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SÍNTESE DA UNIDADE

No documento Fonetica e Fonologia (páginas 30-46)

O aparelho fonador é composto por três sistemas: respiratório, fonatório e articulatório. O sistema respiratório é constituído pelos pulmões, músculos pulmonares e traqueia. Os

músculos pulmonares produzem a pressão para os pulmões liberarem a corrente de ar. Ela passa pelos brônquios e traqueia (sem a corrente do ar, os sons não existiriam).

O sistema fonatório é composto pela laringe, que é uma câmara oca, onde a voz é produzida. Nela estão as cordas vocais que determinam a sonoridade dos sons. Se elas estiverem próximas, o ar força a passagem fazendo-as vibrar e produzir o som sonoro. Se elas estiverem separadas, o ar passa sem vibrações, dando origem aos sons surdos.

O sistema articulatório é formado pela faringe, trato vocal (cavidade bucal), cavidade nasal, palato mole, dentes, língua, lábios e palato duro. Na faringe, o ar se depara com uma encruzilhada, que lhe oferece duas vias de acesso: a entrada para a cavidade bucal e a cavidade nasal. Entre essas cavidades, fica o palato mole. Se a úvula estiver abaixada, o ar penetrará no nariz e teremos o som nasal. Se ela estiver levantada, impedirá a passagem pela cavidade nasal, obrigando o ar a passar pela boca e teremos o som oral.

FÓRUM DE DISCUSSÃO

1) Mostrar que determinado som da LP não tem funcionalidade é uma tarefa da Fonética ou da Fonologia? Dê exemplos.

ATIVIDADE I

1) Reconheça as atividades de pesquisa a seguir discriminadas como sendo da competência da Fonética ou da Fonologia:

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Fonética e Fonologia da Língua Portuguesa

ÓRGÃOS FUNÇÕES Sistema respiratório Laringe Cordas vocais Faringe Cavidade bucal Cavidade nasal

Dentes, língua, lábios, alvéolos, palato duro.

a) Parte da linguística que trata dos sons da fala, ou seja, em relação às funções que eles exercem numa dada língua ( ). b) É adotada para distinguir significações por meio de diferenças de sons ( ). c) Tem como tarefa a investigação dos sons da fala, de um ponto de vista puramente fisiológico, ou mais precisamente psico- acústico ( ). d) Preocupa-se com a produção e processo de realização, com a propagação e a percepção do som da fala ( ). e) Descreve os órgãos que intervêm na produção dos sons ( ). f) Descreve as combinações possíveis de sons ( ).

2) Preencha o quadro apontando as funções dos órgãos do aparelho fonador

ATIVIDADE II

1) Relacione as colunas: (1) Fonética; (2) Fonologia a) ( ) Estuda o som da fala.

b) ( ) Estuda o som da língua.

c) ( ) Concentra-se no estudo de sons responsáveis pela distinção de significados.

d) ( ) Analisa como o som é produzido pelo aparelho fonador. e) ( ) O fone é representado entre colchetes [f].

f) ( ) O fonema é representado entre barras /f/.

2) Faça a diferença entre fonética e fonologia. Apresente exemplos.

ATIVIDADE III

1) Estabeleça a diferença entre fonética acústica e fonética articulatória.

2) Após pesquisa em textos que tratem sobre o aparelho fonador, utilize o código abaixo para determinar as respostas corretas:

2.1 ( ) A laringe faz parte do aparelho respiratório.

2.2 ( ) Nas cavidades supraglotais há somente órgãos do aparelho digestivo.

2.3( ) As aritenoides são cartilagens pequenas que se situam na laringe.

2.4 ( ) As cordas vocais são músculos cobertos por uma membrana e que se movem no sentido horizontal e vertical. 2.5 ( ) As cavidades supraglotais, que são caixas de ressonância, compreendem a faringe, as fossas nasais, a cavidade bucal e a projeção dos lábios para a frente;

a) F, V, V, V, F b) V, F, F, F, V c) V, F, F, V, V d) V, F, V, V, V

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Fonética e Fonologia da Língua Portuguesa

UNIDADE 2

CONSOANTES DO PORTUGUÊS

• Classificação dos sons consonantais da língua portuguesa quanto ao ponto e ao modo de articulação;

• Estabelecimento da diferença entre ponto e modo de articulação; • Identificação de fones consonantais.

