• Nenhum resultado encontrado

4 EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA FUNCIONAL

No documento DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: (páginas 100-105)

ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA FUNCIONAL EM PACIENTES SUBMETIDOS A CIRURGIA CARDÍACA

4 EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA FUNCIONAL

O exercício físico aumenta a força muscular e tal incremento melhora o prognóstico do paciente cardiopata. Porém, devido às limitações geradas por algumas patologias, muitos pa-cientes se tornam incapazes de tolerá-lo, como é o caso de papa-cientes no PO de cirurgias car-díacas. Para tais pacientes, a EEF se torna uma alternativa terapêutica segura, pois é capaz de promover contração muscular e aumentar o consumo máximo de oxigênio, da massa muscular e dos níveis de enzimas oxidativas, melhorando ainda a função endotelial, principalmente das fi bras musculares do tipo I (SBRUZZI et al., 2011).

A aplicação da EEF estimula a plasticidade muscular, aumentando o diâmetro das fi bras

musculares e ativando a produção de fi bras do tipo I, através do estímulo de moto neurônios específi cos, ocasionando aumento da capacidade funcional e da força muscular, diminuição dos valores da pressão arterial em repouso, da ativação simpática vascular e dos marcadores infl amatórios. Tal terapêutica é considerada uma corrente elétrica de baixa frequência (1 a 1000 Hz) e a mesma pode ser subdividida de acordo com o recrutamento das fi bras nervosas e musculares, ou seja, frequências até 20-30 Hz recrutam fi bras oxidativas (tipo I), enquanto que frequências acima de 30 Hz recrutam fi bras glicolíticas (tipo II) (CELICHOWSKI, 2000).

Devido a tais características, a EEF tem sido utilizada como coadjuvante do exercício físico a fi m de melhorar o condicionamento, sendo adequada para o tratamento de pacientes incapazes de realizarem contrações voluntárias e de atuar na prevenção de alterações decor-rentes do tempo prolongado de permanência no leito (BRASILEIRO; VILLAR, 2000; EIBEL et al., 2011). Segundo Miranda et al. (2013), o tempo que o paciente permanece imobilizado no leito, mesmo que reduzido, pode gerar aceleração do metabolismo com perda acelerada de proteí-na no sistema músculo esquelético.

O uso da EEF imediatamente após a cirurgia cardiovascular reduz a degradação proteica PO, mesmo em uma intervenção em que o paciente permanece no leito por curto prazo, como no PO de CC, em que a aplicação da EEF tem se mostrado efi caz na prevenção da fraqueza muscular PO, reduzindo a degradação miofi brilar (IWATSU et al., 2017). Portanto, espera-se que no PO imediato de CC, a EEF seja uma medida efi caz quanto à prevenção da proteólise muscular que é gerada pelo estresse cirúrgico, e, devido a instabilidades hemodiâmicas, ao tempo de permanência no leito, ao uso de suporte ventilatório mecânico e de fármacos seda-tivos, o paciente pode apresentar difi culdades em produzir contrações musculares efi cientes (CORDEIRO et al., 2016; IWATSU et al., 2017).

Dessa forma, visando acelerar o processo de recuperação da força muscular, Machado et al. (2017) e Iwatsu et al. (2017) recomendam a combinação de fi sioterapia convencional associada à mobilização precoce e EEF, devido aos efeitos do estresse cirúrgico. Segundo Dall Ácqua et al. (2017), um outro aspecto positivo da EEF é o fato de não necessitar da cooperação de forma ativa do paciente, além de apresentar efeitos positivos sobre a microcirculação do músculo esquelético, mantendo a síntese de proteínas musculares e evitando a atrofi a muscu-lar em razão da longa permanência no leito.

Em estudo realizado por Iwatsu et al. (2015), em que objetivaram avaliar a segurança e a viabilidade da estimulação elétrica neuromuscular em pacientes submetidos à CC do 1ª ao 5ª dia de PO, evidenciou que tal recurso é viável para aplicação imediata após o procedimento cirúrgico. Diante dos efeitos da EEF apresentados, espera-se que no pós-operatório de cirurgia cardíaca, a EEF seja um recurso efi caz na prevenção das complicações geradas pelo estresse cirúrgico, possibilitando a execução segura da contração muscular sem a necessidade de co-laboração do paciente.

