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2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: conceitos, percurso histórico e

2.4 Educação a Distância na legislação brasileira

A Educação a Distância é assegurada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) 9394/96 que, em seu art. 80, deixa claro que “O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada”. (BRASIL, 1996).

Isso já vem acontecendo, pois são muitas as instituições públicas e privadas que possuem cursos a distância, legitimada pela legislação brasileira. A EaD aparece em leis anteriores, porém não com tantos detalhes e orientações como as que têm surgido nos últimos anos. O que demonstra certo reconhecimento no que se refere aos documentos oficiais.

O artigo 80 da LDB 9394/96 foi regulamentado pelos Decretos 2.494 de fevereiro de 1998 e 2.561 de abril de 1998, sendo os dois revogados pelo Decreto nº 5.622 de dezembro de 2005 e que rege até o momento a Educação a Distância e a define como:

[...] uma modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (BRASIL, MEC/SEES, 2005).

O Decreto 5.622 de 2005, além de conceituar a EaD, também apresenta pontos importantes. Em seu inciso 1º trata-se da metodologia, gestão e avaliação que devem ser peculiares e que devem estar previstos momentos presenciais para:

I- avaliação de estudantes;

II- estágios obrigatórios, quando previstos na legislação pertinente;

III- defesa de trabalhos de conclusão de curso, quando previstos na legislação pertinente e;

IV- atividades relacionadas a laboratório de ensino, quando for o caso. (BRASIL, Decreto 5.622/2005).

Além de tratar da necessidade de momentos presenciais, destaca ainda as modalidades as quais poderão ser ofertadas, ainda que os cursos e programas a distância deverão ser projetados com a mesma duração de cursos presenciais, trata dos diplomas e certificados que assim, como os cursos na modalidade presencial, terão validade nacional.

Destaca também a função do MEC, no que se refere ao credenciamento e renovação de credenciamento de instituições para a oferta de educação a distância, de autorização, renovação de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento dos cursos e programas a distância.

Tais ações de credenciamento, autorização, reconhecimento, destaca o decreto, deve ser pautado nos Referenciais de Qualidade para a Educação a Distância. Tanto as instituições de ensino públicas como privadas devem passar pelo ato de credenciamento para a oferta de cursos a distância realizada pelo MEC. Para tanto, são exigidos os seguintes requisitos:

I - habilitação jurídica, regularidade fiscal e capacidade econômico- financeira, conforme dispõe a legislação em vigor;

II - histórico de funcionamento da instituição de ensino, quando for o caso; III - plano de desenvolvimento escolar, para as instituições de educação básica, que contemple a oferta, a distância, de cursos profissionais de nível médio e para jovens e adultos;

IV - plano de desenvolvimento institucional, para as instituições de educação superior, que contemple a oferta de cursos e programas a distância;

V - estatuto da universidade ou centro universitário, ou regimento da instituição isolada de educação superior;

VI - projeto pedagógico para os cursos e programas que serão ofertados na modalidade a distância;

VII - garantia de corpo técnico e administrativo qualificado;

VIII - apresentar corpo docente com as qualificações exigidas na legislação em vigor e, preferencialmente, com formação para o trabalho com educação a distância;

IX - apresentar, quando for o caso, os termos de convênios e de acordos de cooperação celebrados entre instituições brasileiras e suas co-signatárias estrangeiras, para oferta de cursos ou programas a distância;

X - descrição detalhada dos serviços de suporte e infra-estrutura adequados à realização do projeto pedagógico, relativamente a:

a) instalações físicas e infra-estrutura tecnológica de suporte e atendimento remoto aos estudantes e professores;

b) laboratórios científicos, quando for o caso;

c) pólos de educação a distância, entendidos como unidades operativas, no País ou no exterior, que poderão ser organizados em conjunto com outras instituições, para a execução descentralizada de funções pedagógico- administrativas do curso, quando for o caso;

d) bibliotecas adequadas, inclusive com acervo eletrônico remoto e acesso por meio de redes de comunicação e sistemas de informação, com regime de funcionamento e atendimento adequados aos estudantes de educação a distância. (BRASIL, Decreto 5.622/2005).

O apoio ao estudante é uma exigência da EaD em relação a estrutura física (instalações físicas, infraestrutura tecnológica de suporte e atendimento adequados, laboratórios científicos, bibliotecas e polos de apoio presencial), administrativa (corpo técnico e administrativo qualificado) e pedagógica (corpo docente qualificado) que atenda as necessidades do aluno. Assim, a partir dos itens apresentados como necessários para o credenciamento de um curso, é possível perceber os elementos considerados importantes para que o curso seja de qualidade, mesmo a distância deve oferecer ao aluno todo o suporte necessário.

Dentre os documentos necessários para o credenciamento de instituição de EaD acima citados, observa-se uma atenção especial ao Projeto Pedagógico de Cursos e Programas que deverão:

I - obedecer às diretrizes curriculares nacionais, estabelecidas pelo Ministério da Educação para os respectivos níveis e modalidades educacionais;

II - prever atendimento apropriado a estudantes portadores de necessidades especiais;

III - explicitar a concepção pedagógica dos cursos e programas a distância, com apresentação de:

a) os respectivos currículos; b) o número de vagas proposto;

c) o sistema de avaliação do estudante, prevendo avaliações presenciais e avaliações a distância; e

d) descrição das atividades presenciais obrigatórias, tais como estágios curriculares, defesa presencial de trabalho de conclusão de curso e das atividades em laboratórios científicos, bem como o sistema de controle de frequência dos estudantes nessas atividades, quando for o caso. (BRASIL, Decreto 5.622/2005).

