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ECONOMIA BRASILEIRA PERSPECTIVA HISTÓRICA

No documento 01. Apostila de Atualidades (páginas 65-67)

A história econômica do Brasil é marcada por uma sucessão de ciclos, cada um baseado na exploração de um único produto de exportação: a cana-de-açúcar nos séculos XVI e XVII; metais preciosos (ouro e prata) e pedras preciosas (diamantes e esmeraldas) no século XVIII; e, finalmente, o café no século XIX e início do século XX. O trabalho escravo foi utilizado na produção agrícola, situação que perdurou até o final do século XIX. Paralelamente a esses ciclos, desenvolveram-se uma agricultura e uma pecuária de pequena escala, para consumo local.

A influência inglesa na economia brasileira teve início no começo do século XVII. Comerciantes ingleses espalharam-se por todas as cidades brasileiras, especialmente Rio de Janeiro, Recife e Salvador. Em meados do

século XIX, as importações provinham totalmente da Inglaterra. Os Ingleses também dominaram outros setores da economia, como o bancário e o dos empréstimos estrangeiros (House of Rothschilds), além de obterem controle quase total da rede ferroviária, assim como do monopólio da navegação.

Pequenas fábricas, basicamente de têxteis, começaram a aparecer em meados do século XIX. No império, na gestão de D. Pedro II, novas tecnologias foram introduzidas, a pequena base industrial aumentada e adotadas modernas práticas financeiras. Com o colapso da economia escravocrata (ficou mais barato pagar aos novos imigrantes do que manter escravos), a abolição da escravatura em 1888 e a substituição da Monarquia pelo regime republicano em 1889, a economia do Brasil enfrentou grave situação de ruptura. Mal tinham começado a surtir efeito os esforços dos primeiros governos republicanos para estabilizar a situação financeira e revitalizar a produção, e os efeitos da depressão de 1929 forçaram o país a adotar novos ajustes na economia.

Um primeiro surto de industrialização teve lugar durante a Primeira Guerra Mundial, mas somente a partir de 1930 o Brasil alcançou certo nível de desenvolvimento econômico em bases modernas. Nos anos 40, foi construída a primeira siderúrgica do País, localizada na cidade de Volta Redonda, estado do Rio de Janeiro, e financiada pelo Eximbank, de origem norte-americana.

O processo de industrialização, de 1950 e 1970, resultou na expansão de setores importantes da economia, como o da indústria automobilística, da petroquímica e do aço, assim como no início e conclusão de grandes projetos de infra-estrutura. Nas décadas que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, a taxa anual de crescimento do Produto Nacional Bruto (PNB) do Brasil estava entre as mais altas do mundo, tendo alcançado até 1974, uma média de 7,4%.

Durante a década de 70, o Brasil, como vários outros países da América Latina, absorveu a liquidez excessiva dos bancos dos Estados Unidos, Europa e Japão. Grande fluxo de capital estrangeiro foi direcionado para investimentos de infra-estrutura, enquanto empresas estatais foram formadas em áreas pouco atraentes para o investimento privado. O resultado foi impressionante: o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil aumentou em média 8,5% ao ano, de 1970 a 1980, apesar do impacto da crise mundial do petróleo. A renda per capita cresceu quatro vezes, durante a década, para um nível de US$ 2.200 em 1980.

Entretanto, no início dos anos 80, um inesperado e substancial aumento nas taxas de juros da economia mundial precipitou a crise da dívida externa da América Latina. O Brasil foi forçado a ajustes econômicos severos, que resultaram em taxas negativas de crescimento. A inesperada interrupção do ingresso do capital estrangeiro reduziu a capacidade de investimento do País. O peso da dívida externa afetou as finanças públicas e contribuiu para a aceleração da inflação. Na segunda metade da década de 80, um conjunto de medidas duras foi adotado, visando à estabilização monetária. Tais medidas compreenderam o final da indexação (política que ajustava os salários e contratos de acordo com a inflação) e o congelamento dos preços. Em 1987, o Governo suspendeu o pagamento dos juros da dívida externa, até que um acordo de reescalonamento com os credores fosse alcançado. Embora essas medidas tenham falhado quanto ao resultado desejado, a produção econômica continuou a crescer até o final da década de 80, proporcionando excedente suficiente na balança comercial, para cobrir o serviço da dívida.

