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Documentos não publicados no período de 1993 a 1996 e considerações sobre o

CAPÍTULO 7 – OBJETIVOS DA PESQUISA E METODOLOGIA

7.4. Primeiro Período – 1989 a 1992

7.5.1. Documentos não publicados no período de 1993 a 1996 e considerações sobre o

Em 1993 foi elaborado um documento Programa de Ação Político-Pedagógica (PAP) a partir de um estudo realizado pela equipe que assumiu a Secretaria de Educação, contendo as ideias para a organização e funcionamento da Rede Municipal.

Que apontava que as escolas da Rede Municipal tinham grandes dificuldades para oferecer um ensino de qualidade voltado para os interesses das comunidades a que atendiam e apontava como dificuldades tanto a infraestrutura, como as didáticas, e a ausência de orientação pedagógica clara e definida. (FERRAZ, 2001, p. 41).

O PAP/93 definia que os currículos deveriam ser reformulados e que a Rede iniciasse um processo de formação permanente, com vistas a oferecer um padrão de ensino definido, de qualidade e adequado à realidade de Campinas.

O Programa apresenta ações para a formação do corpo docente e para os especialistas. Para os especialistas previa convênios com as universidades, oferecimento aos diretores educacionais um plano de trabalho com objetivos e regras claras e objetivas, autonomia as unidades escolares, divisão com os diretores a corresponsabilidade pela

reorientação curricular e formação permanente dos docentes, reuniões periódicas entre vices e diretores, contratação de consultores para os coordenadores e orientadores pedagógicos.

Para os docentes: Oferecimento de Grupos de Estudo (GEs) – com a finalidade de melhorar o nível de ensino através da formação continuada e de garantia de um espaço para socializar trabalhos bem sucedidos.

Programas e Projetos: Pretendem contribuir para o estabelecimento de um padrão de ensino na Rede Municipal, respondendo às demandas básicas das escolas e da comunidade e englobando as principais questões políticos sociais da atualidade: Programa de Educação Especial, Programa de Educação Sexual, Programa de Saúde do Escolar, Projeto Eureka, Programa de Meio Ambiente, Projeto Biblioteca.

Nesta relação de programas que seriam desenvolvidos pelos professores nas escolas, com os alunos, não há nenhum que faça referência explícita a uma proposta de trabalho com enfoque na questão racial ou sobre a História da África e do negro no Brasil, conforme disposto na Lei orgânica do Município, artigo 224.

Em 1994, foi apresentada nova versão do PAP, a partir da avaliação do anterior. Nessa nova versão, são apresentadas as metas para a melhoria da qualidade de ensino e atendimento, para os índices de aproveitamento escolar, incluindo redução dos índices de repetência e evasão escolar, para a democratização do acesso e permanência da criança, do jovem e do adulto, para o estabelecimento de novas bases de gestão escolar e para o estabelecimento de novas relações público-privadas.

Apresenta ainda os programas com os objetivos específicos, funções e responsáveis pela execução: Programa curricular e de avaliação, Programa de educação especial, Programa de articulação formal X educação não formal, (neste incluindo as áreas: Informática (Eureka), Biblioteca, Meio Ambiente/ Museu Dinâmico), Jornal na escola (Correio escola), Olimpíada de Matemática, estagiários nas unidades escolares através de convênio com a Faculdade de Educação da Unicamp, Francês para a Rede, através de convênio com a Aliança Francesa, Programa de Educação Sexual, Saúde do Escolar, Tele-educação e Saúde (PAP/94, p.10-16).

Em 1995 a Secretaria de Educação sistematizou documento denominado “Subsídios para o Desenvolvimento dos Projetos Pedagógicos nas Escolas Municipais de Campinas”, onde apresentava um conjunto de diretrizes e orientações voltadas à elaboração de Projetos

O documento apresentava como pressupostos básicos a relação escola-sociedade, as posturas políticas pedagógicas, o compromisso da rede municipal de ensino, a promoção e defesa da cidadania, os eixos de trabalho da secretaria de educação, as diretrizes de trabalho para a educação infantil, para o ensino fundamental e supletivo, para os projetos especiais e para a educação especial.

