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de outubro de 1965, Fidel foi nomeado primeiro secretário do novo Partido Comunista de Cuba (PCC), que substituiu o Partido Unido da Revolução Socialista (PURS), com uma importante transição ao marxismo-

No documento 01. Apostila de Atualidades (páginas 114-119)

leninismo. Sete anos mais tarde, Cuba tornou-se membro do Conselho de Ajuda Mútua Econômica (Came), que reunia os países socialistas do mundo.

De forma paralela, a revolução cubana começou a "exportar" seus ideais e a promover a formação de grupos guerrilheiros no Terceiro Mundo, em especial na África e América Latina.

Uma destas operações, em 9 de outubro de 1967, resultou na morte de Ernesto "Che" Guevara, guerrilheiro argentino que havia participado na revolução cubana desde o início. Depois de abandonar todos o seus cargos públicos para continuar lutando por seus ideais na África, Guevara voltou à América Latina para criar um movimento insurgente na Bolívia, onde após ficar vários dias sem suporte de Fidel que estava envolvido com os problemas políticos de Cuba, foi capturado e morto por um grupo de soldados bolivianos que obedeciam ordens superiores.

No final de 1975, Fidel Castro enviou abertamente tropas militares para apoiar a nascente república de Angola. Em 1977 fez o mesmo com o deslocamento de soldados cubanos à Etiópia.

Presidente do Movimento de Países Não Alinhados (NOAL) de 1979 a 1983, Fidel se tornou um dos líderes mais populares do Terceiro Mundo, com discursos contínuos contra o imperialismo, o colonialismo, a exploração e o racismo. Também comandou uma grande ofensiva contra o pagamento da dívida externa. Fidel Castro voltaria a assumir pela segunda vez a presidência do NOAL em setembro de 2006, mas convalescia da cirurgia intestinal a que havia sido submetido em julho e nem sequer compareceu à reunião de cúpula do movimento, em Havana.

A aura de mito e a lenda que envolveram o líder cubano em seus primeiros anos de luta foi se apagando com o passar do tempo, pois a população enfrentava sérias dificuldades econômicas e ele era acusado de violar os direitos humanos.

A imagem de Fidel no cenário internacional começou a ser a do ditador mão-de-ferro com o chamado "êxodo de Mariel" de 1980, quando 125.000 cubanos fugiram do país para os Estados Unidos. Agravou-se ainda mais em julho de 1989 com a execução do "herói de Angola", general Arnaldo Ochoa, e outros altos oficiais acusados de corrupção.

A desintegração da União Soviética (1990-91) e o fim do socialismo no leste da Europa representaram outro duro golpe para o 'comandante', pois seu regime ficou privado da ajuda econômica fornecida pelos soviéticos e seus satélites que se dera durante 30 anos.

O país se afundou em uma crise econômica e social sem precedentes e o mundo passou a apostar que a vítima seguinte do fim do socialismo seria Fidel. No entanto, ele conseguiu manter a liderança e seguir em frente com seus ideais, mesmo com o sacrifício do povo Cubano.

Sua invencibilidade esteve ligada ao controle permanente da sociedade como um todo, principalmente das organizações de base de seu regime, como os Comitês de Defesa da Revolução (CDR), instalados em todos os bairros para vigiar as atividades "contra-revolucionárias", e o Exército. Nem mesmo a "crise dos balseiros", que levou 35 mil cubanos ao mar em embarcações precárias, no ano de 1994, abalou sua popularidade na ilha, embasado pelo controle militar da sociedade.

O ditador cubano aceitou fazer algumas concessões ao capitalismo em 1993 para evitar o colapso do regime, asfixiado pela penúria econômica.

Ao mesmo tempo em que declarou fidelidade aos princípios marxista-leninistas, Fidel foi obrigado a fazer tais concessões. A retomada parcial da economia privada, a busca crescente por investimentos estrangeiros, a reorientação das exportações e a autorização para a entrada de dólares no país foram medidas que, aos poucos, reativaram os principais setores da atividade econômica cubana.

Animado com os sinais de recuperação e com a inserção progressiva de Cuba na nova ordem mundial, no fim da Guerra Fria, o chefe de Estado Cubano recusou os pedidos internacionais de democratização ou abertura política.