OBJETIVOS

• Classificar os sons consonantais da língua portuguesa quanto ao ponto e modo de articulação;

• Conhecer a diferença entre ponto e modo de articulação; • Reconhecer os símbolos de fones consonantais.

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2 CONSOANTES DO PORTUGUÊS

O fluxo do ar é modificado de diferentes maneiras. E segundo Callou e Leite (2001, p. 23) “os diferentes modos por que o fluxo de ar é modificado permitem o estabelecimento de duas grandes classes de sons”. É ele, portanto, que permite o estabelecimento entre as duas grandes classes de sons: as vogais e as consoantes. Acrescenta-se a estas, outra classe de sons, as semivogais, também denominada como a dos glides. Neste aspecto, uma primeira pergunta se poderia fazer: o que diferencia as três classes? Nas vogais a produção de sons se dá sem bloqueio à passagem de ar na cavidade do trato vocal. Nas consoantes, a produção de sons se dá com bloqueio total ou parcial à passagem do ar no trato vocal. Nas semivogais ou glides sons fracos de [i] e [u] que formam sílabas com uma vogal ficam a meio caminho entre vogais e consoantes.

Ainda, segundo Cristófaro-Silva (2002), as semivogais são analisadas somente no nível fonológico.

2.1 CONSOANTES DO PORTUGUÊS

Do ponto de vista fonético, as consoantes são produzidas por um fechamento ou estreitamento do aparelho fonador, de modo que a passagem do ar seja total ou parcialmente bloqueada.

Ao caracterizar um som consonantal, é relevante considerar se há ou não vibração das cordas vocais (sons sonoros ou surdos), se o som é nasal ou oral e em qual lugar e modo se deu a articulação (CALLOU; LEITE, 2001). Nesta aula, examinaremos o lugar e o ponto de articulação. Iniciaremos pelo ponto de articulação.

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2.1.1 Lugar de articulação

Lugar de articulação é o local em que os dois articuladores entram em contato. Um articulador é qualquer parte do aparelho fonador que participa da produção do som. Ele pode ser ativo (dotado de movimento) ou passivo (sem movimento) (CALLOU; LEITE, 2001).

Quanto ao ponto de articulação, o português apresenta os seguintes sons:

Bilabial - a passagem do ar é obstruído pelos dois lábios. O som é produzido pela junção dos lábios. Os sons bilabiais são [p, b, m]. Podemos afirmar também que são sons produzidos com um estreitamento ou fechamento produzido pelo contato dos lábios. Exemplos: [p]ata, [b]ola, [m]oca.

Labiodental - há sons que são produzidos pela obstrução

Figura 08: Ponto bilabial

parcial do ar. Desta forma, o som é produzido pela aproximação do lábio inferior e a arcada dentária superior. São labiodentais: [f,v]. Exemplos: [f]aca, [v]aca .

Dental /alveolar - som produzido com a ponta da língua entre os dentes superiores e inferiores, ou com a língua contra a parte posterior dos dentes incisivos superiores, ou com os alvéolos. São eles: [t, d, s, z, l, n, r, {, }]. Exemplos: [t]atu, [d]ado, [n]ada, ma[l]a, ca[r]o (caro, de caro amigo), ca[äääää]ne (dialeto caipira) “carne”, [s]apo, [z]ebra. Chamamos a atenção para o som do “r”. Você deve ter notado que ele tem vários tipos de sons, ou seja, várias realizações. Ele pode ser alveolar, velar ou glotal. Sobre ele e outras variações de sons, trataremos nas próximas aulas.

