• Nenhum resultado encontrado

4 DOULA DA MORTE, DIRETIVAS ANTECIPADAS

No documento DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: (páginas 118-122)

ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL: RESILIÊNCIA, VIDA ATIVA E NUTRIÇÃO

4 DOULA DA MORTE, DIRETIVAS ANTECIPADAS

Em adição ao envelhecimento populacional e ao prolongamento dos períodos de termi-nalidade em doenças crônicas, há uma redução de familiares e/ou pessoas dispostas a assumir o papel de cuidador. A baixa taxa de fertilidade, o distanciamento geográfi co familiar, a situa-ção do divórcio, a emancipasitua-ção das mulheres para o meio público (trabalho), dentre outros, podem ser fatores que corroborem com aumento da população que chega ao fi m de vida sem possuir rede de apoio estruturada, ou seja, sozinhos (PLESCHBERGER; WOSKO, 2017; POLETTO;

BETTINELLI; SANTIN, 2016).

Como alternativa de cuidado surgem as “Doulas da Morte”, mulheres que atuam pro-fi ssionalmente como cuidadoras de indivíduos no pro-fi m de vida. Doula é um termo de origem grega que signifi ca “mulher cuidadora”. Na literatura, percebe-se que o cuidado das doulas do nascimento - mulheres que dão apoio emocional e cuidam de parturientes durante o processo de parto - é um assunto com maior abrangência e consolidação em comparação às doulas da morte (KLAUS; KENNELL; KLAUS, 2012).

Contudo, nos últimos anos, a presença de doulas no fi nal de vida está em ascensão.

Uma revisão sistemática sobre doulas da morte contou com 5 estudos de 3 países diferentes (Estados Unidos da América (EUA), Japão e Reino Unido) (RAWLINGS et al., 2019). Três dos artigos incluídos eram revisão de literatura, um estudo dissertou sobre o procedimento de implementação do serviço de doulas da morte em hospital geral (CORPORON, 2011) e outro estudo contou com entrevistas com profi ssionais de saúde, familiares e doulas sobre fi m de vida (TRZECIAK-KERR, 2016). A necessidade da humanização e desmistifi cação da morte é o tema tratado por um relato de caso publicado nos EUA, que descreve a iniciativa “Café da Morte”, um movimento que reúne pessoas para realização de diálogos e discussões com a co-munidade, utilizando lentes mais amplas sobre a morte, incluindo assuntos como CP e doulas da morte (BALDWIN, 2017).

A tomada de decisões relacionadas ao fi m de vida deve envolver o paciente, sua família e os profi ssionais de saúde. O modelo paternalista, em que geralmente o médico toma as de-cisões sobre como, quando e onde os pacientes morrem não garante a dignidade do processo, nem a vontade e autonomia do paciente que está morrendo (LIMA; REGO; SIQUEIRA-BATISTA, 2015).

Os desejos do paciente sobre seu tratamento e cuidados que poderá receber no fi m de vida podem ser expressos através das DAV. São instrumentos que garantem a manifestação das vontades do paciente em um documento. Uma espécie de testamento vital, realizado an-tecipadamente, ainda em momento de lucidez do paciente (GOMES et al., 2018).

As decisões relacionadas ao fi m de vida geralmente são permeadas por confl itos

bioé-ticos e controvérsias que causam, inclusive temor de processos judiciais nos profi ssionais de saúde. Com a aplicação das DAV é possível minimizar esses confl itos, já que a vontade e os valores do paciente estão claras no documento, o que facilita a tomada das decisões e garante a autonomia do paciente (DADALTO; TUPINAMBÁS; GRECO, 2014).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com a literatura apresentada, a morte é uma questão subjetiva e ainda faltam estudos e discussões acerca do que seria uma boa morte, principalmente no Brasil, em que o tema ainda é negado e pouco discutido. No entanto, é sabido que cabe ao profi ssional de saúde abordar o tema com o paciente e a família através de uma comunicação clara, a fi m de conhecer os desejos e necessidades individuais dos pacientes que estão morrendo. A partir daí, dispor de estratégias como CP, doulas, DAV e evitar a distanásia para que o morrer tenha signifi cado e não seja permeado de sofrimentos.

REFERÊNCIAS

AZHAR, A.; BRUERA, E. Outcome measurement and complex physical, psychosocial and spiritual ex-periences of death and dying. Annals of Palliative Medicine, China, v. 7, n. S3, p. S231–S243, 2018.

ISSN: 2224-5839. DOI: 10.21037/apm.2018.07.04. Disponível em: http://apm.amegroups.com/article/

view/20717/20367. Acesso em: 18 jun. 2019.