O curso de pedagogia, por exemplo, deve obedecer as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia, que deve está explicito no projeto Pedagógico de Curso e ainda, deve está claro o sistema de avaliação, as atividades presenciais, entre outros pontos citados no decreto 5.622/2005 que regulamenta a criação e organização de cursos na modalidade a distância.

Outro marco foi a criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB), pelo decreto nº 5.800 de 08 de junho de 2006. A UAB tem como objetivo “o desenvolvimento da modalidade de educação a distância, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no País”. (BRASIL, 2006, p. 1). E destacam-se como objetivos do Sistema UAB:

I - oferecer, prioritariamente, cursos de licenciatura e de formação inicial e continuada de professores da educação básica;

II - oferecer cursos superiores para capacitação de dirigentes, gestores e trabalhadores em educação básica dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

III - oferecer cursos superiores nas diferentes áreas do conhecimento; IV - ampliar o acesso à educação superior pública;

V - reduzir as desigualdades de oferta de ensino superior entre as diferentes regiões do País;

VI - estabelecer amplo sistema nacional de educação superior a distância; e VII - fomentar o desenvolvimento institucional para a modalidade de educação a distância, bem como a pesquisa em metodologias inovadoras de ensino superior apoiadas em tecnologias de informação e comunicação. (BRASIL, Decreto 5.800/2006).

A prioridade na UAB para a formação inicial e continuada de professores, a partir da sua criação que aumenta a oferta de cursos oferecidos a distância para a formação de professores, principalmente.

Esta mesma lei define o polo de apoio presencial como “unidade operacional para o desenvolvimento descentralizado de atividades pedagógicas e administrativas relativas aos cursos e programas ofertados a distância pelas instituições públicas de ensino superior”. (BRASIL, 2006, p. 1).

O reconhecimento legal da EaD aconteceu em 1996 e a criação do Sistema UAB apenas em 2006. Assim, Gomes (2009) apresenta alguns questionamentos acerca do por que o Estado demorou tanto tempo para reconhecer a Educação a Distância no que se refere a sua legalidade. Para responder a tal questionamento sugere que não faltam respostas fáceis e de natureza ideológica e não cientifica: ‘conspirações’ das elites, negativa de ampliar a escola para os filhos de outras pessoas, entre outros. (GOMES, 2009, p. 23).

A Educação Superior a distância no Brasil sofreu uma grande expansão (ver gráfico 1), assim, foi necessário definir princípios, diretrizes e critérios de qualidade. Pensando nisso, o MEC, por meio da Secretaria de Educação a Distância-SEED/MEC, criou o Referencial de Qualidade para a Educação a Distância que embora não tenha força de Lei, desempenha um papel importante na orientação de projetos de cursos a distância para instituições que queiram ofertar cursos nessa modalidade de ensino.

No referido documento, encontram-se orientações de como deve ser a EaD no país, em específico, a concepção de educação. Quando afirma que:

Não há um modelo único de educação a distância! Os programas podem apresentar diferentes desenhos e múltiplas combinações de linguagens e recursos educacionais e tecnológicos. A natureza do curso e as reais condições do cotidiano e necessidades dos estudantes são os elementos que irão definir a melhor tecnologia e metodologia a ser utilizada, bem como a definição dos momentos presenciais necessários e obrigatórios, previstos em lei, estágios supervisionados, práticas em laboratórios de ensino, trabalhos de conclusão de curso, quando for o caso, tutorias presenciais nos pólos descentralizados de apoio presencial e outras estratégias (BRASIL, MEC/SEED, 2007, p. 7).

Existe uma diversidade de modelos de EaD, mas em todos, é importante que se entenda a Educação como princípio básico, já que o “a distância” é apenas o modo de organização. Outro ponto importante, no documento, trata-se da necessidade de “um forte compromisso institucional em termos de garantir o processo de formação que contemple a dimensão técnica científica para o mundo do trabalho e a dimensão política para a formação do cidadão”. (BRASIL, MEC/SEED, 2007, p. 7).

Salienta-se, em seguida, no Referencial de Qualidade, aquilo que toda instituição que deseja ofertar cursos na modalidade a distância deve considerar no seu Projeto Pedagógico do curso (PPC), são eles:

(i) Concepção de educação e currículo no processo de ensino e aprendizagem;

(ii) Sistemas de Comunicação; (iii) Material didático;

(iv) Avaliação;

(v) Equipe multidisciplinar; (vi) Infra-estrutura de apoio;

(vii) Gestão Acadêmico-Administrativa;

(viii) Sustentabilidade financeira (BRASIL, MEC/SEED, 2007, p. 8).

Para que se ofereça uma EaD de qualidade, são necessários aspectos importantes para o desenvolvimento de cursos a distância para que ele tenha como ponto de chegada “o desenvolvimento humano em uma perspectiva de compromisso com a construção de uma sociedade mais justa”.(BRASIL, 2007, p. 9).

E ainda, como define a LDB 9394/96 em seu artigo 2º “o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Portanto, é importante saber, como acontece essa formação a distância no UemaNet, especificamente no curso de Pedagogia, o que será apresentado no capitulo 3.