101

ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA FUNCIONAL EM PACIENTES SUBMETIDOS A CIRURGIA CARDÍACA

Litiele Evelin Wagner,Thais E. Benelli, Lilian R. Lengler Abentroth, Dulciane Nunes Paiva

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A EEF é uma terapêutica segura e viável em pacientes que se encontram no PO de CC, visto que os mesmos podem apresentar redução da massa e força muscular, com consequente redução da funcionalidade. Nesse sentido, percebe-se a necessidade de desenvolvimento de mais estudos nessa população a fi m de que se instituam terapêuticas adequadas para a pre-venção e diminuição de possíveis perdas funcionais.

REFERÊNCIAS

ACC/AHA. Guidelines for the management of patients with valvular heart disease. Circulation, United States, v. 111, n. 5, p. 84-231, 2014. ISSN: 1524-4539. DOI: 10.1161 / CIRCULATIONAHA.106.176857. Dis-ponível em: https://www.ahajournals.org/doi/abs/10.1161/CIRCULATIONAHA.106.176857. Acesso em:

19 set. 2019.

AMORIM, T.V; SALIMENA, A. M. O. Processo cirúrgico cardíaco e suas implicações no cuidado com a enfermagem: revisão e refl exão. HU Revista, Minas Gerais, v. 41, n. 3 e 4, p. 149-154, 2015. ISSN: 1982-8047. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/2171. Acesso em: 30 jun. 2019.

BRASILEIRO, J. S.; VILLAR, A. F. S. Comparação dos torques gerados por estimulação elétrica e contração muscular voluntária no músculo quadríceps femoral. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Paulo, v. 4, n. 2, p. 75-81, 2000. ISSN: 1413-3555. Disponível em: https://docplayer.com.br/14408837-Comparacao- -dos-torques-gerados-por-estimulacao-eletrica-e-contracao-muscular-voluntaria-no-musculo-quadri-ceps-femural.html Acesso em: 24 ago. 2019.

CELICHOWSKI, Jan. Mechanisms underlying the regulation of motor unit contraction in the skeletal mus-cle. Journal of Physiology and Pharmacology, Canada, v. 51, n. 1, p. 17-33, 2000. ISSN: 0867-5910.

Disponível em: http://www.jpp.krakow.pl/journal/archive/03_00/pdf/17_03_00_article.pdf. Acesso em: 10 set. 2019.

CORDEIRO, A. L. L. et al. Tempo de ventilação mecânica e força muscular periférica na pós-cirurgia car-díaca. International Journal of Cardiovascular Sciences, Rio de Janeiro, v. 29, n. 2, p. 134-138, 2016.

ISSN: 2359-5647. DOI: 10.5935/2359-4802.20160021. Disponível em: http://www.onlineijcs.org/suma-rio/29/pdf/v29n2a08.pdf. Acesso em: 10 jul. 2019.

DALL’AQUA, A. M. et al. Use of neuromuscular electrical stimulation to preserve the thickness of ab-dominal and chest muscles of critically ill patients: a randomized clinical trial. Journal of Rehabilitation Medicine, [s.l], v. 49, n. 1, p. 40-48, 2017. ISSN: 1650-1977. DOI: 10.2340 / 16501977-2168. Disponível em: fi le:///C:/Users/User/Downloads/2252.pdf. Acesso em: 06 set 2019.

EIBEL, B. et al. Functional electrical stimulation training on functional capacity and blood pressure vari-ability in a centenarian woman: case study. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Paulo, v. 15, n. 4, p.

338-341, 2011. ISSN: 1413-3555. DOI: 10.1590/S1413-35552011005000016. Disponível em: http://www.

scielo.br/pdf/rbfi s/v15n4/AOP018_11INSci893.pdf. Acesso em: 14 out. 2019.

ESC/EACTS. Guidelines on myocardial revascularization. European Journal of Cardio-thoracic Surgery, [s.l], v. 38, p. S1-S52, 2010. Disponível em: https://www.escardio.org/Guidelines/Clinical-Practice-Guideli-nes/ESC-EACTS-Guidelines-in-Myocardial-Revascularisation-Guidelines-for. Acesso em: 13 de oct. 2019.

FERRO, C. R. C. et al. Fibrilação atrial no pós-operatório de cirurgia cardíaca. Arquivos Brasilei-ro de Cardiologia, Rio de JaneiBrasilei-ro, v. 93, n. 1, p. 59-63, 2009. ISSN: 1678-4170. DOI: 10.1590/S0066-782X2009000700011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abc/v93n1/en_11.pdf. Acesso em: 10 jul.