No item 5. (Promoção e Defesa da Cidadania) p.3-4, apresenta um conjunto de programas de complementaridade curricular:

 Grupo “Corporeidade”

Preservação e defesa do corpo (físico e biológico) do cidadão, garantindo a sua sobrevivência no meio urbano.

– Programa saúde do Escolar – Programa de orientação sexual – Programa de Segurança no trânsito

 Grupo “Memória e Meio Ambiente”

Preservação da identidade histórica do município e cuidados com a defesa do meio ambiente para a vida saudável.

– Programa de Defesa do Patrimônio Histórico – Programa de Educação Ambiental

 Grupo “Direitos do Cidadão”

Estudo e/ou vivência de documentos/ ações que garantem os direitos/deveres da cidadania.

– Programa de defesa do consumidor – Programa de educação para a defesa civil – Programa de Educação Especial

 Grupo “Enriquecimento Curricular”

Experiências que incrementam e/ou dinamizam a infraestrutura pedagógica das escolas.

– Projeto Alpha

– Projeto de Educação para a Informática (Eureka) – Projeto Biblioteca

– Programa de Línguas estrangeiras – Projeto Cidadania

– Projeto “Correio Escola”

– Projeto “Cultura Brasileira” (dança, música,teatro,artes plásticas).

Com relação ao ano anterior percebe-se um avanço na sistematização das propostas e a inclusão de outros programas e projetos com vistas a enriquecer o currículo escolar, porém ainda é sentida a ausência de um programa ou projeto que tenha como foco explícito o trabalho com a questão racial ou sobre a História da África e do negro no Brasil, conforme disposto na Lei orgânica do Município, artigo 224.

O diário oficial de 12 de setembro de 1995 traz uma reportagem na primeira página sobre a realização das Oficinas Pedagógicas das Escolas Municipais de Campinas (OPEM), com a participação de 3.030 professores de todos os segmentos (professores das escolas de 1º grau, Supletivo, Educação Infantil e educação Comunitária/ FUMEC).

A OPEM de acordo com a reportagem faz parte do projeto político-pedagógico desenvolvido na Secretaria de Educação. Objetivando consolidar um padrão de ensino com perspectivas claras e adequado à realidade, o projeto sustenta-se num tripé constituído pela ação docente no nível das unidades de ensino, pelos projetos de extensão pedagógica e pelo programa de capacitação dos docentes e especialistas em educação.

Dentro desta visão a Secretaria tem oferecido diversos projetos: Orientação Sexual, Saúde do escolar, Tele-Escola, Educação para a Saúde, Educação Ambiental, Biblioteca Escolar, Projeto Eureka, Olimpíada de Matemática, Projeto Correio-Escola, Curso de Frances e Profissionalizante.

Nesse evento foram oferecidas as seguintes oficinas: – Best in Language Service

– Literatura infantil: texto e pretexto

– O Ensino da filosofia como Educação para o Pensar – Auto-Estima

– A construção da Maquete Dinâmica – Laboratório de ensino de matemática – Musicalização na escola

– A História da Arte

– Produção e reestruturação de texto – Dobraduras nas séries iniciais

– A Interdisciplinariedade na escola pública – Criatividade em alfabetização

– Informática na escola pública – Oficina poética e produção de texto

– Projeto “Ballet popular” – Trabalhando com obras de artes – Para que estudar português?