BALDWIN, Paula. Death Cafés: death doulas and family communication. Behavioral sciences, Basel, Switzerland, v. 7, n. 2, p. 26, 26 abr. 2017. ISSN: 1099-1743. DOI: 10.3390/bs7020026. Disponível em:

Acesso em: 15 out. 2019.

BRASIL. Portaria No 19, de 03 de janeiro de 2002. Institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde, o Pro-grama Nacional de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos. Diário Ofi cial da União. Brasília, DF, 2002.

Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt0019_03_01_2002.html. Acesso em: 17 jul. 2019.

BRASIL. Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS). 3. ed. Brasília: BRASIL, 2006a. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_promocao_saude_3ed.pdf Acesso em:

17 jul. 2019.

BRASIL. Portaria no 3.150, de 12 de dezembro de 2006. Institui a Câmara Técnica em Controle da Dor e Cuidados Paliativos. Diário Ofi cial da União, Brasília, DF, 2006, s. 1, p. 111. Disponível em: http://www.

saude.sp.gov.br/resources/ses/legislacao/2006/dezembro/informe-eletronico-de-legislacao-em-sau-de-n-237-141206/legislacaofederal/portariams-gmn3.150de12.12.06.pdf. Acesso em: 17 jul. 2019.

BRASIL. Caderno de Atenção Domiciliar: mellhor em casa. Brasília: BRASIL, 2012. Disponível em:

http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/cad_vol1.pdf. Acesso em: 17 jul. 2019.

119

MORRER COM DIGNIDADE:

ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DE SAÚDE NO FIM DA VIDA

Daiana Araújo, Letiane de Souza Machado, Edna Garcia Linhares

BRASIL. Portaria no 963, de 27 de maio de 2013. Redefi ne a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Ofi cial da União, Brasília, DF, 2013, s. 1, p. 30. Disponível em: http://bvsms.

saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0963_27_05_2013.html. Acesso em: 17 jul. 2019.

BRASIL. Resolução no 41, de 31 de outubro de 2018. Dispõe sobre as diretrizes para a organização dos cuidados paliativos, à luz dos cuidados continuados integrados, no âmbito Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Ofi cial da União, Brasília, DF, 2018, s. 1., p. 276. Disponível em: http://www.in.gov.br/web/

guest/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/5152 0746/do1-2018-11-23-resolucao-n--41-de-31-de-outubro-de-2018-51520710. Acesso em: 23 jul. 2019.

BUSS, Paulo Marchiori. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, Brasil, , v. 5, n. 1, p. 163–177, 2000. ISSN: 1678-4561. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232000000100014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v5n1/7087.pdf. Acesso em: 13 jul.

2019.

CORPORON, Kathleen. Comfort and caring at the end of life: baylor’s doula program. Baylor Uni-versity Medical Center Proceedings, [s.l], v. 24, n. 4, p. 318–319, 11 out. 2011. ISSN: ‎0899-8280.

DOI: 10.1080/08998280.2011.11928748. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/

PMC3205157/pdf/bumc0024-0318.pdf. Acesso em: 18 ago. 2019.

DADALTO, L.; TUPINAMBÁS, U.; GRECO, D. B. Diretivas antecipadas de vontade: um modelo brasileiro.

Revista Bioética, Brasilia, v. 21, n. 3, p. 463–476, 2014. ISSN: 1983-8042. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/

S1983-80422013000300011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/bioet/v21n3/a11v21n3.pdf. Aces-so em: 10 out. 2019.

FELIX, Z. C. et al. Eutanásia, distanásia e ortotanásia: revisão integrativa da literatura. Ciência & Saú-de Coletiva, Rio Saú-de Janeiro, v. 18, n. 9, p. 2733–2746, set. 2013. ISSN: 1413-8123. DOI: http://dx.doi.

org/10.1590/S1413-81232013000900029. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v18n9/v18n9a29.

pdf. Acesso em: 08 jun. 2019.

FERREIRA, J. M. G.; NASCIMENTO, J. L.; SÁ, F. C. Profi ssionais de saúde: um ponto de vista sobre a morte e a distanásia. Revista Brasileira de Educação Médica, São Paulo, v. 42, n. 3, p. 87–96, 2018. ISSN: 1981-5271. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1981-52712015v42n3rb20170134. Disponível em: http://www.scie-lo.br/pdf/rbem/v42n3/1981-5271-rbem-42-3-0087.pdf. Acesso em: 18 jul. 2019.

GOMES, B. M. M. et al. Diretivas antecipadas de vontade em geriatria. Revista Bioética, Brasilia, v. 26, n.

3, p. 429–439, 2018. ISSN: 1983-8034. DOI: 10.1590/1983-80422018263263. Disponível em: http://www.

scielo.br/pdf/bioet/v26n3/1983-8042-bioet-26-03-0429.pdf. Acesso em: 16 out. 2019.