2019.

IWATSU, K. et al. Neuromuscular electrical stimulation may attenuate muscle proteolysis after cardiovas-cular surgery: a preliminary study. The Journal of Thoracic and Cardiovascardiovas-cular Surgery, United States, v. 153, n. 2, p. 373-379, 2017. ISSN: 1097-685X. DOI: 10.1016 / j.jtcvs.2016.09.036.. Disponível em: https://

www.jtcvs.org/article/S0022-5223(16)31154-0/pdf. Acesso em: 02 out. 2019.

IWATSU, K. et al. Feasibility of neuromuscular electrical stimulation immediately after cardiovascular surgery. American Society of Physical Medicine and Rehabilitation, [s.l], v. 96, p. 63-68, 2015. ISSN:

0894-9115. DOI: 10.1016 / j.apmr.2014.08.012. Disponível em: https://www.archives-pmr.org/article/

S0003-9993(14)01018-1/fulltext. Acesso em: 13 jul. 2019.

KAUFMAN, R. et al. Perfi l epidemiológico na cirurgia de revascularização miocárdica. Revista Brasileira de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 24, n. 12, p. 369-376, 2011. ISSN: 1678-4170. DOI: 10.5935/2359-4802.20180020. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ijcs/v31n3/pt_2359-4802-ijcs-31-03-0258.pdf.

Acesso em: 07 out. 2019.

LAIZO, A.; DELGADO, F. E. F.; ROCHA, G. M. Complicações que aumentam o tempo de permanência na unidade de terapia intensiva na cirurgia cardíaca. Brasilian Journal of Cardiovascular Surgery, São Paulo, v. 25, n. 2, p. 166-171, 2010. ISSN: 0102-7638. DOI: 10.1590/S0102-76382010000200007. Disponí-vel em: http://www.scielo.br/pdf/rbccv/v25n2/en_v25n2a07.pdf. Acesso em: 17 out. 2019.

LAMARCHE, Y. et al. A score to estimate 30-day mortality after intensive care admission following cardiac surgery. The Journal of Thoracic and Cardiovascular Surgery, United States, v. 153, n. 5, p. 11180-1125, 2016. ISSN: 097-685X. DOI: 10.1016 / j.jtcvs.2016.11.039. Disponível em: https://www.jtcvs.org/

article/S0022-5223(16)31634-8/pdf. Acesso em: 05 out. 2019.

MACHADO, A. S. et al. Eff ects that passive cycling exercises have on muscle strength, duration of me-chanical ventilation, and length of hospital stay in critically ill patients: a randomized clinical trial. Jor-nal Brasileiro de Pneumologia, Brasilia, v. 43, n. 2, p. 134-139, 2017. ISSN: 1806-3756. DOI: 10.1590/

s1806-37562016000000170. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v43n2/1806-3713-jbp-neu-43-02-00134.pdf. Acesso em: 17 out. 2019.

MANSUR, A. P.; FAVARATO, D. Mortality due to cardiovascular diseases in Brasil and in the metropolitan region of São Paulo: a 2011 update. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 99, n. 2, p.

755-761, 2012. ISSN: 0066-782X. DOI: 10.1590/S0066-782X2012005000061. Disponível em: http://www.

scielo.br/pdf/abc/v99n2/en_aop05812.pdf. Acesso em: 03 out. 2019.

MEDEIROS, A. H. O.; CHALEGRE, S. T.; CARVALHO, C. C. Eletroestimulação muscular: alternativa de trata-mento coadjuvante para pacientes com doença arterial obstrutiva periférica. Jornal Vascular Brasileiro, São Paulo, v. 6, n. 2, p. 156-162, 2007. ISSN: 1677-7301. DOI: 10.1590/S1677-54492007000200010. Dis-ponível em: http://www.scielo.br/pdf/jvb/v6n2/v6n2a10.pdf. Acesso em: 20 ago. 2019.