Dez anos depois, Fidel iniciou um processo de nova centralização: proibiu a circulação do dólar a partir de 8 de novembro de 2004 e impediu alguns dos negócios antes permitidos à iniciativa privada.

No entanto, o regime ganhou novo impulso com a aliança política e econômica de dois novos sócios: China e sobretudo a Venezuela de Hugo Chávez.

Reconfortado pelos espasmos de recuperação e pela reinserção progressiva de Cuba na nova ordem mundial surgida após o fim da guerra fria, Fidel manteve intacto o sistema de partido único e não cedeu um milímetro de espaço à oposição interna, composta por pequenos grupos de dissidentes e defensores dos direitos humanos, a quem chamava "mercenários" a serviço dos Estados Unidos.

Durante quase meio século de governo, Fidel Castro exerceu uma liderança e poder unipessoal sobre um país de pouco mais de 11 milhões de habitantes. Agora se abre a grande interrogação do que pode acontecer neste período de transição ou sucessão que os analistas chamam de "pós-castrismo".

Seu afilhado político de longa data, o irmão Raul Castro, ministro das Forças Armadas Revolucionárias (FAR) e segundo secretário do Partido Comunista de Cuba (PCC), apenas poderá, a seu ver, assegurar a continuidade do castrismo.

CRONOLOGIA - Principais fatos na vida de Fidel Castro

(Reuters) - A seguir, os principais fatos na vida do líder cubano Fidel Castro, que anunciou na terça-feira a decisão de se aposentar, após quase meio século no poder.

13 de agosto de 1926 -- Fidel Castro Ruz nasce na localidade de Birán (leste de Cuba), filho de um próspero proprietário de terras de origem espanhola.

10 de Março 1952 -- O golpe de Estado protagonizado em Cuba, pelo general Fulgêncio Batista, levou o jovem advogado a optar pela luta armada como via para derrubar o ditador

26 de julho de 1953 -- Fidel lidera uma rebelião contra o ditador Fulgêncio Batista, mas fracassa na sua tentativa de atacar o quartel Moncada, na cidade de Santiago de Cuba (leste).

Maio de 1955 --Preso após o ataque, Fidel acaba anistiado e se muda para o México.

2 de dezembro de 1956 -- Fidel e 81 rebeldes desembarcam em Cuba a bordo do iate "Granma". A maioria é capturada ou morre, mas um grupo de sobreviventes, que inclui Fidel, seu irmão Raúl e o argentino Ernesto "Che" Guevara -- se refugia nas montanhas da Sierra Maestra, onde inicia uma guerra de guerrilha.

1 de janeiro de 1959 -- O ditador Batista foge para a República Dominicana. A revolução é vitoriosa.

8 de janeiro de 1959 -- Fidel entra em Havana após um percurso triunfal por toda Cuba. Intitula-se comandante-chefe das Forças Armadas e lança uma transformação política, econômica e social na ilha.

3 de janeiro de 1961 -- Os Estados Unidos rompem relações diplomáticas com Cuba, após uma onda de Nacionalizações e medidas Político-Administrativas pelas Leis Revolucionárias.

16 de abril de 1961 -- Fidel declara que a revolução é socialista.

19 de abril de 1961 -- À frente de suas tropas, Fidel impede a tentativa de invasão realizada por exilados cubanos, com apoio dos EUA, na baía dos Porcos (sul).

7 de fevereiro de 1962 -- Os EUA impõem um embargo comercial total contra Cuba.

Outubro de 1962 -- A "Crise dos Mísseis": a presença de ogivas nucleares soviéticas em Cuba provoca uma crise entre Moscou e Washington. Muitos temem por uma Terceira Guerra Mundial, mas a URSS retira seus mísseis.

1975 -- Fidel envia tropas a Angola para ajudar o governo esquerdista a combater rebeldes apoiados pela África do Sul.

1980 -- "A Fuga de Mariel": Cuba autoriza cerca de 125 mil pessoas a viajarem do porto de Mariel para os Estados Unidos.

1990 -- O colapso da União Soviética mergulha Cuba numa crise econômica, o "período especial", como qualifica o governo.

14 de agosto de 1993 -- O governo cubano suspende a proibição do uso de dólares, como parte de uma série de tímidas reformas econômicas.