A crise da década de 80 assinalou a exaustão do modelo brasileiro de substituição de importações (política que visava a fortalecer a indústria brasileira através da proibição da entrada de certos produtos manufaturados estrangeiros), o que contribuiu para a abertura comercial do País. No início dos anos 90, a política econômica brasileira concentrou-se em três áreas principais: (1) estabilização econômica; (2) mudança de uma situação de protecionismo em direção a uma economia mais aberta, voltada para o mercado; e (3) normalização das relações com a comunidade financeira internacional. No que se refere ao primeiro item, foi adotada estrita disciplina fiscal, que incluía reforma tributária e medidas que viessem a evitar a evasão fiscal, desregulamentação e privatização, além da redução do controle de preços, o que ocorreu em 1992, com o objetivo de estabelecer uma verdadeira economia de mercado, eliminando-o por completo em 1993. Pela primeira vez, o Brasil limitou a emissão de moeda. Com a introdução da nova moeda, o Real, em julho de 1994, a taxa de inflação anual, que era de 2.489,11%, em 1993, já havia sido reduzida a cerca de 22% no ano seguinte. Em 1997, após processo de redução gradativo, a taxa anual chegou a 4,34%, tendo alcançado seu menor índice em 1998, 1,71%. Com a reforma do comércio exterior, foram consideravelmente reduzidas as tarifas de importação. A tarifa média caiu de 32%, em 1990, para situar-se entre 12 e 13% em 1998, tendo a tarifa máxima caído de 105% para 35% no mesmo período. Em termos efetivos de arrecadação, no entanto, a média do universo tarifário brasileiro é de 9%. Os investimentos estrangeiros totalizaram cerca de US$ 20,75 bilhões no ano de 1998. No primeiro semestre de 2000, os mesmos montaram a US$ 12,7 bilhões. O Brasil fechou também acordos com credores, tanto públicos como privados, reescalonando os pagamentos da dívida e trocando os antigos papéis por novos títulos. A privatização foi acelerada, principalmente nos setores da produção de aço e, fertilizantes e telecomunicações. Desde 1991, data do início do processo de privatização brasileiro, até meados de 1999, cerca de 120 estatais brasileiras foram privatizadas. A renda nacional foi prioritariamente direcionada para a redução das dívidas. Como resultado das reformas na área de comércio exterior, o Brasil tornou-se uma das economias mais abertas do mundo, sem restrições quantitativas às importações. A desregulamentação é evidenciada pela liberalização de políticas financeiras, pelo final da reserva de mercado na área

de eletrônicos e informática e pela privatização de diversos setores até recentemente sob o monopólio do Estado, tal como o das telecomunicações ou o portuário.

Com o PIB em torno de US$ 804,1 bilhões em 1997, a economia brasileira apresenta-se dinâmica e diversificada. Em 1998, a indústria foi responsável por 34,0% do PIB, a agricultura por 8,4% e os serviços somaram 57,6%.O dinamismo da economia do País reflete-se, entre outras áreas, no comércio exterior e no desempenho das exportações. Em 1996, as exportacões brasileiras apresentaram superávit de US$ 47,7 bilhões e em 1997 alcançaram a cifra de US$ 52,9 bilhões. Somente no primeiro semestre de 1999, as exportações brasileiras foram da ordem de US$ 30,8 bilhões. A União Européia absorve 31% das exportações brasileiras, o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) responde por 25% (os Estados Unidos constituem o maior parceiro comercial individual), a Ásia absorve 17%, o Mercosul, 16% e o restante da ALADI, 10%. Ao Oriente Médio correspondem 4% do total, estando as exportações remanescentes distribuídas por uma variedade de mercados menores. Os principais parceiros individuais do Brasil são os Estados Unidos, absorvendo cerca de 22,1% do total de exportações, Argentina, 11%, e Holanda, 5,7%. Os principais produtos da pauta de exportações brasileira são minérios de ferro, café, soja e aviões.

Em 26 de março de 1991, foi criado o Mercado Comum do Sul (Mercosul), com a assinatura do Tratado de Assunção, pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Ademais desses países-membros, o Chile e a Bolívia são membros associados: assinam tratados para a formação da zona de livre comércio, mas não participam da união aduaneira. O pacto foi efetivado como uma união aduaneira e zona de livre-comércio em caráter parcial, em 1º de janeiro de 1995. O objetivo do Mercosul é permitir a livre movimentação de capital, trabalho e serviços entre os quatro países. Os quatro países-membros comprometeram-se a manter a mesma alíquota de importações para determinados produtos. Desde 1991, o comércio entre os países membros do Mercosul mais do que triplicou. O comércio do Brasil com os países do Mercosul alcançou US$ 18,7 bilhões em 1997, tendo sido de US $ 3,6 bilhões em 1990. Em abril de 1998, o bloco firmou um acordo com o Pacto Andino para a criação da Área de Livre Comércio da América do Sul (Alcsa), a partir de 2000.

No documento 01. Apostila de Atualidades (páginas 65-67)