Palato-alveolar - som produzido na região imediatamente anterior à região onde se articulam os sons palatais. Trata-se de um som palatal ao qual se acrescenta a característica alveolar. São palato-alveolares: [tS, dZ, S, Z]. Exemplos: [tStStStStS]ia (tia), [dZdZdZdZdZ]ia (dia),

Figura 11: Ponto palato-alveolar.

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[SSSSS]a (chá), [ZZZZZ]a (já).

Palatal - som produzido com o contato da parte central da língua com o palato duro. Ou ainda pode-se dizer que são sons produzidos com a lâmina da língua tocando o palato duro, como os observado em [´, ø]. Exemplos: ba[ø]o ou ba[y)]o (banho)* (depende do dialeto); ma[´´´´´]a ou ma[lJlJlJlJlJ]a (malha)* (depende do dialeto).

Velar - som produzido com o dorso da língua, ou seja, a parte de cima da língua (centro da língua), contra o palato mole. São velares: [k], [g],[x]. Exemplos: [k]asa, [g]ato, [X]ato* “rato” (realização (velar) pertinente ao dialeto carioca); [h]ato* (realização (aspirada ou glotal – comum no nordeste brasileiro).

Figura 14: Ponto Glotal. Figura 12: Ponto palatal.

Glotal - Podemos também registrar a realização glotal – que é o som produzido com a articulação das cordas vocais, ou melhor, o som é glotal, quando as duas cordas vocais articulam-se entre si. São sons glotais: [h,î]. Exemplos: [h]ato “rato”, ba[h]Iga “barriga” e ca[î]ga* “carga”, articulação que também depende do dialeto. No dialeto piauiense, por exemplo, a glotal é a realização predominante, conforme pesquisas de Carvalho (2009).

Os sons linguísticos ainda podem ser classificados quanto ao modo de articulação. Utilizaremos apenas os sons realizados na Língua Portuguesa.

Na unidade III, daremos mais explicações sobre esses sons linguísticos e os símbolos que usamos para representá-los na língua portuguesa.

Resumindo melhor o exposto, apresentaremos, a seguir, um quadro com a classificação dos pontos de articulação.

Quadro 03 – Classificação dos sons consonantais quanto ao ponto de articulação

PONTO DE ARTICULAÇÃO

EXEMPLOS DE FONES CONSANATAIS

Som produzido com um estreitamento ou fechamento produzido pelo contato dos lábios.

[p]ato, [b]ola, [m]ala

[f]aca, [v]aça

Som produzido com o contato do lábio inferior com os dentes superiores. Som produzido com a ponta da língua entre os dentes superiores e inferiores, ou com a língua contra a parte posterior dos dentes incisivos superiores, ou com os alvéolos. Som produzido na região imediatamente anterior à região onde se articulam os sons palatais. Trata- se de um som palatal ao qual se acrescenta característica alveolar.

[t]atu, [d]ado, [n]ada, ma[l]a, ca[R]o, ca[Ó]ne (dialeto caipira), [s]opa, [z]ebra.

[tS]ia, [dZ]ia, [S]a (chá), [Z]a (já).

ba[ø]o ou ba[y)]o (banho)*, ma[´]a ou ma[lJ]a (malha), (*Depende do dialeto)

[k]asa, [g]ato, [X]ato (rato)*, ca[Ä]ga* (carga). (*Depende do dialeto)

[h]ato* (rato), ba[h]iga* (barriga), ca[ú]ga* (carga) (*Depende do

Som produzido com o contato da parta central da língua com o palato duro. Som produzido com o dorso (teto ou centro da boca) da língua contra o palato mole.

Som produzido coma articulação das cordas vocais. PONTO DE ARTICULAÇÃO Bilabiais Dentais ou alveolares Alveolopalatais Palatais Velares Glotais Labiodentais

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2.1.2 Modo de articulação

a) Oclusiva ou Plosiva - são as que resultam de uma oclusão momentânea da passagem de ar, seguida de uma abertura brusca (explosão). Nesse caso, o fluxo de ar encontra uma interrupção total, seja pelo fechamento dos lábios, seja pela pressão da língua sob a arcada dentária ou sob o palato duro. São elas: [p,b, t, d, k, g].

