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Edifício Santa Maria – Avenida Rio Branco, esquina com a Rua Daut, nº 354 –

4.2 Análise das edificações selecionadas

4.2.3 Edifício Santa Maria – Avenida Rio Branco, esquina com a Rua Daut, nº 354 –

no Mapa da Figura 111 como 03)

O terceiro edifício analisado é de propriedade de Egon Treptow; possui numeração unitária 354, situado um pouco mais distante em relação à via férrea, na direção sul. O prédio denominado Edifício Santa Maria encontra-se implantado em lote de esquina, configurando tipologia de uso misto estruturada em três pavimentos. A implantação do edifício localiza-se no encontro da Avenida Rio Branco com a Rua Daut.

Conforme documentação anexa, a edificação possui ano de construção constante como de 1967 e Responsável Técnico o Engenheiro Civil Wilson Aita. A área de construção global da edificação é de 743,05 m2 (vide anexo 24). É caracterizada pelo uso misto residencial multifamiliar e comercial que, assim como o primeiro exemplar constante da análise, está localizado no pavimento térreo do imóvel.

Os últimos registros de alterações construtivas nas fachadas são do ano de 2003, sendo que o registro de 2010 apresenta somente as plantas baixas resultantes. Estes registros parciais constam nos arquivos da Prefeitura Municipal como “autenticações pelo construído”, material gráfico elaborado posteriormente à concretização das alterações construtivas.

Figuras 128 e 129 – Edifício Santa Maria. Avenida Rio Branco, nº 354, Santa Maria/RS. Registro iconográfico e planta de situação originada de recorte do acervo gráfico (Vide anexo 18).

Fontes: Acervo da autora e Arquivo da Secretaria de Município de Controle e Mobilidade Urbana, Prefeitura Municipal de Santa Maria/RS.

Entre os critérios utilizados para a eleição do exemplar para análise estão o tipo de implantação em lote de esquina, o número de pavimentos e o grau de conservação regular da edificação, apesar de detectadas algumas inserções significativas, especialmente na testada voltada para a Rua Daut. A observação do material oriundo do arquivo e dos registros fotográficos revela tal condição. É atestada a conservação de seus principais elementos volumétricos que conformam a esquina, os elementos em balanço e o coroamento escalonado (Figuras 130, 131 e 132).

A leitura Déco presente na materialidade de ares monumentais e na sintonia entre volumetria curva marcando a inserção urbana de esquina também justificam a inclusão do bem ao conjunto modernizante. É marcante o coroamento escalonado arrematando o volume superior da edificação. A volumetria, ao mesmo tempo em que incorpora sinalizadores de movimento volumétrico, característicos da corrente streamline do estilo, coloca-se com menos obviedade ao deixar de perseguir a simetria absoluta.

Figura 130 – Edifício Santa Maria. Apontamento de elementos estruturantes e estilemas característicos Art Déco na volumetria externa.

Fonte: Análise da autora.

COROAMENTO

CORPO

BASE Balcões em balanço arredondados

com aplicação de elementos geométricos vazados

Inserção com valorização da esquina por meio de volumetria arredondada Simetria presente somente no volume

que marca a esquina Balcões em balanço arredondados com dimensões diferenciadas das

Figura 131 – Edifício Santa Maria. Detalhe dos frisos horizontais destacando a volumetria curva da esquina e elementos geométricos vazados dos balcões.

Fonte: A autora.

Figura 132 – Edifício Santa Maria. Detalhes da testada voltada para a Rua Daut. À direita na imagem, registro das descaracterizações sofridas.

Fonte: A autora.

