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Divertimentos – Laura Longo

No documento Processos criativos no ensino de piano (páginas 66-70)

Piano 1 e 2: arranjos e atividades 

X. Divertimentos – Laura Longo

Verbete biográfico: Laura Longo é educadora musical e pianista. Atualmente, é

professora de piano na Escola Municipal de Iniciação Artística do Departamento de Expansão Cultural da Secretaria de Cultura de São Paulo (EMIA-DEC-SMC) e mestranda em Música na Universidade de Campinas (UNICAMP). Há alguns anos, ministra palestras e cursos para

       

29 O modelo C(L)A(S)P foi proposto pelo compositor e educador musical Keith Swanwick, em seu livro A basis for music education, publicado em 1979 por NFER-NELSON Publishing Company Limited, em Oxford (Reino

Unido). Trata-se de uma proposta de desenvolvimento musical a partir de atividades inter-relacionadas de composição, apreciação, performance, literatura musical e habilidades técnicas. A sigla em inglês significa Composition, Literature Studies, Apreciation, Skill acquisition, Performance.

professores em eventos, congressos, escolas de música e universidades tais como UNICAMP, UFAL, UNESP de São José do Rio Preto e Faculdade Santa Marcelina (LONGO, 2013).

Longo nasceu em 1969, na cidade de Martinópolis, em São Paulo, mas morou grande parte de sua vida em Presidente Prudente, onde iniciou seus estudos de piano no conservatório local. Teve seu primeiro contato com o piano observando suas irmãs que estudavam o instrumento; curiosa, intuitivamente e com alguma ajuda das irmãs, começou a experimentar no teclado e a ler partituras. Desde então, o piano passou a ocupar um lugar maior em sua vida (informação verbal).

Em São Paulo, estudou com o pianista Alfredo Cerquinho de 1986 a 1992. Graduou-se bacharel em piano pela Universidade de São Paulo (USP) sob orientação de Gilberto Tinetti, de 1988 a 1991. Em 1993, fez aperfeiçoamento pianístico com Carlo Bruno na Scuola Di Musica T Ludovico da Victoria, na Itália (LONGO, 2013). Ao retornar ao Brasil, foi aluna da pianista Maria José Carrasqueira, durante dois anos (informação verbal).

Por não estar completamente satisfeita com os princípios da educação musical tradicional, buscou aperfeiçoar sua prática pedagógica e ampliar seus conhecimentos musicais. Fez cursos na área pedagógico-musical, obtendo “uma visão pedagógica mais ampla na formação musical dos alunos” (informação verbal). Dentre esses cursos, destacam- se os referentes às metodologias Dalcroze, Orff, Kodály e Suzuki, tendo sido aluna de Violeta de Gainza, H. J. Koellreutter, Iramar Rodrigues, Verena Maschat, Maria Ördog, Judith Akoschky, Arnolfo Borsacchi, Lydia Hortélio, entre outros (LONGO, 2013).

De 1994 a 2013, deu aulas de piano, musicalização, percepção e rítmica e orientou grupos infantojuvenis de música de câmara e instrumental Orff na Universidade Livre de Música Tom Jobim – EMESP Tom Jobim, no Conservatório Musical Brooklin Paulista, na Teca Oficina de Música e no Instituto Baccarell (LONGO, 2013).

Dedicada ao ensino de piano individual e em grupo, Longo considera fundamental propiciar aos alunos diversas possibilidades de realização musical, como ler a partitura, tocar de ouvido, criar suas próprias músicas, tornando prazerosa a relação do aluno com a música e com o instrumento (informação verbal).30

       

Divertimentos

Divertimentos é um livro de peças para piano publicado por Laura Longo, em 2003. Segundo a autora, a motivação primeira para a composição das peças foi sua observação dos métodos tradicionais de iniciação ao piano, nos quais pôde constatar que, em sua grande maioria, faltava ludicidade e criatividade, prevalecendo um direcionamento à leitura de notas desde o princípio. Diante disso, sua proposta foi criar peças tecnicamente fáceis, que iniciantes poderiam aprender mesmo que ainda não tivessem se apropriado da leitura tradicional (LONGO, 2003, p. 11). Apesar de reconhecer a importância da leitura e do desenvolvimento técnico desde o início do aprendizado, Longo aponta a relevância de outros aspectos musicais como sensibilidade, percepção, memória, conhecimento do teclado como um todo e interpretação.

O livro tem 23 peças e é acompanhado por um CD com a gravação de todas as músicas interpretadas pela autora. É possível notar que há progressão de dificuldade técnica e a preocupação de se usar “a extensão do piano, diversos tons e modos e variedade melódica e rítmica” (LONGO, 2003, p. 11).

Todas as peças são escritas no pentagrama e, algumas, no final do livro, também em escrita gráfica, para estimular o uso de notações não convencionais. A ideia básica da autora é apresentar a partitura como um roteiro amplo, possibilitando ao aluno se aproximar da escrita tradicional, mesmo ainda sem ter as informações necessárias para ler todos seus detalhes.

Longo parte do princípio de que o aluno iniciante consegue decifrar vários aspectos musicais na partitura e deveria ser estimulado a isso; os trechos que ele não tem condições de decodificar podem ser aprendidos por imitação. Outro processo que se incentiva é aprender uma música por imitação e, depois, observar e analisar a partitura, identificando o que tocou. Dessa forma, o aluno vai se familiarizando com o código de forma lúdica, tendo uma ideia global da partitura, e, aos poucos, associando intelectualmente som e escrita. Por fim, Longo ressalta que a proposta de imitação não deve ser encarada como simples repetição, mas como um trabalho de percepção das frases e partes da música por meio da imitação auditiva e visual (informação verbal).31

A cada peça, sugere-se que o aluno improvise determinados compassos, crie uma melodia para o acompanhamento dado, transponha começando a música em outras teclas, crie variações, mude as articulações, entre outras propostas criativas.

       

A partir da análise e de experiência própria do uso do livro com meus alunos, considero que Divertimentos não se resume a um conjunto de composições, mas amplia as possibilidades de um desenvolvimento musical criativo, conduzido pelo aprendizado das peças apresentadas. Além disso, a criação propriamente dita também é estimulada com as sugestões ao final das peças para que o aluno crie variações e mesmo novas linhas melódicas.

No documento Processos criativos no ensino de piano (páginas 66-70)