Esta oclusão é realizada em português, nos seguintes pontos: Oclusão bilabial – um lábio contra o outro –[p], [b] Oclusão ápico-dental – a ponta da língua contra os dentes ou gengivas – [t] e [d]. Oclusão dorso-palatal – o dorso da língua contra o palato duro – [k] e [g] sempre diante vogal anterior, como no exemplo das palavras quilo e guia.

b) Fricativas – são as caracterizadas por um estreitamento da passagem do ar, que produz um ruído de fricção ao passar entre dois articuladores. São fricativas: [f, v, s, z, S, Z, x). As fricativas do português são as seguintes:

• Fricativas labiodentais [f] e [v]; • Fricativas alveolares [s] e [z]; • Fricativas álveo-palatais [S] e [Z];

• Fricativa velar [x] de carro, realizada no dialeto carioca. Note que, comumente, o [s] e o [z] recebem a denominação de sibilantes, enquanto o [S] e o [Z] de chiantes.

c) Africada – é a combinação entre oclusivo e fricativo. É o que acontece na realização de: [tS, dZ], observada na fala de piauienses da Capital e do norte do estado, ao pronunciarem [tS]ia e [dZ]ia, “tia” e “dia”, por exemplo.

d) Nasal – aquele som que, na sua realização, parte do ar sai pelo trato vocal (boca) e parte pelas fossas nasais (nariz). São exemplos desses sons: [m, n, ø]. Em português, temos a possibilidade de produzir nasais:

• Bilabiais - [m] (mala); • Ápico–dental - [n] (nada); • Palatal - [ø] (banho); • Velar [N] (manga)

e) Lateral – som produzido quando a língua ao tocar os alvéolos, obstrui a passagem do ar nas vias superiores, mas permite que o ar passe através das paredes laterais da boca. São laterais [l, ´]. Em português, podem-se produzir laterais:

Ápico-dental [l] (leite) Palatal [´] (palha)

f) Vibrante – Caracteriza-se pelo movimento vibratório e rápido da língua, provocando, desse modo, breves interrupções na corrente de ar. A vibrante é representada pelo‘r’. Em português, existem as vibrantes:

• Anterior ou apical [r] de “caro” – pronunciado de maneira que a ponta da língua ao tocar os alvéolos empurra para fora a corrente de ar.

• Pode também haver uma batida única, cuja denominação é a de flap [R] (vibrante simples).

• Ou uma multiplicidade de batidas denominadas de trill de vibrante múltipla [}].

g) Tepe – Ao contrário da vibrante, o tepe se caracteriza por apenas uma batida da ponta da língua contra os alvéolos. É o caso do [R]. Este som é aquele sempre usado nos encontros consonantais em palavras como prato e fraco.

h) Retroflexa – Caracteriza-se pelo levantamento e encurvamento da ponta da língua em direção ao palato duro, representado foneticamente pelo símbolo [}]. Este é o “erre” encontrado comumente no falar de algumas comunidades de são Paulo, do Paraná e também Minas Gerais.

Para facilitar a compreensão do que fora até agora estudado, vamos resumir, através de um quadro, o modo de articulação das consoantes.

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Fonética e Fonologia da Língua Portuguesa

A partir do que estudamos nesta aula, podemos sintetizar um quadro com a classificação das consoantes do português do Brasil com seus respectivos símbolos.

Quadro 04 – Classificação dos sons consonantais quanto ao modo de articulação

Quadro 05 – Símbolos Consonantais da Língua Portuguesa

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Os símbolos que representam os fones não correspondem, muitas vezes, às letras que representam. Por exemplo, [´] representa o som das letras “lh”, assim como o símbolo [ø] representa o som das letras “nh”. Esses símbolos são estabelecidos por convenções.

No documento Fonetica e Fonologia (páginas 30-46)

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