Quanto à configuração da edificação como um todo, são perceptíveis os seguintes aspectos, com base na leitura de seu acervo gráfico:

- Assim como as demais edificações analisadas, o prédio procura se adequar à inserção urbana, adaptando-se à configuração da rua através da construção no alinhamento;

- No caso desse prédio, o acesso residencial lateral, desconectado da volumetria curva que marca a esquina, mostra-se bem menos evidente que nos demais exemplares descritos. Assim, o acesso residencial apresenta-se centralizado na testada de maior dimensão, correspondente à Avenida Rio Branco. A escadaria de acesso aos demais pavimentos residenciais superiores se posiciona seguindo essa centralidade;

- O acesso aos usos comerciais correspondentes a duas lojas de maior área (conforme o último registro, de 2010, lojas 101 e 102, no anexo 22), é possibilitado pela maior testada, sendo que por meio de ampliação é criado um terceiro espaço comercial, nomeado loja 103, cujo acesso se dá pela Rua Daut. Esse espaço é originado da reutilização de garagem criada por meio de ampliação registrada em 1971 (vide anexo 20);

- O uso projetado para o pavimento térreo, de acordo com o registro de 1967 e alterações posteriores, sempre foi comercial, com espaços destinados a lojas ou prestação de serviços, e os demais (dois) pavimentos programados para abrigar ocupação residencial, com dois apartamentos por andar;

- No segundo e terceiro pavimentos, cujo uso é residencial, estão localizados dois apartamentos, com espaços que abrigam dormitórios (posicionados lateralmente, ventilados e

iluminados por meio do acesso direto às duas vias ou por meio de espaços de ventilação), espaços sociais compostos por salas de estar (também com ventilação e iluminação proporcionadas pelas sacadas voltadas para as vias confirmadoras da esquina);

- Uma observação importante sobre o posicionamento dos espaços destinados à sala de jantar (no segundo pavimento) e cozinha (no terceiro pavimento) é que esses seguem as possibilidades estruturais de compartimentação e uma flagrante busca de simetria, resultando em “alcovas”45 com acesso restrito ao meio externo e, consequentemente, à qualificação da

ventilação e iluminação da unidade habitacional;

- A lateral esquerda da edificação se encontra posicionada no limiar do lote, sendo que alguns espaços ali posicionados dependem da existência de áreas especiais destinadas à ventilação e iluminação. As demais divisas são privilegiadas pelo acesso direto às vias limítrofes, sendo que a testada leste teve seus espaços livres utilizados pelas ampliações sofridas, dando origem, inclusive, a terraços externos;

- Pelo estudo dos componentes do projeto arquitetônico e da descrição do memorial registrado como mais antigo, de 1967, descrito pelo responsável técnico, é registrada a existência de fundações diretas em concreto simples (descritos com traço 1:5:8), com paredes em alvenaria de tijolos. Os forros são descritos como de concreto armado, sendo que a cobertura da edificação se assenta sobre a última, em telhas do tipo francesa, apoiadas sobre madeiramento de pinho (Vide também no anexo 23);

- Os demais materiais que constam no memorial descritivo são as esquadrias em madeira “de lei”, assoalhos (revestimentos de piso) em tacos também de madeira, revestimentos e paredes com reboco composto de cal, cimento e areia, e pintura em cal nas alvenarias rebocadas e a óleo nas esquadrias.

A análise realizada e os elementos gráficos apresentados evidenciam que a edificação foi projetada seguindo o vocabulário estético Art Déco. Não somente por sua ornamentação e presença de estilemas remetendo ao movimento e à velocidade, presentes nos balcões em balanço e na platibanda escalonada, como também em sua configuração espacial e especialmente, ainda, na configuração da volumetria de esquina elegendo a forma curvilínea, buscando adequação à conformação de urbana onde se insere (Figuras 130 e 131).

Vide anexo20 (plantas baixas de alteração mais antiga), anexos 18, 19 e 21 (cortes e

fachadas correspondendo às várias alterações), anexo 22 (planta baixa com alteração mais recente).

45

Espaços inseridos em meio à distribuição interna das edificações, os quais são caracterizados por falta de aberturas diretas para ventilação e iluminação.

4.2.4 Edifício Emérita – Avenida Rio Branco, esquina com a Rua 13 de Maio, nº 404 –