5 de agosto de 1994 -- Centenas de moradores de Havana realizam o maior distúrbio anti-Fidel desde a revolução.

Agosto/setembro de 1994 -- Mais de 35 mil pessoas abandonam Cuba em frágeis embarcações caseiras, levando os EUA a conceder 20 mil vistos legais anuais a cidadãos cubanos.

24 de fevereiro de 1996 -- Caças cubanos derrubam no estreito da Flórida dois pequenos aviões pertencentes ao grupo de exilados Hermanos al Rescate. Quatro tripulantes morrem.

21-25 de janeiro de 1998 -- João Paulo 2o. torna-se o primeiro papa a visitar Cuba.

25 de novembro de 1999/28 de junho de 2000 -- "A Saga de Elián": Fidel lança uma campanha para a repatriação do menino Elián González, de 6 anos, resgatado na costa norte-americana depois de um naufrágio que matou sua mãe. Elián acaba sendo devolvido à família paterna, em Cuba.

23 de junho de 2001 -- Depois de duas horas de discurso sob o sol, Fidel sofre um breve desmaio.

18 de março de 2003 -- Fidel lança uma onda de repressão contra dissidentes, levando à prisão de 75 ativistas e jornalistas independentes.

20 de outubro de 2004 -- Fidel fratura o joelho esquerdo e o braço direito ao tropeçar e cair após um discurso no mausoléu de Che Guevara, em Santa Clara (centro do país).

31 de julho de 2006 -- Fidel transfere temporariamente o poder a seu irmão Raúl, após se submeter a uma cirurgia intestinal.

19 de fevereiro de 2008 -- O dirigente anuncia, em mensagem escrita, que não quer mais um mandato como presidente, despedindo-se do poder direto após quase meio século. Tem 81 anos, e há um ano e meio não aparece em público.

A Epidemia de Dengue no Rio

Ministro culpa Rio por surto de dengue

José Gomes Temporão (Saúde) responsabiliza a prefeitura de Cesar Maia pela explosão de casos da doença no município

Ministério diz em nota que administração falhou no combate ao mosquito transmissor; Prefeitura do Rio não se manifestou

O Ministério da Saúde responsabilizou a Prefeitura do Rio de Janeiro pela explosão de casos de dengue na cidade. Surpreso com os relatos de que a situação era mais grave do que parecia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ontem explicações do ministro José Gomes Temporão (Saúde) sobre o grande aumento de casos no município.

Segundo a Folha apurou, Temporão responsabilizou o prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM), que, segundo ele, não teria adotado os procedimentos técnicos para combater o mosquito Aedes aegipty, transmissor da doença. Apesar disso, Lula pediu que Temporão se colocasse à disposição de Maia para ajudar no que fosse possível.

O ministro afirmou que a explosão dos casos se concentrava na cidade do Rio, e não no Estado. Segundo ele, isso era uma evidência da suposta falta de cuidado do prefeito carioca.

Em nota divulgada na noite de ontem, sem citar Maia, a pasta atribui o aumento "à baixa implementação das equipes de saúde da família e à desestruturação da atenção básica".

Aponta que, em outubro, o ministério já tinha avisado a população e todos os governos -"em especial do Rio de Janeiro"- sobre a possibilidade de uma epidemia no verão.

O texto ainda afirma que, enquanto no país o número de casos caiu 40%, a cidade do Rio registrou aumento de 100%.

Em outra crítica à administração de Maia, a nota diz que, em 2007, Campo Grande, cuja prefeitura está nas mãos do PMDB, enfrentou uma situação "tão grave" quanto a da capital fluminense, mas registrou só um óbito, devido à qualidade do atendimento primário.

Belo Horizonte, dirigida pelo PT, também é citada. Após dizer que na cidade a cobertura do Programa Saúde da Família (PSF) é de 70%, o texto afirma que "a capital mineira tem se mantido fora, nos últimos anos, de qualquer surto epidêmico, de dengue ou de outras doenças infecciosas".