MIRANDA, F. E. M. H. et al. Eletroestimulação em doentes críticos: uma revisão

sistemáti-103

ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA FUNCIONAL EM PACIENTES SUBMETIDOS A CIRURGIA CARDÍACA

Litiele Evelin Wagner,Thais E. Benelli, Lilian R. Lengler Abentroth, Dulciane Nunes Paiva

ca. Revista Pesquisa em Fisioterapia, [s.l], v. 3, n. 1, p. 79-91, 2013. ISSN: 2238-2704. DOI:

DOI: 10.17267/2238-2704rpf.v3i1.111. Disponível em: fi le:///C:/Users/User/Downloads/111-506-1-PB%20 (1).pdf. Acesso em: 05 jul. 2019.

PEREIRA, K. S. M. et al. Complicações cardíacas em cirurgia vascular. Jornal Vascular Brasileiro, São Paulo, v. 15, n. 1, p. 16-20, 2016. ISSN: 1677-7301. DOI: 10.1590/1677-5449.003515. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/jvb/v15n1/en_1677-5449-jvb-1677-5449003515.pdf. Acesso em: 27 out. 2019.

POFFO, R. et al. Robotic cardiac surgery in Brasil. Annals Cardiothoracic Surgery, China, v. 6, n. 1, p.

17-26, 2017. ISSN: 2304-1021. DOI: 10.21037/acs.2017.01.01. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.

gov/pmc/articles/PMC5293625/pdf/acs-06-01-017.pdf. Acesso em: 04 jul. 2019.

REGENGA, M. M. Fisioterapia em cardiologia: da UTI à reabilitação. Ed. ROCA, 2012.

RIBEIRO, A. L. et al. Cardiovascular health in Brasil: trends and perspectives. Circulation, United States, v. 144, n. 4, p. 422-433, 2016. ISSN: 1524-4539. DOI: 10.1161 / CIRCULATIONAHA.114.008727. Dispo-nível em: https://www.ahajournals.org/doi/full/10.1161/CIRCULATIONAHA.114.008727?url_ver=Z39.

88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%3dpubmed. Acesso em: 07 jul. 2019

ROTH, G. A. et al. Demographic and epidemiologic drivers of global cardiovascular mortality. The New England Journal of Medicine, United States, v. 372, p. 1333-1341, 2015. ISSN: 1533-4406. DOI: 10.105/

NEJMoa1406656. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMoa1406656?articleTool-s=true. Acesso em: 04 ago. 2019

SBRUZZI, G. et al. Eff ects of low frequency functional electrical stimulation with 15 and 50 Hz on muscle strength in heart failure patients. Disability and Rehabilitation, United Kingdom, v. 33, n. 6, p. 486-493, 2011. ISSN: 464-516. DOI: 10.3109/09638288.2010.498551. Disponível em: http://www.ppgcardiologia.

com.br/wp-content/uploads/2014/01/Eff ects-of-low-frequency-functional-electrical-stimulation-with--15-and-50-Hz-on-muscle-strength-in-heart-failure-patients.pdf. Acesso em: 03 out. 2019.

SBC. Diretrizes da cirurgia de revascularização miocárdica valvopatias e doenças da aorta. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 82, supl. 5, p. 1-20, 2004. ISSN: 1678-4170. DOI: 10.1590/

S0066-782X2004001100001. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abc/v82s5/19535.pdf. Acesso em:

05 out. 2019.

SOARES, G. M. T. et al. Prevalência das principais complicações pós-operatórias em cirurgias cardía-cas. Revista Brasileira de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 24, n. 3, p. 139-146, 2011. ISSN: 1678-4170.

Disponível em: http://sociedades.cardiol.br/socerj/revista/2011_03/a_2011_v24_n03_01prevalencia.pdf.

Acesso em: 16 jul. 2019.

SBC. Diretrizes da cirurgia de revascularização miocárdica valvopatias e doenças da aorta. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 82, supl. 5, p. 1-20, 2004. ISSN: 1678-4170. DOI: 10.1590/

S0066-782X2004001100001. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abc/v82s5/19535.pdf. Acesso em:

05 out. 2019.

SOARES, G. M. T. et al. Prevalência das principais complicações pós-operatórias em cirurgias cardía-cas. Revista Brasileira de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 24, n. 3, p. 139-146, 2011. ISSN: 1678-4170.

Disponível em: http://sociedades.cardiol.br/socerj/revista/2011_03/a_2011_v24_n03_01prevalencia.pdf.

Acesso em: 16 jul. 2019.

ESTRATÉGIAS DE SAÚDE NO

No documento DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: (páginas 100-105)