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DIVERGÊNCIAS SOBRE LEI DE BIOSSEGURANÇA

No documento 01. Apostila de Atualidades (páginas 35-37)

A sanção presidencial da nova Lei de Biossegurança, LEI Nº 11.105, DE 24 DE MARÇO DE 2005 que permite a pesquisa com células-tronco embrionárias humanas, foi comemorada por muitos cientistas. Mas, o consenso está longe de ser atingido. Por um lado, o Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), que há quase três anos trabalha no Brasil difundindo informações técnico-científicas sobre essa ciência, manifestou sua satisfação diante da Lei. De outro, por uma série de razões técnicas ou até filosóficas, parte da comunidade científica é reticente com relação ao uso das células-tronco. Alguns grupos chegam a ser contrários à prática.

A sanção da Lei de Biossegurança provocou a reação de organizações contrárias ao plantio e à comercialização de sementes transgênicas no país. Em uma carta conjunta, entidades como o Greenpeace, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) e o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) criticaram duramente a sanção da lei sem vetos à autorização para que as pesquisas com organismos geneticamente modificados sejam realizadas sem estudos de impacto ambiental pelo Ministério do Meio Ambiente.

Segundo as entidades, a Lei de Biossegurança "concretizou os planos das multinacionais de biotecnologia permitindo que um número reduzido de cientistas da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) decida questões de grande complexidade científica em processo sumário".

As entidades ainda acusam o governo de incluir no texto da Lei de Biossegurança as pesquisas com células- tronco embrionárias como forma de facilitar a aprovação dos transgênicos no Congresso. "Serviu de cortina de fumaça para o lobby pró-transgênicos, desviando as atenções do público para tema que nada tinha a ver com a questão dos transgênicos e com as sérias implicações da lei”.

Ao contrário de organizações não-governamentais e movimentos ambientalistas, entidades vinculadas ao setor agrícola e às pesquisas com células-tronco comemoraram a sanção da Lei de Biossegurança pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), a sanção da lei é um passo para a definição de questões fundamentais para o progresso da ciência no País: produção e comercialização de organismos geneticamente modificados e pesquisa com células-tronco embrionárias.

O CIB afirma que a sanção é um passo importante para a definição de pelo menos duas questões que os brasileiros discutem há bastante tempo: a produção e a comercialização de organismos geneticamente modificados e a pesquisa com células-tronco embrionárias com finalidades terapêuticas.

O CIB acredita que, com isso, o Brasil poderá ocupar uma posição de maior destaque nas pesquisas ligadas à biotecnologia em suas diferentes áreas, particularmente na medicina, beneficiando os estudos com células-tronco embrionárias, e no agronegócio, com influência direta na produção de alimentos mais seguros, em maior quantidade e até mais nutritivos.

Totalmente favorável à aprovação da Lei e às possibilidades que se abrem com as novas linhas de pesquisa, Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da Fapesp, disse à Agência Fapesp que é preciso ter muito cuidado com algumas promessas. Os resultados ainda vão demorar vários anos para aparecer, em algumas situações.

"É necessário muito cuidado para que não se confunda pesquisa com tratamento - há uma pressão enorme de pessoas que já querem se tratar. Por outro lado, é muito importante continuar divulgando como isso será feito, porque já tem gente dizendo que vai injetar células embrionárias", disse. Para Mayana, em vez de ceifar vidas, as novas pesquisas vão é "criar novas vidas".

Já a pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Nance Nardi, disse à Agência Fapesp que com relação à aplicação das células embrionárias em terapias de vários tipos de doenças, existem algumas desvantagens na utilização desse material genético que não apareceram durante os debates de aprovação do Projeto de Lei de Biossegurança.

"Acho interessante oferecer às pessoas a liberdade de opção, mas podem haver problemas: tais células apresentam grave risco de segurança, a não ser que estejam sob total controle, pode ocorrer o surgimento de tumores, do tipo teratomas, nos recipientes do transplante", explica Nance.

Além disso, o uso de células-tronco embrionárias - e, portanto, de outro indivíduo - traz o problema da rejeição imunológica, assim como ocorre em qualquer tipo de transplante. "Esse, no entanto, poderia ser superado pelo emprego da clonagem terapêutica ou, como é chamada agora, da transferência nuclear, mas o texto aprovado não permite o emprego dessa metodologia", afirma a pesquisadora.

