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DITONGOS

No documento Fonetica e Fonologia (páginas 86-95)

O ditongo se caracteriza pelo encontro de uma vogal silábica, quer tônica, quer átona e uma vogal assilábica. Em outras palavras, o ditongo é um termo comumente utilizado para designar um encontro vocálico em uma mesma sílaba. De acordo com a Gramática Tradicional, os ditongos são classificados em crescentes e decrescentes. São crescentes quando há uma semivogal, seguida de uma vogal, e decrescentes quando a vogal é precedida da semivogal.

Na linguística, os ditongos são também caracterizados como uma sequência se fonemas vocálicos. No entanto, tais fonemas assumem qualidade diferente na realização, sendo uma das vogais da sequência realizada como semivogal, denominada e conhecida de glide.

As semivogais são vogais assilábicas, isto é, não ocupam a margem do núcleo silábico, pois não apresentam proeminência acentual para ser o centro da sílaba, como ocorre com as vogais. De acordo com Hora (2009, 24) “o português apresenta dois segmentos que se caracterizam como semivogal: o [j], que muitas vezes é representada pelo [y], e o [w]”, como ilustram os exemplos (1)

(1) le[j]te bo[j] pa[w]ta me[w]

Em torno do glide, há uma discussão acirrada: eles devem ser considerados segmentos vocálicos ou consonantais? Para responder a essa questão mais uma vez recorre-se a Câmara Jr.

Termo do inglês usado em fonética para indicar um som de t r a n s p o s i ç ã o quando os órgãos da fala se movimentam em direção a uma articulação ou se afastam dela. Como não são nem consoantes nem vogais, os glides costumam ser denominados semiconsoantes ou semivogais (têm uma qualidade vocálica e uma d i s t r i b u i ç ã o c o n s o n a n t a l ) (CRYSTAL, 1988, p.126).

(1983), que adota o argumento do comportamento do “r” na palavra, e segundo o qual o glide como segmento vocálico, em fronteira de sílaba, o “r” é sempre realizado como brando depois de vogal, a exemplo de “mora” e forte depois de consoante, como observamos, por exemplo, na palavra “honra”. Quando o r aparece depois de um ditongo, este é realizado como brando, como observamos na palavra “europeu”, o que justifica o status vocálico de glide (HORA, 2009).

Desse modo, os ditongos definem-se pela presença de uma vogal mais um glide numa sequência. Vale frisar que esses dois segmentos fazem parte da mesma sílaba, diferindo do que se costuma de hiato, que são duas vogais em sequência, porém mantêm a sua qualidade, ou melhor, nenhuma das duas é semivogal, estando em sílabas distintas. Observemos as palavras “pais” [‘pajs] e país [pa ‘js], em que na primeira, temos um ditongo, já na segunda um hiato (HORA, 2009).

Há outra discussão sobre os ditongos na língua portuguesa, a que classifica como verdadeiros ditongos somente os decrescentes. Eles são formados por vogal + semivogal; diferindo- se dos ditongos crescentes (semivogal + vogal), não existindo na origem das palavras e, por essa razão, podem variar livremente com o hiato. Temos como exemplo a palavra “suar”, que pode ser realizada ora como [‘swah] e ora [su ‘ah]. No português, há somente um tipo de ditongo crescente que não alterna com hiato, são os formados pela seqüência de consoantes oclusivas /k/ ou /g/ mais a semivogal /w/, seguida de /a/ ou /o/. Um exemplo é a palavra “qual” [‘kwaw], conforme Hora (2009).

Os ditongos nasais são sempre decrescentes, como você pode observar nos exemplos a seguir: “mãe” [ma)j], “bem” [be)j]. Observe que o som de [e] e [m] nas duas palavras realizam-se como [I].

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Fonética e Fonologia da Língua Portuguesa

Outro fato interessante a ser destacado aqui é o do glide originado da vocalização do “l”, para o qual chama atenção Cristófaro-Silva (2002). No caso da vocalização, o “l” é representado foneticamente por [w]. Dessa forma, na palavra bolsa, a transcrição fonética desta palavra é [‘bowsA], em que se observa a vocalização desse som, ou seja, o “l” passa a realizar-se como [w], portanto, como vogal.

Para finalizar, vamos falar do tritongo. O tritongo caracteriza-se como o encontro de dois ditongos com a mesma vogal silábica, sendo as outras duas, a anterior e a posterior assilábicas. Para Cristófaro-Silva (2002), eles são denominados de consoantes complexas. Por exemplo, segundo essa linguista, na palavra “quais”, há “uma sequência de oclusiva velar-glide (consoante complexa) seguida de um ditongo decrescente: [kWAIs]”.