– O jornal na sala de aula – Material alternativo

– Ensino de Geografia de 1ª a 4ª série

– Processos de alfabetização uma perspectiva sócio-interacionista – Olimpíadas de Matemática

– Ambiente Logo no ensino de ciências – Despertando a sexualidade

– Educação de Adultos como processo de cidadania – Tipos de comunicação

– Fazendo o Jornal da escola – Reciclagem de papel – Poesias

– Tecnologia Educacional: da babá ao professor eletrônico – Dançando em Roda

– Iniciação Teatral

– O dia-a-dia na sala de aula – Criatividade com sucata

– Alfabetização e Construtivismo

– A pesquisa escolar contextualizada na Nova lei de diretrizes e Bases – Texto – Realidade do aluno

– Orientação a Pais e professores sobre o Desenvolvimento da criança surda no processo educacional

– A tecnologia aplicada ao conteúdo em sala de aula – Origami

– Que tal brincar legal?

– Período preparatório de alfabetização – Formas de trabalho em sala de aula

Podemos observar que não há nenhuma oficina que deixe claro a intenção de discutir a questão racial ou sobre a História da África e do negro no Brasil, conforme disposto na Lei Orgânica do Município, artigo 224, e nas diretrizes do Projeto Pedagógico as SME, conforme Portaria SME nº1163/90, embora se considere que a mesma possa estar no conteúdo de alguma das oficinas.

A ausência de uma intenção explícita não se manifesta no caso, por exemplo, da preocupação com os alunos com necessidades especiais (Programa de Educação Especial) ou na necessidade do uso de novas tecnologias no cotidiano escolar (Projeto Eureka), ou ainda a preocupação com o Meio Ambiente (Projeto Meio Ambiente), com a educação para o Trânsito (Projeto Educação para o Trânsito), etc., que foram ao longo dos anos se transformando em Programa e Projetos com objetivos e ações específicas.

Estes Programas e Projetos eram realizados pelos professores com os alunos dentro ou fora do período de aula, com pagamento de horas suplementares aos professores, garantido pelo estatuto do Magistério Público Municipal. Os temas destes compunham o currículo escolar das unidades que os desenvolviam. Os professores poderiam optar pelo projeto/ programa que iriam desenvolver durante o ano letivo, com a aprovação pela direção e incluídos no projeto pedagógico das unidades escolares.

Como relatado anteriormente em 1995 é instituída a Semana da Consciência Negra na cidade de Campinas, especialmente na Rede Municipal de Ensino, através da lei nº 8.470 de 13 de setembro de 1995.

Foi possível perceber que mesmo com a criação e publicação da referida lei, em setembro de 1995, em novembro desse mesmo ano pesquisado não foi encontrada nenhuma

nota/ publicidade/ notícia sobre as comemorações/ ações alusivas à referida lei, ocorridas na cidade e/ou no interior das escolas municipais.

Importante ressaltar que no período pesquisado há exemplares com publicações, que segundo Ferraz (2001, p. 45)

Foram uma das marcas desse período. Várias revistas e informativos foram elaborados para que se disseminassem os trabalhos desenvolvidos e/ou subsidiasse a Rede com textos teóricos sobre temas atuais. Os textos publicados, em sua maioria, foram produções dos profissionais da Secretaria.

Entre estas publicações o jornal “Informativo da Educação” trazia reportagens onde poderia se averiguar as ações da Secretaria de Educação. Como por exemplo reportagens sobre o 2º Seminário Interno do Programa Eureka, sobre o Festival Folclórico ocorrido em duas regiões, sobre os grupos de formação para os professores dos anos finais, sobre o resultado da eleição para os cargos de chefia, dentre outras. O exemplar de dezembro/janeiro de 96/97, traz uma reportagem na última página com o título “Despertar da Consciência Negra”, em que aborda a 1ª semana literária sobre a Consciência Negra e outra com o título História Negra, em que trata sobre a história de Zumbi.

É possível perceber que havia uma proposta de formação em serviço para os docentes e especialistas da Rede Municipal de Educação em torno de temas que eram considerados relevantes pelo titular da pasta da Educação e por sua equipe de trabalho.

Houve uma ampliação e diversificação nos temas oferecidos, porém com relação a uma diretriz explícita sobre um trabalho envolvendo o disposto no artigo 224, no que diz respeito à história da África e do negro no Brasil, não foi possível detectar no período de 1993 a 1996.