e o intervalo de confiança (nível de significância de 5%) a partir dos dados de densidade e da área basal da amostra. O limite de erro adotado foi de 10%, a 95% de probabilidade (Felfili & Resende 2003). A estimativa da riqueza foi dada pelo estimador de riqueza de Jacknife de primeira e segunda ordem (Magurran 1988).

2.2.6 - Riqueza florística

A diversidade alfa da comunidade foi avaliada pelo índice de Shannon-Wienner (H‘) expresso em base log natural (Brower et al. 1997) e o índice de Pielou (J‘) que quantifica a contribuição das populações na comunidade em relação ao número de indivíduos. Este índice apresenta valor máximo 1 quando as espécies possuem abundâncias iguais na comunidade. Ambos foram calculados com auxílio de programa MVSP (2004) versão 3.13. Os índices foram calculados para a amostra total e por parcelas.

2.2.7 - Distribuição dos diâmetros e alturas

A falta de referência da idade dos indivíduos em florestas inequiâneas torna importante o conhecimento da estrutura diamétrica dos indivíduos presentes nas mesmas. Para tanto, foram elaborados histogramas do número de indivíduos por classes de diâmetro e alturas para a comunidade e algumas de suas populações. As populações incluídas nas análises foram as que apresentaram os dez mais altos valores do IVI. No estudo da distribuição dos diâmetros os intervalos de classe empregados incluíram amplitudes crescentes para compensar a diminuição da densidade nas classes de maior tamanho (Carvalho et al. 2005). Isto permite que indivíduos de classe diamétricas maiores e de baixa densidade sejam bem representados (Oliveira-Filho et al. 2001). Foram registrados o número de indivíduos, a área basal e número de espécies por classe de diâmetro. O valor da primeira classe foi de 4,8 cm, valor do diâmetro mínimo adotado como critério de inclusão, e a última classe com intervalo aberto à direita, conteve os indivíduos com DAP ≥ 80 cm. Desta forma as classes de diâmetro foram: Classe I: DAP > 4,8 – 10 cm; Classe II: DAP > 10 – 20 cm; Classe III DAP > 20 – 40 cm; Classe IV: DAP > 40 – 80 cm e Classe V: DAP > 80 cm.

A caracterização da ocupação do espaço vertical foi feita a intervalos de 3m, e nestes foram incluídos o número de indivíduos, área basal e número de espécies. Os intervalos das classes foram: Classe I: 3 – 6 m; Classe II: > 6 – 9 m; Classe III: > 9 – 12 m; Classe IV: > 12 – 15 m; Classe V: > 15 – 18 m; Classe VI: > 18 – 21 m e Classe VII: > 21 m.

2.2.8 - Quociente de Liocourt

A avaliação da distribuição dos indivíduos em classes de diâmetro foi feita através do quociente ―q‖ sugerido por Liocourt (1898), segundo Meyer (1952 apud Felfili & Silva Júnior 1988). Este quociente foi obtido pela divisão do número de indivíduos de uma classe pelo número de indivíduos da classe anterior, e foi adotado para avaliar o recrutamento entre classes (Silva Júnior 1999). Em florestas com distribuição balanceada, a redução do número de indivíduos entre classes ocorre em razão constante (quociente ―q‖). Os indivíduos recrutados são representados por ―q‖, e o valor de 1 – q representa a mortalidade entre as classes sucessivas.