Com bastante experiência nas pesquisas com células-tronco adultas, a cientista lembra que a aprovação do projeto de lei não significa que a cura de certas doenças esteja "logo além da primeira esquina". Para Nance, isso passa a ser bastante doloroso particularmente para pessoas que aguardam com ansiedade uma novidade nessa área, que passa a ser a única possibilidade de cura de doenças como Parkinson, Alzheimer e lesões espinhais que causam paraplegia.

Segundo Nance, o uso de células-tronco embrionárias humanas tem uma importância muito grande para a pesquisa básica. "Processos celulares de proliferação e diferenciação têm regulações diferentes entre um tipo de célula e outro. E algumas dessas informações podem ser obtidas apenas em humanos", explica.

Posições contrárias

No grupo dos totalmente contrários ao uso de células-tronco embrionárias, de acordo com a Agência Fapesp, está Dante Gallian, diretor do Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Acredito que a partir do momento em que se conflagra o processo de desenvolvimento de uma vida humana - no momento da fusão dos gametas ou da infusão do núcleo contendo o material genético - a vida começa a existir", disse.

Para o historiador da Unifesp, que classifica a aprovação da lei de "retrocesso humanístico", a expectativa criada sobre o uso de células embrionárias humanas pode se transformar em engodo científico, ou porque os resultados não virão ou serão obtidos com muito atraso. "A Coréia do Sul ainda não chegou a nenhum resultado efetivo, apesar de usar essas células há algum tempo", afirma

DEMOGRAFIA: EM 2050

Pessoas acima de 60 anos serão 2 bilhões, contra 600 milhões hoje, diz ONU, que pede reforma previdenciária - Proporção de idosos no mundo dispara. Em 2050 a população mundial deve se estabilizar em 9 bilhões de habitantes, e mais de um quinto da população terá mais de 60 anos. A projeção consta em um relatório da ONU a ser lançado em abril e vem acompanhada de um alerta do organismo para que os governos voltem a atenção para o sistema previdenciário.

Além disso, afirma o documento "Tendências Demográficas Mundiais", a relação entre pessoas economicamente ativas (com idade entre 15 e 64 anos) para cada pessoa acima de 65 anos passará de nove em 2005 para apenas quatro e 2050.

Trechos do relatório foram divulgados anteontem pela Comissão de População e Desenvolvimento do Conselho de Desenvolvimento Econômico da ONU.

"O impacto do envelhecimento é visível sobre a população economicamente ativa, que tem caído em termos de proporção e continuará a cair. Essa queda terá implicações importantes para os sistemas previdenciários, particularmente os tradicionais, onde os trabalhadores pagam pelos benefícios dos que estão aposentados durante sua vida economicamente ativa", diz o relatório.

O relatório da ONU também dá sustento à discussão em curso ou recente em países como Brasil e EUA a respeito de reformas do sistema previdenciário.Segundo a ONU, com a queda da mortalidade na maioria dos países, a população na faixa etária mais alta está crescendo a uma taxa de 1,9%, acima do ritmo médio de 1,2%. O mundo, que tem hoje 600 milhões de pessoas com mais de 60 anos, em 2050 terá 2 bilhões.

A idade média da população saltará dos atuais 26 anos para 37, e os maiores de 60 anos serão um terço dos habitantes de países desenvolvidos e um quinto daqueles em desenvolvimento.A ONU calcula que o planeta deva atingir os 6,5 bilhões de habitantes ainda neste ano e os 7 bilhões em 2012.

BRASIL

Segundo o texto, o Brasil tem sido o oitavo país em termos de contribuição para o aumento da população no período, atrás de Índia, China, Paquistão, Nigéria, EUA, Bangladesh e Indonésia.As taxas são extremamente desiguais. Uma lista de 21 países responde por 75% do aumento da população mundial, e praticamente todo o crescimento futuro ocorrerá em nações em desenvolvimento ou subdesenvolvidas. Já os países desenvolvidos experimentam taxas repositivas ou até negativas -a exceção é os EUA.

O Brasil também abriga o quinto maior aglomerado humano do mundo, São Paulo, e o quadro não deve mudar em 2050. A cidade, em cuja região metropolitana vivem hoje 18,3 milhões de pessoas, deve abrigar 20 milhões em 2050.Na frente da capital paulista, estão Tóquio (36,2 milhões), Mumbai ou Bombaim (22,6 milhões), Déli (20,9 milhões ) e a Cidade do México (20,6 milhões).

No documento 01. Apostila de Atualidades (páginas 35-37)