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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CONCEITOS NORTEADORES DA PESQUISA

2.1.2 Ecologia

A Agenda 21 catarinense aponta que foi o biólogo alemão Ernst Haeckel (1834-1917) quem propôs pela primeira vez o vocábulo ecologia, para designar os estudos das relações entre as espécies e seu meio ambiente.

De fato, segundo CARVALHO (2003, p. 34), há que enfatizar o pioneirismo de Haeckel, ao designar o termo ecologia para o estudo da influência do ambiente sobre os animais (do grego: oikos = casa / logos = ciência). Em sua obra de 1866, Generelle morphologie der organismen (Morfologia geral dos seres vivos), definiu-a como sendo “a investigação das relações totais do animal tanto com seu ambiente orgânico quanto inorgânico”.

Em uma abordagem mais atualizada e complexa, no Dicionário Brasileiro de Ciências Ambientais, LIMA-E-SILVA et al. (1999, p.87) assim definem a ecologia:

Ciência que estuda a dinâmica dos ecossistemas, ou seja, os processos e as interações de todos os seres vivos entre si e destes com os aspectos morfológicos, químicos e físicos do ambiente, incluindo os aspectos humanos que interferem e interagem com os sistemas naturais do planeta. É o estudo do funcionamento do sistema natural como um todo, e das relações de todos os organismos vivendo no seu interior.

O Dicionário Ilustrado de Ecologia (1997, p. 49) corrobora o conceito, dizendo que

Em princípio, pode se definir ecologia como o estudo das relações dos seres vivos entre si e com o meio ambiente. Mas isso seria muito pouco para caracterizar a importância e a abrangência do que seria a ecologia hoje - a força motriz de uma mudança radical na atitude do ser humano civilizado perante a natureza. Célula geradora de movimentos políticos e sociais e semente de um novo olhar com relação à vida, ao homem e ao planeta, a ecologia nasceu no século passado [século 19] modesta e restrita, como uma disciplina científica umbilicalmente ligada à biologia. Nos últimos trinta anos [...], porém, o impacto da ecologia nas decisões econômicas, políticas e sociais de todos os países passou a ser brutal. Hoje, a força de mudança da ecologia só tem paralelo à da informática.

A ecologia, segundo LIMA-E-SILVA et al. (1999, p. 87-88), pode ser subdividida em vários ramos distintos:

a) Ecologia animal - Ramo da ecologia que enfatiza as relações entre os animais e o ambiente;

b) Ecologia cultural - Estudo dos processos pelos quais uma sociedade se adapta ao seu meio ambiente. Seu objetivo principal é determinar se essas adaptações iniciam transformações sociais internas de mudança evolutiva. Seu método requer exame da interação de sociedades e instituições sociais entre si e com o ambiente natural; c) Ecologia de sistemas - Estudo das estruturas ecológicas como um

conjunto de componentes inter-relacionados pelos fluxos de energia e matéria entre eles, ou ainda por interações populacionais; termo freqüentemente aplicado aos ecossistemas;

d) Ecologia de restauração - Estudo da recomposição de comunidades e ecossistemas e, por extensão, da recomposição das feições paisagísticas sob diretrizes ecológicas;

e) Ecologia energética - Estudo das transformações da energia dentro de uma comunidade ou ecossistema;

f) Ecologia evolutiva - Ciência integrada de evolução, genética, adaptação e ecologia; interpretação da estrutura e do funcionamento dos organismos, comunidades e ecossistemas no contexto da teoria da evolução;

g) Ecologia humana - Ramo da ecologia que considera as relações de indivíduos e de comunidades humanas em seu ambiente particular no nível fisiográfico, ecológico e social;

h) Ecologia profunda - Ideologia que preconiza uma redução da população humana para que o planeta seja sustentável para todas as espécies consideradas naturais; busca a auto-realização e a bioigualdade (todos os seres vivos têm igual direito e valor de existência); considera a defesa somente da fauna e da flora que interessa aos humanos como ecologia rasa. É uma ideologia de minoria [...], mas contém questões importantes para o conceito de sustentabilidade;

i) Ecologia vegetal - Ramo da ecologia que enfatiza as relações entre os

vegetais e o ambiente, ou entre as diferentes espécies de uma comunidade de plantas sem referência ao ambiente.

Além disso, resta destacar a multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade existente e cada vez mais freqüente. Conforme se pode constatar no Dicionário Ilustrado de Ecologia (1997, p. 49), a ecologia, atual célula geradora de movimentos políticos e sociais e semente de um novo olhar com relação à vida, ao homem e ao planeta, nasceu modesta e restrita, como uma disciplina científica umbilicalmente ligada à biologia, porém gerou, nos últimos trinta anos, notável impacto nas decisões econômicas, políticas e sociais, com força de mudança, que só encontra paralelo nas questões da Tecnologia da Informação e Comunicação. O leque de conhecimento envolvido vai da própria biologia até disciplinas tão díspares como a

filosofia e a ética, passando pelo campo da economia e administração, como se pode observar na figura a seguir.

Figura 2: Multidisciplinaridade da Ecologia

Fonte: Adaptação do Dicionário Ilustrado de Ecologia

Como disciplina ligada ao campo das ciências biológicas, conforme a figura, a ecologia usa um instrumental diversificado (1), que inclui ciências tradicionais, como a biologia e a botânica, e disciplinas recentes (2), como a teoria dos sistemas. Como campo de pensamento (3), a ecologia engloba outras disciplinas como a política, e ética ou a filosofia.

No Brasil, com uma década de atraso sobre a Conferência de Estocolmo (1972), em que os representantes oficiais brasileiros defenderam a poluição como

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sinônimo de desenvolvimento, a ‘onda ecológica’ chegou na abertura política, e, atualmente, meio ambiente e ecologia, comumente confundidos, são expressões correntes e assimiladas nos mais diversos meios profissionais e acadêmicos.