No Rio, o PSF cobre apenas 8% da população, de acordo com dados da pasta. Na nota, o ministério anunciou um gabinete para enfrentar a doença no Rio e afirmou que trabalhará em conjunto com o governo e as Forças Armadas. Na segunda-feira, integrantes da pasta se reunirão com membros da Prefeitura do Rio e secretários de Saúde da Baixada Fluminense. Trezentos agentes de saúde que estavam cedidos a secretarias municipais já foram convocados para atuar por 60 dias no combate ao mosquito no Rio. A Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou que não se manifestaria porque não tinha conhecimento da nota do ministério. A reportagem enviou e-mail para Cesar Maia, que não havia respondido até a conclusão desta edição.

Cesar Maia responde críticas de Temporão e culpa ministério pela dengue

O prefeito do Rio, Cesar Maia, retrucou nesta quinta-feira às críticas do ministro José Gomes Temporão (Saúde), que responsabilizou a Prefeitura do Rio pela explosão dos casos de dengue na cidade. Em e-mail à Folha Online, Maia culpou o ministério por falta de coordenação no combate à dengue, disse que o gabinete de crise montado na quarta- feira (19) está atrasado e ainda acusou a pasta de omitir casos de crianças mortas pela doença no Piauí e no Maranhão no ano passado.

"O que ele [Temporão] deveria fazer é ir ao hospital federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá [zona oeste], onde está concentrada grande parte dos óbitos e perguntar o que acontece lá. E abrir mesmo que provisoriamente a emergência do hospital federal do Fundão [Ilha do Governador, zona norte] para ampliar o numero de leitos. E reabrir a emergência do hospital federal de Bonsucesso para atendimento. E abrir mesmo que provisoriamente os cinco andares fechados do hospital federal dos servidores do Estado. E explicar por que o Ministério da Saúde omitiu, escondeu os óbitos infantis ocorridos em 2007 no Piauí e no Maranhão, que só agora foram informados por técnicos do ministério", escreveu Maia.

O prefeito reafirmou que os casos de dengue estão em declínio na cidade, mas reconheceu que são graves os casos de mortes de crianças por dengue --segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 18 dos 29 óbitos pela doença confirmados são de crianças com 11 anos ou menos. "O ponto focal e gravíssimo desse momento são óbitos de crianças que a prefeitura em seus hospitais caminha para praticamente eliminar nos últimos dias".

"Cabe ao Ministério da Saúde a coordenação do combate as endemias e epidemias mesmo que preventivamente. Portanto esse tal gabinete de crise chega atrasado", afirmou Maia.

Apenas em 2008, ao menos 42 pessoas morreram por causa da doença no Estado. Por causa do explosão de casos, os servidores estaduais da Saúde tiveram que trabalhar nesta quinta, que é ponto facultativo no Estado. Um decreto assinado pelo governador em exercício, Luiz Fernando Pezão, leva em conta "o aumento da demanda por internações nas unidades de saúde pública, mobilizando as três esferas de governo na reorganização de leitos específicos para atender os casos de dengue".

Epidemia

Para o epidemiologista Roberto Medronho, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o número de casos no Rio já permite até dizer que há uma epidemia da doença. Ele cita o LME (Limite Máximo Esperado), padrão adotado internacionalmente: em janeiro, o máximo de casos esperados no Rio deveria ter sido de 23,3 por 100 mil habitantes. Foi de 144,5. Em fevereiro, 42,9. Foi de 152,3.

A prefeitura discorda da avaliação de epidemia, pois considera que o patamar da doença é acima de 470 casos em

cada 100 mil habitantes. Medronho afirma que, para cada doente registrado no Rio, há outros dez cujos casos não chegam a ser

contabilizados pelas autoridades de saúde, conforme o padrão mundial de subnotificação adotado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para a doença. Assim, os números no Rio seriam 900% maiores do que o

oficialmente reconhecido pela prefeitura. Até ontem, os registros do governo municipal indicavam desde 1º de janeiro 21.502 casos confirmados, com 29

mortos -17 deles tinham menos de 11 anos. Aplicada a padronização da OMS para subnotificação, pelo menos 215.020 moradores da capital fluminense teriam contraído a doença neste ano. Conforme Nilton Luiz de Penha, do hospital Alberto Schweitzer (zona oeste do Rio), o número de casos na instituição subiu quase 1.000% desde janeiro. "Em janeiro, tivemos 66 atendimentos e 10 internações. Em fevereiro, foram 192 e 42. Em março, só até o dia 18, foram 621 atendimentos e 122 internações."

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