4.6 SÍNTESE DA AULA

Nos sons vocálicos, ocorre o estreitamento da cavidade bucal devido à aproximação da língua e do palato sem qualquer bloqueio à passagem do ar. As vogais constituem núcleo de sílaba e sobre elas pode recair acento. Elas podem ser orais (o ar sai pela boca) ou nasais (o ar sai pelo nariz).

Para descrevermos os sons vocálicos, levamos em consideração a posição da língua, em termos de altura e de anterioridade/posterioridade, e de arredondamento dos lábios.

Em relação à altura da língua, as vogais são classificadas em: alta (menor abertura à passagem do ar, pois a língua está no alto da boca – [i] e [u]; média-alta (leve abertura, a língua abaixa um pouco –[e] e [o]); média-baixa (abertura aumenta mais –[E] e

]); baixa (a língua está totalmente baixa, há o maior de e abertura à passagem da corrente de ar – [a]).

Na produção dos sons das vogais, anterioridade e posterioridade referem-se à posição da língua na horizontal. A língua é dividida em três partes simétricas: anterior (elevação da língua na região localizada à frente da cavidade bucal – [e], [E] e [i]), posterior (elevação da língua na região localizada na parte final da cavidade bucal – [o], [] e [u]) e central (elevação da língua na região entre a parte anterior e a posterior – [a]).

Quanto ao arredondamento dos lábios, temos as vogais não-arredondadas (os lábios ficam estendidos –[a], [e], [E] e [i]) e arredondadas (os lábios ficam arredondados –[o], [], e [u]).

As semivogais, também denominadas de glides, podem apresentar características fonéticas de vogais e consoantes. No português, elas são classificadas como sons vocálicos. A semivogal se apresenta com uma vogal em uma única sílaba e, juntas, formam o ditongo.

FÓRUM DE DISCUSSÃO

1) O que você entende por Sistema fonológico? Explique.

ATIVIDADE I

1) Nas palavras a seguir, grife as vogais tônicas e indique o símbolo fonético delas.

a) [ ] balé b) [ ] japonês c) [ ] poço d) [ ] índio e) [ ] pássaro

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2) Indique o símbolo fonético das vogais postônicas finais das seguintes palavras:

a) [ ] vida b) [ ] camelo c) [ ] doce d) [ ] gola e) [ ] cofre ATIVIDADE II

1) Quanto à classificação dos sons vocálicos, marque a alternativa incorreta.

a) O “i” em sac[i] é uma vogal alta anterior não-arredondada. b) O “a” em amanh[ã] é vogal baixa central nasal.

c) O “o” em h[o]je é vogal média-baixa posterior não-arredondada. d) O “e” em portugu[ê]s é vogal média-alta anterior não arredondada.

2) Classifique as vogais seguindo os dois primeiros exemplos. Note que a ordem notacional é quanto à altura, anterioridade-posterioridade, arredondamento e nasalidade.

SÍMBOLO FONÉTICO CLASSIFICAÇÃO DA VOGAL [i] Vogal alta anterior não arredondada [i)] Vogal alta anterior não-arredondada nasal [e] [E] [] [a] [a)] [o] [u] [u)]

3) Marque a alternativa em que todas as palavras apresentem semivogal.

a) pais, país, países. b) mau, baú, Itaú. c) mãe, pão, balões. d) lua, mágoa, saí.

ATIVIDADE III

1) Marque os itens que apresentam ditongo e indique os símbolos fonéticos do glide e da vogal (ditongo crescente) ou da vogal e do glide (ditongo decrescente).

a) [ ] sua b) [ ] põe c) [ ] também d) [ ] saúde e) [ ] muito f) [ ] série g) [ ] céu h) [ ] vácuo

2) Apresente uma palavra ortográfica com os seguintes símbolos vocálicos: a) [«] = b) [i] = c) [e] = d) [a] = e) [E] = f) [U] = g) [u] = h) [i] =

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UNIDADE 5

FONOLOGIA: FONEMA, ALOFONE, ARQUIFONEMA

• Funcionamento do sistema fonológico da língua portuguesa; • Identificação dos fonemas e alofones;

• Reconhecimento dos arquifonemas; • Conhecimento sobre neutralização.

OBJETIVOS

• Compreender o processo de identificação de fonemas e alofones; • Identificar os alofones da Língua Portuguesa;

• Entender o processo de neutralização na Língua Portuguesa; • Reconhecer um arquifonema.

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5 FONOLOGIA: FONEMA, ALOFONE, ARQUIFONEMA

5.1 INTRODUÇÃO

A Fonologia explica que os usuários da língua conseguem reconhecer, dentro de uma infinidade de sons diferentes, aqueles que funcionam na língua como unidades do sistema, permitindo a comunicação. Na visão de Cristófaro-Silva (2002), uma das finalidades da fonologia é determinar quais são os sons de uma língua que diferenciam as palavras. É exatamente sobre isso que trataremos nesta aula, dando, desse modo, início ao estudo de fonologia: fonema, alofone e arquifonema.

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