KLAUS, M. H.; KENNELL, J. H.; KLAUS, P. H. The doula book: how a trained labor companion can help you have a shorter, easier, and healthier birth (3rd Ed.). Boston, MA: Da Capo Press, 2012.

KOVÁCS, Maria Júlia. Instituições de saúde e a morte: do interdito à comunicação. Psicologia: Ciência e Profi ssão, Brasil, v. 31, n. 3, p. 482–503, 2011. ISSN: 1414-9893. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932011000300005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pcp/v31n3/v31n3a05.pdf. Acesso em: 19 out. 2019.

LIMA, M. DE L. F.; REGO, S. T. DE A.; SIQUEIRA-BATISTA, R. Processo de tomada de decisão nos cuidados de fi m de vida. Revista Bioética, Brasilia, v. 23, n. 1, p. 31–39, 2015. ISSN: 1983-8034. DOI: http://dx.doi.

org/10.1590/1983-80422015231043. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/bioet/v23n1/en_1983-8034-bioet-23-1-0031.pdf. Acesso em 17 jul. 2019.

MAY, P. et al. Economics of palliative care for hospitalized adults with serious illness: a meta-analysis.

JAMA Internal Medicine, United States, v. 178, n. 6, p. 820–829, 2018. ISSN: 2168-6114. DOI: 10.1001/

jamainternmed.2018.0750. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6145747/#!-po=61.1111. Acesso em: 15 ago. 2019.

MORAIS, I. M. et al. Percepção da “morte digna” por estudantes e médicos. Revista Bioética, Brasilia, v.

24, n. 1, p. 108–117, 2016. ISSN: 1983-8042. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/198380422016241112. Dis-ponível em: http://www.scielo.br/pdf/bioet/v24n1/en_1983-8034-bioet-24-1-0108.pdf. Acesso em: 30 out. 2019.

PLESCHBERGER, S.; WOSKO, P. From neighbour to carer: an exploratory study on the role of non-kin-car-ers in end-of-life care at home for older people living alone. Palliative Medicine, United States, v. 31, n.

6, p. 559–565, 2017. ISSN: 1557-7740. DOI: https://doi.org/10.1177/0269216316666785. Disponível em:

https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0269216316666785?rfr_dat=cr_pub%3Dpubmed&url_

ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori%3Arid%3Acrossref.org&journalCode=pmja. Acesso em: 23 jul. 2019.

POLETTO, S.; BETTINELLI, L. A.; SANTIN, J. R. Vivências da morte de pacientes idosos na prática médica e dignidade humana. Revista Bioética, Brasilia, v. 24, n. 3, p. 590–595, 2016. ISSN: 1983-8042. DOI: http://

dx.doi.org/10.1590/1983-80422016243158. Disponível em: http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/

revista_bioetica/article/view/1122/1567. Acesso em: 16 ago. 2019.

RAWLINGS, D. et al. What role do death doulas play in end-of-life care? a systematic review. Health and Social Care in the Community, ‎United Kingdom, v. 27, n. 3, p. 82-94, 2018. ISSN: 1365-2524. DOI:

https://doi.org/10.1111/hsc.12660. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/

hsc.12660. Acesso em: 26 jul. 2019.

SILVA, José Antonio Cordeiro. O fi m da vida: uma questão de autonomia. Nascer e Crescer, [s.l], v.

23, n. 2, p. 100–105, 2014. ISSN: 2183-9417. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/pdf/nas/v23n2/

v23n2a10.pdf. Acesso em: 17 jul. 2019.

TRZECIAK-KERR, Michelle. An existential-phenomenological exploration of an end-of-life doula.

2016. Dissertação (Doutorado em Filosofi a e Psicologia) - Fielding Graduate University, Califórnia, EUA.

Disponível em: https://pqdtopen.proquest.com/doc/1779522963.html?FMT=ABS. Acesso em: 17 jul.

2019.

WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Defi nition of Palliative Care. 2012. Disponível em: https://

www.who.int/cancer/palliative/defi nition/en/. Acesso em: 6 jun. 2019.

WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Strengthening of palliative care as a component of inte-grated treatment within the continuum of care. 2014. Disponível em: http://apps.who.int/gb/ebwha/

pdf_fi les/EB134/B134_R7-en.pdf. Acesso em: 21 jun. 2019.

WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Improving access to palliative care [Infográfi co]. 2015.

Disponível em: https://www.who.int/ncds/management/palliative-care/Infographic_palliative_care_EN_

fi nal.pdf. Acesso em: 12 jul. 2019.

No documento DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: (páginas 118-122)