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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.7 SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL

Segundo a norma ISO 14.001, um sistema de gestão ambiental é a parte do sistema global de gestão que inclui estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental.

Apesar de ser um conceito desenvolvido para as organizações produtivas privadas, suas premissas - política ambiental, estrutura, planejamento, processos e recursos - adaptam-se aos sistemas público e privado de gestão ambiental.

A efetiva gestão ambiental se dar-se-á com a integração entre os dois sistemas: sistema ambiental público e sistema ambiental privado. O sistema público, estabelecendo políticas, elaborando leis, fiscalizando e punindo, o próprio Estado, as pessoas físicas e as empresas. O sistema privado, buscando estabelecer suas próprias políticas, estratégias e seus modelos de gestão que estejam em conformidade com a legislação, primordialmente, e com o mercado em que atua, respeitando e protegendo assim o meio ambiente e as comunidades locais.

FARIA et al. (2003, p. 3) dizem que os sistemas ambientais público e privados objetivam a diminuição de consumo de matérias-primas e recursos naturais e de resíduos resultantes dos processos relacionados com a fabricação de produtos ou a realização de serviços. É de interesse da sociedade que ambas as iniciativas se integrem e sejam realizadas de forma coerente e relacionadas para o alcance de seus objetivos.

2.7.1 Sistema Público

A atuação do poder público federal em relação ao meio ambiente está expressa principalmente na estruturação do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), descrito pela Lei n° 6.938 de 1.981, ou por meio da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, que abrange todas as ações referentes ao meio ambiente com objetivos de prevenção, controle e proteção ambiental (FARIA et al., 2003, p. 3) e de forma colegiada (MACHADO, 2000, p. 124), como se pode observar na figura a seguir:

Figura 6: Estrutura básica do SISNAMA

Fonte: adaptado de FARIA (2003, p. 4)

A Lei n° 6.938/81 define a estrutura do Sistema Nac ional do Meio Ambiente (SISNAMA), que reúne, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), órgão consultivo e normativo, e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), órgão executor da política federal ambiental.

O sistema público ambiental ainda ocorre nos Estados e nos municípios. Nos Estados da Federação com melhor estrutura pública de controle ambiental, há

MMA Conselho Superior

CONAMA Órgãos específicos singulares e Secretarias IBAMA SISNAMA

independência de ação, dentro do marco da legislação ambiental nacional, contando com uma organização equivalente à do nível federal.

O Ministério Público não faz parte da estrutura do SISNAMA, na esfera federal, e tampouco do sistema de gestão ambiental estadual, centrado, sobretudo, no Poder Executivo, do qual também é independente. O trabalho do Ministério Público surge paralelamente, quando encontradas desconformidades, tanto no sistema de gestão ambiental público quanto no privado.

Em geral, segundo VALLE apud FARIA e. al (2003, p. 3), nos Estados a estrutura é

[...] coordenada por uma secretaria estadual que se ocupa do tema ambiental, e dispõe de seu conselho estadual de meio ambiente e sua agência estadual de controle da poluição, algumas delas constituídas como fundações, outras como empresas públicas. As atividades de licenciamento e controle ambiental são de atribuição dos estados e são exercidas por seus respectivos órgãos ambientais.

Nos Estados que não possuem tal organização, a estrutura do SISNAMA atua de maneira direta pelas ações de seus órgãos executivos, como o IBAMA, e consultivos, como o CONAMA.

De forma não concorrente, o município também pode legislar em matéria ambiental e possui órgãos que se incumbem do cumprimento das Legislações federal e estadual, exercendo suas funções de controle ambiental, como secretarias municipais, ligadas direta ou indiretamente às questões de gestão ambiental, ou fundações municipais, sobretudo de caráter deliberativo e consultivo.

2.7.2 Sistema Privado

Grande parte das empresas produtivas que buscam adequar seus processos em atenção ao meio ambiente, fá-lo seguindo as diretrizes das normas da série ISO 14.000, em especial nas Américas e EMAS, nos países europeus. Ainda que não possuam uma certificação ambiental emitida por um desses órgãos, podem atingir seus objetivos ambientais apenas aplicando as premissas das normas, ou a parte delas que se aplique a cada situação.

Segundo CORAL (2002, p. 102), o objetivo de implantar-se um sistema de gestão ambiental em uma empresa é possibilitar o controle de processos para minimizar o impacto ambiental causado pela atividade industrial e, ao mesmo tempo, reduzir os desperdícios de matérias-primas e insumos que são geralmente descartados na forma de efluentes e resíduos.

A implantação de um SGA consiste em um processo de levantamento de informações sobre a situação ambiental da empresa e a formatação de um sistema de informações que possibilite o controle e a melhoria contínua dos processos.

Um SGA deve ter três etapas que são: planejamento, gerenciamento de resíduos e monitoramento. O gerenciamento de resíduos deve incluir o cadastramento e a classificação, quantitativa e qualitativa, de todos os resíduos gerados e armazenados pela empresa, a fim de possibilitar a escolha das melhores soluções técnicas e alternativas econômicas para a destinação de cada resíduo. Devem ser levantadas, para cada tipo de resíduo, as quantidades geradas, quantidades estocadas, a composição, forma de acondicionamento e o destino final (VALLE apud CORAL, op. cit., p. 102).

Ainda segundo CORAL (op. cit., p. 103):

Um SGA deverá também proporcionar a integração das

informações ambientais com as demais áreas da empresa. Por exemplo, é imprescindível ter controle dos custos ambientais para poder atuar na sua redução. Estes controles envolvem custos com o tratamento de efluentes, capital, insumos etc. Essas informações poderão ser integradas em relatórios tradicionais da empresa, para dar suporte a tomada de decisões e facilitar a gestão dos negócios. Além disto, a conscientização dos colaboradores em relação à importância da questão ambiental é um fator fundamental para que a gestão ambiental possa ser institucionalizada na empresa.

SHRIVASTAVA e HART (1998) chamam de gestão ambiental total a forma integrada como a organização administra suas práticas em relação ao meio ambiente. Ela integraria uma atenção estratégica em três etapas básicas do negócio: (1) a gestão dos insumos e do consumo de energia; (2) a gestão de processos; e (3) a gestão integrada do design do produto.

KINLAW (1997) corrobora, citando como estratégias ambientais gerais, a atenção para: (1) prática da conservação e atenção aos detalhes, otimizando todo o processo; (2) modificação ou substituição dos processos, produtos e serviços

existentes; (3) recuperação de resíduos e produtos secundários: 3 r’s reciclagem, reutilização e recuperação; (4) redução do uso de materiais: otimização do design; e (5) descoberta de novos nichos de mercado, os nichos verdes: filosofia ZERI.